quinta-feira, 18 de março de 2010

EUA mobilizam FMI e Banco Mundial na briga contra a China

post do vermelho.

Os dirigentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BIRD) decidiram entrar em campo mais uma vez, ao lado (é claro) dos Estados Unidos e da União Europeia, contra a política cambial chinesa, que foi transformada em bode expiatório da decadência econômica das potências capitalistas.

Por Umberto Martins

Em discurso no Parlamento Europeu, em Bruxelas, quarta-feira (17), o francês Dominique Strauss-Kahan, diretor-gerente do Fundo, fez questão de reiterar que a moeda chinesa (renminbi iuane) está “muito desvalorizada”, sugerindo que sua valorização é “inevitável” e necessária para conter “os desequilíbrios atuais da economia mundial”.

Uma campanha orquestrada


No mesmo diapasão e dia o BIRD divulgou seu relatório trimestral destacando que “está se fortalecendo o argumento pela flexibilidade da taxa de câmbio” na China. A instituição presidida pelo norte-americano Roberto Zoellick (que um dia o presidente Lula chamou de “sub do sub do sub”), também recomendou a elevação das taxas de juros para afastar a ameaça de uma bolha imobiliária no país asiático.
“Fortalecer a taxa de câmbio pode ajudar a reduzir as pressões inflacionárias e reequilibrar a economia”, diz o relatório. “Uma taxa de câmbio forte faz parte do arsenal de meios para contra-atacar a inflação e os fluxos de capital”, agregou Hansson Ardo, economista do banco, reforçando, com isto, a pressão em curso no Senado norte-americano, que ameaça desencadear uma guerra comercial contra a China. É uma campanha orquestrada.

Segurança nacional

As autoridades chinesas rejeitam com energia tais argumentos, sublinhando que o extraordinário crescimento do país favorece a recuperação mundial, o que é uma verdade facilmente verificável no Brasil e em muitos outros países. Se tivesse cedido à pressão estrangeira e adotado o câmbio flutuante, a China certamente não teria crescido 8,7% em 2009 e não escaparia praticamente ilesa da chamada “crise asiática” em 1997.

Não é sem razão que o governo comunista considera a política cambial uma questão de segurança nacional. Domingo (14), o premiê chinês, Wen Jiabao, pôs o dedo na ferida ao acusar as potências capitalistas de querer impor uma política cambial para favorecer suas exportações e enfraquecer a China.

Ciúme imperialista


O pano de fundo desta comédia, com forte vocação para a tragédia, é o ciúme do crescimento da economia chinesa (a mais dinâmica do mundo), que está alterando realidade geopolítica e evidenciando a necessidade de uma outra ordem e um novo Sistema Monetário Internacional. Os que se apagam ao velho sistema e querem preservá-lo a todo custo é que estão reclamando.

Pequim não precisa dos conselhos do FMI e do Banco Mundial, gendarmes de uma ordem imperialista que caducou. Os efeitos dos palpites que essas duas instituições supostamente multilaterais costumam dar são bem conhecidos pelas nações mais pobres. O Brasil viveu mais de 25 de estagnação sob a tutela do FMI.

A China cresce em torno de 10% ao ano, e mesmo no crítico ano de 2009 avançou 8,7%. A receita do FMI e do BIRD tem o objetivo (não declarado) de interromper esta trajetória e preservar o status quo, ou seja, o predomínio das potências imperialistas. Mudanças são necessários, mas sentido oposto ao pretendido pelos dois fantasmas de Bretton Woods.

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