quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Currículo de aecio neves

É a História que o definiu: "o candidato derrotado"
publicado 30/08/2016

Acompanhe aqui, aqui, aqui e aqui as mais recentes demonstrações da irremediável decadência do Grande Herói de Furnas.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O “todo poder ao Moro” instituiu a anarquia judiciária no Brasil

anarquia
É que nossa imprensa e os nossos conservadores são muito, perdão da palavra, avacalhados.
Não há um país no mundo onde pudesse estar havendo um combate aberto entre um ministro do Supremo Tribunal Federal e uma associação que representa a corporação de juízes.
Você consegue imaginar, nos EUA, uma liga de juízes de condado e -mais ainda – uma Liga de Juízes de Condado que entre em guerra com um juiz da Suprema Corte?
Evidente que não.
Como chegamos a este ponto?
Coices de Gilmar Mendes nunca foram propriamente uma novidade.
Mas eram uma estupidez isolada, geralmente minoritária no Supremo.
Desde que a Lava Jato se tornou o cavalo de batalha da mídia contra o PT, com o endeusamento de Moro e seus rapazes do MP, a corporação judicial sentiu a oportunidade de abocanhar poder.
As associações de juízes passaram a fazer uma militância política, para além de meros interesses corporativos.
E como era uma militância anti-esquerda e anti-PT, todos a aceitaram.
Apoiar Moro, fortalecer Moro, endeusar Moro era apoiarem, fortalecerem e endeusarem a si mesmos, como indivíduos e corporação.
Concederem-se, portanto, mais poder, bem como assim foi com o Ministério Público.
Enquanto se batiam contra pessoas que tinham a moderação que a liturgia dos cargos obriga – e que levavam esta moderação, cada vez mais, para o tereno do avassalamento, o que não se confunde com o respeito democrático à Justiça – nada aconteceu.
Agora, bateram no espinhoso Mendes.
E a troca de ofensas chegou ao inimaginável.
Ele diz que os imorais auxílios rebebidos pelos juízes e promotores são “seu pequenos assaltos” ( no meu dicionário, que assalta é assaltante) e que suas remunerações se compõem de “gambiarras institucionais”.
Os juízes rebatem, dizendo com todas as letras o que pensam das atividades de Mendes com sua “faculdade” de Direito, o Instituto de Direito Público (Público, privado, convém frisar) dizendo que sua ideia de Magistratura é de juiz  “que não exerce atividades empresariais, que respeita as instituições e, principalmente, que recebe somente remuneração oriunda do Estado”.
Sérgio Moro, que é o comandante simbólico da sublevação da magistratura não vai entrar diretamente nesta briga. Vai reagir nos autos, onde faz e desfaz com pouca reação dos tribunais superiores que já passaram da intimidação para a adesão, à medida em que se perderam os pruridos das garantias do cidadão.
Os gaúchos, no interior, têm um ditado: cachorro que comeu ovelha, só matando.
Sem morticínios, como é do civilizado, não é imaginável onde esta “briga de rua” vai parar.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Perigosa encruzilhada: EUA invadem a Síria e ameaçam a Rússia

23/8/2016, Eric Zuesse,[1] Global Research, Canadá


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Ontem, 2ª-feira, 22 de agosto, o governo dos EUA – que luta para derrubar o governo legal e internacionalmente reconhecido da Síria – anunciou oficialmente que forças militares dos EUA na Síria continuarão a ocupar terra síria, não importa o que diga o governo sírio, e derrubarão quaisquer aviões sírios que sobrevoem forças dos EUA ali.

Como noticiou ontem Al-Masdar News:

O Pentágono anunciou que os EUA estão prontos para abater aviões sírios e russos que o Pentágono entenda que ameaçam conselheiros militares norte-americanos que, nos termos da lei internacional, operam ilegalmente no norte da Síria.
Na 6ª-feira, o porta-voz do Pentágono Capitão Jeff Davis disse que jatos norte-americanos tentaram interceptar aviões sírios para proteger conselheiros norte-americanos que operam (ilegalmente) com forças curdas na Síria, depois que o governo sírio bombardeou áreas de Hasakah, quando a polícia curda iniciou ataque contra a Força de Defesa Nacional.

Na 2ª-feira, outro porta-voz do Pentágono, Peter Cook, disse:

"Continuaremos a avisar o regime sírio para que se mantenha bem longe dessas áreas. Defenderemos nosso pessoal em campo e faremos o que tiver de ser feito para defendê-los" – disse Cook aos jornalistas.

Significa que o governo dos EUA não permitirá que o governo sírio expulse ou elimine por qualquer outro meio as forças dos EUA que operam ilegalmente na Síria. O governo sírio não convidou forças dos EUA para agir em território sírio, mas agora os EUA estão forçando o governo sírio a afirmar a própria soberania sobre as áreas onde estão localizadas tropas dos EUA.

Al-Masdar continuou:

Pressionado para oferecer mais informações sobre a Rússia, Cook deixou bem claro que os EUA atacarão também jatos russos que operam legalmente em território sírio, por convite do governo sírio, com sua aprovação e em ação coordenada com os sírios.
"Se ameaçarem forças dos EUA sempre temos o direito de defender nossas forças" – disse Cook.

Significa que os EUA não só estão em guerra contra o legítimo governo da Síria, mas, também estarão rapidamente em guerra contra forças russas, se a Rússia (cuja ajuda o governo sírio solicitou) ajudar forças sírias que sejam atacadas na Síria por forças dos EUA – que estão ilegalmente em território sírio.

Há ali 300 norte-americanos, dos quais 250 foram mandados para a Síria dia 24 de abril para trabalharem como conselheiros de outras forças militares ilegais que atuavam na Síria.

A vasta maioria das forças militares ilegais na Síria são jihadistas contratados pelos governos saudita e qatari, que receberam armas norte-americanas para derrubar o governo sírio. As demais forças ilegais ativas na Síria são curdos, apoiados pelo governo dos EUA para fracionar o território sírio e criar ali um estado curdo, na porção nordeste do território sírio.
O principal objetivo dos EUA na Síria sempre foi derrubar o governo sírio, do Partido Baath, secular. Muitos árabes insistem na Xaria, ou Lei Islâmica, mas os árabes sírios são exceção. O Partido Baath é sempre foi apoiado pela maioria do povo sírio, inclusive pela maioria dos árabes sírios. Há forte oposição à Xaria, na sociedade síria. A Síria sempre foi a nação mais secular no Oriente Médio.
Por exemplo, quando das primeiras pesquisas patrocinadas pelo ocidente e realizadas na Síria, depois do início, em 2011 da importação de jihadistas para lutar na Síria, aquelas pesquisas mostraram que 55% dos sírios queriam que Bashar al-Assad (atual líder do Partido Baath) permanecesse como presidente da Síria, e "82% consideram acertada a avaliação de que o 'Estado Islâmico é grupo criado pelos EUA e outros países estrangeiros'. Apenas "22% entendiam que o 'Estado Islâmico é influência positiva'", e esse foi o mais baixo grau de aprovação, pelos sírios, a qualquer das afirmativas que lhes foram apresentadas, com exceção dos "21% que afirmaram que 'preferem a vida hoje, do que quando Assad governava em paz'". – Implica dizer que a maioria dos sírios entende que a vida era melhor antes de os jihadistas patrocinados pelos EUA chegarem à Síria para derrubar o presidente Assad.

Evidentemente, se "82% da população entende que o Estado Islâmico é grupo criado fora da Síria", bem poucos sírios apoiam os 300 militares norte-americanos que lá estão. Não apenas os EUA lá estão como invasores, mas (e especialmente os jihadistas que os EUA apoiam na Síria e que são a maior parte das forças invasoras) tornaram a vida muito pior (e desgraçadamente mais curta) para virtualmente todos os sírios.
A mesma pesquisa descobriu que "70% opõe-se à divisão do país". Consequentemente, a maioria ampla dos sírios opõem-se aos separatistas curdos.
Doravante, o governo sírio enfrenta a posição pouco confortável de ter invasores no próprio território, e de já ter sido avisado de que um desses grupos invasores – os EUA – fará guerra total até a completa devastação, se a Síria levantar-se para expulsá-los.
A Rússia também foi ameaçada pelos EUA de que se, como aliada da Síria, tomar qualquer medida para expulsar ou imobilizar os invasores norte-americanos, os EUA também entrarão em guerra contra a Rússia.
O governo dos EUA desafiou o governo russo. Talvez a estratégia seja forçar o presidente Putin ou a recuar, e abandonar o aliado sírio, ou a lançar ataque nuclear contra os EUA. Se Putin recuar perderá pelo menos parte significativa do apoio que tem da população russa (hoje superior a 80% nas mais recentes pesquisas, inclusive nas pesquisas pagas pelo ocidente). Talvez seja essa a estratégia de Obama: tirar Vladimir Putin do poder – o que talvez aconteça, se os EUA conseguirem derrubar Bashar al-Assad.

"a Agência de Inteligência de Defesa (AID) e o Comando do Estado Maior das Forças Conjuntas dos EUA, então [no verão de 2013] lideradas pelo general General Martin Dempsey, avaliavam que a queda do regime de Assad não era desejável, porque levaria ao caos e, potencialmente, à tomada da Síria por extremistas jihadistas, praticamente o mesmo que então estava acontecendo na Líbia."

Por isso Dempsey saiu e o tenente-general Michael Flynn, diretor da AID entre 2012 e 2014 foi demitido.

"Os relatórios da AID, disse [Flynn], 'sofreram terrível rejeição' do governo Obama. 'Senti como se não quisessem ouvir a verdade'."

Hoje, Flynn é conselheiro para política exterior do candidato dos Republicanos à presidência Donald Trump, que está sendo criticado pela candidata Clinton dos Democratas, considerado 'muito mole' contra a Rússia e insuficientemente empenhado na meta dos EUA, de derrubar Assad.***** 

COMENTÁRIO DOS TRADUTORES:

É possível que o chilique belicista do 'Democrata' Obama, que se põe a provocar os russos, tenha a ver, agora, com o temor de que Trump ('mole com os russos') chegue à Casa Branca. Nesse caso, a provocação contra a Rússia pode ser uma nova variante, recém inventada, de "guerra preventiva": EUA inventam nova guerra já, para impedir que, adiante, a nova guerra seja evitada (NTs)].



[1] Historiador e jornalista investigativo, Eric Zuesse é autor do recentemente lançado They're Not Even Close: The Democratic vs. Republican Economic Records, 1910-2010e de CHRIST'S VENTRILOQUISTS: The Event that Created Christianity.

Gilmar reduz Moro e MPF a pó




















O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta terça (23) que integrantes do Ministério Público Federal devem "calçar as sandálias da humildade".
Classificou ainda de "cretino" quem criou proposta de combate à corrupção defendida pelo juiz Sergio Moro e pelo coordenador da Lava Jato no Paraná, procurador Deltan Dallagnol.
"É aquela coisa de delírio. Veja as dez propostas que apresentaram. Uma delas diz que prova ilícita feita de boa fé deve ser validada. Quem faz uma proposta dessa não conhece nada de sistema, é um cretino absoluto. Cretino absoluto. Imagina que amanhã eu posso justificar a tortura porque eu fiz de boa fé", disse o ministro.
(...)
Em tempo: Gilmar também criticou a suspensão das tentativas de acordo de delação premiada com ex-executivos da OAS. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, tomou essa decisão após vazamento de informações confidenciais.
"E as investigações do vazamento daquelas prisões preventivas, onde estão? Já houve conclusão? O resumo da ópera é: você não combate crime cometendo crime. Ninguém pode se achar o "o" do borogodó. Cada um vai ter seu tamanho no final da história. Um pouco mais de modéstia, calcem as sandálias da humildade", disse o ministro.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Lava-Jato: A denúncia contra Toffoli também incrimina Serra, Gilmar e Aécio


Toffoli_STF05_Delacao
Luis Nassif, via Jornal GGN em 22/8/2016
Entramos em um dos mais interessantes quebra-cabeças da Lava-Jato: a operação fruto da árvore envenenada, possivelmente montada para livrar Aécio Neves e José Serra das delações da OAS. Trata-se do vazamento parcial da delação do presidente da OAS Léo Pinheiro, implicando o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
Peça 1 – O teor explosivo das delações
Já circularam informações de que as delações da OAS serão fulminantes contra José Serra e Aécio Neves. Até um blog estreitamente ligado a Serra – e aos operadores da Lava-Jato – noticiou o fato.

Em muitas operações bombásticas, pré-Lava-Jato, os acusados valiam-se do chamado “fruto da árvore envenenada” para anular inquéritos e processos. A Justiça considera que se o inquérito contiver uma peça qualquer, fruto de uma ação ilegal, todo o processo será anulado. Foi assim com a Castelo de Areia. E foi assim com a Satiagraha.
Na Castelo de Areia, foi uma suposta delação anônima. Na Satiagraha, o fato dos investigadores terem pedido autorização para invadir um andar do Opportunity e terem estendido as investigações a outro.
Peça 2 – Os truques para suspender investigações
Vamos a um arsenal de factoides criados para gerar fatos políticos ou interromper investigações:

Grampo sem áudio – em plena operação Satiagraha, aparece um grampo de conversa entre Gilmar Mendes, ministro do Supremo, e Demóstenes Torres, senador do DEM. Era um grampo às avessas, no qual o conteúdo gravado era a favor dos grampeados. Jamais se comprovou a autoria do grampo. Mesmo assim, com o alarido criado Gilmar conseguiu o afastamento de Paulo Lacerda, diretor da Abin (Agência Brasileira de inteligência). Veículo que abrigou o factoide: revista Veja.
O falso grampo no STF – Recuperada a ofensiva, matéria bombástica denunciando um sistema de escutas no STF. Era um relatório da segurança do STF, na época presidido por Gilmar Mendes. Com o alarido, cria-se uma CPI do Grampo, destinada a acuar ainda mais a Polícia Federal e a Abin. Revelado o conteúdo do relatório, percebeu-se tratar de mais um factoide. Veículo que divulgou o falso positivo: revista Veja.
O falso pedido de Lula – em pleno carnaval da AP 470, Gilmar cria uma versão de um encontro com Lula, na qual o ex-presidente teria intercedido pelos réus do mensalão. O alarido em torno da falsa denúncia sensibiliza o ministro Celso de Mello, o decano do STF, e é fatal para consolidar a posição dos ministros pró-condenação. Depois, a única testemunha do encontro, ex-ministro Nelson Jobim, nega veementemente a versão de Gilmar. Veículo que disseminou a versão: revista Veja.
O caso Lunnus – o grampo colocado no escritório político de Roseane Sarney, que inviabilizou sua candidatura à presidência. Caso mais antigo, na época ainda não havia sinais da aproximação de Serra com a Veja.
O suborno de R$3 mil – o caso dos Correios, um suborno de R$3 mil que ajudou a deflagrar o “mensalão”. Veículo que divulgou: Veja. Fonte: Carlinhos Cachoeira, conforme apurado na CPI dos Correios.
Peça 3 – A fábrica de dossiês
Com base nesses episódios, procurei mapear os pontos em comum entre os mais célebres dossiês divulgados pela mídia.

Serra_Fence01
Confira:
Fato 1 – na Saúde, através da Funasa o então ministro José Serra contrata a FENCE, empresa especializada em grampo, o delegado da Polícia Federal Marcelo Itagiba e o procurador da República José Roberto Figueiredo Santoro.
Fato 2 – em fato divulgado inclusive pelo Jornal Nacional, Santoro tenta cooptar Carlinhos Cachoeira, logo após o episódio Valdomiro Diniz.
Fato 3 – Cachoeira tem dois homens-chave. Um deles, o araponga Jairo Martins, seu principal assessor para casos de arapongagem. O segundo, o ex-senador Demóstenes Torres, seu principal agente para o jogo político. Ambos têm estreita ligação com o ministro Gilmar Mendes: Demóstenes na condição de amigo, Jairo na condição de assessor especialmente contratado por Gilmar para assessorá-lo.
Fato 4 – todos os principais personagens do organograma – Serra, Gilmar, Cachoeira, Demóstenes e Jairo – mantiveram estreita relação com a Veja, como fontes, como personagens de armações ou como fornecedores de dossiês.
Não se tratava de meros dossiês para disputas comerciais, mas episódios que mexeram diretamente com a República. O organograma acima não é prova cabal da existência de uma organização especializada em dossiês para a imprensa. São apenas indícios.
Peça 4 – A denúncia contra Toffoli
Alguns fatos chamam a atenção na edição da Veja.

Fato 1 – já era conhecido o impacto das delações de Léo Pinheiro sobre Serra e Aécio (clique aqui). Tendo acesso à delação mais aguardada do momento, a revista abre mão de denúncias explosivas contra Serra e Aécio por uma anódina, contra Toffoli.
Fato 2 – a matéria de Veja se autodestrói em 30 segundos. Além de não revelar nenhum fato criminoso de Toffoli, a própria revista o absolve ao admitir que os fatos narrados nada significam. Na mesma edição há uma crítica inédita ao chanceler José Serra, pelo episódio da tentativa de compra do voto do Uruguai. É conhecida a aliança histórica de Veja com Serra. A reportagem em questão poderia ser um sinal de independência adquirida. Ou poderia ser despiste.
Peça 5 – A posição do STF e do PGR
Um dos pontos defendidos de maneira mais acerba pelo Ministério Público Federal, no tal decálogo contra a corrupção, é a relativização do chamado fruto da árvore envenenada. Querem – acertadamente – que episódios irregulares menores não comprometam as investigações como um todo.

Se a intenção dos vazadores foi comprometer a delação, agiram com maestria.
Sem comprometer Toffoli, o vazamento estimula o sentimento de corpo do Supremo, pela injustiça cometida contra um dos seus. Ao mesmo tempo, infunde temor nos ministros, já que qualquer um poderia ser alvo de baixaria similar.
Tome-se o caso Gilmar Mendes. Do Supremo para fora até agora, não houve nenhum pronunciamento público do ministro, especializado em explosões de indignação quando um dos seus é atingido. E do Supremo para dentro? Estaria exigindo providências drásticas contra o vazamento, anulação da delação? Vamos aguardar os fatos acontecerem. Mas certamente, Gilmar ganha um enorme poder de fogo para fazer valer suas teses que têm impedido o avanço das investigações contra Aécio Neves.
A incógnita é o PGR Rodrigo Janot. Até agora fez vistas largas para todos os vazamentos da operação mais vazada da história. E agora?
Se ele insiste na anulação da delação, a Hipótese 1 é que está aliado a Gilmar na obstrução das investigações contra Aécio e Serra. A Hipótese 2 é que está intimidado, depois do tiro de festim no pedido das prisões de Renan, Sarney e Jucá. A Hipótese 3 é que estaria seguindo a lei. Mas esta hipótese é anulada pelo fato de até agora não ter sido tomada nenhuma providência contra o oceano de vazamentos da Lava-Jato.
De qualquer modo, trata-se de um ponto de não retorno, que ou consagra a PGR e o Ministério Público Federal, ou o desmoraliza definitivamente.
Afinal, quem toca a Lava-Jato é uma força tarefa que, nas eleições presidenciais, fez campanha entusiasmada em favor do candidato Aécio Neves. Bastaria um delegado ligado a Serra e Aécio vazar uma informação anódina contra um ministro do STF para anular uma delação decisiva. Desde que o PGR aceitasse o jogo, obviamente.
Será curioso apreciar a pregação dos apóstolos das dez medidas, se se consumar a anulação da delação.
PS1 – A alegação dos procuradores, de que o vazamento teria partido dos advogados de Léo Pinheiro, visando forçar a aceitação da delação não têm o menor sentido. Para a delação ser aceita, os advogados adotariam uma medida que, na prática, anula a delação? Contem outra.
PS 2 – Na semana passada, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima já mostrava desconforto com a delação da OAS, ao afirmar que a Lava-Jato só aceitaria uma delação a mais de empreiteiras. Não fazia sentido. A delação depende do conteúdo a ser oferecido. O próprio juiz Sérgio Moro ordenou a suspensão do processo, sabe-se lá por que. E nem havia ainda o álibi do vazamento irrelevante.

HAHAHAHAHAHAHA!!!!!!Gilmar critica Lava Jato, Moro e “delírios totalitários” do MP

 
Do Brasil 247:
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal reagiu duramente à capa da Veja desta semana, que colocou seu colega Dias Toffoli na capa sem que contra ele pese qualquer acusação consistente (saiba mais em Juristas detonam baixaria de Veja contra Toffoli).
Na fala, ele fez duras críticas à força-tarefa da Lava Jato. “Eles estão defendendo até a validação de provas obtidas de forma ilícita, desde que de boa-fé. O que isso significa? Que pode haver tortura feita de boa-fé para obter confissão? E que ela deve ser validada?”, questionou.
Essa tese de validação das provas obtidas de forma ilícita foi defendida pelo juiz Sergio Moro.
Gilmar também acusou o Ministério Público de “delírios totalitários” e práticas “absolutistas”. “Já estamos nos avizinhando do terreno perigoso de delírios totalitários. Me parece que [os procuradores da Lava Jato] estão possuídos de um tipo de teoria absolutista de combate ao crime a qualquer preço”.
O ministro também disse que Toffoli pode ter sido alvo do Ministério Público por contrariar interesses. “Não é de se excluir que isso esteja num contexto em que os próprios investigadores tentam induzir os delatores a darem a resposta desejada ou almejada contra pessoas que, no entendimento deles, estejam contrariando seus interesses”.
Quando Toffoli decidiu soltar o ex-minstro Paulo Bernardo, foi alvo de procuradores, que, em artigo, o acusaram de dar “um duplo twist carpado”.
Diante da polêmica, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu a delação premiada da OAS.

sábado, 20 de agosto de 2016

O nazismo esteve para Einstein, como o fascismo está para o Almirante Othon

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Portal Pravda
14.08.2015
"O nazismo esteve para Einstein, como o fascismo está para o Almirante Othon"
por Fernando Soares Campos
Trechos:
Analogia por semelhança entre os casos e por fatos opostos
O nazismo esteve para Einstein, assim como o fascismo caboclo do Brasil está para o Almirante Othon Pinheiro da Silva. A diferença está nos aliados a quem o almirante poderia hoje recorrer. Se Einstein refugiou-se nos Estados Unidos para escapar da Alemanha nazista, Othon, para se livrar da perseguição do fascismo caboclo, teria atualmente a opção de buscar refúgio na Rússia ou no Irã.
A perseguição e prisão do almirante Othon (preso pela PF na Operação Lava Jato e condenado a 43 anos de prisão) também podem ser compreendidas como um caso às avessas do caso Julius e Ethel Rosenberg, acusados de espionagem e revelação de segredos científicos para instituições de pesquisa nuclear da antiga União Soviética (URSS), o que pode ter sido a chave que os soviéticos precisavam para fabricar a bomba atômica. Os dois foram condenados à morte e executados em cadeira elétrica, na prisão de Sing Sing, EUA, em 1953. O próprio Einstein protestou veementemente contra a condenação do casal.

Por que afirmo que se trata de casos opostos? Porque as acusações de lá e de cá são esdruxulamente díspares. Enquanto o casal Rosenberg foi acusado de entregar segredos científicos da área de estudos da energia nuclear ao inimigo, o cientista almirante Othon se recusou a revelar ou vender os segredos do desenvolvimento de centrífugas de enriquecimento de urânio e de propulsão nuclear para submarinos aos americanos, que já possuem suas próprias tecnologias nessa área há muitos anos, porém o que aqui em nosso país se desenvolveu interessa a eles, como já afirmei, por questões econômico-financeiras e geopolíticas.
(...)
A delação e a ilógica de propina para enriquecimento ilícito
Rogério Nora de Sá, ex-presidente da Andrade Gutierrez, delator na Operação Lava Jato, declarou à Justiça Federal que o almirante Othon, na condição de presidente da Eletronuclear, pediu "contribuição política" para o PT e para o PMDB, além de "contribuição científica" para seus próprios “projetos futuros”, o desenvolvimento de turbinas. "Rogério disse ter concordado com o pedido, sendo definido que, quando os contratos passassem a ter eficácia, haveria o pagamento da ‘contribuição política’ e da ‘contribuição científica’”.
"Indagado a respeito do benefício que a Andrade Gutierrez esperava ter ao realizar os pagamentos de propina para Othon Luiz, Rogério Nora respondeu que não esperava benefício em relação à lucratividade da obra, mas sim que a empresa não fosse prejudicada ou sofresse algum tipo de represália que atrapalhasse o seu andamento. Ao final, esclareceu não ter participado de qualquer situação ilícita envolvendo a licitação para a montagem eletromecânica." Assim declarado, consta do depoimento do delator. Nisso não se pode afirmar que Othon tenha achacado o executivo. Deduz-se apenas que Rogério Nora deve ter amargas experiências em relacionamento com responsáveis pela fiscalização de obras executadas por sua empresa, elementos que tenham criado obstáculos, reprovando métodos, equipamentos, produtos e serviços, sob a alegação de que não atendiam especificações e normas técnicas, até que uma polpuda propina fosse paga para aprovação das etapas realizadas e liberação das parcelas de pagamento.
Leia completo AQUI 

Negros e pobres entram na universidade

Por isso a Casa Grande teve que dar o Golpe!​




que deus a tenha.jpg

Informa o PiG cheiroso:
"Os alunos negros, de baixa renda e que cursaram o ensino médio em escolas públicas são maioria nas universidades federais, de acordo com estudo divulgado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições do Ensino Superior."

Furacão Moro

Gustavo Castañon 

MORO É HERÓI DE COXA EMPREGADO

Moro arruinou a economia brasileira. Quebrou a indústria naval, engenharia civil, de transformação do petróleo e projeto nuclear. Os reflexos disso começam a ficar impossíveis de esconder agora. Mas os coxas empregados, que acham que nada vai acontecer com a merda de seu emprego, comemoram, e põem a culpa no PT. O desemprego dos outros diminui sua sensação de fracasso pessoal.

Fodam-se os nadadores dos EUA



Breve metáfora olímpica para escancarar os mecanismos do imperialismo estadunidense.

Um bando de nadadores dos EUA saem pela noite do Rio de Janeiro.

Promovem algazarras, arrumam confusão, depredam um posto de gasolina e voltam à vila olímpica somente de manhã, completamente bêbados.

Para não serem penalizados pelo comitê olímpico dos EUA, inventam deliberadamente terem sido vítimas de um assalto.

Todas as autoridades brasileiras sem esperar apuração alguma dos fatos fazem imediatamente copiosos pedidos de desculpas às "vítimas da violência carioca".

Mas a história do assalto é muito mal contada e os vídeos de diversas câmeras de segurança transformam a versão dos nadadores em pó.

A polícia carioca resolve apurar melhor os fatos e impede que os atletas envolvidos embarquem de volta para os EUA.
Mídia lixo compra farsa dos picaretas 
O jornal USA Today então publica um virulento editorial criticando duramente o Brasil e a organização dos jogos por "exporem estadunidenses aos riscos de uma cidade bruta como o Rio de Janeiro" e pelo "totalitarismo de não permitir que os nadadores voltem á sua pátria".

Pois não é que hoje, pese-se todos os problemas sociais e de violência no Brasil, dois dos envolvidos admitiram a mentira sobre o "assalto"?

É que para alguns "yankees" vale mais comprometer a imagem de um país, anos de planejamento de um evento global e bilhões de dólares investidos que admitir um erro pessoal; afinal de contas, pra essa gente o Brasil é um país de merda mesmo e um assalto a mais ou a menos, ainda que seja apenas uma invenção para livrar a própria bunda da responsabilidade de seus atos não chega nem a ser problema.

É lógico que o USA Today nada publicará em tom de desculpas ou "mea culpa"; a lógica imperialista reza que quando o assunto envolve norte-americanos, brasileiros estão errados aprioristicamente.

Fico apenas a imaginar o que aconteceria com três ou quatros atletas brasileiros que fizessem metade dessa pataquada lá nos EUA.

Provavelmente já estariam erguidos em paus de arara na prisão de Guantánamo.

Porque o imperialismo se revela principalmente na mentalidade dos dominadores e nas decorrentes atitudes mundanas, meus queridos; é tudo uma questão de postura, sempre protagonizada pela arrogância dos opressores e por sua absoluta certeza da inegociável submissão do outro - fatos e razões à parte.

Querem saber?

Foda-se Lochte, o imbecil protagonista desse imbróglio e que até agora mantém covardemente sua história estapafúrdia.

Fodam-se os nadadores dos EUA.

Fodam-se os EUA, medalha de ouro em hipocrisia e autoritarismo travestidos de senso democrático.
E fodam-se os brasileiros que cultuam essa nação terrorista e - excluídas aqui as pouquíssimas exceções de praxe - seus arrogantes habitantes que acham que o mundo é nada mais que seu quintal.

ENTREGUISTAS DESMASCARADOS


serra. temer parente e petroleiras estranegiras 2
Cai a máscara dos entreguistas
Estudo da OPEP ressalta relevância do Brasil na geopolítica do petróleo
Se ainda havia alguma dúvida sobre as motivações dos que defendem a entrega da operação do Pré-Sal para as multinacionais, o relatório da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo], divulgado no último dia 10, revela o que está por trás desse crime de lesa-pátria. O documento destaca o Brasil como o país que terá o maior crescimento mundial na produção de petróleo fora do cartel.
Segundo o estudo da Opep, a produção de petróleo no Brasil aumentará quase o dobro da do Canadá, o segundo país no ranking. O relatório aponta que a nossa produção crescerá em 260 mil barris/dia no ano que vem, enquanto a do Canadá subirá em 150 mil barris.
A Opep também elevou para 3,11 milhões de barris/dia a expectativa de produção brasileira e voltou a ressaltar que em 2017, chegaremos a 3,37 milhões de barris diários. O estudo reafirma o que a organização já havia anunciado em julho: o Brasil é o país fora da Opep cuja produção de petróleo mais cresce no mundo.
É por isso que os entreguistas têm pressa em abrir a operação do Pré-Sal para as petrolíferas privadas. E não irão sossegar até que desmontem toda a legislação que assegura ao Estado brasileiro o controle destas reservas.
Enquanto os deputados federais correm para aprovar o PL 4567/16, o governo golpista articula mais mudanças nas regras do Pré-Sal, inclusive um leilão a toque de caixa para o primeiro trimestre de 2017, quando pretende doar às multinacionais campos vizinhos aos que já estão sob a operação da Petrobrás, como Pedro Parente já fez com Carcará.
Que nome damos a isso se não crime de lesa-pátria?

Putin dá luz verde aos economistas nacional-desenvolvimentistas contra globalistas neoliberais

2/8/2016, F. William Engdahl, New Eastern Outlook


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Depois de mais de dois anos de crescimento econômico cada vez menos satisfatório e com a economia lutando contra taxas de juros de 10,5% do banco central, que tornam virtualmente impossível que novos créditos estimulem o crescimento, o presidente russo Vladimir Putin afinal rompeu um impasse interno, entre dois blocos de especialistas.
Dia 25 de julho, deu ordens para que um think tank de economistas, o Stolypin Club, prepare propostas para estimular o crescimento do país, a serem apresentados ao governo no 4º trimestre do ano em curso.[1]
Ao fazê-lo como o fez, Putin rejeita e desautoriza duas influentes facções de economistas liberais e/ou neoliberais, que, com sua ideologia ocidentalizante a favor do que chamam de 'livre mercado', levaram a Rússia à recessão politicamente e economicamente perigosa em que o país se debate hoje.
É movimento de enorme importância, que eu pessoalmente já esperava, desde que tive oportunidade de trocar ideias com colegas economistas em junho passado, no Fórum Econômico Internacional anual, em São Petersburgo.


Praticamente sem fanfarras, e sem grande entusiasmo, a mídia-empresa russa trouxe uma nota que pode vir a ter a mais profunda e positiva repercussão sobre o futuro da economia nacional russa. O blog (russo) Katheon, publicou que "O presidente da Rússia Vladimir Putin instruiu [o grupo Stolypin, de economistas] a concluir o relatório do Stolypin Club e, a partir daquele trabalho, preparar um novo programa de desenvolvimento econômico, que configure alternativa ao plano econômico de Kudrin. O programa deve ser entregue ao Gabinete do Conselho Econômico no 4º trimestre de 2016."

No seu comentário, Katheon observa o principal significado da decisão de abandonar a abordagem neoliberal claramente destrutiva, também chamada "de livre mercado", do ex-ministro de Finanças Alexei Kudrin:


"O Relatório do Clube Stolypin aconselha a aumentar investimentos, bombear dinheiro do orçamento do Estado para a economia e emissão de moeda pelo Banco da Rússia. Ao contrário disso, o conceito do Centro para Pesquisa Estratégica (Alexei Kudrin) sugeria que os investimentos teriam de ser privados e caberia ao Estado apenas garantir estabilidade macroeconômica, inflação baixa e baixo déficit no orçamento."


Kudrin fracassou

Na situação atual de sanções severas, econômicas e financeiras, do ocidente contra a Rússia, o fluxo do esperado investimento privado para a economia, como prega o campo Kudrin, é fraco (para dizer o mínimo). Cortar o que já é déficit mínimo no orçamento só aumenta o desemprego e piora a situação. 

O presidente Putin deu-se claramente conta de que o tal "experimento" neoliberal fracassou. Mais provavelmente, o presidente foi forçado a deixar que a realidade econômica se desenrolasse sob o domínio dos neoliberais, até o ponto em que ficou perfeitamente visível para os grupos internos que se tornara absolutamente indispensável e urgentíssimo encontrar outra saída. 

Na Rússia, como em todos os países, há interesses privados instalados dentro do Estado; agora afinal esses interesses de contornos neoliberais estão suficientemente desacreditados pelo desempenho pífio do 'projeto' Kudrin; e o presidente Putin parece ter decidido que é hora de agir mais decisivamente. 

Em todos os casos, o movimento que se observa agora em torno do Grupo Stolypin é muito positivo para a Rússia.

Dia 25 de maio, na reunião do Conselho Econômico russo, depois de um hiato de dois anos, o presidente Putin, ao observar que o grupo era constituído, deliberadamente, de visões divergentes, disse:


"Proponho que comecemos hoje a trabalhar com as fontes de crescimento para a economia da Rússia, com vistas à próxima década (...) A dinâmica atual mostra que as reservas e recursos que serviram como forças motrizes de nossa economia no início dos anos 2000 já não estão produzindo os efeitos que então produziam. Já disse no passado e quero reforçar o mesmo ponto hoje: o crescimento econômico não é processo que se ponha em andamento por si mesmo. Se não encontrarmos novas fontes de crescimento, veremos o PIB crescer zero ou perto de zero; nesse caso, nossas possibilidades no setor social, de defesa e segurança nacional e em outras áreas serão consideravelmente inferiores em relação ao que têm de ser, para que consigamos levar o país a desenvolvimento real e a real progresso."


Agora, três meses adiante, Putin obviamente já decidiu. Claramente está de olhos postos na próxima eleição presidencial russa em março de 2018. Ao fazê-lo, selecionou o único grupo, dos três que constituem o Conselho Econômico, que realmente acredita no papel positivo do Estado no processo de estimular o desenvolvimento da economia nacional.

O Grupo Stolypin está em vários sentidos ligado ao espírito que fez acontecer o "milagre econômico" alemão depois de 1871, cujas ideias geraram o mais impressionante crescimento econômico a partir do atraso em que então vivia a Europa, no período de apenas três décadas. Os dois únicos países que se aproximam daquela realização dos alemães foram os EUA depois de 1865, e a República Popular da China depois de 1979 com o "Socialismo com características chinesas" de Deng Xiaoping. O modelo de desenvolvimento econômico nacional baseia-se no trabalho de um economista nacionalista alemão do século 19, Friederich List, que desenvolveu os traços básicos do modelo.
Três Campos 
Durante os anos da Terapia de Choque de Boris Yeltsin nos anos 1990s, economistas de Harvard como Jeffrey Sachs, financiados pelo meta-saqueador George Soros, operaram como conselheiros de Yeltsin. As políticas desastrosas da equipe econômica de Yeltsin, liderada então por Yegor Gaidar, implementaram a privatização com liquidação de patrimônio do Estado, entregue por preços desavergonhadamente baixos a investidores ocidentais, dentre os quais o próprio Soros. 
Aqueles economistas promoveram reduções drásticas no orçamento do Estado, cortes nos padrões de vida, eliminação de aposentadorias e pensões da população. Tudo feito, sempre, em nome da "reforma do livre mercado". Depois daquele trauma, começando na primeira presidência de Putin em 1999, a Rússia iniciou um doloroso processo de recuperação, não com a terapia de choque de Gaidar-Harvard, mas contra e apesar dela – tributo à coragem e à determinação do povo russo.
Por inacreditável que possa parecer, aqueles ideólogos dos livres mercados, seguidores do falecido Gaidar, mantêm até hoje virtual monopólio sobre as políticas dos ministérios de Economia e Finanças da Rússia.
Têm sido ajudados pela líder de outro campo monetarista, ligeiramente diferente, mas igualmente destrutivo: a presidenta do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, que parece obcecada com controlar a inflação e estabilizar o rublo.
Em maio passado, o presidente Putin deu o primeiro sinal de que estava já aberto à ideia de que muito se devia suspeitar, e bem pouco confiar, no que seus ministros de economia e finanças viviam a repetir: que "a recuperação está muito próxima, logo ali, virando a esquina" (como consta que Herbert Hoover teria dito no início da Grande Depressão dos EUA em 1930). O presidente da Rússia convocou o Pleno do Conselho Econômico – que não se reunia já há dois anos –, e ordenou que lhe trouxessem um plano, para resolver os problemas econômicos da Rússia. 
Aquele Pleno é constituído de 35 membros que representam os três principais campos em que se divide a gestão da Economia da Rússia.
O ex-ministro neoliberal das Finanças Alexei Kudrin comandava um dos campos apoiado pelos atuais ministros das Finanças Anton Siluanov, e da Economia Alexey Ilyukayev. Esse grupo prega que se apliquem os tradicionais 'remédios' do laissez-faire ocidental: drástica redução do papel do Estado na Economia mediante a privatização desmedida de tudo: ferrovias, empresas de energia (como a Gazprom) e tudo que possa ser vendido do patrimônio do Estado. Kudrin também foi nomeado por Putin para copresidir o novo grupo econômico estratégico de 35 membros criado em maio. Muitos economistas do grupo pró-desenvolvimento nacional temeram o pior dessa nomeação, sobretudo o renascimento da teoria do choque de Gaidar, um Mach II. Hoje já se vê claramente que nada disso acontecerá. A abordagem de Kudrin já foi claramente rejeitada como demonstradamente ineficaz.
O segundo grupo era representado pela presidenta do banco central da Rússia, Elvira Nabiullina. É o grupo mais conservador, dos que entendem que nenhuma reforma é necessária nem, e muito menos, qualquer estímulo econômico. Basta manter rota fixa, com taxa de juros do banco central sempre abaixo de dois dígitos e isso – sabe-se lá como! – acabará por matar a inflação e estabilizar o rublo, como se disso dependesse todo o potencial crescimento econômico da Rússia. De fato, parece ser o meio mais seguro para matar lentamente a economia e produzir inflação.
Grupo Stolypin
O terceiro bloco sempre foi ridicularizado pelos 'observadores' ocidentais. A organização Straford, ligada ao Pentágono-EUA referiu-se a eles como um "estranho coletivo." Conheço pessoalmente e já conversei diretamente com o grupo, e, para quem tenha clara consciência moral, nada há de estranho com eles.

Esse é o grupo que, depois de dois meses desde que Putin anunciou seu projeto para desenvolver a Rússia, emergiu agora com mandado oficial para expor seus planos para repor a Rússia na trilha do desenvolvimento.
O grupo, essencialmente, trabalha com projetos do que o grande e quase esquecido economista alemão do século 19 Friedrich List chamaria de estratégias de "economia nacional". A abordagem de List, de base econômica histórico-nacional, sempre esteve em oposição direta ao pensamento econômico da escola do 'livre mercado', do então dominante pensamento britânico de Adam Smith.
As ideias de List foram crescentemente integradas à estratégia econômica do império alemão, iniciada sob a Zollverein ou União Aduaneira Alemã de 1834, que unificou todo o mercado interno alemão. À altura dos anos 1870s, já havia criado a base para a mais colossal emergência da Alemanha como rival econômica da Grã-Bretanha, que, em 1914, já superara os britânicos em todas as áreas.
Esse terceiro grupo, o Grupo Stolypin, na reunião de maio de 2016, incluía Sergei Glazyev e Boris Titov, copresidente deBusiness Russia, e "ombudsman de negócios" da Rússia desde que o cargo foi criado em 2012. Esses dois economistas, Titov e Glazyev (conselheiro de Putin para assuntos da Ucrânia, dentre outros temas) são membros fundadores do Stolypin Club na Rússia. Em 2012, Glazyev[2] foi nomeado por Putin, então primeiro-ministro, para coordenar o trabalho das agências federais no desenvolvimento da União Aduaneira com Belarus, Cazaquistão e Rússia, que hoje constitui a União Econômica eurasiana. Titov, que também é presidente do Partido da Causa Certa ("Partido do Crescimento"), é empresário russo bem-sucedido que, em anos recentes, voltou a trabalhar em vários projetos de economia politica dentro do Estado, frequentemente em declarada oposição às ideias liberais de livre mercado de Kurdin. Importante, Titov também é copresidente do Conselho de Comércio Russo-Chinês.
Indicação ampla do tipo de propostas que virão do Grupo Stolypin para reviver na Rússia um substancial crescimento econômico e enfrentar os graves déficits básicos de infraestrutura que tão gravemente emperram qualquer empreitada produtiva veio numa série de propostas que Glazyev apresentou em setembro de 2015 ao Conselho de Segurança Nacional da Rússia, corpo consultivo que trabalha muito perto do presidente Putin.
Naquela ocasião, Glazyev propôs um 'mapa do caminho' quinquenal para o crescimento de longo prazo e a soberania econômica da Rússia. O objetivo era tornar o país imune a choques externos e à influência externa e, no limite, a arrancar a Rússia da periferia para pô-la no centro do sistema econômico global. Entre as metas está elevar a produção econômica em 30-35% no período de cinco anos; criar uma "economia do conhecimento" socialmente orientada, mediante a transferência de recursos econômicos substanciais para educação, atenção à saúde e para os serviços sociais em geral; criar instrumentos que visem a aumentar a poupança como porcentagem do PIB; e outras iniciativas, inclusive uma transição para uma política monetária soberana.
Em 1990, a mais alta prioridade de Washington e do FMI era pressionar Yeltsin e a Duma para que "privatizassem" o Banco do Estado da Rússia, com uma emenda à Constituição que ordenava que o novo Banco Central da Rússia, como o Federal Reserve ou o Banco Central Europeu, passasse a operar  como entidade puramente monetarista, cujo objetivo seria controlar a inflação e estabilizar o rublo. De fato, o mecanismo para criar dinheiro na Rússia foi retirado da soberania do Estado e conectado ao dólar norte-americano.
O plano de Glazyev em 2015 também propunha que se usassem os recursos do Banco Central para prover empréstimos orientados para empresários e indústrias, de modo a garantir-lhes taxas subsidiadas de juros, entre 1-4%, o que seria possível graças a um 'alívio quantitativo' da ordem de 20 trilhões de rublos num período de cinco anos. O programa também sugeria que o Estado apoiasse empresários mediante a criação de "obrigações recíprocas" para a compra de produtos e serviços por preços fixados. Glazyev também propôs que o rublo fosse fortalecido como alternativa ao sistema já falido do dólar; para tanto, o Estado deveria comprar ouro, como lastro para a moeda. E propôs que o banco central fosse obrigado a comprar toda a produção de ouro das minas russas a um determinado preço, para aumentar o lastro do rublo. A Rússia é hoje o segundo país maior produtor de ouro.

Obviamente o presidente russo já se apercebeu de que qualquer avanço que a Rússia venha a obter no campo da política externa sempre poderá ser imediatamente desvalorizado por economia que não responda à real necessidade do país – o calcanhar de Aquiles da Rússia, como comentei em outro artigo. O anúncio feito por Putin no dia 25 de julho tem potência para reverter esse risco, se o projeto for levado a cabo com determinação em todos os níveis.  Aí, cabe ao presidente a responsabilidade de expor com clareza a estratégia de seu governo para os próximos cinco anos. É prazo útil para que se avaliem resultados, sem nada a ver com os velhos planos quinquenais dos soviéticos, como De Gaulle da França também compreendeu bem. 
Ao oferecer aos cidadãos uma visão clara do futuro, Putin pode mobilizar os notáveis recursos humanos da Rússia para literalmente conseguir o impossível: converter em prosperidade genuína uma economia esfacelada; e prosperidade erguida sobre fundamentos muito mais sólidos que os do laissez-faire monetarista do ocidente, hoje já em bancarrota. Bravo, Rússia!*****



[1] Sobre o mesmo assunto, ver também "Governo russo está revendo as políticas neoliberais", 10/8/2016, Paul Craig Roberts e Michael Hudson, Paul Graig Roberts Website, traduzido no Blog do Alok [NTs].
[2] Sobre Glazyev, ver  "Aliança anti-dólar; "Entrevista com SG"; "Plutocracia ocidental", dentre outros artigos traduzidos [NTs].