quarta-feira, 27 de maio de 2015

Jesus não tem dentes no país dos coxinhas

Ricardo Soares

Vou até lhe dar razão se você disser que está cansado desse rótulo de “coxinha”, novo eufemismo para rotular as classes média e alta conservadoras que acham que todos os problemas do planeta são culpa do PT. E antes que a patuléia do “Coxodrómo” me atire pedras desde suas cadeiras numeradas em alguma “Arena” com varanda gourmet já vou dizendo que não absolvo o PT dos seus inúmeros pecados. Nunca é demais você repetir para o “Coxodrómo” que criticá-los não é adesão imediata ao ideário petista.

O rótulo “coxinha” já foi , em outros tempos, “janota”, “almofadinha”, “dândi” e , mais recentemente, “mauricinho” com “patricinha” no diminutivo para o feminino. Tem gente que não gosta de epíteto e também respeito. Sucede que no caso “coxinha” e muitos outros eles são precisos porque você consegue visualizar exatamente o biotipo , o estilo do rotulado. Brancos, religiosos ferrenhos, bem nascidos, ferrenhos defensores dos seus direitos individuais que incluem parar na vaga de deficientes e idosos em supermercados, estacionar em ciclofaixas, passar farol vermelho, dar um troco pro guarda pra se livrar da multa, bater ponto e não ir trabalhar, abominar pobre em fila de aeroporto e outras delícias que toda boa “carteirada” coxinha pode proporcionar.

Ah, você pode me dizer que isso é generalizar. Corro o risco. Mas o que ando vendo nas grandes capitais brasileiras no último ano e meio me estarrece e me faz crer que o “coxismo” hoje é um “movimento” de retrocesso que cresce em progressão geométrica para temor geral da nação. Afinal, não nos esqueçamos, muitos deles são golpistas juramentados. E nos respondem que eles, os “coxinhas”, são o Brasil que trabalha , que empreende , que quer a economia de mercado cada vez mais forte e alvissareira.  Eles são o "Brasil que dá certo".Ou seja, se não for um deles, você é um vagabundo petista que quer ir pra Cuba. A coisa está nesse nível . Dos dois lados diga-se de passagem.

O que essa modesta digressão pretende é apenas alertar corações e mentes sobre o armamento de espíritos, sobre a intolerância rasteira. Porque, convenhamos, essa gente está em tal sanha de ódio que por mais que se julguem cristãos tenho certeza que rejeitariam o "senhor Jesus" que eles evocam caso ele viesse com aquele mesmo discurso do qual se ocupou na Galiléia . Mandariam Jesus para Cuba e mesmo que ele tivesse uma arcada dentária de comercial de dentifrício seria um Jesus sem dentes no pais dos coxinhas.Quebrariam os dentes de Jesus. O ódio, lamento dizer, é contra os mais pobres, contra a divisão igualitária de bens e de serviços. E essa divisão meus prezados “coxinhas” não se chama comunismo e sim humanismo. O que seus filhos tem direito os filhos dos mais pobres também tem.

Imbecilidade, teu nome é Brasil

Carlos Motta

Sinceramente, joguei a toalha na questão da reforma política e em várias outras que dependem do nosso Congresso.

Afinal, esse bando de picaretas não representa o brasileiro médio?

Esses reaças não foram eleitos democraticamente?

Portanto, quem pariu Mateus que o embale.

Se querem um Brasil medieval, que façam bom uso dele.

Acho que nunca chegaremos ao tal Primeiro Mundo, à civilização.

Somos uma nação de ignorantes, analfabetos - em todos os sentidos -, completos idiotas que se deixam levar pela mais tosca propaganda e pela mais ridícula manipulação.

Não é à toa que esses bandidos que se dizem pastores, bispos ou missionários, estão milionários.

Não é à toa que têm uma das mais expressivas bancadas do Congresso.

Não é à toda que se permite que o Judiciário e esse monstro chamado Ministério Público zombem de todos nós, façam o que bem entendem, sem nunca serem incomodados, sequer criticados, por ninguém.

Não é à toa que a imprensa seja esse lixo que é, com as redações tomadas pelo mau-caratismo e pelo puxa-saquismo explícitos.

O Brasil que eu sonhei - fraterno, justo, rico, poderoso - não passa de uma utopia.

Por causa, fundamentalmente, do brasileiro, que salvo exceções, é um perfeito imbecil.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Os juízes brasileiros querem ser Maria Antonieta?

Autor: Fernando Brito
mariaantonieta
Nada é mais importante para a função judicial do que o juiz ser  respeitado pelos cidadãos.
Sem que isso aconteça, suas decisões e sentenças  perdem, completamente, o acatamento social e passam a ser, apenas, a vontade de um poderoso.
As notícias em torno da iminente proposição de uma lei organizadora da magistratura colocam nossos juízes na posição de deboche que se atribui a Maria Antonieta sobre o “se não têm pão, que comam brioches”
Não há dúvidas de que um juiz deva ganhar bem, mas ganhar bem dentro do quadro de limites e carências do serviço público.
Não se discutem os vencimentos.
Mas os gordíssimos privilégios que se auto-concedem, que chegam, segundo o que  alguns ministros propõem, às raias da odiosidade.
As gratificações por tempo de serviço já somariam 60%, até.
Sobre elas e vencimentos, que vão a R$ 43 mil,no mínimo,  ao menos ainda incide Imposto de Renda.
Mas começam aí os casuísmos, que colocam Suas Excelências no papel de uma “nobreza” funcional que é um tapa na cara dos demais servidores e da população.
Para “auxílio-moradia” já levaram mais R$ 5 mil quase, mesmo que morem em suas próprias casas. Mas o projeto quer engordar a gratificação  para um adicional de 20% do salário.
A guisa de cobertura à saúde, 10% para o casal – se houver um cônjuge – e mais 5% para cada filho, vão aí  outros 20%, no caso de dois infantes.
Como educação é prioridade, mais 5% para cada filho estudar, até os 24 anos, da creche à universidade. Os dois delfins, portanto, fariam “pingar” mais 10% no contracheque.
Se o Meritíssimo for pós-graduar-se – e assim, faz-se uma década quase de mestrado, doutorado e pós-doutorado – são mais 20% em caixa.
Não havendo uma carruagem oficial para levá-lo ao Forum, ganha-se mais 5%, o que pode ser traduzido como comprar um carro médio por ano.
Sobre toda esta imensa lista, por se tratarem de verbas “indenizatórias”, nem IR incide. É “limpo” (perdão pela palavra), cash.
Diz a Folha que, além do mais, “os magistrados poderão receber até 17 salários por ano: os doze, o 13º, um integral para cada um dos dois períodos de férias no ano e ainda um salário extra à guisa de prêmio de produtividade a cada semestre, se o juiz julgar mais processos do que os que chegarem”.
Não faço a soma por ter o que parece faltar a alguns doutores: vergonha.
É em gente capaz de propor para si mesma  estes privilégios absurdos que o país deve depositar suas esperanças de moralização?
Teremos, além do “Rei dos Camarotes” os “Reis do Tribunal”?
Tomara que as semelhanças desta situação  com a de Maria Antonieta não continuem até o final daquela história.

BRICS sapateiam sobre os EUA na América do Sul

Pepe EscobarRussia Today – RT
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Os presidentes Cristina Kirchner e Vladimir Putin em reunião recente
Começou em abril/2015, com uma leva de acordos entre Argentina e Rússia, assinados durante a visita da presidenta Cristina Kirchner a Moscou.
E continuou com um investimento de US$ 53 bilhões, acertado enquanto o premiê chinês Li Keqiang visitava o Brasil, na primeira parada de mais uma ofensiva comercial pela América do Sul – e completado com uma doce metáfora: Li viajou num vagão fabricado na China, que trafegará por uma nova linha de metrô no Rio de Janeiro que estará operante para os Jogos Olímpicos de 2016.
Onde estão os EUA em tudo isso? Em lugar algum. Não estão. Aos poucos, passo a passo, mas inexoravelmente, países membros do grupo BRICS, a China e em menor medida também a Rússia – trabalharam para, nada menos que, reestruturar o comércio e a infraestrutura por toda a América Latina.
Incontáveis missões comerciais chinesas abordaram essas praias, sem descanso, mais ou menos como os EUA fizeram entre a Iª e a IIª Guerra Mundial. Numa reunião crucialmente importante em janeiro, com empresários latino-americanos, o presidente Xi Jinping prometeu encaminhar US$ 250 bilhões para projetos de infraestrutura, nos próximos dez anos.
Grandes projetos de infraestrutura na América Latina estão sendo financiados por capital chinês – exceto o porto de Mariel, em Cuba, financiado pelo BNDES do Brasil, e cuja operação ficará a cargo da operadora de portos PSA International Pte Ltd., de Cingapura. A construção do Canal da Nicarágua – maior, mais largo e mais profundo que o do Panamá – começou ano passado, por empresa construtora de Hong Kong, e deve estar concluído em 2019. A Argentina, por sua vez, obteve empréstimo de US$ 4,7 bilhões dos chineses, para construir duas barragens hidrelétricas na Patagônia.
Entre os 35 acordos comerciais firmados durante a visita de Li ao Brasil, estão um financiamento de US$ 7 bilhões para a gigante estatal brasileira do petróleo, Petrobras; foram negociados 22 jatos comerciais da Embraer, comprados pela Tianjin Airlines por US $1,3 bilhão; e vários outros acordos envolvendo a mineradora brasileira Vale. Os investimentos chineses devem ir, de algum modo, para recuperação e reparos do horrendo sistema brasileiro de rodovias, ferrovias e portos; os aeroportos estão em melhor estado, porque foram recuperados antes da Copa do Mundo de futebol, ano passado. 
PM chinês, Li Keqiang e a Presidenta Dilma Rousseff
A estrela do show é sem dúvida a mega ferrovia de 3.500 quilômetros de extensão, de US$ 30 bilhões, prevista para ligar o porto de Santos no Brasil ao porto peruano de Ilo, no Pacífico peruano, cortando a Amazônia. Logisticamente, é absoluta necessidade para o Brasil, abrindo uma via até o Pacífico. Quem mais ganhará serão inevitavelmente os produtores decommodities – de minério de ferro a soja em grãos – que exportam para a Ásia, 
A ferrovia Atlântico-Pacífico pode ser projeto extremamente complexo – envolvendo questões de todo tipo, das ambientais a questões de terras, até a preferência que tem de ser dada na construção a firmas chinesas, sempre que os bancos chineses decidem sobre estender suas linhas de crédito. Mas dessa vez está resolvido. Os suspeitos de sempre estão – e o que mais poderiam estar? – preocupados.
De olho na geopolítica
A política oficial do Brasil, desde os anos Lula, tem sido atrair grandes investimentos chineses. China é o principal parceiro comercial do Brasil, desde 2009; antes, foram os EUA. A tendência começou com produção de alimentos, agora passa para investimentos em portos e ferrovias, e o próximo estágio será transferência de tecnologia. O Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, e o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura liderado pela China (BAII), do qual o Brasil é membro fundador chave, fará, sem dúvida alguma, parte do mesmo quadro.
O problema é que essa massiva interatuação comercial e de negócios, entre todos os BRICS se intercruza com processo político dos mais complexos. As três grandes potências da América do Sul – Brasil, Argentina e Venezuela – vêm enfrentando repetidas tentativas de “desestabilização”, coisa dos suspeitos de sempre, que regularmente denunciam a política externa das presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner e do presidente Nicolas Maduro, enquanto os mesmos suspeitos de sempre continuam a ansiar pelos bons velhos tempos quando esses países viviam sob dependência de Washington.
Com diferentes graus de complexidade – e disputas internas – Brasília, Buenos Aires e Caracas estão enfrentando simultaneamente complôs contra a ordem institucional. Os suspeitos de sempre já nem tentam dissimular a distância diplomática quase total em que estão, em relação aos Três Grandes sul-americanos.
Venezuela, sob sanções dos EUA, é considerada ameaça à segurança nacional dos EUA – ideia que não presta nem como piada ruim. Kirchner tem estado sob implacável assalto diplomático – para nem falar dos fundos abutres norte-americanos que atacam a Argentina. E com Brasília, as relações estão praticamente congeladas desde setembro de 2013, quando Rousseff suspendeu visita que faria a Washington, como resposta a ações de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA contra a Petrobras e também contra a própria presidenta.
E tudo isso nos leva a uma questão geoestratégica crucial – até aqui ainda não resolvida.
A Agência de Segurança Nacional dos EUA pode ter vazado informação sensível com o objetivo de desestabilizar a agenda de desenvolvimento do Brasil – que inclui, no caso da Petrobras, a exploração das maiores reservas de depósitos de petróleo (o “pré-sal”) encontradas até aqui, nesse jovem século XXI.
O que se está desenrolando é absolutamente crucial, porque o Brasil é a segunda maior economia da (depois dos EUA); é a maior potência comercial e financeira da América Latina; abriga o ex-segundo maior banco de desenvolvimento do mundo, o BNDES, posto que agora lhe foi tirado pelo banco dos BRICS; e também é sede da maior empresa da América Latina, Petrobras, também das maiores gigantes mundiais de energia.
Petrobras -Edifício sede, RJ-Brasil
A pressão violentíssima que está sendo feita contra a Petrobras parte essencialmente de acionistas norte-americanos – que atuam como abutres, dedicados a fazer sangrar a empresa e a arrancar lucros da hemorragia, aliados a lobbyistas que abominam o status da Petrobras como exploradora prioritária dos depósitos do pré-sal.
Em resumo, o Brasil é a maior fronteira soberana que resiste contra a dominação hegemônica ilimitada das Américas. É claro que o Império do Caos está incomodado.
Surfe a onda continental
A parceria estratégica sempre em transformação que liga as nações BRICS foi recebida em círculos de Washington não só com incredulidade, mas com medo. É praticamente impossível para Washington causar dano real à China. – Muito mais “fácil”, comparativamente se atacar o Brasil ou a Rússia. Ainda que a ira de Washington concentre-se essencialmente contra a China – que se atreveu a construir negócio após negócio no antigo “quintal dos EUA”.
Mais uma vez, a estratégia dos chineses – bem como dos russos – é manter a calma e exibir perfil de “ganha-ganha”. Xi Jinping reuniu-se com Maduro em janeiro para fazer – e o mais seria? – negócios. Reuniu-se com Cristina Kirchner em fevereiro para fazer o mesmo, exatamente quando especuladores preparavam-se para lançar mais um ataque contra o peso argentino. Agora, aí está a visita de Li à América do Sul.
Desnecessário dizer, os negócios entre América do Sul e China só fazem crescer. Argentina exporta alimentos e soja em grão; Brasil idem, e mais petróleo, minérios e madeira; Colômbia vende petróleo e minérios; Peru e Chile, cobre e ferro; Venezuela vende petróleo; Bolívia, minérios. China exporta principalmente produtos manufaturados de alto valor agregado.
Megaferrovia Santos-Brasil até Ilo-Peru
Desenvolvimento chave a observar é o futuro imediato do Projeto Transul, proposto pela primeira vez numa conferência dos BRICS, ano passado no Rio. Em resumo, é uma aliança estratégica Brasil-China que conecta o desenvolvimento industrial brasileiro ao fornecimento de metais para a China; a crescente demanda chinesa – estão construindo nada menos que 30 megalópolis até 2030 – sendo suprida por companhias brasileiras ou sino-brasileiras. Agora, afinal, Pequim apôs ao projeto o seu selo de aprovação.
Por tudo isso, o Grande Quadro permanece inexorável no longo prazo; as nações BRICS e sul-americanas – que convergem na União das Nações Sul-Americanas, UNASUL – estão também apostando numa ordem mundial multipolar, e num processo de independência continental.
Muito fácil ver o quanto tudo isso está a oceanos de distância de uma Doutrina Monroe. 

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[*] Pepe Escobar (1954) é jornalista, brasileiro, vive em São Paulo, Hong Kong e Paris, mas publica exclusivamente em inglês. Mantém coluna no Asia Times Online; é também analista de política de blogs e sites como: SputinikTom Dispatch, Information Clearing HouseRed Voltaire e outros; é correspondente/ articulista das redes Russia Today, e Al-Jazeera. Seus artigos podem ser lidos, traduzidos para o português pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu e João Aroldo, no blog redecastorphoto.

O que ainda falta

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A MAIOR QUADRILHA DE CORRUPTOS DA HISTÓRIA


[SONEGAÇÃO = APROPRIAÇÃO DE DINHEIRO PÚBLICO (de impostos) = CORRUPÇÃO] 

Vamos bater panelas contra a corrupção fiscal?

Por Miguel do Rosário, no seu blog "Cafezinho"

"Diretamente de Brasília.

O Senado autorizou a instalação, esta semana, da CPI do CARF, que ajudará a dar suporte político à 'Operação Zelotes', conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

O blog "Cafezinho" prefere lhe dar um apelido mais popular: CPI do DARF, para lembrar a campanha “Mostra o DARF, Rede Globo!” que fizemos após a divulgação de documentos que ilustravam a “engenhosa operação financeira” da "Globo", visando fraudar o fisco na aquisição dos direitos de transmissão da Copa de 2002.

Junto à CPI do Swissleaks, agora são duas CPI no Senado criadas através de denúncias que tiveram mais repercussão junto às redes sociais e blogs do que na grande imprensa.

Até porque as próprias empresas de mídia são investigadas nas duas CPI. Na do Swissleaks, apareceram inúmeros barões (Folha, Band, Globo) que mantinham contas secretas na Suíça; e na recém instalada CPI do DARF, temos a RBS, afiliada da Globo e principal grupo de mídia no Sul do país, além de bancos, como o Safra, e indústrias, como a Gerdau.

É importante dar destaque à presença da mídia como réu, pois isso determinará que a imprensa corporativa adote uma abordagem hostil em relação a essas duas CPI.

Claro, se houver a pressão certa, a imprensa será forçada a noticiar. Não deixa de ser curioso, porém, que agora tenhamos que fazer grandes campanhas nas redes sociais para obrigar a mídia a simplesmente cumprir seu papel: dar a notícia.

A imprensa não sabe como tratar dois grandes escândalos onde não há, até onde sabemos, nenhum petista.

Afinal, como manter o asfixiamento político do Planalto com escândalos que não envolvem diretamente nenhuma figura importante ligada ao governo?

Lembrando: a "Operação Zelotes" investiga desvios que podem superar R$ 20 bilhões [muito mais do que na Lava Jato, a qual a mídia dá grande repercussão], e põe em evidência, pela primeira vez, um instância obscura, que nunca mereceu, por parte da imprensa, uma cobertura jornalística decente.

Essa instância chama-se "Conselho Administrativo de Recursos Fiscais" (CARF) e vincula-se ao Ministério da Fazenda.

Esse CARF é uma jabuticaba brasileira. Não existe em lugar nenhum do mundo.

Contenciosos fiscais que correspondem a pedaços gordos do PIB brasileiro são discutidos sem nenhuma transparência. No momento, o CARF discute mais de R$ 500 bilhões, que podem ou não ser transformados em patrimônio público. Isso dá quantos “ajustes fiscais”?

Como assim? Quer dizer que a lei da transparência exige que sejam publicados os gastos de ministros e deputados até os mínimos detalhes [até com uma tapioca], e uma turma com meia dúzia de “conselheiros”, metade oriundo do setor privado, pode decidir em segredo o destino de centenas de bilhões de reais de crédito tributário?

Por que a imprensa brasileira nunca discutiu o papel do CARF? Quem são os conselheiros, como são escolhidos, qual o critério que usam para perdoar ou não bilionárias dívidas tributárias?

Se os paneleiros querem razões para bater no governo, eis uma boa: por que o Ministério da Fazenda nunca tentou oxigenar o CARF? Nunca tentou injetar mais transparência e controle social sobre decisões que afetam profundamente as contas públicas nacionais?

Não me entendam mal. Não quero usar a política para prejudicar nenhuma empresa brasileira. Se você ler atentamente o post verá que se tenta discutir sobretudo o problema da legislação tributária, que praticamente incentiva a sonegação.

O espetáculo grotesco oferecido pelos procuradores da Lava Jato, que não demonstraram uma gota de preocupação pelas consequências de seus atos, tentando destruir empresas e setores de importância estratégica para o país, não deve ser repetido em nenhuma outra instância.

Mas também não é mais possível que o crime tributário seja tratado com tanta condescendência pelos orgãos de repressão. Nos países avançados, as prisões estão cheias de sonegadores. Aqui, ninguém é punido!

O "Cafezinho" voou para a Brasília na quarta-feira e conversou longamente com o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator de uma subcomissão criada na Câmara Federal especialmente para acompanhar as investigações da "Operação Zelotes".

(Assista à entrevista que eu fiz com o deputado, usando meu celular.)

Pimenta observa que o objetivo maior do seu envolvimento nas investigações da "Zelotes" é mostrar ao Brasil que a nossa legislação tributária foi feita para beneficiar o sonegador, em especial o grande sonegador.

Não vale a pena pagar imposto, porque, se você tiver uma boa consultoria tributária, o melhor a fazer é empurrar a dívida indefinidamente, até a última instância. No CARF, se o devedor perde, ele pode recorrer ao Judiciário. Se o governo perde, é decisão terminal: e o Estado perde bilhões, às vezes dezenas de bilhões.

Pimenta fez acusações pesadas à 10ª Vara Criminal de Brasília, conhecida, segundo ele, por “cemitério”, porque todos os processos que passam por lá morrem misteriosamente, por prescrição, adiamentos eternos, e outros subterfúgios...

O próprio procurador da "Zelotes", diz Pimenta, entrou com uma representação contra o juiz.

Pimenta também está entrando com representações contra o juiz, junto ao Conselho Nacional de Justiça, para que ele explique porque não está colaborando com uma investigação que pode ter impacto tão profundo no PIB.

Infelizmente, diz o deputado, existe a suspeita de que o Judiciário está sendo omisso ou mesmo cúmplice das quadrilhas, formadas por grandes escritórios de advocacia.

Na manhã de ontem, quarta-feira, a subcomissão trouxe os delegados da Polícia Federal Marlon Oliveira Cajado dos Santos, da Divisão de Repressão a Crimes Fazendários, e Hugo de Barros Correia, da Coordenadoria Geral da Polícia Fazendária. Os dois são responsáveis pela investigação da "Operação Zelotes". [A oposição, PSDB, DEM, PPS etc, até o PMDB, de modo muito suspeito de estarem ao lado dos corruptos sonegadores, boicotaram a audiência, não comparecendo]  

Os delegados criticaram duramente a legislação, que protege sonegadores. Eles criticaram especialmente a composição do CARF, que dá muitas brechas à corrupção. Por exemplo, uma das estratégias dos conselheiros corruptos, flagrados pela PF através de escutas autorizadas pela Justiça, era simplesmente ausentar-se de uma votação. Como a turma que decide é formada por apenas seis pessoas, uma ausência pode determinar se o governo receberá ou não alguns bilhões em impostos.

Os delegados criticaram tambem a "Súmula Vinculante 24" do Supremo Tribunal Federal que, segundo eles, reduziu pela metade os inquéritos policiais contra crimes tributários nos últimos cinco anos.

O deputado Paulo Pimenta disse ao "Cafezinho" que entrará em contato com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir essa súmula.

Não é que diminuiu a quantidade de crimes tributários, ou que a Polícia está investigando menos. A Súmula do STF, de 2009, consolida o entendimento de que a PF não pode instaurar inquérito policial se a Receita Federal, em sua última instância, não constituir definitivamente o crédito tributário. Isso dificulta e impede o início de uma investigação”, lamentou o delegado Hugo Correia.

O delegado informou que muitas das investigações relacionadas ao CARF só foram possíveis a partir de evidências de crimes de corrupção, advocacia administrativa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Os delegados enfatizaram que a legislação brasileira permite um tratamento diferenciado para crimes tributários em relação aos crimes comuns. Segundo eles, a leis são mais condescendentes no âmbito do direito penal tributário.

O "Cafezinho" também conversou ontem, quarta-feira, com o gabinete da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que será a relatora da CPI do DARF.

O 'staff' da senadora já percebeu que encontrará dificuldades para divulgar as atividades da CPI na mídia tradicional e espera furar esse bloqueio através do engajamento de blogs e redes sociais.

A presidência da CPI do DARF ficou com o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), um parlamentar bastante hostil ao governo, mas que terá oportunidade de mostrar [será!?!] que os tucanos também se interessam em combater a corrupção fiscal...

A sociedade terá de ficar atenta ainda para um risco: o uso dessa CPI para achacar grandes empresas, num jogo que o corrupto Paulo Roberto Costa [delatou] ter feito com o então presidente do PSDB: R$ 10 milhões para transformar uma CPI num circo e, aos poucos, abafá-la.

Se esse risco for vencido, a CPI do DARF pode dar frutos extraordinários, a começar pela oportunidade de rediscutirmos um modelo tributário que premia o grande sonegador, e que, virtualmente, eliminou o crime tributário da esfera da investigação policial.

Não existe a figura da Justiça Fazendária no Brasil”, protesta o deputado Pimenta.

A corrupção fiscal dos muito ricos, assim como a falta de imposto sobre grandes fortunas, são a razão principal da sobrecarga tributária que pesa sobre a classe média, os assalariados e as pequenas empresas brasileiras.

Passamos os primeiros quinze anos do atual século lutando por justiça social e combatendo a corrupção. Os órgãos de repressão ganharam autonomia e autoconfiança para investigar inclusive partidos governistas. É raro, mesmo em democracias avançadas, que haja tanta liberdade política.

Entretanto, chegou a hora de promover um avanço qualificado nessas ações moralizadoras, e introduzir no debate público dois conceitos essenciais para fazer o Brasil dar um passo na direção certa: justiça fiscal (que devemos promover) e corrupção fiscal (que devemos combater)."

FONTE: escrito pelo jornalista Miguel do Rosário, no seu blog "Cafezinho"

Conquistadores ou estupradores? Descobridores ou genocidas? A língua como instrumento de pode

Sanguessugado do Socialista Morena
Cynara Menezes
cortesespana
(Hernan Cortés, o “herói” da nota de mil pesetas)
Imaginem a cena: navegadores astecas chegam à Espanha, matam milhares de pessoas, sequestram e assassinam o rei, roubam todos os artefatos em ouro e prata e derretem tudo, e estupram as princesas, com as quais têm filhos. Como eles seriam chamados? Certamente “bárbaros”, “monstros”, “assassinos”. Pois foi exatamente isso que os espanhóis fizeram no México e no Peru em nome de Deus e da coroa, mas são chamados “conquistadores”, “descobridores”, “colonizadores” e até “heróis”.
A história da América é também uma história dos eufemismos, de como as palavras escolhidas para definir o que de fato aconteceu após a chegada dos europeus foram importantes para forjar uma versão oficial, mais “nobre”, de uma matança. Pinçados a dedo, estes vocábulos são a prova viva de como a história é narrada sob a ótica dos vencedores: a língua foi utilizada como instrumento de poder para subjugar todo um continente.
Hernan Cortés (1485-1547), o “conquistador da América”, protagonizou um banho de sangue no México, mas é tido como “herói” na Espanha, onde se tornou até efígie de cédula na época das pesetas. Era, na verdade, um saqueador que roubou todo o ouro dos astecas, uma civilização evoluída que conhecia inclusive a escrita. Quando entrou em Tenochtitlán, a cidade sagrada dos astecas, o primeiro que fez foi acorrentar os pés do imperador Moctezuma, o que lhe causou “não pouco espanto”, nas palavras do próprio Cortés.
Moctezuma acreditava que a chegada dos espanhóis era a concretização das profecias sobre o retorno do deus Quetzalcóatl, e não opôs resistência. Passados alguns meses, os chefes astecas foram convencidos a fazer um grande desfile com todo o povo ricamente paramentado, como era de seu costume fazer e como se estivessem a sós, sem visitantes. Foram então chacinados pelos “descobridores”.
“Começaram a cortar sem nenhuma piedade, naquela pobre gente, cabeças, pernas e braços, e a estripar, sem temor a Deus, uns partidos pela cabeça, outros cortados ao meio, outros atravessados pelas costas; uns caíam logo mortos, outros fugiam arrastando as tripas até cair. (…) E não contentes com isso os espanhóis foram atrás dos que subiram ao templo e dos que se esconderam entre os mortos, matando quantos podiam estar à mão. O pátio ficou com grande lodo de intestinos e sangue que era coisa espantosa e de grande lástima ver tratar assim a flor da nobreza mexicana que ali faleceu quase toda”, narra um cronista da época, Juan de Tovar, no Códice Ramirez.
Como se chama isso? “Conquista” ou “genocídio”? Morto Montezuma a pedradas pelos seus próprios súditos ou a punhaladas pelos invasores (as versões variam), os espanhóis são derrotados pelos astecas em seguida. Mas Cortés e seus homens se organizam para voltar à carga. Cortam a água potável que chegava a Tenochtitlán por um inovador aqueduto e também a comida. Famintos e sedentos, os mexicas acabam derrotados em nova chacina e o último senhor asteca, Cuauhtémoc, torturado e depois enforcado. Calcula-se que pelo menos 100 mil índios morreram durante a “conquista”; do lado inimigo, entre 50 e 100 espanhóis apenas. Um massacre.
Com Francisco Pizarro (1476-1541) no Peru não foi diferente. Chegando a Cajamarca, logrou capturar o imperador Atahualpa após este se negar a reconhecer a Bíblia (!). O inca propôs então encher de ouro e de prata o quarto onde estava preso em troca de sua liberdade. Pizarro aceitou e recebeu o resgate (84 toneladas de ouro e 164 de prata), mas, como qualquer sequestrador sem palavra, ordenou a execução de Atahualpa, estrangulado. Os tesouros roubados pelos espanhóis do Peru foram ainda mais valiosos do que os saqueados por Cortés no México.
O mais impressionante, para mim, foi descobrir que tanto Pizarro quanto Cortés tiveram a desfaçatez de, ainda por cima, se unirem e terem filhos com as princesas dos impérios que destruíram. Os únicos filhos conhecidos de Pizarro, que chegou com 57 anos ao Peru, nasceram de duas princesas incas: a primeira, Quispe Sisa, filha do imperador Huayna Capac, e a segunda, Cuxirimay, viúva do próprio Atahualpa. Cortés engravidou três filhas de Moctezuma. Uma delas, estuprada pelo espanhol, rejeitou a criança que nasceria, Leonor Cortés de Moctezuma. Um prato cheio para Freud…
Que palavras, portanto, saem na real dessa história? “Tortura”, “assassinato”, “sequestro”, “roubo”, “estupro”, “chacina”. Nenhuma delas gloriosa. De todos os cronistas da “descoberta” da América, o único que foi honesto em nomear o que houve por seu verdadeiro nome foi o frei Bartolomeu de las Casas, que sempre falou em “tragédia”, “destruição” e “história sangrenta” em suas obras e jamais as beneficiou com qualquer adjetivo louvável.
cortesmalinche
(imagem hollywoodiana de Cortés com uma de suas mulheres índias, Marina, a Malinche)
Para o linguista Marcos Bagno, professor de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília, o melhor termo para definir a chegada dos europeus a nosso continente é “invasão”. Eu conversei com ele sobre o tema.
Socialista Morena – Falar em “colonização”, “conquista” ou “descobrimento” não é uma forma de edulcorar o que foi feito na América pelos europeus?
Marcos Bagno – Sem dúvida. O discurso da História oficial é o discurso do vencedor. Por exemplo, quando estudamos a História do Brasil, falamos das “invasões” holandesas e francesas, mas nunca da “invasão” portuguesa. O termo “colonização” é o mais sincero, porque significa exatamente instalar-se nas terras dos outros, povoá-la e subjugar os outros, os donos da terra.
SM – Se você tivesse que escolher palavras para definir a chegada dos europeus à América, quais escolheria?
MB – Eu sempre me refiro à chegada dos europeus no continente americano como “invasão”. O termo “descobrimento” é absurdo, porque sugere que até então aquelas terras eram “ocultas” ou “desconhecidas”. Repito: a narrativa é sempre a do vencedor. Os seres humanos que aqui viviam anteriormente são considerados como de segunda categoria. Somente com a chegada dos europeus é que começou uma verdadeira “civilização” digna desse nome. Todo o passado dos povos americanos ancestrais é apagado, sua história é riscada, assim como foram riscados da vida milhões de indivíduos, massacrados no grande genocídio que foi a “conquista da América”.
SM – Há um movimento na África do Sul atualmente de “descolonização”, ou seja, questionar personagens tidos como “heróis” mas que eram todo o contrário, assim como ocorre com os bandeirantes aqui. Seria também possível descolonizar a linguagem?
MB – Existem diversas áreas dos estudos da linguagem que se dedicam precisamente a questionar e a criticar o discurso que impõe a ideologia dominante como a única possível. A análise do discurso, a sociologia da linguagem, a linguística aplicada crítica, por exemplo, se esforçam em demonstrar que não existe linguagem neutra, que todo e qualquer uso da língua implica uma visão de mundo. Descolonizar a linguagem é possível, tanto quanto desmasculinizar a linguagem.
SM Como, em sua opinião, o poder se utiliza da língua para dominar?
MB – Historicamente, o poder simplesmente se valeu da repressão pura e simples, do genocídio, para impor sua língua e, com ela, suas crenças e seus valores. As “conquistas” dos romanos, por exemplo, apagaram da História centenas de povos que viviam na Europa ocidental e dos quais hoje só temos vagas referências. E as línguas desses povos também desapareceram para sempre, muitas delas sem deixar nenhum vestígio. No período moderno, na chamada expansão marítima, as línguas dos europeus foram impostas aos povos africanos, americanos e asiáticos submetidos ao controle das potências coloniais. Hoje em dia, o predomínio quase exclusivo do inglês como língua internacional reflete o poderio econômico-político-militar-ideológico dos Estados Unidos. No interior de cada país, de cada sociedade, há também uma nítida divisão social por meio da linguagem: o estabelecimento de uma “norma-padrão”, inspirado nos usos das elites e da literatura consagrada, é um modo de separar os que “falam bem” dos que “falam mal” ou que simplesmente “não podem falar”. A linguagem como instrumento de poder é um fenômeno tão antigo quanto a espécie humana.
SM Todo este pensamento “dominante” a partir do idioma está impregnado nas escolas e universidades. É possível mudar isso?
MB – Muito dificilmente essa situação se transforma. Só mesmo quando há alguma revolução social, alguma perturbação radical da ordem estabelecida, é que os conceitos de “certo” e “errado” se alteram. Pierre Bourdieu diz que só é possível haver uma “subversão herética”, isto é, uma derrubada da doxa vigente e uma substituição de uma “língua legítima” por outra quando há também uma transformação radical na sociedade. De todo modo, nas escolas e universidades é possível questionar o discurso dominante e propor pelo menos uma crítica dele.
SM Em que setores da sociedade também se nota o uso da língua como instrumento de poder?
MB – Em toda a sociedade, o tempo todo. Nas relações mais íntimas, por exemplo, entre o poder masculino e o não-poder feminino, a linguagem é instrumentalizada para definir os papéis e as hierarquias. Assim também nas relações entre as etnias, as classes sociais, as faixas etárias etc. A sociedade é hierarquizada e não se pode separar linguagem de sociedade.
pizarrolima
(a estátua do “herói” Pizarro na Plaza Mayor em Lima)
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O mais lamentável dessa história toda é quando a gente se dá conta de quanto conhecimento fomos privados por conta da devastação proporcionada em nosso continente pelos “conquistadores”… Menos mal que no México, país orgulhoso de suas raízes indígenas, não há um só monumento a Cortés, ao contrário do Peru: na praça principal de Lima há uma estátua de Francisco Pizarro e seus restos mortais estão depositados na catedral da capital peruana. Igualzinho ao que nós fazemos com os bandeirantes. A propósito, o adjetivo para definir os bandeirantes é sanguinários, não “heróicos”.

Luciano Huck terá que custear campanha contra trabalho infantil


A imagem da menina de camiseta, que era vendida no site Use Huck, foi retirada do ar depois de enxurrada
de reclamações de internautas
A empresa Vamoquevamo Pontocom, que comercializa produtos do grupo do apresentador Luciano Huck, terá que custear a veiculação de peças de campanha sobre o combate ao trabalho infantil. A medida é resultado de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), em razão do uso de crianças na divulgação de camisetas com conteúdo impróprio.

Segundo o MPT-RJ, as blusas produzidas para o Carnaval deste ano, com estampas como "Vem ni mim que eu tô facin" e "Me beija que eu sou carioca", foram anunciadas na página da marca por modelos infantis, sem autorização judicial e sem observar os parâmetros exigidos para garantir a proteção de artistas mirins.

O trabalho para menores de 16 anos é proibido pela Constituição Federal, sendo o trabalho artístico aceito em caráter excepcional, desde que precedido de autorização judicial prevista no artigo 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente. “A autorização deve estabelecer todas as condições em que o trabalho poderá ser desenvolvido e as crianças e os adolescentes deverão ser sempre acompanhados nessas atividades por seus responsáveis legais”, explica a procuradora do trabalho que conduziu o inquérito, Dulce Torzecki. A procuradora do trabalho Danielle Cramer também participou da audiência em que foi firmado o acordo.

Pelo TAC, a empresa terá que produzir 750 camisetas com a campanha do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), do qual o MPT faz parte, voltada para o dia 12 de junho. Nessa data é comemorado o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Além disso, a marca terá que custear a publicação de anúncio do MPT alusivo à data em jornal de grande circulação e financiar a veiculação da mensagem “Trabalho infantil não é legal” em avião que circulará na orla da Zona Sul do Rio de Janeiro em dois domingos, quando a circulação de banhistas na praia é maior.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

os crimes contra a petrobras


FERROVIA BRASIL-PERU ENTRE OS US$ 57 BILHÕES DE INVESTIMENTOS DA CHINA NO BRASIL



Presidenta Dilma em trecho da Ferrovia Norte-Sul em Goiás, que terá apoio chinês para se conectar ao Pacífico


ACORDO BILATERAL: China investe US$ 53 bilhões no Brasil e desaponta quem aposta contra

"O volume, talvez o maior pacote bilateral da história anunciado de uma só vez, vem em boa hora, ante o momento de dificuldades de investimentos em infraestrutura decorrente da Lava Jato.

Por Helena Sthephanowitz 

Uma boa notícia que não foi manchete em nenhum jornal, nem mesmo em site especializado em economia, talvez pelo fato de boa notícia não vender jornais, é a chegada do premiê chinês Li Keqiang, que desembarca no Brasil amanhã, terça-feira (19) trazendo na bagagem um suculento pacote de projetos de cooperação, no valor total de US$ 53 bilhões (R$ 160 bilhões).

A cereja do bolo é a participação chinesa na chamada "Ferrovia Transoceânica", que ligará a brasileira "Ferrovia Norte-Sul" à costa do Pacífico, no Peru. É um projeto estimado para custar entre US$ 4,5 bilhões (R$ 13,5 bilhões) e US$ 10 bilhões (R$ 30 bilhões).

A Transoceânica permitirá que o Brasil exporte pelo Pacífico soja e minério de ferro, dois dos seus principais produtos no comércio com a China, barateando o custo.

Amanhã, terça-feira (19), a presidenta Dilma Rousseff receberá em Brasília a visita do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, para assinar acordos de investimento de US$ 53,3 bilhões nas áreas de agronegócio, autopeças, equipamentos de transportes, energia, ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, armazenamento e serviços.

Desse valor, pouco mais de US$ 3 bilhões já estão em projetos em andamento, como a ligação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte para as regiões Sul e Sudeste. Mas uma cifra muito próxima de US$ 50 bilhões se destina a projetos novos, segundo disse o subsecretário-geral Político do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima.

A construção da Ferrovia Transoceânica, em parceria com a China e o Peru, ligará a Região Centro-Oeste até o Oceano Pacífico. Além de ser um dos projetos-chave na integração sul-americana, essa logística é estratégica para o barateamento do frete e redução do tempo de escoamento de grãos, carne e outros produtos para a Ásia.

Está prevista a assinatura de quatro acordos governamentais, quatro empresariais, três declarações conjuntas e mais de 25 atos, alguns deles ainda em processo de finalização.

Além de investimentos em infraestrutura, logística e indústria, os chefes de Estado devem anunciar a abertura do mercado chinês à carne bovina do Brasil e a conclusão da venda e entrega do primeiro lote de aviões da Embraer, de um total de 40, à chinesa Tianjin Airlines.

O volume de investimentos, talvez o maior pacote bilateral da história anunciado de uma só vez, supre grande parte das necessidades brasileiras quando grandes grupos nacionais, tradicionais investidores em infraestrutura, passam por dificuldades decorrentes da operação Lava Jato. Além disso, o governo tem recursos do Tesouro Nacional limitados neste ano em decorrência da crise mundial que prejudicou o crescimento econômico e a consequente arrecadação de impostos, impondo a necessidade de ajuste fiscal para reduzir o custo de captação de recursos através de títulos da dívida pública.

Os acordos Brasil-China são resultado das crescentes relações bilaterais entre os dois países, incrementadas principalmente a partir do governo Lula, quando o Itamaraty foi estimulado a diversificar as parcerias com países antes distanciados pela política externa do governo tucano atrelada [submissa] a Washington. Os laços continuaram se estreitando no governo Dilma, inclusive com a formação do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A hora da colheita desses esforços chegou.

A atração desses investimentos desarticula e desaponta a oposição sectária, não só de partidos políticos, mas também da mídia oligopolista. Ficou mais difícil apostar no 'quanto pior, melhor'.”

FONTE: escrito por Helena Sthephanowitz no BLOG DA HELENA no site "Rede Brasil Atual" (http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2015/05/china-investe-us-53-bi-no-brasil-e-desaponta-quem-aposta-contra-6179.html).

"ZELOTES", LAVARAM E ENXUGARAM A JATO!




ZELOTES, LAVARAM E ENXUGARAM A JATO!

Por RICARDO FONSECA

A imprensa golpista brasileira precisa ser impitimada. Onde estão os órgãos reguladores e fiscalizadores da Imprensa e da Justiça brasileira?

"Impressiona a forma dissimulada como o PIG trata a operação Zelotes, o bilionário e maior escândalo de sonegação fiscal da história. “Para o MP, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, tem um histórico de segurar processos por muito tempo e sem justificativas razoáveis, um comportamento que chama a atenção e deveria ser examinado de perto”, segundo foi veiculado na matéria do dia 13.05.2015 da revista "Carta Capital". Na mesma matéria, “Leite tomou uma série de decisões que atrapalharam as investigações. Entre outras coisas, ele negou a prisão temporária de 26 suspeitos de integrar o esquema, rejeitou o pedido de bloqueio de bens de certos investigados e recusa-se a quebrar o sigilo do processo.

Só no parágrafo acima já se encontra indícios para um lindo e cabeludo "processo de suspeição" na Corregedoria do Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região, sediado em Brasília, contra o meritíssimo juiz.

Segundo Frederico Paiva, o principal Procurador da República na Operação Zelotes “o caso até agora não entusiasmou nem o Poder Judiciário nem a mídia – ao contrário do que aconteceu com a Operação Lava Jato.” Ou seja, a passividade dos holofotes midiáticos só alcançam os quadros da Lava Jato. Esse 'mise en scène' todo só demonstra o único e principal interesse deles - mídia golpista : atingir o Lula, PT e a presidenta Dilma.

Manobra essa que até os dias atuais, mesmo com ilações fantasiosas, ainda não chegaram nem por perto da rampa do palácio do Planalto. Transformaram criminosos em valiosos heróis delatores . Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff, os corruptos confessos (não sabemos até que ponto são verídicos), são as madalenas arrependidas em busca da lei, da ordem e de um Brasil melhor do século XXI.

Enquanto isso, 74 processos, 26 suspeitos e até agora 19 bilhões de reais descansam livremente em berço esplêndido na Zelotes, a luz de um País atordoado com o outro e mais bem divulgado escândalo, o da Lava Jato, que em números se revela infinitamente menor. Somente 15 bilhões de reais separam a Zelotes da Lava Jato. Ou seja, enquanto na mídia todos os dias e em todos os telejornais, jornais e revistas brasileiras propaga-se os 4 bilhões desviados dos cofres públicos na Lava Jato, outros 19 bilhões são esquecidos e ignorados na Zelotes.

Não vemos ninguém batendo panelas ou muito menos manifestando nas ruas pela Zelotes. Mas todo mês, há pelo menos duas manifestações “A La Copa do mundo “ pela Lava Jato. A imprensa golpista brasileira precisa ser "impitimada". Onde estão os órgãos reguladores e fiscalizadores da Imprensa e da Justiça brasileira? Como podem tratar questões tão afins de formas diferentes? Ética é uma palavra que desapareceu (foi deletada) dos anais da imprensa brasileira, desde que ela assumiu a posição da direita conservadora. Isso me faz lembrar aquele imensurável e lindo episódio da "Reuters" com FHC: “Podemos tirar, se o senhor quiser”.

Essa frase reflete o pensamento retrógrado e hipócrita de uma imprensa fuleira, descomprometida com a verdade dos fatos e venal. Que os novos jornalistas não sigam o exemplo dessas velhas raposas do PIG que, longe de se preocupar com o Brasil, querem vender a desgraça e o caos para os grandes grupos econômicos, interessados em comprar o País. Como publicitário, sinto vergonha dessa imprensa golpista que, infelizmente, através dos veículos de massa, ainda influencia preguiçosos e desatentos brasileiros que, como robôs, acreditam em tudo que veem ou leem estampados em manchetes factoides. Tem que haver reforma política sim, reforma jurídica sim. Mas é necessário que haja também uma ampla, irrestrita e importante reforma midiática. Só assim iremos retomar a lei, a ordem e a ética na propagação de notícias justas e sérias. Lei de meios já, porque a Zelotes... essa lavaram e enxugaram a jato, que é pra nem deixar rastro. Mas estamos de olho e, iremos cobrar aqui ou ali, seja da imprensa ou da Justiça, de forma justa e limpa, o tratamento necessário para punir os bandidos que desviaram recursos dos cofres públicos, independentemente de partidos, cargos políticos ou status social. Mas se os senhores quiserem, a gente não pode e nem vai tirar nada."

FONTE: escrito por RICARDO FONSECA no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/181183/Zelotes-Lavaram-e-enxugaram-a-jato!.htm).

quinta-feira, 14 de maio de 2015

PIB do Brasil pode crescer '7 vezes' com educação para todos, diz OCDE


Foto: PA
Pela primeira vez, avaliação global da OCDE inclui número significativo de países em desenvolvimento na comparação
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgará nos próximos dias um dos mais completos rankings globais de qualidade de educação.

Nele, o Brasil aparece apenas em 60º lugar entre 76 países estudados. No entanto, a organização vê um grande potencial de crescimento econômico no país se este proporcionar educação básica universal para todos os adolescentes de 15 anos.

Em outras palavras, a OCDE estima que um cenário em que todos os adolescentes de 15 anos estejam estudando e alcançando um nível básico de educação pode ajudar o PIB do país a crescer mais de sete vezes nas próximas décadas.

A análise se baseia na pontuação de alunos de 15 anos em testes de matemática e ciências. E configura o mapa mais completo dos padrões de educação em todo o mundo.

Países asiáticos dominaram as primeiras posições do ranking: no topo da lista está Cingapura, seguida por Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Taiwan.


Os resultados do relatório, parcialmente obtidos pela BBC, serão apresentados no Fórum Mundial de Educação, na Coreia do Sul, na semana que vem.

Educação e crescimento

A OCDE argumenta que melhorar o padrão da educação impulsionará o crescimento econômico dos países. E afirma que o baixo nível da educação em um país pode resultar num "estado permanente de recessão".

"É a primeira vez que podemos ver a qualidade da educação numa escala verdadeiramente global", diz o diretor da OCDE para assuntos educacionais, Andreas Schleicher.

"A ideia é dar aos países, ricos ou pobres, a oportunidade de comparar seu desempenho educacional para descobrir pontos fortes e fracos e ao mesmo tempo ver o benefícios a longo prazo de melhoras na qualidade do ensino."

Schleicher cita como exemplo justamente Cingapura, que nos anos 60 tinha altos índices de analfabetismo.


A referência internacional mais usada para avaliar a educação é justamente o teste Pisa, elaborado também pela OCDE, que até agora focava principalmente nos países industrializados mais ricos.

No entanto, os novos resultados fazem uma análise mais ampla e contemplam uma variedade maior de países — o total de um terço das nações do mundo —, incluindo Irã, África do Sul, Peru, Tailândia e outros.

Os Estados Unidos tiveram um desempenho ruim e aparecem na 28ª posição, atrás, ironicamente, do Vietnã. Mas a OCDE mostrou preocupação especial com o que classifica como declínio da Suécia. Na semana passada, o órgão publicou críticas ao sistema educacional sueco depois de registrar uma queda nos resultados do Pisa entre 2000 e 2012.

Pediu especificamente uma revisão do esquema instituído nos anos 90 que "privatizou" parte da rede pública de ensino.

A conferência na Coreia do Sul está sendo organizada pela ONU, e vai marcar os 15 anos do estabelecimentos da Metas do Milênio para a educação. A mais importante delas, a provisão universal de educação primárias para crianças, ainda não foi atingida.

No Fórum Mundial da Educação, novas metas globais serão estabelecidas para os próximos 15 anos.

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