sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Wikileaks: Waack, três vezes informante dos Estados Unidos

Waack, nosso homem de Washington

Saiu no JB:

Wikileaks: William Waack, da Globo, é citado três vezes como informante dos EUA


Jornal do Brasil Jorge Lourenço


O jornalista William Waack, da Rede Globo, se tornou um dos assuntos mais discutidos no Twitter nesta quinta-feira graças a supostos documentos da Wikileaks que o apontariam como informante do governo americano. Apesar de vagas e desencontradas, algumas informações são verdadeiras. O Informe JB entrou em contato com a jornalista Natalia Viana, responsável pela Wikileaks no Brasil, que confirmou a história. Waack é citado não apenas uma, mas três vezes como informante da Casa Branca. Dois dos documentos que o citam são considerados “confidenciais”.

Queda do ministro serve de alerta

Como o império Murdoch, hoje investigado por seus subornos e escutas ilegais, a mídia nativa é criminosa, mafiosa, sádica e abjeta. Ela manipula informações e deforma comportamentos.


- Por Altamiro Borges

O lamentável episódio da queda do ministro Orlando Silva deveria servir de alerta às forças democráticas da sociedade brasileira – que lutaram contra as torturas e assassinatos na ditadura militar e que, hoje, precisam encarar como estratégica a luta contra a ditadura midiática, em defesa da verdadeira liberdade de expressão e da efetiva ampliação da democracia no Brasil.

A mídia hegemônica hoje tem um poder tão descomunal que ela “investiga”, sempre de forma seletiva (blindando seus capachos); tortura (seviciando, inclusive, as famílias das vítimas); usa testemunhas “bandidas” (como um policial preso por corrupção, enriquecimento ilícito e suspeito de assassinato); julga (sem dar espaço aos “acusados”); condena (como nos tribunais nazistas); e fuzila!

Um pragmatismo covarde e suicida

Ninguém está imune ao poder ditatorial da mídia, controlada por sete famílias – Marinho (Globo), Macedo (Record), Saad (Band), Abravanel (SBT), Civita (Abril), Frias (Folha) e Mesquita (Estadão). Como o império Murdoch, hoje investigado por seus subornos e escutas ilegais, a mídia nativa é criminosa, mafiosa, sádica e abjeta. Ela manipula informações e deforma comportamentos.

Não dá mais para aceitar passivamente seu poder altamente concentrado, que, como disse o governador Tarso Genro – pena que não tenha agido com esta visão quando ministro da Justiça –, ruma para um “fascismo pós-moderno”. Essa ditadura amedronta e acovarda políticos sem vértebra, pauta a agenda política, difunde os dogmas do “deus-mercado” e criminaliza as lutas sociais.

Três desafios diante da ditadura midiática

Esta ditadura é cruel, sem qualquer escrúpulo ou compaixão. Ela utiliza seus jagunços bem pagos, sob o invólucro de “colunista” e “comentaristas”, para fazer o trabalho sujo. Muitos são agentes do “deus-mercado”, lucram com seus negócios rentistas; outros são adeptos da “massa cheirosa”, das elites arrogantes e burras. Eles fingem ser “neutros”, mas são adoradores da direita fascistóide.

Enquanto não se enfrentar esta ditadura midiática, não haverá avanços na democracia brasileira, na luta dos trabalhadores ou na superação das barbáries capitalistas. Neste enfrentamento, três desafios estão colocados:

1- Não ter qualquer ilusão com a mídia hegemônica; chega de babaquice e servilismo diante da chamada “grande imprensa”;

2- Investir em instrumentos próprios de comunicação. A luta de idéias não é “gasto”, é investimento estratégico;

3- Lutar pela regulação da mídia e por políticas públicas na comunicação, que coíbam o poder fascista do império midiático.

Chega de covardia diante dos fascistas midiáticos

O criminoso episódio da tentativa de invasão do apartamento do ex-ministro José Dirceu num hotel em Brasília parece que serviu de sinal de alerta ao PT. Em seu encontro nacional, o partido aprovou a urgência de um novo marco regulatório da comunicação. Um seminário está previsto para final de novembro. Já no caso da queda Orlando Silva, o clima é de total indignação e revolta.

Que estes trágicos casos sirvam para mostrar que, de fato, a luta pela democratização da comunicação é uma questão estratégica. Não dá mais para se acovardar diante da ditadura da mídia. O governo Dilma precisa ficar esperto. Hoje são ministros depostos; amanhã será o sangramento e a derrota da própria presidenta e do seu projeto, moderado, de mudanças no Brasil.

Superar a choradeira e a defensiva

A esquerda política e social precisa rapidamente definir um plano de ação unitário de enfrentamento à ditadura midiática. As centrais sindicais e os movimentos populares, tão criminalizados em suas lutas, precisam sair da defensiva e da choradeira. Os partidos progressistas também precisam superar seu pragmatismo acovardado. A conjuntura exige respostas altivas e corajosas!

É urgente pressionar o governo Dilma Rousseff, pautado e refém da mídia, a mudar de atitude. Do contrário, não sobrará que defenda a continuidade deste projeto, moderado, de mudanças no Brasil. A direita retornará ao poder, alavancada pela mídia! Aécio Neves, o chefe de censura em Minas Gerais, será presidente! E ACM Neto, o herói da degola de Orlando Silva, será o chefe da Casa Civil!
post do tudoemcima

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

POR QUE A DIREITA É CONTRA A COPA NO BRASIL?


Por que a grande mídia e a oposição demotucana batalham contra a Copa do Mundo ser no Brasil?

O NOVO (?) DELÍRIO GOLPISTA

Por Eduardo Guimarães, no “Cidadania”

“Você acredita que, em pleno século XXI, com o Brasil atravessando o melhor momento econômico e social de sua história, as forças político-ideológicas que, a serviço da elite branca já deram golpes de Estado, teriam coragem de sabotar o país e depois subjugá-lo a fim de interromper a ascensão social da maioria morena e pobre que começa a ocupar postos de trabalho, vagas nas universidades e até a morar nos bairros de brancos ricos?

A quase totalidade da população brasileira, essa nação de quase duzentos milhões de habitantes, está preocupada hoje apenas em colher os frutos de um processo de desenvolvimento jamais visto aqui. Nunca antes na história deste país ele cresceu e distribuiu renda e oportunidades por tanto tempo seguido. Agora, o povo acha que chegou a sua vez. Como derrotar um partido que é visto pela maioria como autor do novo Brasil?

Na opinião deste blog, as forças progressistas –que incluem todos aqueles que querem que o Brasil deixe de ser uma fazendona com uma imensa Casa Grande habitada por um grupelho ínfimo de famílias brancas de descendência indo-européia e uma vasta Senzala ocupada por 9/10 da população– têm o dever de avaliar com responsabilidade o risco que este blog vê no atual quadro político brasileiro.

Pouco importa que você ache que não há clima para o bom e velho golpismo tupiniquim tendo o Brasil chegado ao atual estágio de importância internacional a que chegou. Diante da tragédia que seria a existência de um plano para abortar o processo de distribuição de renda e de oportunidades em um país marcado pela concentração de renda e pela falta de oportunidades para a maioria afrodescente, todo democrata tem obrigação de parar e pensar.

Recentemente, a politóloga americana Frances Hagopian, estudiosa dos partidos políticos brasileiros, situou o PSDB na centro-direita do espectro ideológico, ou seja, como representante da classe social diminuta, branca e abastada que há quase meio século exigiu e obteve um golpe de Estado a fim de impedir medidas que visavam inclusão social.

Não há muita dúvida, entre os estudiosos da política brasileira, de que o espectro político e ideológico brasileiro divide-se hoje em três grupos: um grupo social-democrata, um grupo democrata-cristão e um terceiro e amplamente minoritário grupo de esquerda radical que vê os outros dois grupos como seus inimigos, mas que acaba se unindo episodicamente à direita por seu adversário de centro-esquerda estar no poder.

O PT lidera uma coalizão de centro-esquerda que abriga legendas de aluguel de direita e até de extrema-direita que se submeteram ao programa social-democrata para não perderem completamente as tetas do Estado. Essa é a grande janela de oportunidade que a direita convicta e representante de classe vê para tentar retomar o poder, pois sabe que são partidos que aderem ao poder, seja ele exercido por quem for, para continuarem pilhando o Estado.

Partidos aliados ao PT como o PP de Jair Bolsonaro e Paulo Maluf representam a garantia petista à elite de que não haverá mudanças bruscas. Além disso, acabam se somando ao governo social-democrata em votações no Congresso. Todavia, são partidos cuja corrupção sempre foi e sempre será parte do próprio DNA e constitui, portanto, um manancial de objetos para denúncias.

Como a elite branca e conservadora sabe que, pela via eleitoral convencional, dificilmente voltará ao poder tão cedo, pode ter optado por um “atalho” político –entenda-se tornar-se a única opção eleitoral após a completa destruição dos adversários. E indícios de que esse pode ser seu plano não faltam.

O processo eleitoral de 2010 foi assustador. E o que assustou foi a direita político-partidária e midiática ter ressuscitado o que havia de mais reacionário no Brasil –os preconceitos raciais, sexuais, regionais e ideológicos todos vieram à tona e não saíram mais da agenda nacional. Desde então, o país começou a travar guerra incessante contra o preconceito.

Já no dia da eleição em segundo turno, ano passado, a internet viu espalhar-se uma revolta de setores da classe média branca do Sul e do Sudeste contra “nordestinos” que teriam sido os “responsáveis” pela vitória de Dilma Rousseff, apesar de ela ter vencido também no Sudeste. Dali em diante, não há mês em que não sobrevenham notícias de casos de racismo, homofobia e ódio de classe, de tudo que representa o ideário conservador.

Esse soerguimento do preconceito é fenômeno recente. Não existia antes do processo eleitoral de 2010, apesar de o ideário preconceituoso sempre ter estado lá. Contudo, era dissimulado. Não saía à luz do dia. Resumia-se aos convescotes da elite.

Enquanto a artilharia político-midiático-partidária contra o governo Dilma resumia-se aos escândalos forjados pela direita ideológica que infernizou o governo Lula, achava-se que o golpismo poderia ser contido. Todavia, após nove anos fora do poder, a direita parece querer ir mais longe.

No sábado, o blogueiro Emerson Luis, do blog “Nas Retinas”, terminou um trabalho que este blog iniciou na semana passada ao cobrir a versão paulistana das “marchas contra a corrupção” que saíram pelas ruas do país no último dia 12 de outubro. Emerson identificou o DNA tucano nas tais marchas, as convocações daquela militância do PSDB que este blog encontrou e entrevistou durante a manifestação paulistana da última quarta-feira.

Em seguida, para oferecer “alimento” para outras “marchas” que estão sendo programadas para o mês que vem, a direita midiática acaba de forjar novo “escândalo” que, apesar de ter sido construído sobre vento, será prato cheio para essas novas manifestações “contra a corrupção” organizadas pelo PSDB, o terceiro partido com mais cassações de parlamentares por corrupção, segundo o TSE, superado apenas por PMDB (2º lugar) e pelo DEM (o campeão).

Nessa equação antidemocrática não poderia faltar a boa e velha Igreja Católica, que aqui, em Honduras, no Chile, na Argentina e em todo o resto da América Latina sempre esteve de braços dados com o golpismo de direita. Essa ingerência da religião na política brasileira, após ter ajudado a atirar este país em uma ditadura de vinte anos, parece que volta à cena, até porque a Igreja Católica identifica neste governo estímulo ao crescimento das igrejas evangélicas, que vêm fazendo minguar o “rebanho” católico.

Agora, a última reportagem de capa da revista ‘Veja’ e reportagem que o programa global ‘Fantástico’ levou ao ar no domingo (15 de outubro) contra o ministério dos Esportes denunciam um plano que seria a cereja do bolo dos delírios golpistas da direita nacional: enfurecer a sociedade contra o governo Dilma, fazendo o Brasil deixar de ser a sede da Copa do Mundo de 2014.

Alguém consegue imaginar meio mais adequado para derrubar –mesmo que por impeachment– o governo Dilma do que fazer o Brasil não ser mais a sede da próxima Copa do Mundo? Se isso ocorresse por conta de constrangimentos ao governo do país que, então, estaria sob denúncias de corrupção, seria a destruição final e eterna do PT e o início de um reinado de mil anos da direita. Este povo ficaria furioso.

Você não precisa acreditar nessa hipótese para abrir os olhos. Por mais que ache que é um exagero, como cidadão e democrata tem o dever de refletir. É o país dos seus filhos e netos que está em jogo. O processo de distribuição de renda e de oportunidades em curso hoje no Brasil interessa a todos, menos ao topo da pirâmide social que durante cinco séculos manteve a massa a pão e água enquanto nadava em riqueza usurpada.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com”

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Brasil lidera ranking de combate à fome pela 3ª vez

Os programas de transferência de renda do Governo Federal criado pelo presidente Lula são apontados como os principais responsáveis para essa conquista.



O Bolsa família mais uma vez foi elogiado por instituições internacionais, e já está sendo adotado por outros país como modelo para o combate a fome, não podemos esquecer do Fome Zero, essa programa leva comida para todos os lugares do Brasil, criando restaurantes populares em municípios com alta taxa de miséria, garantindo uma refeição digna a quem precisa.


O Brasil lidera pela terceira vez o levantamento da organização não-governamental (ONG) ActionAid, divulgado nesta segunda-feira (10), que lista os países que mais combatem a fome. Desta vez, o anúncio de mais investimentos para a agricultura familiar levou o Brasil ao topo do ranking. Malauí, Ruanda, Etiópia e Tanzânia completam as cinco primeiras posições.


O relatório lista resultados do Programa Fome Zero, que levou à redução da desnutrição infantil em 73% entre 2002 e 2008, e elogia a inclusão do direito à alimentação na Constituição Federal em fevereiro de 2010.

A iniciativa mais recente do país no combate à insegurança alimentar, segundo a ONG, foi o anúncio de R$ 16 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012, para investimentos na produção de alimentos, geração de renda no campo e organização econômica de agricultores familiares, assentados da reforma agrária e povos e comunidades tradicionais.

Apesar dos bons resultados, segundo a ActionAid, o Brasil precisa avançar na distribuição de terras, uma das mais desiguais do mundo. De acordo com o relatório, 56% da terra agricultável estão nas mãos de 3,5% dos proprietários rurais. Os 40% mais pobres têm apenas 1% dessas terras.

“O país precisa resolver a profunda desigualdade no acesso à terra e assegurar que os novos processos de crescimento não gerem novas exclusões por meio do deslocamento das populações. E ainda há 16 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, altamente vulneráveis à fome. Essas pessoas são profundamente excluídas, são necessárias políticas públicas muito específicas e desenhadas para esse grupo”, avaliou o coordenador executivo da ActionAid Brasil, Adriano Campolina.

Exemplo brasileiro

Segundo ele, pode ser compartilhada com outros países a experiência brasileira em iniciativas de transferência de renda e políticas de proteção social e segurança alimentar, como os programas de merenda escolar e de construção de cisternas em regiões semiáridas.

Na avaliação global, o levantamento aponta que apesar de recentes avanços no combate à fome e à insegurança alimentar, o mundo está prestes a enfrentar um agravamento da crise de oferta de alimentos. Entre as causas estão os efeitos das mudanças climáticas e a perspectiva de aumento de preço dos alimentos, que deverá levar mais 44 milhões de pessoas à pobreza. De acordo com a ActionAid, a demanda de terras para a produção de biocombustíveis deve continuar inflacionando o preço dos alimentos.

O combate à fome e à miséria é tema constante das conversas da presidente Dilma Rousseff e das autoridades brasileiras no exterior. Durante recente viagem à Bélgica, Bulgária e Turquia, Dilma reiterou que o crescimento econômico só é possível por meio do equilíbrio social e da preservação dos direitos essenciais, como alimentação, educação e saúde.

Na 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, em setembro, a presidente também defendeu a busca por parcerias para combater a fome e a miséria no mundo. No último dia 4, em Bruxelas, na Bélgica, Dilma se propôs a firmar acordos com a União Europeia para executar programas de transferência de renda em países africanos.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que coordena os programas de transferência de renda, é constantemente procurado por autoridades estrangeiras em busca de informações sobre a política social desenvolvida no Brasil. Eleito recentemente presidente do Peru, Ollanta Humala veio a Brasília e elogiou as políticas públicas brasileiras.

Crise econômica

De acordo com Campolina, a crise econômica também deve frear os esforços internacionais de combate à fome. “Em um ambiente de crise há menos recursos disponíveis tanto para a ajuda externa quanto para o investimento doméstico em agricultura, o que pode levar a uma diminuição dos recursos que poderiam ser destinados à agricultura familiar e sustentável. Apesar que boa parte do que se ouviu até hoje sobre promessa de ajuda dos países ricos não constitui novos recursos”, acrescentou.

A ONG sugere que o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) inclua a crise alimentar na pauta de sua próxima reunião, em novembro, em Cannes, na França, e se comprometa, por exemplo, a garantir investimentos às pequenas propriedades dos países pobres e a frear a especulação de terras para a produção de biocombustíveis.

“O G20 tem que tomar as medidas concretas para cumprir a prioridade de combater a fome. A prioridade não pode ser salvar grupos financeiros que especulam com commodities agrícolas ao custo da fome das populações pobres. É preciso investir em pequenos agricultores que produzem alimentos para consumo local e dinamizam mercados domésticos, apoiar a criação de estoques de alimentos nacionais e regionais e controlar a especulação financeira com produtos agrícolas”, defendeu o coordenador.


Fonte: Agência Brasil

Nem trabalhador sem qualificação quer comércio popular de São Paulo

Desemprego em queda e redução na migração nordestina mudam relações de trabalho e lojas do centro de São Paulo não conseguem contratar


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Foto: Yan Boechat Ampliar

Gerente de uma loja popular no centro de São Paulo, Socorro tenta contratar um funcionário há mais de dois meses

Gerente de uma loja de artigos populares na rua Barão de Itapetininga, no coração do centro de São Paulo, Socorro da Silva Vieira desistiu de exigir qualquer qualificação profissional de potenciais candidatos para as constantes vagas que tenta preencher. Até há alguns meses, ela ainda pedia um mínimo de experiência, nem que fosse uma passagem rápida por algum comércio ou mesmo a simples conclusão do segundo grau.

Agora, basta saber ler e escrever, ser maior de 18 anos e “ter disposição para pegar no pesado” para conquistar um emprego com carteira assinada na A Econômica, a loja na qual Socorro já trabalha há quase uma década e meia. Mas, mesmo assim, uma folha já meio amarelada de papel sulfite repousa há dois meses em uma das vitrines com a seguinte frase; Procura-se Fiscal de Loja. “Não sei o que acontece, ninguém mais quer trabalhar”, diz ela, sem saber ao certo como resolver um problema que não conhecia até pouco tempo atrás.

As concessões feitas por Socorro em busca de trabalhadores para funções simples como a de um fiscal de loja, em que a qualificação profissional está longe de ser um imperativo, têm se repetido com frequência em praticamente todos os centros de comércio popular da cidade de São Paulo. Na rua Barão de Itapetininga, onde Socorro trabalha, os anúncios buscando trabalhadores para toda sorte de empregos deixaram de ser uma exclusividade dos típicos homens sanduíche; migraram para os postes, antes o lar cativo de panfletos de pais de santo e de empresas de empréstimo consignado. O mesmo acontece na rua Tedodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros, ou nas centenas de lojas do Brás. É difícil encontrar uma loja nessas regiões que não esteja em busca de algum funcionário.

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Campo perde mão de obra para construção civil

Até mesmo na superlativa rua 25 de Março, o maior centro de comércio popular da América Latina, onde sempre há fartura de tudo, a mão de obra barata está escassa. São raras, também, as lojas que não estão em busca de um ajudante geral, uma balconista ou mesmo alguém apenas para vigiar os gatunos em pele de clientes. Na Ladeira Porto Geral, uma espécie de portal que liga o Centro antigo de São Paulo da imponente Bovespa ao caos organizado da 25 março, a maior parte dos comerciantes luta para conseguir contratar um simples estoquista. Das 24 lojas instaladas ali, 16 estão com anúncios de procura-se colados em suas vitrines. “É difícil entender o que acontece”, diz Ana Facioli, sócia da Bruna Brasil Bijuterias, uma lojinha na 25 de Março, quase esquina com a Ladeira Porto Geral. “Estamos há mais de dois meses tentando contratar uma vendedora, mas não conseguimos. Acho que o pessoal está muito sonhador, só querem saber de escritório, não aguentam mais o comércio, não querem mais trabalhar pesado”, diz Ana.

Foto: Yan Boechat Ampliar

Ana Facioli, dona de uma loja na 25 de Março, acredita que trabalhadores andam muito sonhadores

As dificuldades compartilhadas por Ana e Socorro ainda não foram traduzidas em números objetivos. Não se sabe ao certo qual a carência dessa mão de obra pouco especializada no comércio popular de São Paulo, que apesar do crescente índice de trabalhadores com carteira assinada, ainda flerta com a informalidade. Para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), trata-se de uma migração temporária da mão de obra barata para outros setores, como a construção civil, que deve, em breve, se normalizar. “Está mais difícil contratar pessoas para esses postos, isso é claro. Mas não estamos ainda vendo uma crise. O comércio, apesar de uma maior dificuldade, vai conseguir encontrar essas pessoas”, diz Marcel Solimeo, economista chefe da ACSP.

Para os comerciantes, as causas dessa falta de trabalhadores têm razões mais comportamentais do que econômicas. Para a maior parte deles, a nova geração é preguiçosa, pouco comprometida com o trabalho e, como disse Ana, sonhadora. “A verdade é que gente como a gente não se faz mais”, diz Francisco Wellington de Souza, o Chiquinho, um ex-garçom que depois de anos trabalhando como assalariado conseguiu se tornar sócio minoritário em um bar e restaurante na rua Conselheiro Crispiniano, bem próximo ao Vale do Anhangabaú. “O pessoal saía do Nordeste, chegava aqui e nem perguntava o que ia fazer ou quanto ia ganhar, partia para dentro do emprego sem dar um pio”, diz ele, que trocou o Ceará por São Paulo há mais de duas décadas. “Hoje o sujeito chega aqui e a primeira coisa que pergunta é quanto vai ganhar e quando vai ter folga. É brincadeira”, diz Francisco, que há mais de três meses tenta contratar, sem sucesso, um copeiro para o seu bar.

Quando fala sobre as razões de não encontrar funcionários, Chiquinho parece sofrer de uma espécie de “Síndrome de Estocolmo” trabalhista. Reclama que ninguém mais quer passar pelas agruras que ele mesmo enfrentou quando chegou a São Paulo. Mas, de certa forma, sua análise não esta errada. O número de pessoas dispostas a enfrentar cargas horárias elevadas e cansativas para serem mal remuneradas vem, de fato, caindo de forma constante no Brasil, em especial em São Paulo, onde as oportunidades em diferentes setores da economia, tanto a formal quanto a informal, se diversificaram de forma consistente nos últimos anos. “O mercado mudou, principalmente em São Paulo. A renda média aumentou tanto na economia formal quanto na informal e mesmo quem tem pouca qualificação dispõe de um leque muito maior de opções de trabalho do que há 10, 20 anos”, diz Fábio Romão, economista da Consultoria LCA.

Foto: Yan Boechat Ampliar

Dono de um bar no centro de São Paulo, Chiquinho está há três meses tentando contratar um copeiro

Mas muito mais do que a melhora nas condições de trabalho nas grandes cidades, o que talvez melhor explique a escassez de mão de obra barata em São Paulo seja o fato de que cada vez menos pessoas estão repetindo o caminho que Chiquinho e milhões de outros nordestinos escolheram há mais de 20 anos. Na última década, o fluxo migratório para o Sudeste, em especial São Paulo, caiu drasticamente, até a chegar a índices negativos, algo absolutamente inédito na história do Brasil republicano. Nos últimos anos, mais gente vem deixando a capital paulista em direção ao Nordeste do que chegando de lá. “Isso muda completamente a dinâmica do trabalho e o que já estamos vendo é o início de um ajuste inevitável entre o capital e a força de trabalho”, diz o economista e professor da Unicamp, Marcelo Dedecca. “São Paulo parou de ser abastecida por uma mão de obra farta e o mercado de trabalho vai ter que se resolver com a população que tem”, diz Dedecca.

Nos últimos 10 anos, o número de nordestinos que deixaram suas casas para tentar a sorte em alguma cidade do Sudeste caiu mais de 50%. No ano 2000, cerca de 1 milhão de pessoas optaram por abandonar suas origens nordestinas para viver, primordialmente, em São Paulo. Já em 2009, esse número não passava de 450 mil pessoas. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que decidiram voltar para sua terra de origem cresceu de forma constante na última década. Entre 2004 e 2009, no saldo de idas e vindas, São Paulo perdeu 12 mil pessoas. A razão para esse fenômeno inédito na história brasileira encontra explicação na diversificação do crescimento econômico do País. “São os efeitos da descentralização do crescimento econômico aparecendo”, diz Dedecca, lembrando que nos últimos anos o Produto Interno Bruto (PIB) e a renda média do Nordeste cresceram a taxas mais robustas que a da média nacional.

Redução

O volume de pessoas que saíram de seus estados para viver em São Paulo caiu de forma acentuada em 10 anos

Fonte: Pnad/IBGE


Mesmo com a escassez dessa mão de obra barata, poucos acreditam que o comércio de São Paulo está às portas de uma crise. O estoque de mão de obra na região metropolitana ainda é alto. Mas, sem dúvida, uma readequação já parece estar em curso. Sem a fartura de outrora, o comércio já está, ainda que de forma lenta, iniciando um processo de valorização desse profissional. Os últimos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os trabalhadores do comércio vêm registrando ganhos de renda reais sempre acima da média nacional. Na comparação interanual de agosto (quando comparado ao mesmo período do ano anterior), os comerciários tiveram ganhos reais, acima da inflação, de 3,8%, contra 3,2% da média nacional. Em julho, esse índice foi de 6%, contra 4% da média do País.

Foto: Yan Boechat Ampliar

A chinesa Liu não consegue encontrar funcionários para sua loja na rua 25 de Março

Melhores salários costumam atrair mais gente, mas não garantem a permanência deles. Liu Guo Qin sabe bem disso. Dona de uma loja de quinquilharias importadas de sua China natal nas proximidades da 25 de Março, Liu já não sabe mais o que fazer para encontrar e manter seus funcionários. “Ninguém quer trabalhar aqui na 25 e quem vem logo arruma um jeito de ir embora para ganhar o seguro desemprego”, conta ela, num português que só sua filha consegue entender. Só nesse ano já passaram quase duas dezenas de pessoas pelos apertados e quase insalubres corredores da Honda Center. “Além do salário, da carteira assinada, agora a gente dá comissão também, mas está difícil”, diz Liu. “O Brasil mudou, já não é tão bom como era há alguns anos, quando não faltava gente para trabalhar”, diz. Provavelmente não é o que pensam milhões de trabalhadores sem qualificação profissional que viram seu poder de barganha crescer de forma exponencial na última década.

fonte: Yan Boechat, iG

domingo, 9 de outubro de 2011

TRAIÇÃO A PÁTRIA


O Globo publica hoje matéria sobre os vinte anos de privatização de empresas estatais e diz que as empresas privatizadas responderam por um faturamento de R$ 3oo bilhões em 2010. A dólar de dezembro do ano passado, US$ 177 bilhões.

O total da receita com as privatizações, de 1991 a 2002, somou US$ 87,5 bilhões: US$ 59,5 bilhões em privatizações federais e US$ 28 bilhões em privatizações estaduais. Ou seja, metade do faturamento de um só ano destas empresas.

Diz o jornal que as empresas foram vendidas para reduzir o endividamento do Estado brasileiro. A dívida líquida do setor público no Brasil, em 1991, era de US$ 144 bilhões. Em 2002, com tudo que a privatização deveria ter “abatido” deste valor, era de US$ 300 bilhões.

Nem privatizar, nem dever, em si, são, em si, pecados. Vender mal, seja entregando o que é estratégico, seja fazendo isso na bacia das almas, por valores irrisórios, são. Dever, quando se paga juros módicos, pode ser o caminho para o desenvolvimento e o progresso. A juros extorsivos, porém, é apenas o caminho da escravidão ao rentismo.

A grande maioria das privatizações foi feita com financiamento público, com uma elevação brutal das tarifas cobradas nos servilos públicos, não se conservou participação do Estado nem para dirigir estrategicamente as suas atividades, nem para participar dos lucros que produziam.

Estamos pagando caro, muito caro, e ainda pagaremos por muitos anos por este período de vergonha da história brasileira.

Não foi uma estratégia, foi uma liquidação, uma entrega desavergonhada do que pertencia ao povo brasileiro.

SATÉLITES DE COMUNICAÇÕES SERÃO PARTE DO PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO


Por José Monserrat Filho, da AEB

“Está decidido nas mais altas esferas: o Brasil deve lançar em 2014 seu primeiro satélite geoestacionário de comunicações, comprado no exterior, mas -e essa é a grande diferença- construído com ativa participação da indústria brasileira.

O segundo tem seu lançamento previsto para 2019, com inserção ainda maior da nossa indústria.

O Brasil já teve, nos anos 80 e 90, satélites geoestacionários [100% comprados no esterior] -aqueles que voam a 35.786 km da Terra, no plano da Linha do Equador, e que, por se deslocarem com a mesma velocidade do nosso planeta, ficam como que parados, estacionados, sobre um mesmo ponto da superfície terrestre. O que constitui o cerne dos fantásticos avanços das telecomunicações no mundo inteiro.

A primeira geração de satélites brasileiros geoestacionários começou com o satélite Brasilsat A1, orbitado em 1985. Vários outros vieram depois: Brasilsat A2, em 1986; Brasilsat B1, em 1994; Brasilsat B2, em 1995; e Brasilsat B3, em 1998.

Todos eles adquiridos pela Embratel -até então pertencente ao nosso Ministério das Comunicações- de empresas privadas do Canadá e dos EUA, e lançados a partir de Kourou, na Guiana Francesa, pelo foguete europeu Ariane.

Sem nenhuma ligação com o Programa Espacial Brasileiro.

Em 29 de julho de 1998, dentro do programa de “abertura neoliberal da economia brasileira”, o Governo [FHC/PSDB] privatizou a Embratel -apesar de ser reconhecidamente lucrativa e eficiente-, com todos os seus satélites. Todo esse patrimônio foi transferido à empresa Star One, que lançou só mais um satélite, o Brasilsat B4, em 2000.

[OBS deste blog 'democracia&política': com a irresponsável “privatização” da Embratel (i.é., passagem 100% para estrangeiros) efetuada pelo governo demotucano, todas as comunicações brasileiras via satélite, militares, diplomáticas, governamentais, comerciais, individuais, passaram a ser 100% controladas por estrangeiros].

Cometemos um erro histórico. Poderíamos ter aberto o mercado das comunicações, mantendo uma grande empresa estatal brasileira. Pagamos preço alto: desde 1998, há 13 anos, o Brasil não dispõe de seus próprios satélites de comunicações e sente muita falta deles para comunicações estratégicas do governo e das Forças Armadas.

Hoje, a Star One conta com cinco dos satélites referidos, localizados nas excelentes longitudes de 75, 70 e 65 graus oeste, vendendo serviços de comunicações domésticas e internacionais, com alta taxa de uso. É deles e de outros satélites de empresas privadas [todas estrangeiras] que se servem hoje nossas instituições oficiais civis e militares.

Tal dependência é inaceitável. Por isso, os dois satélites a serem construídos a partir de agora com máxima presteza virão preencher importantíssimas lacunas, inclusive a de levar internet em banda larga às populações das zonas mais remotas do país.

Mas, o mais relevante de tudo é o fato de que os satélites não serão simplesmente comprados em caixas pretas, como se fazia no passado. Essa segunda geração de satélites geoestacionários brasileiros enriquecerá a política nacional de desenvolvimento tecnológico efetivo. Fator essencial do negócio será a maior integração possível de, pelo menos, uma grande empresa brasileira.

A empresa estrangeira contratada para produzir os satélies terá, necessariamente, que atender à exigência de dar acesso à tecnologia utilizada e de preparar especialistas qualificados, capazes amanhã de contribuírem na criação de outros satélites semelhantes.

É o esforço decisivo de valorizar a prata da casa e de priorizar a capacitação nacional em área estratégica, promovido pelos Governos Lula e Dilma Rousseff e conduzido com afinco pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação. Isso é inédito entre nós no campo das telecomunicações.

Significa, também, que os satélites geoestacionários brasileiros passam a compor capítulo especial do Programa Espacial Brasileiro, que agora inclui as telecomunicações por satélite, em trabalho conjunto com a Telebrás, do Ministério das Comunicações, e com o Ministério da Defesa. Há, portanto, grandes novidades a comemorar.”

FONTE: site “DefesaNet”via democracia&politica

“QUEM PAGA IMPOSTO NO BRASIL SÃO, BASICAMENTE, OS POBRES”

Por Fernando Brito

PARA ENTENDER A “CARGA TRIBUTÁRIA” NO BRASIL

QUEM PAGA IMPOSTO NO BRASIL SÃO BASICAMENTE OS POBRES

A frase é do presidente do IPEA, economista Márcio Pochmann, e talvez você já a tenha ouvido algumas vezes pensando, talvez, em sonegação fiscal.

É triste dizer isso, mas infelizmente é [esse problema e], na sua essência, um problema pior, porque não se resolve com medidas administrativas.

Essa pausa do final da semana passada [em 02/10] pôde ajudar a gente, no meio do torvelinho da crise, a falar algo de útil para a compreensão do assunto.

O Brasil tem um cipoal de impostos e uma carga tributária que, se não é alta pelo padrão de países desenvolvidos, também não é baixa, se considerada sua repercussão sobre o mundo do trabalho e da produção.

Mas é o peso que tem cada grupo de impostos que vai nos dizer quem está pagando quanto de impostos.

A maior parte do bolo é, disparado, a do imposto indireto, cobrado sobre o consumo.

Cerca de 60% do total de impostos recolhidos no Brasil incide sobre o que as pessoas consomem. Além do ICMS e do Imposto sobre Produtos Industrializados, que representam metade desse percentual, atingem o consumo todos os tributos que vão parar lá na nota fiscal dos produtos ou serviços consumidos pela população: ISS, Cofins etc…

Aumentar esses impostos, portanto, significa aumentar preços e, consequentemente, reduzir o poder de compra da população. E, em geral, fazer isso em cima dos mais pobres. Por que? Porque os impostos sobre consumo representam, em média, um peso sobre a renda disponível três vezes maior sobre os que ganham menos de três salários mínimos, quando se compara ao que pagam os que têm renda de mais de 20 salários-mínimos.

Por mais que se possa ajustar a alíquota sobre cada bem –o feijão, por exemplo, ter uma alíquota menor que as bebidas, o que basta para mostrar como é injusto o tal “imposto único”– esse imposto embute uma “cegueira” social: não importa que seja rico ou pobre, todos pagam o mesmo.

Já os impostos diretos, que incidem diretamente sobre a renda e a riqueza patrimonial, são mais diretos e que menos impactam a atividade econômica, porque incidem sobre o resultado do término dela, no indivíduo ou na empresa.

O maior desses impostos, o de renda, representa, aproximadamente, 25% de nossa carga tributária, apenas. E nela, a renda do trabalho e a do capital quase empatam: a renda do trabalho responde por 10%, enquanto a renda do capital corresponde a 11%, restando 4% para outras rendas.

Nosso imposto de renda não apenas é baixo para quem ganha muito e alto para quem ganha pouco, com poucas e limitadas faixas de renda, como é mal distribuído entre os tipos de atividade econômica das empresas.

Para sustentar a primeira afirmação, olhe o gráfico acima (vai ser preciso ampliar para ler) elaborado pela KPMG, uma das gigantes mundiais no ramo de auditoria e consultoria contábeis. Repare que, para quem tem renda superalta, o peso dos impostos (inclusive os previdenciários) aplicados no Brasil só é maior que o dos paraísos fiscais, plenos ou parciais, e do que alguns países ex-bloco soviético, onde o sistema tributário foi remontado a partir do fim dos regimes comunistas e –já está claro– não se sustenta.

Repare que não se está comparando apenas com os países ricos, para evitar o argumento de que paga-se muito lá, mas os serviços estatais são bons. Aliás, nem isso é verdade, como se vê no exemplo dramático de existirem nos EUA 50 milhões de pessoas sem qualquer –boa ou ruim– cobertura médica.

Se aquele magnata americano, o Warren Buffett, fosse brasileiro, o seu artigo “Parem de mimar os super-ricos” seria muito mais contundente do que foi nos Estados Unidos, onde os impostos diretos são mais altos.

Quanto à má distribuição entre os setores, ela fica clara quando se observa os critérios de tributação: as maiores alíquotas incidem sobre a renda do trabalho. Os bancos, por exemplo, recolhem cinco vezes menos imposto de renda do que todas as pessoas físicas do país. E as empresas se valem da isenção de imposto sobre seu lucro, em boa parte, pelo ‘pagamento de juros sobre o capital próprio” feito a seus acionistas, entre outros mecanismos para “driblar” recolhimentos maiores.

O último grupo de impostos, então, é mais escandaloso: o sobre o patrimônio. Em países desenvolvidos, e que ninguém põe em dúvida serem liberais, os impostos sobre patrimônio representam mais de 10% da arrecadação tributária: no Canadá são 10%, Japão,10,3%, na Coréia,11,8%), na Inglaterra,11,9% e nos EUA nada menos que 12,15%.

No Brasil, 3,4%.

Este é o quadro de um país que se escandaliza com um aumento de 0,1% [CPMF] sobre as rendas mais altas –embora seja adequada a discussão sobre o que é renda mais alta, aqui– para financiar o sistema público de saúde.

A ineficiência dos serviços públicos, se tem de ser vencida pela profissionalização e modernização da sua administração, não pode servir de biombo para a realidade que foi sintetizada pelo professor Pochmann:

“Quem paga imposto no Brasil são basicamente os pobres.”

FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

BRASIL É O PAÍS QUE NO MUNDO MAIS AMPLIOU ESCOLARIDADE DO TRABALHADOR



“O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse, na sexta-feira (30), que o ensino brasileiro ainda tem muitas deficiências, mas ressaltou que as mudanças no sentido de melhorar o cenário ocorrem em ritmo maior do que a média mundial. “Todos os relatórios internacionais que foram divulgados em 2010 dão conta que o Brasil foi o país que mais ampliou a escolaridade média do trabalhador. Na faixa etária de 18 a 24 anos, nós estamos ampliando a escolaridade média em um ano a cada cinco; nenhum país consegue fazer isso. A média mundial é um ano a cada dez”, disse após participar de um debate sobre o tema.

Segundo Haddad, inclusive, há percepção internacional sobre os avanços, que é significativamente mais otimista do que a visão brasileira [mídia e oposição] sobre as melhorias do sistema educacional. “Se você pegar os relatórios internacionais, você vai ver painel muito diferente do que você vê aqui. Avaliações muito mais otimistas, fora, em relação ao Brasil”, disse.

O ministro destacou ainda a necessidade de aumentar os investimentos na área para que o país possa sustentar o ritmo de desenvolvimento alcançado nos últimos anos. “A educação vai ter que receber maior atenção daqui para a frente e as políticas públicas têm que avançar no sentido de melhorar o financiamento”, assinalou.”

FONTE: Agência Brasil. Transcrito no portal “Vermelho”

FAB INICIA ENSAIOS DE MOTOR DE COMBUSTÃO SUPERSÔNICA (para o 14-X)


14-X

“O Instituto de Estudos Avançados (IEAv/CTA/FAB) iniciou os ensaios de obtenção de parâmetros de escoamento em motor de combustão supersônica. Os ensaios foram feitos no Túnel de Choque T3, no ‘Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu’.

Os objetivos dos ensaios em ‘Túnel de Choque’ da geometria do motor são avaliar as condições do escoamento na entrada, interior e rampa de saída do motor, e como se comporta a injeção do combustível em regime supersônico. Os resultados obtidos serão usados para avaliar características de desempenho do motor do veículo [14-X].


Detalhe do Túnel de Choque T3

O motor que está sendo ensaiado faz parte do desenvolvimento do ‘Veículo Aeroespacial Hipersônico Brasileiro 14-X’, um demonstrador tecnológico dos conceitos de “waverider” e “scramjet”. O ‘waverider’ é uma geometria projetada especificamente para voar em regimes supersônicos ou hipersônicos, utilizando uma onda de choque atada ao seu bordo de ataque para gerar sustentação. Já o conceito de ‘scramjet’ (Supersonic Combustion RAMJET) é o estatoreator aspirado que produz empuxo ao veículo, utilizando ondas de choque para comprimir o escoamento, em substituição ao tradicional conjunto turbina-compressor, possibilitando sua operação nas elevadas velocidades de projeto.”
Túnel de vento hipersônico do IEAv/CTA


FONTE: portal da FAB

A dura vida do brasileiro “indolente”

O economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea, usou um argumento tão óbvio quanto demolidor contra a tese de que o brasileiro é indolente e preguiçoso, durante um seminário sobre sociologia e política na Universidade Federal do Paraná (a cobertura, de Fernando César Oliveira, site da UFPR , li noViomundo).

Os brasileiros pobres que estudam e trabalham são verdadeiros heróis. Submetem-se a uma jornada de até 16 horas diárias, oito de trabalho, quatro de estudo e outras quatro de deslocamento. Isso é mais do que os operários no século XIX.”

E por incrível que pareça, essa era a realidade de cada um entre seis jovens brasileiros de 20 a 24 anos, em 2008, segundo o IBGE. Dos 16,5 milhões de pessoas nessa faixa etária, só 9,2% apenas estudava, contra quase 56% que só trabalhavam.

Claro que, essa equação, é a escola quem tem a margem de tolerância que permite tornar viável o fisicamente inviável.

É obvio que haverá perda do interesse e da capacidade de aprendizado. Reduz-se a escola a um suplício necessário à obtenção do diploma, uma espécie de carta de (possível) alforria de trabalhos mal remunerados.

Vencer essa situação exige muito de que se dispõe ao sacrifício de uma jornada tão longa. Mas deve exigir também do Estado. E do empresariado, que precisa entender que a qualificação do trabalhador – seja com a educação

regular ou com a profissonal – agrega valor ao seu negócio e ao seu relacionamento com o corpo funcional.

Fala-se muito no padrão “japonês” de trabalhador qualificado. Isso não quer dizer só treinamento profissional, não, tanto que boa parte da educação compulsória japonesa não tem qualquer orientação técnico-vocacional. Mas eles têm 94% de sua população com o 2º grau e 40% com o ensino superior completo.

Aqui, segundo o IBGE, 21,5% dos entrevistados tinham têm o ensino médio completo e 9,5% o superior concluído.

Dá pra ver que o problema não é o olhinho puxado, não é?

post do tijolaço

domingo, 2 de outubro de 2011

GUINADA NA POLÍTICA ECONÔMICA

TAXAS SELIC


Taxas SELIC (vermelho e amarelo) e INPC (azul)

“O governo Dilma caminha a passos decisivos para romper com as amarras da política financista que atrelou o País a níveis de crescimento aquém do potencial que possui. O fantasma da inflação sempre preponderou como ameaça a qualquer tentativa de acelerar o crescimento econômico. Isso chegou ao fim. A decisão do governo poderá demonstrar que é possível crescer e controlar a inflação.

O empurrão decisivo para essa guinada na política econômica foi dado pela recidiva da crise internacional, que já afeta todas as economias, reduzindo as perspectivas de crescimento, gerando pânicos nas bolsas e apreensão quanto ao seu desdobramento. O FMI divulgou dia 20, no seu Panorama da Economia Mundial, a redução de 4,5% para 4% para a estimativa de crescimento da economia mundial neste ano, devido às crises nos Estados Unidos e na União Europeia. Estima que as economias avançadas cresçam apenas 1,6%, e que a mundial não terá desempenho pior em 2011 graças aos mercados emergentes, cuja atividade deve crescer 6,4%.

No caso do Brasil, o fundo reduziu a previsão de crescimento de 4,1% neste ano para 3,8%. Esse nível está descolado do grupo dos países emergentes e abaixo do crescimento mundial, o que confirma o acerto da decisão do governo em reativar a economia. A recidiva da crise reforça a necessidade de pisar no acelerador para escapar da recessão. É bom lembrar que, apesar das ações de estímulo feitas pelo governo, a crise de 2008 derrubou a economia em 0,6%.

A decisão do Banco Central (BC) de iniciar o processo de redução da Selic, conjugada com a garantia de cumprimento de metas fiscais, marca o salutar início desse processo, que acabou de receber o apoio do FMI nesse Panorama. Pela avaliação do fundo, a inflação brasileira deve chegar a 6,3% em dezembro, a média para 2012 é 5,2% e as pressões continuarão cedendo até o fim do ano.

É um desafio extraordinário para o governo efetuar essa inflexão na política econômica. Está fazendo o que não foi feito em governos anteriores e terá de enfrentar a reação do mercado financeiro, acostumado ao ganho fácil nos juros dos títulos do governo, bombados pela Selic nas nuvens, e nas taxas de juros de agiota cobradas aos consumidores e empresas que não conseguem acessar as fontes do BNDES.

Felizmente, as análises que atribuem à Selic o controle da inflação não resistiram aos fatos. A inflação deve ser controlada por um conjunto mais amplo de políticas, que passam por questões fiscais, cambiais e taxas de juros aos tomadores de empréstimos, que constituem o que se pode classificar como taxa de juros da economia e que não guarda relação alguma com a Selic.

Ao enfrentar o processo de redução da Selic, o País sairá ganhando em várias frentes. Em primeiro lugar, na questão da sua imagem internacional, ao deixar a vexaminosa posição de longa data de líder da mais alta taxa básica de juros.

Na esfera fiscal, irá aliviar o peso da conta de juros, que consome 6% do PIB, e o custo de carregamento das reservas internacionais que, pelos dados do balanço do BC, só no primeiro semestre, atingiu R$ 46,2 bilhões! Neste ano, poderá ultrapassar R$ 100 bilhões, o que supera todo o esforço do governo federal em alcançar o superávit (exclusive juros) de R$ 91,8 bilhões.

Na questão cambial, o País deixará de ser o preferido da especulação externa, em ambiente de elevada liquidez internacional e de juros negativos nas economias desenvolvidas. Essa especulação tem o efeito de uma bomba de sucção, que retira recursos do governo e da sociedade para fora do País.

O tripé superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação (leia-se Selic), tão louvado nas avaliações conservadoras, cede lugar a uma nova versão: equilíbrio fiscal (que incorpora juros), câmbio administrado, para enfrentar a guerra cambial, e meta de inflação apoiada em políticas integradas de governo. Constitui avanço sobre a política paralisante da ameaça permanente da inflação.

Ao dar esse passo decisivo, o governo está sendo duramente criticado pelo mercado financeiro, que procura desacreditar o objetivo de alcançar as metas fiscais deste e dos próximos anos, de não conseguir controlar a inflação, de subserviência política do Banco Central ao governo etc.

Na minha avaliação, o governo tem todas as condições de conquistar excelente resultado fiscal, caso mantenha a economia em crescimento, que será facilitada com o novo salário mínimo. Terá maior arrecadação (devido à atividade econômica e menor inadimplência), redução nas despesas com juros e no custo de carregamento das reservas internacionais.

Não é de estranhar, no entanto, a reação do mercado financeiro. Apostou suas fichas na tese do crescimento da inflação no País, o que faria com que o BC não reduzisse a Selic para conter a demanda.

Essa análise peca, pois a Selic não controla a demanda. O que pode influenciá-la são as taxas de juros bancárias, que estão descoladas da Selic. Essas são dependentes das medidas macroprudenciais, como ficou provado a partir da implementação delas ao final de 2010, seguindo decisão do Conselho Monetário Nacional.

Vale destacar, sobre taxas de juros, o que ocorre na China. Lá, a taxa básica de juros equivalente à Selic é de 3%, e a cobrada pelos bancos ao consumo, de 6%. Quando é alterada a taxa básica, repercute na taxa ao consumidor, pois a relação entre elas é próxima. Assim, a taxa básica tem eficácia no controle da demanda. Na quase totalidade dos países, que praticam taxa de juros civilizada, é isso que ocorre. Aqui a relação chega a ser de 17 (!) vezes, com o cheque especial em 188%.

A análise do mercado financeiro peca, também, ao desconsiderar que a queda da Selic influi significativamente sobre a decisão das empresas em investir, o que eleva a oferta de bens e serviços para atender a demanda, principal antídoto contra a inflação futura. A recente sondagem feita às empresas revela a disposição em investir face às perspectivas de queda da Selic.

Em síntese, a Selic não influi sobre a demanda e desestimula a oferta. Em vez de atenuar a inflação, a agrava.

Apesar disso, ainda existem análises que, usando o falso argumento do controle da inflação, querem que a Selic permaneça elevada. A inflação pode até permanecer em patamar acima da meta de 4,5% durante algum tempo, dependendo do impacto interno da crise no câmbio e na demanda internacional por alimentos e commodities, mas a Selic não interfere nisso.

Ao que tudo indica, o governo joga cartada perigosa ao rumar contra a crise, mas não tem como recuar. Se persistir, tem a chance de reduzir a força do rentismo no País e criar os espaços fiscais necessários ao financiamento das suas atividades, como a da expansão necessária das despesas com a saúde, educação e distribuição de renda, bem como para sustentar investimentos necessários à Copa, Olimpíada e à precária infraestrutura do País.

Há, sem dúvida, uma guinada na política econômica, que tem tudo para fortalecer o governo e diferenciá-lo dos que o antecederam. Vamos aguardar.”

FONTE: blog “Projeto Nacional”

sábado, 1 de outubro de 2011

Dilma: crise da Urubóloga vai ajudar o Brasil. Os juros vão cair

Saiu na Folha online:

Dilma diz que Brasil precisa aproveitar a crise para reduzir os juros

BERNARDO MELLO FRANCO

DE SÃO PAULO

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que o país deve aproveitar a crise internacional para acentuar a queda de juros.

Em discurso a cerca de 400 empresários, ela elogiou o Banco Central e disse esperar um ciclo “cauteloso e responsável” de redução da taxa Selic, hoje em 12%.

“Graças ao nosso compromisso com a robustez fiscal, (…) estamos abrindo espaço para que o BC, diante da crise e da ameaça de deflação e depressão nas economias desenvolvidas, possa iniciar um ciclo cauteloso e responsável de redução da taxa básica de juros”, afirmou a presidente.

“Quanto mais a deflação ameaçar a economia internacional, quanto mais a situação financeira ficar grave, desta vez nós vamos aproveitar. Vamos levar as condições monetárias do nosso país ao nível que a conjuntura internacional permitir.”

Segundo Dilma, o governo espera a queda da Selic, mas não vai forçar sua redução sem que o cenário econômico recomende a medida.

“Nós esperamos que possamos iniciar um ciclo de redução da taxa básica. Obviamente, isso só será possível dadas as condições internas e externas. Nós não somos mais aqueles que fazem a política ‘Ah, tem que baixar’. Vai baixar se for possível”, disse.

A presidente voltou a dizer que o país está mais preparado para enfrentar a crise do que em 2008, mas “não pode errar” na avaliação de seus efeitos na economia.

“O Brasil não pode desta vez errar na avaliação do que vai acontecer aqui como repercussão do que está acontecendo lá fora. Não é admissível que, se de fato se configure uma recessão e um processo deflacionário no resto do mundo, nós aqui estejamos sem levar isso em conta.”

Dilma participou do fórum “A construção de um Brasil competitivo”, promovido pela revista “Exame”.

Navalha

Portanto, em lugar de atrapalhar o Brasil, a crise vai ajudar.

O Banco Central corta os juros, porque a Dilma corta os gastos – clique aqui para ler Dilma faz o dever de casa

Essa Urubóloga não acerta uma.

Antes ela protestou contra o IPI dos carros de luxo.

Agora, a BMW e a Hyundai querem vir para cá produzir.

Em vez de o consumidor brasileiro criar emprego na Alemanha e na Coréia, vai criar aqui.

Como diz a Presidenta: por que o Brasil deveria entregar aos piratas seu bem mais precioso, o mercado interno ?

Esses Neolibelês (*) não acertam uma.

Paulo Henrique Amorim