terça-feira, 30 de março de 2010

Empobrecer o espírito para enriquecer o bolso.


Carlos Pompe *

Os meios de expressão da sensibilidade humana estão assaltados por temas místicos, religiosos e pelo irracionalismo. Para garantir a continuidade de seu domínio, a burguesia precisa revitalizar as crendices, fazer aumentar a procura pelo misticismo, inculcar ou revitalizar a influência da religião no seio do povo. Ao mesmo tempo, aproveita a empreitada para aumentar seus lucros.

Recente artigo de Gabriel Priolli, “Assombrosa escalada dos espíritos”, aborda o novo ataque místico perpetrado através de novelas e filmes brasileiros contra a população. Cita a próxima produção da Globo, “Escrito nas Estrelas”; a que vem sendo repetida pela mesma emissora, “Alma Gêmea"; o filme, também produção globaliana, sobre Chico Xavier – aproveitando o centenário do nascimento do mineiro. Refere-se ainda ao filme “Bezerra de Menezes – O Diário de Um Espírito”, que conta a vida do cearense que, no final do século XIX, divulgou as crenças de Allan Kardec no Brasil. Priolli informa que um canal por assinatura vai exibir uma série sobre “mestres espíritas”. Essas obras não são uma abordagem analítica das trajetórias dos biografados, mas produção apologética dos seus ideários.

Os aparelhos de TV brasileiros também podem sintonizar emissoras dedicadas à divulgação de seitas, oferecendo curas e milagres. “Seja como for, entre espíritas, católicos e crentes, a religião se propaga por imagens e busca converter corações aflitos em fiéis telespectadores, contribuindo para a permanência do pensamento mágico tão arraigado na consciência popular e obstruindo o avanço da razão. Na contramão desse processo intenso de doutrinação midiática, não se verifica no Brasil ainda nenhum canal de TV ou web integralmente voltado à ciência e ao culto da racionalidade. Mesmo nas emissoras educativas, ainda é modesto o tempo dedicado aos conteúdos científicos e a produção nacional na área praticamente inexiste. Darwin perde de longe a batalha para Deus, na explicação sobre origem e destino de todas as coisas”, argumenta o articulista.

Ele considera que a mídia religiosa “não facilita a afirmação do pensamento crítico, questionador, investigativo, que forja a verdadeira consciência de si e do mundo, e fundamenta os direitos de cidadania. Elevar preces ao céu e cultivar fantasmas é direito democrático e constitucional, mas não constitui uma democracia mais forte. Até prova em contrário, é a ação solidária entre os homens, sem auxílio divino e neste mundo mesmo, que pode lográ-la”.

Priolli poupou seus leitores do registro da megaofensiva que também o cinema, a literatura, a música e as artes plásticas internacionais realizam na propagação da religiosidade, do misticismo e do irracionalismo. Emissoras de rádio e gravadoras se especializam em músicas de cunho sacro, produção que é transmitida também nas rádios não especializadas. Mesmo frequências destinadas somente a notícias embutem em sua programação “alternativas de vida” sempre embaladas no misticismo e inclusive avessas à ciência. As livrarias e telas de cinema de TV estão infestadas de vampiros. Mesmo ali, de onde o incauto menos espera, salta um espírito, um evento sobrenatural – no planeta Pandora, do filme “Avatar”, os ETs têm seus mantras siberianos e a “mãe-natureza” transpõe a alma de um humano para um Na'vi...

O irracionalismo é uma das tendências importantes da filosofia burguesa. Levado ao extremo, cria a atmosfera espiritual de uma fé cega que possibilita pastorear o rebanho de crentes pelas sendas mais obscuras e levá-los a cometer barbaridades inomináveis. Aliás, Lênin, no “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”, já alertava que o idealismo filosófico e o misticismo servem “como disfarce de um estado de espírito contrarrevolucionário”.

Fraternos aos demais donos do capital, os que detêm o monopólio da mídia semeiam a desrazão e colhem a continuidade de seus domínios e de sua dominação. Garantem, a um tempo, o retorno lucrativo do capital investido e a mansidão da plebe explorada e ignara. Seguem o conselho dado por Mefistófeles, o diabólico personagem do “Fausto”, de Goethe:

Larga do ser humano a razão e a ciência,
São as forças mais altas que lhe dão potência!
Espíritos sutis te enleiam e te dominam
A um mundo de ilusões e cegueira te inclinam...

Leia o artigo de Gabriel Priolli clicando no link
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=582FDS012

SE ESSE SUJEITO VIRAR PRESIDENTE,EU FUJO PARA A SOMÁLIA!!!

O mundo bizarro de José Serra 2, a GESTAPO.

PM de barba? Entre grevistas?

Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor POLICIAL MILITAR BARBADO A PAISANA INFILTRADO ENTRE OS MANIFESTANTES que carrega o PM ferido a PM ferida é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.

Inesquecível, Serra, inesquecível.

Em tempo: agora que a PM de São Paulo afirma que o homem da foto é um policial militar, é de se esperar que seu nome e função dentro da corporação sejam também revelados. Senão, a emenda terá saído muito, mas muito pior que o soneto.

http://brasiliaeuvi.wordpress.com/2010/03/27/o-mundo-bizarro-de-jose-serra-2-a-gestapo/

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Sábado, Março 27, 2010

Inesquecível, Serra, inesquecível


Por Leandro Fortes – Brasília, Eu vi

”Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.
Inesquecível, Serra, inesquecível.”

Diretores da Alstom vão em cana: é o metrô de SP?


Recebo de um atento leitor o texto que reproduzo abaixo, publicado no "Monitor Mercantil".
A nota informa que três diretores do grupo Alstom foram presos na Inglaterra - por pagamento de propina e corrupção. Entre as obras que a empresa teria ganho com pagamento de propina estariam as realizadas em São Paulo.
Hum...
A Alstom, como se sabe, teve papel de destaque nas obras de expansão do Metrô, durante as gestões tucanas.
Hum...
O pedido de uma CPI sobre a Alstom dorme na gaveta da Assembléia Legislativa de São Paulo. Os tucanos adoram dar paulada em agricultores pobres, fazem CPI do MST em Brasilia.
Mas e a CPI da Alstom?
Recentemente, um deputado do PT chegou a chamar um destacado militante tucano de "Andrea Alstom Matarazzo". Sobre isso, escrevi aqui - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/deputado-pergunta-onde-esta-andrea-alstom-matarazzo.
O apelido talvez explique porque os tucanos estão tão preocupados com as prisões na Inglaterra.
Talvez, lá, as investigações não sejam para inglês ver.
Leiam aqui matéria da "Folha", de 2008, sobre o caso: "Caixa 2 de FHC citava empresas da Alstom" - http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u419184.shtml
P.S.: Em outra investigação importante, feita pela Policia Federal do Brasil, o nome de destacado líder tucano aparece associado ao de um jornalista (?) que gosta de usar chapéu. Os dois, pelo que indica planilha apreendida pela PF, teriam 50 mil razões para tratar muito bem uma construtora que está sob investigação. Talvez, tenhamos em breve mais detalhes sobre esse caso. O relatório final da PF chegou às mãos de bons repórteres em São Paulo. Receberam dos jornais ordem de não publicar nada sobre o caso - que chegaria muito perto de determinado candidato a presidente da República. Se alguém me perguntar se eu vi a planilha com os nomes do tucano e do jornalista (?), eu nego (copyright Marco Aurelio Mello)
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Monitor Mercantil Digital - 24/03/2010
Diretores da Alstom presos por corrupção
O Departamento de Investigações de Fraudes Financeiras da Grã-Bretanha prendeu nesta quarta-feira, 24/3, em Londres, três diretores que integram o Conselho de Administração do grupo francês Alstom sob a acusação de pagamento de propina e corrupção.
Em nota, o departamento do governo britânico afirmou que suspeita que as propinas foram pagas pela empresa para vencer contratos internacionais, nos quais estão incluídos os firmados com o Metrô-SP nas gestões tucanas (Covas, Alckmin e Serra) e que há lavagem de dinheiro e outros crimes associados ao caso

Zé Alagão ataca novamente: professores são agredidos em inauguração na grande São Paulo


Nosso Putin é um gênio ! Fotos: Robson Martins

O Conversa Afiada reproduz email da APEOESP:

from ANA APEOESP

Mais uma vez, professores foram agredidos por policiais e impedidos de realizarem manifestação pública. Um grupo de aproximadamente 200 professores compareceu à inauguração de uma alça de acesso da Estrada Mário Covas aos municípios de Itaquaquecetuba, Suzano e Poá. A inauguração com a presença do governador José Serra ocorreu por volta das 15 horas desta segunda-feira (29/03), no Bairro Varella.

Depois de enfrentar uma barreira policial, a maioria dos professores foi impedida de chegar perto do palco por uma funcionária que identificava-se como sendo da Casa Civil e já avisava: “Professor não entra!”.

Quem conseguiu driblar o bloqueio, ainda foi agredido por policiais.

“Vou registrar um boletim de ocorrência porque restringiram o meu direito de trânsito. O deputado da minha região, José Cândido (presente à inauguração), me reconheceu e pediu que me deixassem entrar. Mas, como fui identificado como professor, barraram o meu acesso. Não somos criminosos”, protesta o professor Douglas Martins Izzo, morador de Itaquaquecetuba.

Amor com amor se paga - Lição de um aprendiz esperto.


De fato. Não se pode maltratar ou discordar de quem nos ajuda - seria falta de respeito, consideração, estima, bom senso; seria perder a noção do perigo etc..

Deve ser por isto que o nobre jornalista Gilberto Dimenstein, da Associação Cidade Escola Aprendiz (CNPJ/MF 03.074.383/0001-30) escreveu Professores dão aula de baderna e Uma greve contra os pobres e também Vocês desrespeitam os professores, da qual citamos o brilhante trecho:
Até que ponto o sindicato dos professores não está chamando uma manifestação para amanhã, na frente do Palácio dos Bandeirantes, à espera de um conflito e uma foto na imprensa? Nada contra a manifestação em si. Mas a suspeita é inevitável. Os dirigentes do sindicato são filiados ao PT, interessado em desgastar a imagem de José Serra, que está deixando o governo estadual para se candidatar à Presidência. Também sabemos que na cúpula do sindicato existem os setores mais radicais da esquerda como PSOL e PSTU.
Como se sabe, ali é área de segurança e se alguém passar da linha a polícia é obrigada, por lei, a intervir.
Seria mais um desrespeito à imagem do professor se fosse apresentado à sociedade como gente que não obedece a lei.
Você, que tem ao menos dois neurônios sadios, entendeu a mensagem, né não? Então nem vamos ousar explicar.

Por outro lado, por sermos adeptos de outras lições, resolvemos atender aos instintos mais viscerais e mostramos que a teoria é verdadeira na prática: não se pode morder a mão que nos afaga. Assim que, só por alto, mostraremos a palma carinhosa que só tem feito bondades ao importantíssimo educador de São Paulo.

“Planilha do balanço e prestação de contas do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente” (FUMCAD)

Organização: Associação Cidade Escola Aprendiz
(ano – nome projeto – validade – atendidos – idade – valor)

  • 2006
    • Escola na Praça (de 02/05/06 a 01/05/07) – 170 – 04 a 16 anos – R$264.446,00
    • Trilhas Urbanas (de 02/05/06 a 01/05/07) – 95 – 15 a 17 anos – R$144.510,00
  • 2007
    • Projeto Trilhas na Vida (de 01/03/07 a 01/03/08) – 160 – 14 a 17 anos R$776.566,30
    • Aprendiz das Letras (de 01/07/07 a 29/02/08) – 60 – 04 a 15 anos – R$87.594,72
    • Percurso Formativo (de 01/07/07 a 29/02/08) – 70 – 12 a 18 anos – R$222.300,00
  • 2008
    • Trilhas na Vida (de 01/04/08 a 31/03/09) – 120 – 14 a 17 anos/11 meses – R$848.744,39
    • Aprendiz das Letras (de 01/05/08 31/12/08) – 60 – 04 a 15 anos – R$85.610,00
    • Percurso Formativo (de 01/05/08 31/12/08) – 115 – 11 a 18 anos – R$369.840,60
      (DO da Cidade de SP 5/fevereiro/2009 - e páginas seguintes)

Àquilo tudo acrescente as renovações que assim se iniciam:

CONSIDERANDO: - o artigo 7º, da Lei 11.123, de 22 de novembro de 1991, segundo o qual o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente é órgão de decisão autônomo e de representação paritária entre o governo municipal e a sociedade civil; - que em 19 de abril de 2008, foi publicado no veículo oficial de comunicação desta cidade o Edital FUMCAD 2008, cujo objeto é estabelecer procedimento e realizar processo de analise e seleção de projetos que poderão ser financiados pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - FUMCAD/SP/2008 que estejam em consonância com as políticas públicas da Criança e do Adolescente da Cidade de São Paulo e que sejam inovadores e/ou complementares, conforme reunião realizada no dia 17 de abril de 2008, que aprovou o texto final deste Edital; - que a Comissão Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no uso das suas atribuições, aprovou o projeto...

  • Comunidade Educativa - Escola na Praça: Despacho Processo nº 2008-0.311.233-1 - por 12 meses a partir de 02/04/2009 (para 75 adolescentes) = R$439.474,17 (DO Cidade 26/março/2009)

  • Formação - Agência de Notícias: Despacho Processo nº 2008-0.315.519-712 - por 12 meses a partir do dia 01/04/2009 (para 20 estudantes de 14 a 18 anos) = R$108.302,00 (DO Cidade 31/março/2009)
  • Trilhas: Despacho Processo nº 2008-0.315.522-7 - por 12 meses a partir de 02/04/2009 (para 60 adolescentes) = R$317.834,56 (DO Cidade 2/abril/2009)
Com a Secretaria de Cultura do Estado, firmou singelo contrato (Processo SC 001653 /2009 - Contrato 457 /2009) de 36 meses em referência ao projeto Escola da Rua, relativo ao Edital: Pontos de Cultura do Estado de São Paulo. Valor praticamente simbólico de R$60.000,00 (DO 25/dezembro/2009).

Total geral (parcial) daquele aprendiz que trata com amor aqueles que o amam: R$3.725.222,74.

Em breve teremos mais do mesmo parceiro da Microsoft, SEE-SP, Prefeitura de SP, Revista Nova Escola, Editora e Fundação Abril, Colégio Bandeirantes, COC, Fundação Vanzolini, Uninove, Universia, Camargo Correa, UOL... Aguarde neste aracno blog.

domingo, 28 de março de 2010

UM PAIS EM NOME DA VIDA E DA SOLIDARIEDADE!


Helicópteros brasileiros chegam a Villacencio para resgate

Já estão em Villavicencio, na Colômbia, os dois helicópteros brasileiros colocados à disposição da Cruz Vermelha Internacional para a ação humanitária de resgate do sargento Pablo Emilio Moncayo e do cabo Josué Daniel Calvo que estão há 12 anos como reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

As aeronaves partiram no início da manhã de hoje (27) de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e chegaram por volta das 15h30 em Villavicencio. De acordo com informações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Brasil, os militares brasileiros aguardarão até amanhã (28) quando deve ser realizada a primeira das duas ações de resgate dos reféns.

A ideia é de que a libertação dos reféns sejam realizadas em dois locais diferentes – um para cada refém. A operação deve ser realizada em etapas e horários distintos. Observadores que acompanham as articulações informam que, inicialmente, seria resgatado Moncayo e depois, Calvo.

As negociações são conduzidas pela senadora Piedad Córdoba, que faz oposição ao governo de Álvaro Uribe, e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Do lado brasileiro, participam diretamente da operação apenas militares. Mas as negociações foram orientadas pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia.

Moncayo está em poder das Farc há 12 anos e Calvo, há 11 meses. Os militares brasileiros também vão ajudar no traslado dos restos mortais do major Julián Ernesto Guevara, que foi morto em cativeiro. Pelos dados de especialistas brasileiros, ainda restam 20 militares em poder das Farc.

Ivan Richard, da Agência Brasil

Mídia: o eterno retorno do discurso golpista


post do carta maior.

Se para a população ficou claro que o país precisa crescer distribuindo, e, para isso, cabe ao Estado criar políticas capazes de desconcentrar a renda, os editoriais do Globo, Estadão e Folha são escritos para quem?

As recentes críticas do presidente da República à mídia brasileira devem ser lidas à luz de um recorte deontológico preciso. Se um dos compromissos fundamentais do jornalismo é a preservação da memória, a imprensa nativa tem, ao longo das últimas décadas, empregado uma estrutura discursiva recorrente para produzir esquecimento. A preocupação de Lula com o hipotético estudante que, daqui a trinta anos, se debruçará sobre mentiras quando folhear o noticiário dos grandes jornais, não só tem fundamento como deveria preocupar os historiadores. Afinal, qual será o valor dos nossos periódicos como fontes primárias de consulta? Em princípio, nenhum. Salvo se a pesquisa for sobre o discurso noticioso e os interesses mais retrógados

Ao tentar colar o rótulo de "estatistas" nas propostas estratégicas do governo, e apresentar o Partido dos Trabalhadores e a ministra Dilma Roussef como defensores de um "Estado-empresário" a mídia corporativa dá um passo a mais na escala do ridículo. Quer fazer crer que não acabou a era da ligeireza econômica, da irresponsabilidade estatal ante a economia, do infausto percurso da razão financista.

Fazendo tábua rasa das conseqüências do mercado desregulado, oculta o que marcou o governo de Fernando Henrique Cardoso: baixa produtividade e alta especulação, baixo consumo e elevadas taxas de desemprego, pobreza generalizada e riqueza concentrada. Prescreve como futuro promissor um passado fracassado. Esse é o eterno retorno dos editorialistas e articulistas de programa. Um feitiço no tempo que atualiza propostas desconectadas do contexto de origem.

Vejam a semelhança dos arrazoados. Tal como nos planos dos estrategistas do modelo de desenvolvimento implantado no país com o golpe de 1964, sem a propensão "estatizante" do governo Jango, o Brasil progrediria nos moldes do capitalismo mais antigo. Livres da intervenção do Estado na economia, da” permissão à desordem pelos "comandos de greve"- e pela” infiltração comunista”- voaríamos em céu de brigadeiro. O desenvolvimento, pregavam os editoriais escritos há 46 anos, seria ininterrupto, para todo o sempre, sem qualquer risco de fracasso. Note-se que a peroração golpista se assentava nos mesmos pilares dos textos de hoje: denúncias de corrupção, aparelhamento do Estado e criminalização dos movimentos sociais com o manifesto propósito de estabelecer uma ordem pretoriana no mundo do trabalho.

O enfraquecimento prematuro ou tardio de setores da classe dominante - com a conseqüente a crise de hegemonia política - tornava decisiva a luta pelo controle do Estado. Sob as bênçãos da maioria dos jornalões, a classe média, conduzida pelos políticos mais reacionários, pela TFP e pelas Ligas Católicas de direita, foi às ruas participar de "Marchas da família com Deus pela Liberdade".

Os resultados práticos do regime militar não demoraram a surgir: a entrada de poupança externa foi inexpressiva; não se criou indústria nacional e autônoma nenhuma; o financiamento interno serviu para o desenvolvimento das indústrias basicamente estrangeiras de automóveis e eletrodomésticos que formavam o setor dinâmico da economia brasileira, puxando o comércio, serviços e indústrias locais também vinculados a esse pólo. Ao fim, o paraíso prometido foi uma quimera cara, com uma dívida externa estimada em 12 bilhões de dólares.

Ainda assim não faltam nostálgicos,muitos alojados na ANJ e Abert, a proclamar que “vivemos um momento grave, com investidas de inimigos da liberdade de imprensa, propostas que ferem o sentimento religioso do povo brasileiro", sem falar das hostilidades aos nossos mais tradicionais aliados, com gestos generosos a caudilhos.

Falam de cercos fiscais, regulatórios e ambientais à iniciativa privada, e lamentam não haver substitutos para Oscar Correa, Silvio Heck, Odilo Denis e outros notórios golpistas. Tal como os grandes jornais que tiveram as tiragens reduzidas, as viúvas do "milagre" de Roberto Campos, Delfim Neto, Ernane Galveas e Mário Henrique Simonsen não se dão conta que não falam para quase ninguém. A reduzida base social não lhes permite margem de manobra mais ampla.

Se para a população ficou claro que o país precisa crescer distribuindo, e, para isso, cabe ao Estado criar políticas capazes de desconcentrar a renda, os editoriais do Globo, Estadão e Folha são escritos para quem? Longe de ser apenas uma questão ética, a questão social também é econômica. E o confronto com a mídia uma questão decisiva para que não tenhamos um arremedo de democracia.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Leandro: professor carrega policial ferido. O mundo bizarro de José Serra


Blog de Leandro Fortes

26/03/2010

O mundo bizarro de José Serra

Quase todos perdidos de armas nas mãos

Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.

Inesquecível, Serra, inesquecível.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Pobre burguesia brasileira.


João Guilherme Vargas Netto *

O jornal Valor Econômico do dia 22/03 publicou uma grande reportagem de Sergio Lamucci e Samantha Maia sobre o “lobby industrial” com a lista dos presidentes das federações da indústria dos Estados e da Confederação Nacional da Indústria. É a primeira vez que o quadro completo destas lideranças fica consolidado em uma apresentação única, destacando-se as opiniões e reivindicações dos dirigentes do setor. O jornal informa, também, que “a redução da jornada para 40 horas é o foco de preocupação”.

É aí que a porca torce o rabo.

Todas as direções empresariais, envolvidas em uma cortina de fumaça ideológica e regressiva, combatem a redução da jornada, nenhuma delas percebendo o alcance pró-cíclico de tal redução na marcha atual da economia. Onde estão – se é que existem hoje – os Severo Gomes e os Dílson Funaro? Os senhores da indústria, emprenhados pelo ouvido, como a virgem Maria dos evangelhos apócrifos, têm conseguido expressar opiniões que passam longe da realidade vivida (até mesmo das reduções já existentes e negociadas) e se encantam com as desorientações dos escribas de aluguel, falsos ideólogos (redundância necessária) que têm, como o Chacrinha, mais confundido que esclarecido.

Desde que a campanha sindical pela redução tomou corpo nas empresas e no Congresso Nacional, houve quatro grandes fases dos argumentos esgrimidos pelo empresariado. Em um primeiro momento a redução afetaria a competitividade externa da economia brasileira. O reconhecimento do papel estratégico do mercado interno na superação da crise anulou essa argumentação. Depois foi mencionado o efeito desorganizador da redução, em especial para as pequenas e médias empresas. A alta produtividade e a alternativa possível de reduções graduais no tempo esvaziaram este argumento. Foi então convocado o velho chavão do choque entre o legislado e o negociado: reduções seriam bem-vindas se fossem negociadas. Mas na vida real a negação ideológica da redução faz com que as negociações propostas não sejam aceitas. E, finalmente, quando cresceu no Congresso a pressão pelo voto, foi inventado o argumento do “caráter eleitoreiro” da campanha, como se a economia, a justiça social e o progresso tivessem que ser penalizados pelo calendário.

Em todas as quatro fases assacou-se despudoradamente o absurdo de que a redução da jornada aumentaria o desemprego.

A pobreza teórica dos dirigentes patronais os faz esquecer que, em vários assuntos, os seus interesses foram também defendidos pelos dirigentes sindicais que compreenderam o alcance das propostas; o resultado deste casamento virtuoso foram as vitórias na luta contra os juros altos e os spreads bancários, na eliminação temporária do IPI em vários setores, na correção da tabela do imposto de renda e na taxação emergencial do aço chinês.

A timidez do setor industrial fez com que a vitória no reajuste do salário mínimo fosse vitória exclusiva do movimento sindical e do presidente Lula, com efeito benéfico para todos.

Os empresários agiriam com mais sabedoria se, abandonando a falsa orientação agressiva contra a redução, e superada a passividade que revelaram na luta pelo reajuste do mínimo, passassem a defender em seu próprio interesse a redução constitucional da jornada.

ONU: Brasil é o mais desigual da América Latina

post do vermelho.

Relatório divulgado nesta quinta-feira (25) pelo Programa de Assentamentos Humanos da ONU (ONU-Habitat) no Rio de Janeiro mostra que o Brasil é o país mais desigual da América Latina, onde os 10% mais ricos concentram 50,6% da renda.

Na outra ponta, os 10% mais pobres ficam com apenas 0,8% da riqueza brasileira. O problema da má distribuição de renda afeta a América Latina como um todo.

Segundo o documento, divulgado durante o quinto Fórum Urbano Mundial da ONU, os 20% latino-americanos mais ricos concentram 56,9% da riqueza da região.

Os 20% mais pobres, por sua vez, recebem apenas 3,5% da renda, o que faz da América Latina a região mais desigual do mundo.

"O país com menor desigualdade de renda na América Latina é mais desigual do que qualquer país da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e inclusive do que qualquer país do Leste Europeu", diz o relatório.

O México é o segundo país mais desigual da América Latina, já que os 10% mais ricos da população recebem 42,2% da renda, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1,3%.

Na Argentina, em terceiro lugar, 41,7% da renda está concentrada nas mãos dos 10% mais ricos, enquanto os 10% mais pobres têm apenas 1,1%.

A Venezuela é o quarto país mais desigual da região, já que os 10% mais ricos têm 36,8% da renda e os 30% mais ricos controlam 65,1% dos recursos, enquanto os 10% mais pobres sobrevivem com apenas 0,9% da riqueza.

No caso da Colômbia, 49,1% da renda do país vai parar no bolso dos 10% mais ricos, contra 0,9% que fica do lado dos mais pobres.

A Colômbia tem uma das maiores taxas de desigualdade da América Latina e a Venezuela se destaca por ser a única a reduzir os índices entre as nações de rendimento médio.

No Chile, 42,5% da renda local está concentrada nas mãos dos 10% mais ricos, enquanto 1,5% dos recursos vai para os mais pobres.

Os países menos desiguais da região são Nicarágua, Panamá e Paraguai. Mesmo assim, nos três, a disparidade entre ricos e pobres continuam abismais, já que os 10% mais ricos consomem mais de 40% dos recursos.

Também segundo este relatório, a urbanização não contribuiu para diminuir a pobreza na América Latina, já que o número de pessoas na miséria aumentou muito nas últimas décadas.

Em 1970, havia 41 milhões de pobres nas cidades da região, 25% da população da época. Em 2007, os pobres em áreas urbanas eram 127 milhões, 29% da população urbana.

No entanto, o ONU-Habitat alertou no relatório que "é nas cidades menores e, certamente, nas áreas rurais da América Latina, onde a população é mais pobre".

Assim, a pobreza rural no Brasil alcança 50,1% da população; na Colômbia, 50,5%; no México, 40,1%; e no Peru, 69,3%. A grande exceção é o Chile, com um índice de pobreza rural de 12,3%, número inferior inclusive ao das zonas urbanas.

Concentração urbana


Segundo o relatório da ONU-Habitat, a América Latina tem 471 milhões de pessoas vivendo em cidades, ou seja, 79% do total de sua população, o que a coloca como a região mais urbanizada do planeta. Em 1950, a proporção da população urbana era de apenas 41%.

Segundo o estudo, o processo de urbanização da América Latina pode ser considerado exitoso, já que trouxe riqueza, aumento da expectativa de vida e acesso a serviços públicos básicos para muitas pessoas. De acordo com a ONU-Habitat, é nas cidades que se concentra a maior parte da riqueza.

Mas, por outro lado, o processo de urbanização latino-americano também se deu de forma muito desigual, isto é, com grandes diferenças entre ricos e pobres. A América Latina é considerada, pelo estudo, a mais desigual do mundo e tem cerca de um quarto da população de suas cidades vivendo em favelas ou assentamentos precários.

“A América Latina é, em geral, muito desigual. E isso tem criado muitos problemas dentro das cidades, com informalidade na moradia e no emprego”, afirma Alan Gilbert, um dos autores do estudo.

Segundo a coordenadora do escritório da ONU-Habitat para a América Latina, Cecília Martinez, o estudo também traz algumas recomendações aos governos, como revitalizar áreas degradadas para aproveitar melhor os espaços da cidades, evitar o crescimento desordenado nas periferias e trabalhar a questão da sustentabilidade ambiental desses espaços.

“As cidades podem ser muito positivas e elas têm solução. Isso depende muito das decisões políticas que os prefeitos e governadores tomem sobre suas próprias regiões e próprias cidades. Em dez anos, se pode melhorar ou piorar muito as cidades”, disse Martínez.

Cidades mais desiguais

As cidades de Goiânia, Fortaleza e Belo Horizonte figuram entre aquelas com maior desigualdade de renda do mundo. Segundo dados divulgados pela ONU-Habitat há uma semana.

Segundo a agência, esses municípios brasileiros só ficam atrás das cidades sul-africanas, e de Lagos, na Nigéria.

Segundo a ONU, as três cidades brasileiras apresentaram um índice Gini (que mede a desigualdade) igual ou superior a 0,61, em uma escala de zero a 1,00, em que os números mais altos mostram maior desigualdade. As nove cidades sul-africanas pesquisadas apresentaram índices entre de 0,67 e 0,75. Já Lagos tem índice de 0,64. Brasília também é destacada na pesquisa com um alto índice (0,60).

O estudo também cita as diferenças de oportunidades entre moradores de favelas e aqueles que residem em outras áreas dentro das cidades brasileiras.

De acordo com a ONU, a chance de uma pessoa ter desnutrição em uma favela brasileira é 2,5 vezes maior do que no resto da cidade, enquanto que a diferença média no mundo é de duas vezes.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Acesso à internet por banda larga chega a 45 mil escolas.


O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse hoje (24) depois de reunião na Casa Civil que o cronograma de atendimento do programa Banda Larga nas Escolas está sendo cumprido. Segundo ele, atualmente 45 mil escolas públicas já estão com esse tipo de conexão. Participaram do encontro a secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), das empresas de telecomunicação e dos ministério das Comunicações e do Planejamento.

A previsão inicial era atender 55 mil escolas até o final de 2010, mas, de acordo com o ministro, mais 8 mil escolas foram incluídas na conta. “A partir do censo escolar de 2009, 8 mil escolas mudaram de classificação, foram informadas como escolas urbanas e não rurais. As teles se comprometeram a atender também essas escolas até o fim de 2010”, explicou. Com isso, a expectativa é que o total de escolas atendidas pelo programa até o fim do ano chegue a 64 mil.

De acordo com o ministro, ainda está sendo discutida a implantação da banda larga nas escolas rurais, que respondem por 15% das matrículas da educação básica. Metade delas, segundo Haddad, deverão ser atendidas pelo programa Gesac — programa do Ministério das Comunicações que atende comunidades distantes onde a banda larga não chega — até o final de 2010.

Haddad apontou que há um problema localizado em São Paulo onde algumas escolas já estavam conectadas por programas do estado, mas podem receber uma rede adicional para uso dos laboratórios. “É uma decisão que cabe ao governo do estado tomar porque as escolas já estavam conectadas”, explicou.

É necessária autorização do governo de São Paulo para que as empresas de telecomunicação possam instalar as redes. O programa previa ainda, após a instalação da conexão em todas as escolas, a ampliação da capacidade de tráfego de 1 megabyte (MB) para 2 MB. De acordo com Haddad, essa meta está sendo antecipada e cerca de 3 mil escolas já estão com a conexão ampliada.

Fonte: Agência Brasil

Brasil reduz déficit de moradias e melhora saneamento.


O déficit habitacional urbano brasileiro diminuiu em 476 mil residências em um ano, passando de 6,27 milhões de unidades, em 2007, para 5,8 milhões, em 2008, o que ainda é considerado alto. Os índices de saneamento básico também apresentaram melhora expressiva, com a rede de água potável chegando a nove em cada dez famílias brasileiras. A informação consta do 4º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), divulgado nesta quarta-feira (24) pelo governo.

Em 16 anos, segundo o documento, o percentual de pessoas morando em condições adequadas no Brasil melhorou 15%, avançando de 50,7%, em 1992, para 65,7%, em 2008. As áreas urbanas são as que apresentam o maior percentual de falta de residência (82%).

Para o ministro das Cidades, Marcio Fortes, as melhorias refletem as políticas habitacionais adotadas pelo governo nos últimos anos, como o programa Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Habitação e Saneamento.

“Temos feito com que o déficit habitacional venha caindo, com as obras que estão sendo feitas, com os programas que estão sendo implementados com vigor. São investimentos sólidos, fortes e importantes, que levarão adiante a decisão do governo de atacar o problema habitacional”, disse o ministro, que participa do 5º Fórum Urbano Mundial das Nações Unidas, na zona portuária do Rio, até o dia 26. O evento reúne mais de 15 mil participantes de 160 países.

Os dados apontam ainda que 89,2% do déficit habitacional é concentrado nas famílias com renda de até três salários mínimos. O problema é mais grave nas cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes: em 97,3% delas há favelas, em 86,5% cortiços e em 94,6%, loteamentos clandestinos ou irregulares.

Em relação ao déficit em saneamento, o relatório aponta uma grande diferença entre o Brasil rural e urbano. Enquanto nas cidades a água tratada chega a 91,6% das famílias, no interior o índice é bem menor: 27,4%.

O estado com maior oferta de água tratada é São Paulo, com 98,9% das residências atendidas. Na ponta oposta está o Pará, onde só 51,5% da população possui acesso ao serviço.

A rede de esgoto também apresenta uma grande diferença entre campo e cidade, chegando a 80,5% nas áreas urbanas e a 23,1% nas zonas rurais.

A proporção de famílias atendidas por ambos os serviços — água e esgoto — subiu de 62,3%, em 1992, para 76%, em 2008.

Fonte: Agência Brasil

Brasil supera meta de reduzir extrema pobreza.


Vinte e sete milhões e trezentos mil brasileiros ultrapassaram a linha de extrema pobreza. O índice de moradores do País nesta situação baixou - entre 1990 e 2008 - de 25,6% para 4,8%, uma redução de 81%. Com isso, o País supera o primeiro e principal Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que estipulou como meta para o mundo erradicar a fome e reduzir pela metade, até 2015, a extrema pobreza registrada em 1990.

Os resultados revelam também que o Brasil foi além, e ultrapassou a própria meta estipulada pelo País de diminuir em 75% a taxa de extrema pobreza. Os dados constam da quarta edição do Relatório Nacional de Acompanhamento do ODM, que tem outros sete objetivos: Universalizar a educação primária; Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; Reduzir a mortalida de na infância; Melhorar a saúde materna; Combater o HIV/AIDS, malária e outras doenças; Garantir a sustentabilidade ambiental, e Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

O documento, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado nesta quarta-feira (24/3), descreve que, de 1990 a 2008, enquanto a população brasileira cresceu de 141,6 milhões para 186,9 milhões, a população extremamente pobre (que vive com até 1,25 dólar por dia) decresceu de 36,2 para 8,9 milhões de pessoas. “A pobreza extrema no Brasil, hoje, é menos de um quinto da pobreza extrema de 1990. A desigualdade caiu bastante e pode cair ainda mais”, informa o relatório. E acrescenta: “Se o ritmo da redução se mantiver nos próximos anos, a pobreza extrema será erradicada do Brasil por volta de 2014.”

Para o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, essa conquista do País é resultado dos investimentos do governo de presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Só o nosso ministério terá um orçamento de R$ 39 bilhões este ano, dinheiro destinado aos pobres. Além do MDS, outras ações com o Pronaf ( Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), Luz para Todos e Economia Solidária estão fazendo a diferença”, ressaltou o ministro.

O presidente Lula garantiu que o Brasil irá superior “em muito” todas as Metas do Milênio, pois o País “vive um momento mágico na relação Estado e sociedade”. O Bolsa Família, programa do MDS, foi destacado por Marie Pierre Poirier, representante da Unicef e coordenadora-residente interina do Sistema das Nações Unidas no Brasil. “O maior programa de transferência de renda do mundo permitiu articular iniciativas setoriais e por vezes fragmentadas nas áreas de educação, saúde, combate à fome e desenvolvimento social, entre outras, em um único programa com foco nos grupos sociais mais pobres. A importância desse programa na redução da pobreza e das desigualdades sociais no País tem sido reconhecida nacional e internacionalmente”, diz Marie Pierre.

Redução da fome - Em relação ao combate à fome, o Ipea usa como principal indicador o percentual de crianças com até quatro anos com peso abaixo do esperado para a idade, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 1996, estavam abaixo do peso 4,2% das crianças, índice que caiu para 1,8% em 2006. Esse resultado, de acordo com o documento, mostra que “o Brasil supero u a meta internacional de reduzir a fome pela metade até 2001 e, hoje, é pequeno o risco de crianças consumirem quantidade insuficiente de calorias e proteínas.”

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram estabelecidos por países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), com base em um amplo debate realizado entre chefes de Estado, especialistas e a sociedade civil durante as conferências internacionais sobre população, meio ambiente, gênero, direitos humanos e desenvolvimento social, realizadas na década de 1990. Durante a Cúpula do Milênio, realizada no ano 2000, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque (Estados Unidos), os chefes de Estado dos 191 países presentes elaboraram as metas dos ODM.

Prêmio – Durante a cerimônia de apresentação dos dados, nesta quarta-feira em Brasília, também foi entregue o Prêmio ODM Brasil, que identificou 20 práticas desenvolvidas por Prefeituras e organizações da sociedade civil. A homenagem foi criada pelo Governo Federal em 2004 e visa estimular o desenvolvimento de ações, programas e projetos que contribuem efetivamente para o cumprimento das oito metas.

No evento, que teve a participação do presidente Lula e dos ministros Patrus Ananias, Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), Paulo Bernardo (Planejamento) e Jose Gomes Temporão (Saúde), três programas de segurança alimentar foram premiados.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social

Os dois Brasis.


Há dois Brasis: um, o que a imprensa diz que existe e gostaria que existisse realmente. Outro, o Brasil real, em que vivem os brasileiros de carne e osso, o Brasil realmente existente. Os dois em contradição entre si.

Um dos temas recriados pela imaginação da imprensa é o do “fracasso” da política externa brasileira. Lula, Celso Amorim, todos os que representam o governo brasileiro em política externa, viveriam cometendo “gafes”, as pretensões brasileiras se revelam vãs nas suas propostas, Lula a todo momento estaria “desgastando sua imagem” pelas posições que toma. Tudo estaria errado e daria errado. O Brasil seria um desastre para o mundo – segundo a imaginação e a vontade dos Frias, dos Marinhos, dos Civitas, dos Mesquitas, e dos seus ventríloquos.

Recordemos que a política exterior de FHC era de absoluta subserviência aos EUA. (Celso Lafer, ministro de Exterior do governo FHC, submeteu-se docilmente a tirar os sapatos para serem revistados no aeroporto de Nova York, até esse ponto chegou a subserviência.) Os dois países deveriam concluir as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), contra a qual tinham se desenvolvido grande quantidade de mobilizações por todo o continente.

Na primeira grande virada de orientação, o governo Lula, mediante seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, fez com que abortassem essas negociações e, com elas, o projeto da Alca. Abriram-se assim os espaços para o fortalecimento do Mercosul e a criação das outras formas de integração regional que conhecemos – Banco do Sul, Unasul, Conselho Sulamericano de Defesa, Comunidade das Nações da América Latina e do Caribe, Alba, entre outras.

Assim foi se definindo uma das prioridades centrais do governo Lula, em ruptura com as orientações do governo FHC: integração regional no lugar de Tratados de Livre Comércio com os EUA, linha demarcatória fundamental para diferenciar os governos dos países do continente.

Nenhuma dúvida sobre o sucesso dessa linha política, não apenas pela sua correção, priorizando os países latinoamericanos, rejeitando as políticas de livre comércio dos EUA, assim como pela sua efetividade, que nos permite ter alternativas de intercâmbio comercial. A crise recente revelou, de forma ainda mais, clara como essa opção – ao contrário de países como o México, o Perú, a Colombia, que optaram pelos TLCs com os EUA – permite enfrentar as dificuldades externas, com a diversificação do comércio exterior brasileiro.

Da mesma forma que a extensão dessa prioridade com as alianças com os outros países do Sul do mundo, da Ásia, da África, do Oriente Médio, que ampliou como nunca a presença brasileira no mundo, ao mesmo tempo que deu posibilidades de diversificar o comércio internacional do Brasil. Este fator foi fundamental para a capacidade brasileira de superar rapidamente a crise internacional – a mais profunda desde a de 1929 -, sobretudo pela manutenção da demanda da China, que se tornou o principal parceiro internacional do Brasil superando os EUA.

Mas a presença brasileira se fez tambem nos grandes foros internacionais, com a defesa da posição dos países do Sul do mundo, a crítica dos responsáveis pela crise internacional, pela crítica ao caráter antidemocrático da ONU, entre outros temas.

Mais recentemente, o Brasil passou a se interessar pela situação do Oriente Médio, a partir da crítica de que os EUA nao podem ser o mediador da paz, porque estão excesivamente envolvidos no conflito, do lado de Israel – o destinatário da maior ajuda militar norteamericana no mundo, além de aliado estratégico dos EUA na regiao. As posições de Lula de crítica dos novos assentamentos judeus em Jerusalem, além do direito dos palestinos terem um Estado soberano como é o israelense, expressa no Congresso de Israel, foram reafirmadas poucos días depois pelos EUA, Russia, Uniao Européia e a ONU.

O reconhecimento de Lula como grande estadista, pela imprensa internacional, e por grande quantidade de governantes do mundo, em contradição expressa com a forma como a imprensa brasieira trata essa atividade, parece molestar a esta, assim como molesta a FHC. Este, que pretendía ser o grande estadista brasileiro no mundo, foi rápidamente esquecido, diante do sucesso de Lula e da política externa brasileira.

Parece que os tucanos e a mídia local – numa atitude totalmente provinciana – sentem falta da política externa subserviente a Washington, de desprezo pela América Latina, voltada para o Norte do mundo, espelhada na afirmação de que “o Brasil nao deveria ser maior do que é”.

A cobertura internacional da imprensa brasileira é péssima, os “enviados especiais” e os comentaristas locais sáo de uma ignorância ímpar sobre a América Latina e o mundo todo, provincianos, repetem o que diz a imprensa do Norte. Ficaram no tempo da guerra fría, da SIP (Sociedade Interamericana de Prensa), não entendem o mundo de hoje, nem o novo papel, do Sul do mundo, da América Latina e do Brasil em particular.

Por isso pintam um Brasil que não existe, um mundo que não existe, de costas para a realidade. Enquanto o Brasil real, a América Latina real, o mundo real, seguem girando, na direção oposta das ilusões e das mentiras da imprensa.

Postado por Emir Sader

Crédito imobiliário cresce 41% em 12 meses.


BRASÍLIA - O crédito imobiliário registra alta de 41,6% nos 12 meses acumulados até fevereiro deste ano, taxa recorde de expansão de acordo com o Banco Central (BC). A relação com o Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 2,2% em fevereiro de 2009 para 3%.


O estoque de financiamentos habitacionais era de R$ 96,76 bilhões no mês passado, com uma alta de 2,7% sobre a posição de janeiro.

Os dados do BC mostram ainda que o ritmo de crescimento é maior nas operações com recursos obrigatórios, como a captação em caderneta de poupança, com alta de 47,1% no acumulado em um ano. E o financiamento em operações a taxa livres tinha aumento de 34,9% no mesmo período.

Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, apesar da forte expansão vivida pelo mercado imobiliários, o volume "ainda é muito baixo" na relação com o PIB.

"As razões para isso podem se resumir no fato de que, para emprestar a longo prazo, tem que captar também no longo prazo. E só agora estão surgindo os instrumentos para isso", explicou ele, citando a recente criação da Letra Financeira (LF) para captação acima de dois anos, pelos bancos.

(Azelma Rodrigues | Valor)

Dantas toma outra surra na Justiça. Tá chegando a hora …


O Conversa Afiada publica e-mail do amigo navegante Cardoso Neto:


Enviado em 25/03/2010 às 9:54

Eros Grau nega liminar a Daniel Dantas

“Daniel Dantas sofre novo revés no Judiciário em menos de um mês. Nesta quarta-feira (24/3), o ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu liminar em habeas corpus (*) impetrado na véspera pelo banqueiro, tendo como coator o Superior Tribunal de Justiça. O HC foi distribuído a Grau por prevenção.

No último dia 4, Dantas viu frustrada pelo STJ mais uma tentativa de anular a Operação Satiagraha e de afastar o juiz Fausto de Sanctis do comando do processo. Por 4 votos a 1, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus em que a defesa de Dantas alegara ter havido vazamento de dados da investigação para a imprensa, declaração fora dos autos e parcialidade do magistrado, sonegação de informações, inversão da hierarquia judicial e recusa no cumprimento de ordem do Supremo Tribunal Federal.

Naquela ocasião, votaram contra o habeas corpus os ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves (relator do processo, Esteves havia concedido a liminar a Dantas no final do ano passado). Eles afirmaram não ter ficado clara a parcialidade do juiz e argumentaram que o habeas corpus não é o instrumento mais adequado para alegar a suspeição do magistrado.

Apenas o ministro Napoleão Maia Filho votou por distribuir o processo para outro magistrado.

O Blog não conseguiu ouvir o defensor de Daniel Dantas, Andrei Zenkner Schimidt.”

“Salário PSDB” – a maior obra de Serra em São Paulo. “Piores Salários Do Brasil”.


Nos Estados Unidos, se diz “walmartização” dos salários.

Ou seja: achatar salários, retirar a rede de proteção social, impedir a sindicalização e alongar a jornada de trabalho sem remuneração correspondente.

Um amigo mineiro, uma vez, me disse que o Zé Alagão, se fosse - se fosse, porque não será - presidente do Brasil venderia o Bolsa Família à WalMart.

Isso coisa, porém, o Zé Alagão conseguiu realizar: “walmartizou” o salário dos funcionários públicos de São Paulo.

Zé Alagão criou a expressão “Salário PSDB”, ou seja “Piores Salários Do Brasil”.

No Governo do Farol de Alexandria, o valor médio do salário mínimo foi de US$ 78.

No Governo Lula, US$ 243.

Eles são uns gênios.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: o vale refeição diário de um funcionário da área de saúde de São Paulo é de R$ 4. O vale-refeição mensal de um professor do Zé Alagão é de R$ 50. É o “vale coxinha” – outra expressão incrustada no panteão dos tucanos de São Paulo.

Clique aqui para ver o vídeo e ler “fim de feira – só 1% das escolas de SP tem bom nível”, ou seja, as escolas para pobre que se lixem.

quarta-feira, 24 de março de 2010

STJ proíbe prisão em contêiner. E aula pode?

post do azenha.

por Marco Weissheimer, no RS URGENTE

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a um acusado que estava preso dentro de um contêiner no Centro de Detenção Provisória de Cariacica, no Espírito Santo, e substituiu a prisão preventiva pela prisão domiciliar. Em seu voto, o ministro Nilson Naves lembrou que o ordenamento jurídico nacional não admite penas cruéis. Para ele, a prisão preventiva do acusado “trata-se de prisão desumana, que abertamente se opõe a textos constitucionais, igualmente a textos infraconstitucionais, sem falar dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos”. E citou mais um texto da Constituição: “É assegurado aos presos integridade física e moral”. O ministro propôs a revogação da prisão preventiva ou a substituição da prisão efetuada em contêiner por prisão domiciliar.

Os ministros da Sexta Turma concordaram que a prisão em contêiner fere a dignidade do ser humano. Por isso, apesar de entenderem que o ideal seria que o acusado aguardasse a decisão da Justiça em local prisional adequado, também se posicionaram no sentido de não permitir a permanência do mesmo dentro do contêiner e concederam o habeas corpus, determinaram a prisão domiciliar e estenderam essa permissão a todos que estiverem presos cautelarmente nas mesmas condições.

Os professores e pais de alunos que passaram a ter aulas dentro de contêiners no Rio Grande do Sul poderiam perguntar aos magistrados do STJ sua opinião sobre o novo jeito de aulas aqui no Estado.

Nota do Viomundo: a propósito, o próprio Marco Aurélio Weissheimer denunciou em 2009 a ampliação das escolas de lata pela governadora Yeda Crusius (PSDB-RS), no Rio Grande do Sul. Na ocasião, o jornalista perguntou à secretária de Educação e à governadora gaúchas se deixariam seus filhos estudarem no interior de um container. Até hoje elas não responderam, é claro.

China expõe hipocrisia dos EUA em relação aos Direitos Humanos.

post do vermelho.

Em 11 de março de 2010, o Departamento de Estado dos Estados Unidos publicou seu Relatório por Países sobre Práticas de Direitos Humanos correspondente a 2009, erigindo-se, mais uma vez, em "juiz mundial dos direitos humanos".

Como em outros anos, os documentos estão cheios de acusações sobre a situação dos direitos humanos em mais de 190 países e regiões, inclusive a China. No entanto, é completamente omisso, ignora e inclusive encobre as violações dos direitos humanos em seu próprio território.

Para ajudar os povos de todo o planeta a entenderem melhor a situação real dos Direitos Humanos nos Estados Unidos, iniciamos nesta quarta-feira uma série com dados do Registro dos Direitos Humanos dos Estados Unidos em 2009, feito pelo escritório de Informação do Conselho de Estado da China.

Veja abaixo o primeiro trecho:

Sobre o Direito à vida, à propriedade e à segurança pessoal


A proliferação da violência criminal nos Estados Unidos constitui uma grave ameaça para a vida, a propriedade e a segurança pessoal de seus cidadãos.

Durante 2008, nos Estados Unidos ocorreram 4,9 milhões de crimes violentos, 16,3 milhões de delitos contra a propriedade e 137 mil pessoas foram vítimas de roubos, de acordo com um relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos publicado em setembro de 2009.

Nesse mesmo ano, a taxa de criminalidade se situou em 19,3 delitos violentos para cada mil pessoas de 12 anos de idade ou maiores (Vítimas de Crimes - 2008, Departamento de Justiça dos EUA, www.ojp.usdoj.gov).

Ao longo de 2008, o país registrou mais de 14 milhões de prisões por todo tipo de delitos (exceto infrações de trânsito). O índice de detenções por crimes violentos foi de 198,2 pessoas por cada 100 mil habitantes (O Crime nos Estados Unidos, FBI, www.fbi.gov/ucr/cius2008/arrests/).

Entre os meses de janeiro e dezembro de 2009, na Filadélfia, foram cometidos 35 homicídios no âmbito doméstico, o que supõe um aumento de 67% em relação ao ano anterior (www.nytimes.com ).

Só na cidade de Nova York, foram registrados 461 assassinatos em 2009, ano em que a taxa de criminalidade se situou em 1.151 casos para cada 100 mil pessoas (www.usqiaobao.com ).

A localidade de San Antonio, no estado do Texas, passou a ser considerada a mais perigosa entre as 25 maiores cidades do país, com 2.538 crimes cometidos para cada 100 mil habitantes (www.usqiaobao.com).

Nas cidades com uma população de 10 mil habitantes ou menos, os crimes violentos aumentaram 5,5% durante o ano de 2008 (www.usatoday.com).

A maior parte dos 15 mil homicídios anuais ocorreu nas cidades e a incidência foi maior nos bairros mais pobres (www.reuters.com/article/idUSTRE5965NY20091007).

Os Estados Unidos são o país com o maior número de armas de propriedade privada do mundo. De acordo com dados do Escritório Federal de Investigação (FBI) e o Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), os cidadãos estadunidenses, de uma população total de 309 milhões, possuíam mais de 250 milhões de armas em 2008, o que significa que muitos deles eram proprietários de mais de uma arma.

Habitualmente, os americanos compram cerca de 7 bilhões de cartuchos de munição. Entretanto, em 2008 os números aumentaram para cerca de 9 bilhões (www.usqiaobao.com).

Nos Estados Unidos é permitido que os passageiros de avião levem consigo armas descarregadas depois de tê-las declarado às autoridades aeroportuárias.

Cerca de 30 mil pessoas morrem a cada ano nos Estados Unidos em acidentes com armas de fogo (www.usqiaobao.com).

De acordo com um relatório do FBI, 14.180 pessoas morreram assassinadas em 2008 no país (www.usatoday.com).

Os autores de 66,9% dos homicídios usaram armas de fogo em seus crimes, enquanto que em 43,5% dos roubos e 21,4% das agressões violentas seus autores portavam algum tipo de arma de fogo (www.thefreelibrary.com).

O diário USA Today publicou uma notícia em 11 de março de 2009 sobre um homem, chamado Michael McLendon, de 28 anos, que assassinou 10 pessoas, inclusive sua própria mãe, em dois povoados rurais do Alabama, antes de se suicidar.

Em 29 de março do mesmo ano, um homem chamado Robert Stewart matou oito pessoas com uma arma de fogo e deixou feridas outras três em uma clínica, no estado da Carolina do Norte (www.cnn.com).

Em 3 de abril, o cidadão vietnamita Jiverly Wong acabou com a vida de 13 pessoas e causou ferimentos em outras quatro em um tiroteio ocorrido em um centro de serviços de imigrantes no centro de Binghamton, Nova York (www.nytimes.com).

Em 2009, uma série de ataques contra a polícia dos Estados Unidos causou comoção no país. Em 21 de março, um jovem desempregado de 26 anos abriu fogo contra quatro agentes, que morreram em consequência dos tiros, em Oakland (California), antes de ser atingido por um disparo de um outro agente (http://cbs5.com/local/shooting.officer.oakland.2.964784.html ).

Em 4 de abril, Richard Poplawski assassinou com uma pistola três agentes em Pittsburgh, na Pensilvânia (www.nytimes.com ).

Em 29 de novembro, Maurice Clemmons, que já havia cumprido uma pena na cadeia, foi o autor dos disparos que causaram a morte de quatro policiais no interior de uma cafeteria em Parkland, Washington (www.nytimes.com).

As instalações escolares dos Estados Unidos foram cenário de numerosos crimes violentos, com o crescente aumento dos tiroteios ocorridos em escolas do país.

A Heritage Foundation dos Estados Unidos informou que 11,3% dos estudantes do ensino secundário na capital do país, Washington, afirmaram ter sido "ameaçados ou feridos" com uma arma enquanto se encontravam dentro das instalações de ensino em 2008 (www.heritage.org ).

Durante o período letivo de 2007-2008, a política respondeu a mais de 900 chamadas telefônicas relatando acontecimentos violentos em escolas públicas da cidade de Washington.
(www.heritage.org ).

Nos colégios públicos de Nova Jersey foram registrados 17.666 incidentes violentos em 2007-2008 (www.state.nj.us/education/schools/vandv/0708/).

A Universidade de Nova York foi cenário de 107 crimes graves em cinco de seus campi entre 2006 e 2007 (www.nytpost.com).

IRÃ: A HISTÓRIA QUE A MÍDIA NÃO CONTA!!

OEA, herança maldita da Guerra Fria.


A recondução do chileno José Miguel Insulza à secretaria-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) normalmente seria fato de pouca monta. Afinal, trata-se de uma relíquia da Guerra Fria. Qualquer que seja seu dirigente, essa entidade tem em seu código genético o papel de articular a supremacia geopolítica dos Estados Unidos abaixo do rio Bravo.

Por Breno Altman*, em Opera Mundi

Sua nova assembléia geral, convocada para reeleger o atual secretário-geral, chama atenção apenas porque ocorre em um cenário no qual muitos países latino-americanos parecem dispostos a superar o antigo modelo de associação continental.

A ampliação do Mercosul, o nascimento da Alba, a criação da Unasul e, mais recentemente, a fundação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) são sinais de que amadurece um forte sentimento autonomista na região. Por maiores que sejam as dificuldades, ganha força a percepção de que não é satisfatória a condição de quintal do vizinho ao norte, historicamente guarnecida pela OEA.

A pia batismal dessa instituição foi o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), assinado no Rio de Janeiro em 1947. Esse documento adotava um sistema de segurança coletiva no qual qualquer ataque a uma das nações do continente seria respondido pelos demais países signatários. Expressava, na prática, um contrato de adesão à hegemonia militar dos EUA na disputa contra a União Soviética e o campo socialista.

De nada serviu quando a Argentina, em 1982, foi atacada pela Inglaterra, depois de recuperar provisoriamente o controle das Ilhas Malvinas. A Casa Branca, mais do que cruzar os braços, colocou seus serviços de inteligência para auxiliar a marinha inglesa. Mas essa é outra história, fica aqui apenas um retrato da hipocrisia reinante nas tais “relações interamericanas”.

A criação da OEA

A submissão dos governos sulistas ao TIAR animou Washington a novos passos. Na 9ª Conferência Internacional dos Estados Americanos, realizada em Bogotá entre março e abril de 1948, o general George Marshall, então secretário de Estado, convocou os países presentes a um “compromisso de luta contra o comunismo”. Levou para casa uma nova organização continental, oficialmente fundada no dia 30 de abril de 1948 através de uma declaração, a Carta da OEA, que contou com a assinatura de 21 países e passou a vigorar a partir de dezembro de 1951.

A intenção dos norte-americanos, para além de estabelecer sua direção sobre questões de defesa, era criar um novo instrumento jurídico, político e econômico com o qual pudessem construir laços de subordinação que não reproduzissem o velho e fracassado colonialismo europeu. Suas ambições hegemônicas deveriam se realizar a partir da renúncia voluntária de países formalmente independentes a porções de sua soberania.

O recurso à violência viria a assumir um caráter punitivo e de ação política, respaldando oligarquias nacionais contra forças insurgentes ou governos populares, mas sem a lógica da ocupação permanente ou da anexação territorial. Uma estratégia na qual a OEA, nas palavras de Fidel Castro, desempenharia o papel de “ministério das colônias” dos EUA.

Cuba, aliás, seria a primeira vítima do tacape da entidade sediada na capital norte-americana. Acusada de se aliar ao bloco socialista, teve sua participação suspensa em 1962. Logo depois, em 1965, foi a vez da República Dominicana. Quando forças leais ao presidente constitucional Juan Bosh estavam a um passo de derrotar grupos civis e militares que tinham realizado um golpe de Estado, o país foi invadido por tropas conjuntas dos EUA e da OEA, com vergonhosa participação brasileira.

As ditaduras do continente, a propósito, sempre puderam desfilar livremente pelos corredores e encontros da instituição. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mui seletivamente, só tinha olhos para governos que rompessem o alinhamento com a Casa Branca.

Nenhuma dessas informações consta do sítio eletrônico da organização liderada pelo socialista Insulza. Devidamente submetida a uma cirurgia plástica quando se esgotou o ciclo dos militares, no final dos anos 1980, a OEA foi reinventada como articuladora de iniciativas integracionistas. Foram forjados, em seu âmbito, projetos como o da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que buscavam redesenhar os mercados e Estados nacionais como espaços acessórios da economia norte-americana.

Giro à esquerda

Mas essas tentativas acabaram frustradas ou comprometidas pela ascensão de forças progressistas em alguns dos principais países da região, especialmente no Brasil, na Venezuela e na Argentina. A primeira década do século 21 significou um importante giro à esquerda no continente.

Ao contrário de velhos governos oligárquicos e conservadores, as novas correntes se propunham a uma estratégia de fortalecimento do poder público, expansão do mercado interno de massas, distribuição de renda e ampliação dos direitos sociais. Ainda que com fortes diferenças em cada experiência local, esse caminho colocou em cheque o modelo privatista e desnacionalizante, base fundamental para a associação subordinada desejada pelos Estados Unidos.

O novo ciclo político, acoplado ao retumbante fracasso de países que embarcaram nos tratados de livre-comércio com Washington, cujo caso mais emblemático é o México, recolocou o tema da integração. O velho programa das plutocracias latino-americanas, verticalizado pela ambição de se tornarem sócias minoritárias e lucrativas do empreendimento norte-americano, veio sendo substituído pela defesa de um bloco autônomo, amparado sobre redes comuns de infra-estrutura, fontes de financiamento, fluxos comerciais e instituições políticas, além de planos ambiciosos para unificação da moeda e do sistema de defesa.

Mesmo nações dirigidas por partidos direitistas foram levadas, em alguma medida, a se juntar a essa onda, motivadas pela propulsão econômica da área latino-americana, no contexto de um mundo em crise e repartido por grandes alianças regionais. Essa tem sido a base objetiva, afinal, para o associativismo crescente entre os países do subcontinente.

Entulho neocolonial

Apesar de seu relativo enfraquecimento no jogo regional, a Casa Branca segue com cartas poderosas nas mãos. O cerne de sua contra-ofensiva, no terreno diplomático, é o bilateralismo. Dividir para reinar. Impedir ou atenuar as iniciativas autonomistas. Atrapalhar ou minimizar a construção de espaços sem sua participação. A OEA, para essa estratégia, segue com uma função relevante, que inclui a pressão sobre governos que aceleram seu distanciamento dos interesses norte-americanos, claro que sempre em nome da democracia e dos direitos humanos.

O mesmo não pode ser dito, quanto à pertinência dessa instituição, na perspectiva dos governos progressistas e da unificação latino-americana. A existência de uma organização dessa natureza é um fator inibidor. Não tem qualquer serventia positiva um organismo que historicamente se apresentou como guarda pretoriana de interesses imperiais.

Tampouco faz sentido no próprio aprimoramento das relações com os Estados Unidos. Quanto mais freqüentes e robustas forem as negociações em bloco, maior será o poder de pressão dos países ao sul. Quanto menor for a presença político-militar de Washington no subcontinente, mais amplas serão as possibilidades de integração e soberania.

A OEA, de fato, não passa de um entulho neocolonial. Seu esvaziamento progressivo, acompanhado pela denúncia do TIAR, significaria um avanço notável no processo democrático e independentista.

*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do Opera Mundi