quarta-feira, 30 de março de 2011

Para um novo Brasil é preciso fazer a reforma da mídia

EUA E OTAN CERCANDO A RÚSSIA E A CHINA COM A MÃO DO GATO


CERCAR A RÚSSIA, VISAR A CHINA: O VERDADEIRO PAPEL DA OTAN NA GRANDE ESTRATÉGIA DOS EUA

“Embora escrito antes da Cúpula da OTAN em Lisboa, este texto de Diana Johnstone mantém toda a atualidade [adaptado temporalmente por este blog].

Depois de desmascarar os objetivos da OTAN, a autora conclui: “Os governos euro-atlânticos proclamam a sua «democracia» como prova do seu direito absoluto de intervir nos assuntos do resto do mundo. Com base na falácia de que os «direitos humanos são necessários para a paz», proclamam o seu direito de fazer a guerra. Uma questão crucial é se a «democracia ocidental» ainda tem força para desmantelar esta máquina de guerra antes que seja tarde demais".

Nos dias 19 e 20 de Novembro, reuniram-se em Lisboa dirigentes da OTAN numa cúpula chamada de “Conceito Estratégico da OTAN”. Entre os tópicos para discussão encontrava-se uma série de “ameaças” assustadoras, desde a guerra cibernética até à alteração climática, assim como belas coisas protetoras como armas nucleares e uma inútil Linha Maginot de alta tecnologia destinada a fazer parar os mísseis inimigos em pleno vôo. Os dirigentes da OTAN não conseguiram evitar falar da guerra no Afeganistão, essa cruzada interminável que une o mundo civilizado contra o esquivo Velho da Montanha, Hassan i Sabah, chefe dos Assassinos do século onze na sua mais recente encarnação como Osama bin Laden. Sem dúvida, muita conversa sobre os “nossos valores comuns”.

A maior parte do discutido é ficção com uma etiqueta de preço.

A única coisa que falta na agenda da cúpula “Conceito Estratégico” é discussão a sério sobre estratégia.

Isto, em parte, resulta de a OTAN, enquanto tal, não ter qualquer estratégia, e não poder ter a sua própria estratégia. A OTAN é, na verdade, um instrumento da estratégia dos Estados Unidos. O seu único Conceito Estratégico operacional é o que é posto em prática pelos Estados Unidos. Mas até esse é um fantasma esquivo. Segundo parece, os dirigentes americanos preferem posições impressionantes, “soluções espetaculares”, em vez de definirem estratégias.

Um dos que pretendem definir uma estratégia é Zbigniew Brzezinski, padrinho dos mujahidin afegãos quando estes podiam ser utilizados para destruir a União Soviética. Brzezinski não evitou declarar abertamente o objetivo estratégico da política dos Estados Unidos no seu livro de 1993, "O Grande Tabuleiro de Xadrez: A supremacia americana”.

Quanto à OTAN, descreveu-a como uma das instituições que servem para perpetuar a hegemonia americana, “fazendo dos Estados Unidos um participante-chave até nos assuntos intraeuropeus”. Na sua “rede global de instituições especializadas”, que obviamente incluem a OTAN (NATO), os Estados Unidos exercem o seu poder através de “permanente negociação, diálogo, difusão e procura de consenso formal, apesar de o poder ser sempre proveniente de uma única fonte, nomeadamente, Washington, D.C.

Essa descrição cai como uma luva na conferência “Conceito Estratégico” de Lisboa. Na semana passada, o secretário-geral dinamarquês da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, anunciou que “estamos muito perto de um consenso”. E este consenso, de acordo com o New York Times, “seguirá provavelmente a formulação do presidente Barack Obama: trabalhar para um mundo não nuclear, mantendo, apesar disso, um dissuasor nuclear”.

Esperem aí, será que isto faz sentido? Não, mas é o tipo de consenso da OTAN. A paz através da guerra, o desarmamento nuclear através do armamento nuclear, e acima de tudo, a defesa dos estados membros enviando forças expedicionárias para enfurecer os nativos de países distantes.

Uma estratégia não é um consenso escrito por comissões.

O método americano de “permanente negociação, diálogo, difusão e procura de um consenso formal” neutraliza qualquer resistência que possa aparecer ocasionalmente. Assim, a Alemanha e a França resistiram inicialmente à entrada da Geórgia na OTAN, assim como ao célebre “escudo antimíssil”, considerados ambos como provocações abertas capazes de provocar nova corrida às armas com a Rússia e de prejudicar as frutuosas relações da Alemanha e da França com Moscou, sem qualquer resultado útil. Mas os Estados Unidos não aceitam um não como resposta, e continuam a repetir os seus imperativos até esmorecer a resistência. A única exceção recente foi a recusa da França em aderir à invasão do Iraque, mas a reação irritada dos Estados Unidos assustou a classe política conservadora francesa, o que levou ao apoio de Nicolas Sarkozy, pró-americano.

À PROCURA DE “AMEAÇAS” E “DESAFIOS”

O verdadeiro conteúdo do que passa por um “conceito estratégico” foi declarado pela primeira vez, e posto em ação, na primavera de 1999, quando a OTAN desafiou a lei internacional, as Nações Unidas e a sua própria carta inicial entrando numa guerra agressiva, fora do seu perímetro de defesa, contra a Iugoslávia. Esse passo transformou a OTAN de uma aliança defensiva para uma aliança ofensiva. Dez anos depois, a madrinha dessa guerra, Madeleine Albright, foi escolhida para presidir o “grupo de especialistas” que passou vários meses realizando seminários, consultas e reuniões para preparação da agenda de Lisboa.

Entre os mais importantes nesses encontros estavam Lord Peter Levene, presidente do Lloyd’s de Londres, a gigantesca seguradora, e o antigo diretor executivo da Royal Dutch Shell, Jeroen van der Veer. Essas figuras da classe dirigente não são propriamente estrategistas militares, mas a sua participação serve para garantir, à comunidade internacional de negócios, que vão ser levados em consideração os seus interesses a nível mundial.

É bem verdade que o rol de ameaças enumeradas por Rasmussen num discurso do ano passado dava a entender que a OTAN trabalhava para a indústria dos seguros. Disse ser necessário que a OTAN tratasse do combate à pirataria, da segurança cibernética, da alteração climática, de incidentes radicais do clima tais como tempestades e inundações catastróficas, da elevação dos níveis do mar, da movimentação em grande escala de populações para áreas desabitadas, por vezes atravessando fronteiras, da escassez de água, secas, da diminuição da produção de alimentos, do aquecimento global, das emissões de CO2, do recuo dos gelos do Ártico, que revelam recursos até agora inacessíveis, da eficiência de combustíveis, da dependência de recursos externos etc.

A maior parte das ameaças apresentadas nem mesmo de longe podem ser interpretadas como exigindo soluções militares. Obviamente, não são os “estados vilões” nem os “bastiões de tirania” nem os “terroristas internacionais” que são responsáveis pela alteração climática; no entanto, Rasmussen apresenta-os como desafios para a OTAN.

Por outro lado, alguns dos resultados desses cenários, como os movimentos de populações provocados pela elevação dos níveis do mar ou pela seca, podem de fato ser considerados como potenciais causas de crises. O aspecto sinistro dessa enumeração é precisamente que esses problemas são avidamente agarrados pela OTAN como exigindo soluções militares.

A maior ameaça para a OTAN é ficar obsoleta. E a procura de um “conceito estratégico” é a procura de pretextos para se manter em ação.

A AMEAÇA DA OTAN PARA O MUNDO

Embora ande à procura de ameaças, é a própria OTAN que constitui uma ameaça crescente para o mundo. A ameaça básica é a sua contribuição para o reforço da tendência liderada pelos Estados Unidos para abandonar a diplomacia e as negociações em favor da força militar. Isto percebe-se claramente quando Rasmussen inclui os fenômenos climáticos na sua lista de ameaças para a OTAN, quando eles deviam ser, pelo contrário, problemas para a diplomacia e negociações internacionais. O perigo crescente é que a diplomacia ocidental está moribunda. Os Estados Unidos deram o tom: nós somos virtuosos, nós temos o poder, o resto do mundo tem que obedecer, senão…

A diplomacia é desprezada como sendo uma fraqueza. O Departamento de Estado há muito que deixou de estar no centro da política externa dos Estados Unidos. Com a sua ampla rede de bases militares em todo o mundo, assim como adidos militares em embaixadas e inúmeras missões em países clientes, o Pentágono é incomparavelmente mais poderoso e influente no mundo que o Departamento de Estado.

Os últimos secretários de Estado, longe de procurarem alternativas diplomáticas à guerra, desempenharam de fato um papel preponderante na defesa da guerra em vez da diplomacia, desde Madeleine Albright nos Balcãs ou Colin Powell acenando com falsos tubos de ensaio no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A política é definida pelo Conselheiro de Segurança Nacional, por diversos grupos de opinião financiados por privados e pelo Pentágono, com a intervenção de um Congresso que, por sua vez, é formado por políticos ansiosos em obter contratos militares para as suas clientelas.

A OTAN está arrastando os aliados europeus de Washington pelo mesmo caminho. Tal como o Pentágono substituiu o Departamento de Estado, a OTAN está a ser utilizada pelos Estados Unidos como potencial substituto para as Nações Unidas. A “guerra do Kosovo” de 1999 foi um primeiro passo importante nessa direção. A França de Sarkozy, depois de ter entrado no comando conjunto da OTAN, está destruindo os serviços de diplomacia franceses, tradicionalmente competentes, reduzindo a sua representação civil em todo o mundo. Os serviços de relações externas da União Europeia que estão sendo criados por Lady Ashton não vão ter nem política nem autoridade próprias.

INÉRCIA BUROCRÁTICA

Por detrás dos seus apelos aos “valores comuns”, a OTAN é impulsionada, sobretudo, pela sua inércia burocrática. A própria aliança é uma excrescência do complexo militar-industrial dos Estados Unidos. Há sessenta anos que as aquisições militares e os contratos do Pentágono têm sido uma fonte essencial da investigação industrial, dos seus lucros, de empregos, de carreiras no Congresso e até mesmo de financiamentos universitários. A interação desses diversos interesses converge para determinar uma estratégia implícita dos Estados Unidos de conquista do mundo.

Uma rede global sempre em expansão, de 800 a mil bases militares em solo estrangeiro.

Acordos militares bilaterais com estados-clientes que oferecem formação em troca da compra obrigatória de armas fabricadas nos Estados Unidos e da reestruturação das suas forças armadas, trocando a defesa nacional pela segurança interna (ou seja, repressão) e a possível integração nas guerras de agressão lideradas pelos Estados Unidos [caso típico da pressão sobre o Brasil].

Utilização dessas relações estreitas com as forças armadas locais para influenciar a política interna de estados mais fracos.

Exercícios militares permanentes com estados clientes, que fornecem ao Pentágono um conhecimento perfeito sobre o potencial militar dos estados clientes, os integram na máquina militar dos Estados Unidos e alimentam mentalidade de “prontos para a guerra”.

Posicionamento estratégico da sua rede de bases, exercícios com “aliados” e militares de forma a cercar, isolar, intimidar e acabar por provocar importantes nações consideradas potenciais rivais, nomeadamente a Rússia e a China.

A estratégia implícita dos Estados Unidos, tal como as suas ações dão a entender, é uma conquista militar gradual para garantir o domínio do mundo. Uma característica original desse projeto de conquista do mundo é que, embora extremamente ativo, dia após dia, é praticamente ignorado pela grande maioria da população da nação conquistadora, assim como pelos seus aliados mais estreitamente dominados, ou seja, pelos estados da OTAN.

A propaganda infindável acerca das “ameaças terroristas” (as pulgas do elefante) e outras diversões mantêm a maioria dos americanos totalmente inconscientes quanto ao que está acontecendo, tanto mais facilmente quanto os americanos praticamente desconhecem o resto do mundo e. portanto. não se interessam minimamente. Os Estados Unidos podem varrer do mapa um país antes que a grande maioria dos americanos saiba onde é que ele se encontra.

A tarefa principal dos estrategistas dos Estados Unidos, cujas carreiras passam pelos grupos de opinião, conselhos de diretores, firmas de consultoria e governo, é muito mais justificar esse gigantesco mecanismo do que tentar dirigí-lo. Em grande medida, ele dirige-se a si mesmo.

Desde o colapso da “ameaça soviética”, que os políticos andam à procura de ameaças invisíveis ou potenciais. A doutrina militar dos Estados Unidos tem como objetivo atuar preventivamente contra qualquer rival potencial para a hegemonia mundial dos Estados Unidos. Desde o colapso da União Soviética, é a Rússia que mantém o maior arsenal bélico para além dos Estados Unidos e a China está crescendo rapidamente em poder econômico. Nenhum deles ameaça os Estados Unidos ou a Europa ocidental. Pelo contrário, ambos estão dispostos e desejosos de se concentrarem em negócios pacíficos.

Mas encontram-se cada vez mais alarmados com o cerco militar e com os exercícios militares provocatórios realizados pelos Estados Unidos mesmo à sua porta. A implícita estratégia agressiva pode ser obscura para a maioria dos americanos, mas é certeza absoluta que os dirigentes dos países visados percebem o que está acontecendo.

O TRIÂNGULO RÚSSIA-IRÃ-ISRAEL

Atualmente, o principal “inimigo” explícito é o Irã.

Washington afirma que o “escudo antimíssil”, que tenta impor aos seus aliados europeus, se destina a defender o ocidente do Irã. Mas os russos veem muito claramente que o escudo antimíssil está virado contra eles. Primeiro de tudo, sabem perfeitamente bem que o Irã não tem mísseis capazes, nem nenhum motivo para os usar contra o ocidente. É perfeitamente óbvio para todos os analistas bem informados que, mesmo que o Irã desenvolvesse armas nucleares e mísseis, seriam destinados a funcionar como dissuasor contra Israel, a superpotência nuclear regional que tem mãos livres para atacar os países vizinhos. Israel não quer perder essa liberdade de atacar, e naturalmente opõe-se ao dissuasor iraniano.

Os propagandistas israelenses clamam em voz alta contra a ameaça do Irã, e têm trabalhado incansavelmente para infectar a OTAN com a sua paranóia.

Israel até já foi descrita como o “29º membro da OTAN global”. Os funcionários israelenses têm trabalhado assiduamente junto de uma Madeleine Albright receptiva para se assegurarem de que os interesses israelenses são incluídos no “Conceito Estratégico”. Nos últimos cinco anos, Israel e a OTAN tomaram parte em exercícios navais conjuntos no Mar Vermelho e no Mediterrâneo, assim como em exercícios terrestres conjuntos desde Bruxelas até à Ucrânia. Em 16 de outubro de 2006, Israel tornou-se o primeiro país não europeu a fazer um acordo chamado “Programa de Cooperação Individual” com a OTAN para cooperação em 27 áreas diferentes.

Vale a pena notar que Israel é o único país fora da Europa que os Estados Unidos incluem na área da responsabilidade de seu Comando Europeu (em vez do Comando Central que cobre o resto do Médio Oriente).

Num seminário de Relações OTAN-Israel em Herzliya em 24 de Outubro de 2006, a ministra de relações exteriores israelense de então, Tzipi Livni, declarou que “a aliança entre a OTAN e Israel é uma coisa natural… Israel e a OTAN partilham uma visão estratégica comum. Sob muitos aspectos, Israel é a linha da frente que defende o nosso estilo de vida comum”.

Nem toda a gente nos países europeus considera que os colonatos israelenses na Palestina ocupada refletem “o nosso estilo de vida comum”.

Esta é sem dúvida uma das razões pelas quais o aprofundamento da união entre a OTAN e Israel não assumiu a forma aberta de dar a Israel uma vaga na OTAN. Principalmente depois do selvagem ataque a Gaza, uma decisão dessas iria levantar objeções nos países europeus. No entanto, Israel continua a fazer-se convidado da OTAN, apoiado ardentemente, claro, pelos seus fieis seguidores no Congresso dos Estados Unidos.

A causa principal dessa crescente simbiose Israel-OTAN foi identificada por Mearsheimer e Walt: é o vigoroso e poderoso lobby pró-Israel nos Estados Unidos. [1]

Os lobbies israelenses também são fortes na França, na Grã-Bretanha e no Reino Unido. Têm desenvolvido com entusiasmo o tema de Israel como a “linha da frente” na defesa dos “valores ocidentais” contra o islã militante. O fato de o islã militante ser principalmente um produto dessa “linha da frente” cria um círculo vicioso perfeito.

A atitude agressiva de Israel para com os seus vizinhos regionais seria uma responsabilidade grave para a OTAN, capaz de ser arrastada para guerras do interesse de Israel que não interessam mesmo nada à Europa.

Mas há uma sutil vantagem estratégica na conexão israelense que, segundo parece, está sendo usado pelos Estados Unidos… contra a Rússia.

Subscrevendo a histérica teoria da “ameaça iraniana”, os Estados Unidos podem continuar a afirmar, sem corar, que o planejado escudo antimíssil é dirigido contra o Irã, e não contra a Rússia. Não é que esperem convencer os russos. Mas pode ser utilizado para fazer com que os protestos deles pareçam “paranóicos” –pelo menos aos ouvidos dos ingênuos ocidentais. Meu caro, de que é que eles se queixam, se nós “restabelecemos” as nossas relações com Moscou e convidamos o presidente russo para a nossa alegre assembleia de “Conceito Estratégico?

No entanto, os russos sabem muito bem que:

--O escudo anti-míssil vai ser construído em volta da Rússia, que tem mísseis, que mantêm como dissuasores.

--Neutralizando os mísseis russos, os Estados Unidos ficam de mãos livres para atacar a Rússia, sabendo que a Rússia não pode retaliar.

Portanto, digam o que disserem, o escudo antimíssil, se funcionar, servirá para facilitar uma eventual agressão contra a Rússia.

O CERCO EM VOLTA DA RÚSSIA

O cerco em volta da Rússia continua no Mar Vermelho, no Báltico e no círculo Ártico.

Funcionários dos Estados Unidos continuam a afirmar que a Ucrânia deve integrar a OTAN.

Ainda esta semana, numa coluna do New York Times, Ian J. Brzezinski, filho de Zbigniew, avisou Obama quanto ao perigo do abandono da “visão” de uma Europa “unida, livre e segura” incluindo “a inclusão da Geórgia e da Ucrânia na OTAN e na União Europeia”. O fato de a grande maioria da população da Ucrânia ser contra a entrada na OTAN não foi levada em consideração.

Para o atual rebento da nobre dinastia Brzezinski, é a minoria que conta. Abandonar a visão “isola os que, na Geórgia e na Ucrânia, veem o seu futuro na Europa. Reforça as aspirações do Kremlin a uma esfera de influência…

A noção de que “o Kremlin” aspira a uma “esfera de influência” na Ucrânia é absurda, considerando os laços históricos extremamente fortes entre a Rússia e a Ucrânia, cuja capital Kiev foi o berço do estado russo. Mas a família Brzezinski é proveniente da Galícia, a parte da Ucrânia ocidental que pertenceu outrora à Polônia, e que é o centro da minoria antirussa. A política externa dos Estados Unidos é, frequentemente, influenciada por essas rivalidades estrangeiras que a grande maioria dos americanos ignora completamente.

Os Estados Unidos continuam com a sua insistência incansável em absorver a Ucrânia, apesar de isso implicar a expulsão da frota russa do Mar Negro da sua base na península da Crimeia, onde a população local é esmagadoramente de língua russa e pró-russa. Isto é a receita para uma guerra com a Rússia, se alguma vez ocorrer.

E, entretanto, os funcionários americanos continuam a declarar o seu apoio à Geórgia, cujo presidente treinado pelos americanos espera abertamente levar a OTAN a apoiar a sua próxima guerra contra a Rússia.

Para além das manobras navais provocatórias no Mar Negro, os Estados Unidos, a OTAN e a Suécia e a Finlândia que não são (ainda) membros da OTAN, realizam regularmente importantes exercícios militares no Mar Báltico, praticamente à vista das cidades russas de São Petersburgo e Kaliningrado. Esses exercícios envolvem milhares de efetivos terrestres, centenas de aeronaves, incluindo os caças a jato F-15, aviões AWACS, assim como forças navais que incluem o U.S. Carrier Strike Group 12, barcos de desembarque e navios de guerra de uma dúzia de países.

Talvez o mais sinistro disto tudo, os Estados Unidos têm envolvido persistentemente, na região do Ártico, o Canadá e os estados escandinavos (incluindo a Dinamarca através da Groenlândia) num posicionamento estratégico militar abertamente dirigido contra a Rússia. O objetivo desse posicionamento no Ártico foi afirmado por Fogh Rasmussen quando referiu, entre as “ameaças” que a OTAN tem que enfrentar, o fato de que o “gelo do Ártico está recuando, libertando recursos que até agora têm estado cobertos pelos gelos”.

Ora bem, podíamos pensar que essa descoberta de recursos seria uma oportunidade para a cooperação na sua exploração. Mas não é essa a disposição oficial dos Estados Unidos.

Em outubro passado, o almirante americano James G. Stavridis, comandante supremo da OTAN na Europa, disse que o aquecimento global e a corrida aos recursos poderia levar a um conflito no Ártico. O almirante Christopher C. Colvin, da Guarda Costeira, responsável pela linha costeira do Alasca, disse que a atividade mercante marítima russa no Oceano Ártico constituía “preocupação especial” para os Estados Unidos e pediu mais recursos militares na região.

O Serviço Geológico dos EUA crê que o Ártico contém um quarto dos depósitos mundiais inexplorados de petróleo e de gás. Sob a Convenção da Lei dos Mares das Nações Unidas, de 1982, um estado costeiro tem direito a uma EEZ [Zona Econômica Exclusiva] de 200 milhas náuticas e pode reclamar mais 150 milhas se provar que o fundo do mar é a continuação da sua plataforma continental.

A Rússia está requerendo isso.

Depois de pressionar o resto do mundo a adotar a Convenção, o Senado dos Estados Unidos ainda não ratificou o Tratado.

Em janeiro de 2009, a OTAN declarou que o “Alto Norte” era de “interesse estratégico para a Aliança” e, desde então, a OTAN tem realizado vários importantes jogos de guerra nitidamente em preparação de um eventual conflito com a Rússia sobre os recursos do Ártico.

A Rússia desmantelou fortemente as suas defesas no Ártico depois do colapso da União Soviética e tem apelado para a negociação de compromissos quanto ao controle de recursos.

Em setembro passado, o primeiro-ministro Vladimir Putin apelou por esforços conjuntos para proteger o frágil ecossistema, atrair o investimento estrangeiro, promover tecnologias amigáveis ao ambiente e tentar solucionar as disputas através da lei internacional.

Mas os Estados Unidos, como de costume, preferem resolver as questões pela força. Isso pode levar a uma nova corrida armamentista no Ártico e até mesmo a confrontos armados.

Apesar de todas essas movimentações provocatórias, é muito pouco provável que os Estados Unidos procurem uma guerra com a Rússia, embora não se possam excluir confrontos e incidentes aqui e além.

Segundo parece, a política dos Estados Unidos é cercar e intimidar a Rússia de tal modo que ela aceite um estatuto de semissatélite que a neutralize no futuro conflito previsível com a China.

O ALVO CHINA

A única razão para ter a China na mira é a mesma da razão proverbial para escalar a montanha: ela está ali. É grande. E os Estados Unidos têm que estar no topo de tudo.

A estratégia para dominar a China é a mesma seguida para com a Rússia. É a guerra clássica: cerco, assédio, apoio mais ou menos clandestino a questões internas.

Como exemplos dessa estratégia:

--Os Estados Unidos estão reforçando de forma provocativa a sua presença militar ao longo das costas chinesas do Pacífico, oferecendo “proteção contra a China” a países asiáticos do leste.

--Durante a guerra fria, quando a Índia recebia o seu armamento da União Soviética e assumia uma postura não alinhada, os Estados Unidos armaram o Paquistão como seu principal aliado regional. Agora, os Estados Unidos estão desviando os seus favores para a Índia, a fim de manter a Índia fora da órbita da “Organização de Cooperação Xangai” e de a utilizar como um contrapeso à China.

--Os Estados Unidos e seus aliados apoiam qualquer dissidência interna que possa enfraquecer a China, seja o Dalai Lama, os Uighurs, ou Liu Xiaobo, o dissidente preso.

O “Prêmio Nobel da Paz” foi atribuído a Liu Xiaobo por uma comissão de legisladores noruegueses chefiados por Thorbjorn Jagland, o eco de Tony Blair na Noruega, que foi primeiro-ministro e ministro das relações exteriores da Noruega, e tem sido um dos principais defensores da OTAN em seu país.

Numa conferência patrocinada pela OTAN de parlamentares europeus no ano passado, Jagland declarou: “Quando somos incapazes de impedir a tirania, começa a guerra. É por isso que a OTAN é indispensável. A OTAN é a única organização militar multilateral com raízes na lei internacional. É uma organização que a ONU pode usar quando necessário –para impedir a tirania, tal como fizemos nos Balcãs”. Isso é uma espantosa adulteração dos fatos, considerando que a OTAN desafiou abertamente a lei internacional e as Nações Unidas quando declarou guerra nos Balcãs –onde, na realidade, havia conflitos étnicos, mas não havia “tirania” alguma.

Ao anunciar a escolha de Liu, a comissão norueguesa do Nobel, chefiada por Jagland, declarou que “há muito que considerava que há estreita ligação entre os direitos humanos e a paz”. A “estreita ligação”, para seguir a lógica das próprias afirmações de Jagland, é que, se um estado estrangeiro não respeita os direitos humanos segundo as interpretações ocidentais, pode ser bombardeado, tal como a OTAN bombardeou a Iugoslávia. De fato, os mesmos poderes que mais barulho fizeram sobre os “direitos humanos”, nomeadamente os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, são os que mais guerras fazem em todo o mundo. As afirmações do norueguês tornam claro que a atribuição do “Prêmio Nobel da Paz” a Liu (que passou algum tempo na Noruega quando jovem) correspondia, na realidade, a uma confirmação da OTAN.

“DEMOCRACIAS” PARA SUBSTITUIR AS NAÇÕES UNIDAS

Os membros europeus da OTAN pouco acrescentam ao poder militar dos Estados Unidos. A sua contribuição é acima de tudo política. A sua presença mantém a ilusão de uma “Comunidade Internacional”. A conquista do mundo que está sendo tentada pela inércia burocrática do Pentágono pode ser apresentada como a cruzada das “democracias” do mundo para espalhar a sua ordem política esclarecida pelo resto de um mundo recalcitrante.

Os governos euro-atlânticos proclamam a sua “democracia” como prova do seu direito absoluto de intervir nos assuntos do resto do mundo. Com base na falácia de que os “direitos humanos são necessários para a paz”, proclamam o seu direito a fazer a guerra.

Uma questão crucial é se a “democracia ocidental” ainda tem força para desmantelar esta máquina de guerra antes que seja tarde demais."

[1] No seu livro “The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy” (2007), descrevem este lobby como uma “coligação informal de indivíduos e organizações que trabalham ativamente para guiar a política externa dos Estados Unidos numa direcção pró-Israel”. O livro “concentra-se principalmente na influência do lobby sobre a política externa dos Estados Unidos e nos seus efeitos negativos para os interesses americanos” (N.T.)

sábado, 26 de março de 2011

Islândia, um país que pune os banqueiros responsáveis pela crise

A grande maioria da população ocidental sonha desde 2008 em dizer "não" aos bancos, mas ninguém se atreveu a fazê-lo. Ninguém, excepto os islandeses, que levaram a cabo uma revolução pacífica que conseguiu não só para derrubar um governo e elaborar uma nova Constituição, mas também enviar para a cadeia os responsáveis pela derrocada econômica do país. Crise financeira e econômica provocou uma reação pública sem precedentes, que mudou o rumo do país. O artigo é de Alejandra Abad.

Na semana passada, nove pessoas foram presas em Londres e em Reykjavik (capital da Islândia) pela sua responsabilidade no colapso financeiro da Islândia em 2008, uma profunda crise que levou a uma reação pública sem precedentes, que mudou o rumo do país.

Foi a revolução sem armas da Islândia, país que hospeda a democracia mais antiga do mundo (desde 930), e cujos cidadãos conseguiram mudar com base em manifestações e panelas. E porque é que o resto dos países ocidentais nem sequer ouviram falar disto?

A pressão da cidadania islandesa conseguiu não só derrubar um governo, mas também a elaboração de uma nova Constituição (em andamento) e colocar na cadeia os banqueiros responsáveis pela crise no país. Como se costuma dizer, se você pedir educadamente as coisas é muito mais fácil obtê-las.

Este processo revolucionário silencioso tem as suas origens em 2008, quando o governo islandês decidiu nacionalizar os três maiores bancos - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir - cujos clientes eram principalmente britânicos, americanos e norte-americanos.

Depois da entrada do estado no capital a moeda oficial (coroa) caiu e a Bolsa suspendeu a sua atividade após uma queda de 76%. A Islândia foi à falência e para salvar a situação o Fundo Monetário Internacional (FMI) injectou 2.1 bilhões de dólares e os países nórdicos ajudaram com mais de 2.5 bilhões de euros.

As grandes pequenas vitórias das pessoas comuns
Enquanto os bancos e as autoridades locais e estrangeiras procuravam desesperadamente soluções econômicas, o povo islandês tomou as ruas, e com as suas persistentes manifestações diárias em frente ao parlamento em Reykjavik provocou a renúncia do primeiro-ministro conservador Geir H. Haarde e do governo em bloco.

Os cidadãos exigiram, além disso, a convocação de eleições antecipadas, e conseguiram. Em abril, foi eleito por um governo de coligação formada pela Aliança Social Democrata e Movimento Esquerda Verde, chefiado por uma nova primeira-ministra, Johanna Sigurdardottir.

Ao longo de 2009, a economia islandesa continuou em situação precária (fechou o ano com uma queda de 7% do PIB), mas, apesar disso, o Parlamento propôs pagar a dívida de 3.5 bilhões euros à Grã-Bretanha e Holanda, um montante a ser pago mensalmente pe as famílias islandesa durante 15 anos com juros de 5,5%.

A mudança trouxe a ira de volta dos islandeses, que voltaram para as ruas exigindo que, pelo menos, a decisão fosse submetida a referendo. Outra nova pequena grande vitória dos protestos de rua: em março de 2010 a votação foi realizada e o resultado foi que uma esmagadora de 93% da população se recusou a pagar a dívida, pelo menos nessas condições.

Isso levou os credores a repensar o negócio, oferecendo juros de 3% e pagamento a 37 anos. Mesmo se fosse suficiente, o atual presidente, ao ver que o Parlamento aprovou o acordo por uma margem estreita, decidiu no mês passado não o aprovar e chamar de volta os islandeses para votar num referendo, para que sejam eles a ter a última palavra.

Os banqueiros estão fugindo atemorizados
Voltando à situação tensa de 2010, enquanto os islandeses se recusaram a pagar uma dívida contraída pelos os tubarões financeiros sem os questionar, o governo de coligação lançou uma investigação para resolver juridicamente as responsabilidades legais da fatal crise econômica e já havia detido vários banqueiros e executivos de cúpula intimamente ligados às operações de risco.

Entretanto, a Interpol, tinha emitido um mandado internacional de captura contra o presidente do Parlamento, Sigurdur Einarsson. Esta situação levou os banqueiros e executivos, assustados, a deixar o país em massa.

Neste contexto de crise, elegeu-se uma Assembleia para elaborar uma nova Constituição que reflita as lições aprendidas e para substituir a atual, inspirada na Constituição dinamarquesa.

Para fazer isso, em vez de chamar especialistas e políticos, a Islândia decidiu apelar directamente ao povo, soberano, ao fim e ao cabo, das leis. Mais de 500 islandeses apresentaram-se como candidatos a participar neste exercício de democracia direta de redigir uma Constituição, dos quais foram eleitos 25 cidadãos sem filiação partidária, que incluem advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais.

Entre outros desenvolvimentos, esta Constituição é chamada a proteger, como nenhuma outra, a liberdade de informação e expressão, com a chamada Iniciativa Islandesa Moderna para os Meios de Comunicação, um projeto de lei que visa tornar o país um porto seguro para o jornalismo de investigação e liberdade de informação, onde se protejam as fontes, jornalistas e os provedores de internet que alojem órgãos de informação

Serão as pessoas, por uma vez, para decidirão sobre o futuro do país, enquanto os banqueiros e os políticos assistem (alguns da prisão) à transformação de uma nação, mas do lado de fora.

Tradução para o português: Vermelhos.net

O 13º SALÁRIO NUNCA EXISTIU raciocinio interessante

O 13º SALÁRIO NUNCA EXISTIU

Richard Xavier Cuyumjiam




Agora descobri o porquê nos países Europeus e nos EEUU, o pessoal recebe por semana! E nós “Brasitrouxas”, dormimos no barulho destes políticos.

Os Ingleses recebem os ordenados semanalmente!

Mas ... há sempre uma razão para as coisas - e os ingleses NÃO FAZEM NADA POR ACASO!!!

Ora bem, cá está um exemplo aritmético simples, que não exige altos conhecimentos de Matemática, mas talvez necessite de conhecimentos médios de desmontagem de retórica enganosa.

Uma forma de desmascarar os brilhantes neo-liberais e os seus técnicos (lacaios) que recebem pensões de ouro para nos enganarem com as suas brilhantes teorias...

Fala-se que o governo pode vir a não pagar aos funcionários públicos o 13º salário. Se o fizerem, é uma roubalheira sobre outra roubalheira.

Perguntarão por que?

Respondo: Porque o 13º salário não existe.

O 13º salário é uma das mais escandalosas, de todas as mentiras do sistema capitalista. É, justamente aquela em que os trabalhadores mais acreditam.

Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar os trabalhadores.

Suponhamos que você ganha R$ 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses, você recebe um total de R$ 8.400,00 por um ano de doze meses.

R$ 700 X 12 = R$ 8.400,00

Em Dezembro, o generoso patrão manda então, pagar-lhe o conhecido 13º salário. É lei ...

R$ 8.400,00 + 13º salário = R$ 9.100,00

R$ 8.400,00 (Salário anual) + R$ 700,00 (13º salário) = R$ 9.100,00 (Salário anual, mais o 13º salário)

O trabalhador vai para casa todo feliz com o patrão.

Agora veja bem o que acontece, quando o trabalhador se predispõe a fazer uma simples conta que aprendeu no Ensino Fundamental:

Se o trabalhador recebe R$ 700,00 por mês, e o mês tem quatro semanas, significa que ganha R$ 175,00 por semana.

R$ 700,00 (Salário mensal) / 4 (semanas do mês) = R$ 175,00 (Salário semanal)

O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos R$ 175,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será R$ 9.100,00.

R$ 175,00 (Salário semanal) X 52 (número de semanas anuais) = R$ 9.100.00

O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o 13º salário.

Surpresa, surpresa? Onde está portanto o 13º Salário?

A explicação é simples, embora os nossos conhecidos líderes silenciem, pois nunca se deram conta desse fato simples.

A resposta é que o patrão lhe rouba uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias, outros com 31, e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda assim, apesar de cinco semanas, o patrão só paga quatro semanas) o salário é o mesmo, tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro ou cinco semanas.

No final do ano, o generoso patrão presenteia o trabalhador com um 13º salário, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador.

Se o governo retirar o 13º salário dos trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.

Daí que, como palavra final para os trabalhadores inteligentes, não existe nenhum 13º salário. O patrão apenas devolve o que sorrateiramente lhe surrupiou do salário anual.

Conclusão: Os Trabalhadores recebem o que já trabalharam, e não um adicional.

Com emprego e carteira, Previdência zerará déficit

A correria de ontem, com a convenção do PDT não me deu oportunidade de ler antes – e trazer para vocês – uma informação importantíssima publicada sem destaque.

É a de que o aquecimento da economia, com a geração de mais empregos, e a formalização crescente do mercado de trabalho, o déficit da Previdência vai se reduzindo cada vez mais.

De R$ 10 bilhões (corrigidos pelo INPC), em 2009, para R$7,9 bilhões e, agora, em 2011, ficou em R$ 6,35 bilhões.

É verdade que, mesmo com a ampliação do reajuste do ano passado, os proventos da aposentadoria tiveram perdas e isso explica parte do resultado. Mas só parte, porque o essencial é que a arrecadação cresce e já se pode dizer que a previdência só é deficitária porque recaem sobre elas as aposentadorias rurais, uma atitude social mais que justa que, entretanto, tem seu custo do ponto de vista contábil. E que se agrava com uma atividade agrícola que absorve cada vez menos mão-de-obra.

Diz a matéria da Agência Globo:

“(…)o desequilíbrio nas contas veio do setor rural. A arrecadação desse segmento com contribuições caiu 9,9% em fevereiro na comparação com janeiro, somando R$339 milhões, e o pagamento de benefícios subiu 2,9%, ficando em R$4,59 bilhões. A diferença provocou um déficit de R$4,26 bilhões. O setor urbano registrou superávit de R$942,1 milhões no mês passado, com arrecadação de R$17,4 bilhões (3,6% frente a janeiro) e despesas de R$16,5 bilhões (4,5% a mais que no primeiro mês do ano).”

É porém, uma conta que todos nós teremos de suportar, porque o atraso historicamente acumulado nas relações de trabalho no campo é não paenas uma vergonha, mas uma dívida de toda a nação com milhões de nossos irmãos (ainda que os tecnocratas não pensem assim).

No momento em que a presidente Dilma Rousseff fala em desoneração da carga tributária sobre a folha de pagamentos – correto! – temos de abrir um grande debate nacional sobre fontes de financiamento da Previdência. E não há setor que ganhe mais, contribuindo menos que o setor financeiro, onde o emprego se torna cada vez menor, graças à automação.

Combater as fraudes e os desperdícios, que é necessário e sempre tem a cobrança da mídia, não pode ser o centro deste debate, que deve passar sempre pela ideia de que não é possível que o empresário que emprega mais seja “punido” com o peso dos tributos enquanto os que lucram muito com pouco emprego ficam com ônus muito menores.

post d tijolaço

BRASIL NO PÁREO MUNDIAL DE RADIAÇÃO SÍNCROTRON

Fachada do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron em Campinas/SP (Foto: LNLS/Divulgação)

Por Antônio Arapiraca, no Terra Magazine

“À primeira vista, a origem de recentes avanços da indústria de cosméticos não teria nada em comum com o da pesquisa em arqueologia e paleontologia, ou mesmo com os novos passos da indústria de fármacos e da eletrônica. No entanto, um tipo especial de luz vem sendo responsável por ajudar essas e outras áreas a obter novos produtos ou realizar importantes descobertas. Os cientistas chamam esse tipo de radiação de Luz Síncrotron. E o Brasil está entre os países que detém a tecnologia de construção de fontes que emitem essa radiação, através do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas, São Paulo.

Ano passado, a direção do LNLS anunciou a construção de nova fonte, maior e mais potente do que a atual, que conta com tubo em forma de anel de 93,2 metros de comprimento, onde um feixe de elétrons é acelerado até atingir energia de 1,37 GeV (Gigaelétron-Volts*). Esses elétrons, quando colocados em movimento numa trajetória circular, emitem a chamada luz síncrotron, um tipo de radiação altamente intensa.

Já a nova fonte síncrotron, que se chamará Sirius, contará com 3 GeV de capacidade energética, e será equivalente às fontes ALBA (Espanha) e Diamond (Reino Unido), e superior à fonte Soleil (França), que conta com 2,75 GeV. Um detalhe importante é que o LNLS foi o primeiro laboratório desse tipo construído no hemisfério sul, o que demonstra que aqui nas nossas terras férteis e verdejantes temos também capacidade de desenvolver áreas de altíssima tecnologia.

Essa é uma porta aberta para colocar o país no páreo de tendência mundial, que é utilizar esse tipo de luz para auxiliar diversas pesquisas científicas e industriais, estimulando assim o desenvolvimento de novas tecnologias. Com esse tipo de luz, o Brasil poderá ser importante colaborador e até mesmo galgar o protagonismo nos mais variados tipos de investigações no mundo, como o desenvolvimento de fármacos inteligentes, que ajudariam com mais eficiência no tratamento de diversas enfermidades. Para ajudar nesse tipo de pesquisa o LNLS mantém centros de pesquisas associados, como o Centro de Biologia Molecular e Estrutural (CEBIME) que, em conjunto com o Instituto Butantan, desenvolve estudo que investiga a estrutura de proteína que é sintetizada pelo parasita Schistosoma mansoni, responsável pela esquistossomose. Elucidar a estrutura desta proteína vai abrir perspectiva para o desenvolvimento de vacina contra a doença.

A corrida pelo desenvolvimento de novos materiais para a indústria de computadores, produzindo assim chips processadores mais velozes e eficientes, tem sido acirrada em todo mundo. E no LNLS existem poderosos microscópios que ajudam a radiação Síncrotron na caracterização e estudo de semicondutores, além de laboratórios de microfabricação e síntese química. A preocupação com esse tipo de tecnologia é tanta que, em 2008, o LNLS criou o Centro de Nanociência e Nanotecnologia Cesar Lattes (C2Nano), que visa a estudar as propriedades dos materiais em nível atômico e molecular.

Anel Acelerador com a proteção de concreto para evitar que os cientistas tenham contato com a radiação (Foto: LNLS/Divulgação)

O leque de aplicações dessa luz especial não para por aí. É possível também estudar a formação de aminoácidos no espaço, simulando, em laboratório, as condições de formação dos mesmos em atmosferas estelares. Os aminoácidos formam as proteínas e têm importantes relações com a molécula de DNA, já que essa molécula determina a identidade e a ordem do aminoácido na proteína. Ou seja, esse tipo de radiação nos dá importantes informações sobre a origem da vida. Aplicações mais inusitadas já são feitas nas áreas de arqueologia e palentologia e é possível investigar a estrutura interna de um fóssil sem causar danos ao mesmo.

Segundo o diretor do LNLS, Antônio José Roque da Silva, 85% da tecnologia presente hoje no laboratório foi totalmente desenvolvida no país. Ele aponta que a questão da inovação tecnológica tem sido preocupação constante e que o LNLS tem buscado parceiros. "Nós temos hoje recursos de fontes governamentais e de parcerias com a indústria. Estas últimas somam montante de 10% de todo o volume. Nosso maior parceiro atualmente é a Petrobrás, mas estamos tentando diversificar", disse. O cientista apontou que o LNLS contratou recentemente um pesquisador francês, especialista na interação com áreas de cosméticos. Além disso, a Natura e outras empresas foram convidadas para aprenderem sobre as possibilidades do LNLS para o setor.

Referente ao montante orçamentário para construção da nova fonte Sirius, Roque da Silva informou que o custo será de, aproximadamente, 200 milhões de dólares, num período de 4 a 5 anos de construção e que, apesar da cifra parecer alta, esse valor está bem abaixo caso o país fosse comprar toda a tecnologia no exterior. "Como já temos a tecnologia e o aprendizado de construção de fonte de radiação, isso minimiza os custos", afirmou.

Todo o leque de aplicações que pode ser feito com esse tipo de tecnologia faz com que o uso de radiação síncrotron pareça coisa de filme de ficção científica, mas é tudo pura realidade. Resta saber se, com as mudanças políticas e cortes orçamentários constantes, o país terá condições de manter investimentos em áreas de alta tecnologia como essas.

OBS: *O elétron-volt é uma unidade de medida de energia. Um elétron-volt é a quantidade de energia cinética ganha por um único elétron quando acelerado por uma diferença de potencial elétrico de um volt, no vácuo”.

FONTE: escrito por Antônio Arapiraca, de Curvelo (MG). O autor é físico, professor do CEFET/MG e editor do fóton. Publicado no portal “Terra Magazine”

sexta-feira, 25 de março de 2011

Emir Sader: “O IMPERIALISMO, FASE ATUAL DO CAPITALISMO”


“Mesmo sabendo que o Brasil não votou a favor da resolução da ONU sobre o ataque à Líbia, Obama teve a deselegância de dar a ordem de começo da operação militar em solo brasileiro, durante sua viagem relâmpago ao nosso país. Ao mesmo tempo, esbanjou charme, ele e sua mulher, fez elogios fartos ao Brasil e a Dilma –mesmo se muito parco nos acordos concretos.

A visita de Obama permitiu conhecer de perto as duas caras do mesmo do rosto da potência imperial. A fisionomia pode ser grosseira, como a do seu antecessor, Bush, ou ter a cara simpática de Obama, mas a política continua sendo a mesma: imperial, belicista, agressiva.

Porque os EUA não são apenas um país rico. São a cabeça do sistema imperialista mundial. Um sistema que teve sua origem no sistema colonial, aquele que, desde a Europa, submeteu os países dos outros continentes, os explorou, os oprimiu –usando trabalho escravo da África–, dividiu-os entre si e constituiu um sistema internacional de poder que passou a controlar o mundo, sob hegemonia inglesa.

A decadência inglesa abriu campo para uma disputa de sucessão entre duas potências emergentes –a Alemanha e os EUA-, que as duas guerras mundiais resolveram a favor deste último. Ao mesmo tempo, as formas de dominação foram mudando. Da ocupação direta, que considerava que as colônias faziam parte dos territórios do país colonizador, foi se passando a formas de dominação que conviviam com a independência politica dos países dominados, mas submetidos a forte controle econômico, tecnológico e militar. Foi se passando do sistema colonial ao sistema imperialista, que tem nos EUA sua cabeça fundamental. Fundem-se no poder norte-americano o poder econômico, político, tecnológico, militar e ideológico.

O imperialismo e os monopólios são a consequência natural da concorrência capital no mercado, em que os mais fortes se tornam cada vez mais fortes, os poderosos cada vez mais poderosos. A concentração de renda e de poder é resultado obrigatório das condições da concorrência, em que o Estado tem papel estratégico, seja de favorecer os grandes grupos econômicos, seja de promover os interesses das grandes potências nos conflitos internacionais.

Os EUA passaram a defender os interesses do bloco capitalista em escala mundial, mediante sua força militar, sua capacidade de ação política, de exportação global dos valores das suas formas de vida –o “modo de vida norte-americano”. Defendeu esse bloco durante a Guerra Fria –do término da Segunda Guerra Mundial até o fim da URSS (de 1945 a 1991)– contra os “riscos do comunismo”.

Terminado esse período, passaram a buscar inimigos que justificassem a manutenção e a contínua militarização da sua economia e dos conflitos. Encontraram no “terrorismo” esse novo inimigo. As guerras do Afeganistão, do Iraque e agora da Líbia, expressam a forma concreta que essa luta adquire –contra países árabes, portadores de recursos energéticos que os países ocidentais não dispõem ou dispõem de forma insuficiente.

Por que governantes de partidos distintos, com estilos diferentes, acabam defendendo os mesmos interesses: respeitando antes de tudo o poder dos bancos, da indústria bélica, mantendo as guerras iniciadas e começando outras? Porque, para além daquelas diferenças, se mantém o mesmo papel imperialista dos EUA? Porque é um Estado que tira sua legitimidade, sua força, dessa função de líder do bloco das potências capitalistas no mundo.

As guerras sempre foram parte integrante na afirmação da superioridade imperialista. Aproveitando-se da sua superioridade no plano militar, tratam de resolver os conflitos pela força, impõem-se a seus aliados valendo-se dessa superioridade militar. Assim, os EUA se tornaram a potência mais bélica da história da humanidade, não apenas pelo seu poderio militar, mas também pela quantidade de invasões, agressões, desembarques, participações em golpes militares.

Mesmo com a economia em recessão, os EUA mantêm sua capacidade de intervenção militar, de forma direta ou através de aliados, em quase todas as regiões do mundo, de que a Líbia agora é a confirmação. A luta pela democracia no mundo passa pela ruptura do mundo unipolar e a passagem a um mundo multipolar, em que o maior número de vozes possíveis sejam ouvidas para decidir os destinos da humanidade, até aqui concentrados nas mãos do maior império e o mais agressivo que a história conheceu.”

FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader

quinta-feira, 24 de março de 2011

Agnelli da Vale se tornou um dogma teológico

O Agnelli americano diz assim: “Peça demissão e vá trabalhar !”


O Valor informa na primeira página que Lázaro Brandão, do Bradesco, e o ministro Guido Mantega combinaram que Roger Agnelli será substituído por um funcionário da Vale que não professe a mesma religião do Agnelli.

A teologia do Estado pequeno.

Agnelli é um executivo profissional.

Fez carreira no Bradesco e pode fazer na VIVO, na VISA, na VIACOM e na Votorantim – para ficar na letra “V”.

É uma categoria de curso internacional.

Maximiza lucros para o patrão – os acionistas controladores – e os bônus (próprios).

No caso do Brasil há uma singularidade.

No imaginário político e na História Econômica, a Vale se opôs à Petrobrás.

As duas nasceram do cérebro do estadista Getulio Vargas.

Representaram o melhor instrumento que a Nação brasileira encontrou para explorar suas reservas minerais: o ferro e o petróleo.

Aí veio o Governo neoliberal do Farol de Alexandria.

Onde se professou a teologia que os Chicago Boys do Pinochet transformaram num Evangelho.

Por insistência do Padim Pade Cerra – clique aqui para assistir a vídeo histórico, em que FHC confessa que não resistiu à pressão do Cerra -, o Farol de Alexandria vendeu a Vale por um preço obscenamente baixo.

Compraram – por esse preço de casca de banana – o Bradesco, uma trading japonesa, a Mitsui (que quer que o Brasil se afunde, desde que ela venda minério de ferro à China), o BNDES e fundos de pensão dos funcionários de empresas estatais.

A Vale foi semi-privatizada, na verdade.

Porque os interesses do Estado ainda estão lá dentro.

Aí, o executivo Agnelli passou a fazer – como fazem eles todos, os executivos bem sucedidos – um trabalho impecável de relações públicas.

Não para a Vale, que não precisa gastar um tusta em anuncio ou em relações públicas.

Mas, em beneficio dele e da carreira dele.

E se transformou, como dizem os colonistas (*) do PiG (**) num “ícone” da boa gestão, da transparência, da visão não-estatal dos negócios.

Um evangelista do neoliberalismo.

(Como se sabe, um dos gurus do Ronald Reagan dizia: precisamos reduzir o Estado a tal ponto que seja possível afogá-lo numa banheira.)

O Conversa Afiada prefere dizer que Agnelli se tornou o “quindim de Iaiá” do PiG (**).

Ganhou todos os prêmios.

Saiu nas primeiras páginas mais do que a turma que o Bial dirige num certo período da programação da Globo.

É um pop star.

Como foi Jack Welch, presidente da General Electric, que se tornou um símbolo da boa gestão de uma empresa privada americana.

Welch foi, sim, o que o capitalismo americano produziu de melhor: empreendedor, carismático: primeiro o lucro, segundo o bônus.

Welch demitiu 128 mil funcionários da GE.

Era o administrador implacável.

Os funcionários morriam de medo dele.

Só pensava em eficiência, resultado, lucros, bônus.

Ai a empresa descobriu que ela tinha incluído entre seus “benefícios” pessoais o uso de 5 jatos particulares, uma mesada para comprar flores do apartamento que a empresa alugou para ele em Nova York, tickts para assistir a jogos de beisebol e boca livre num restaurante do prédio em que morava.

Welch criou o lema: “peça demissão e vá trabalhar”.

A GE sugeriu que ele pedisse demissão.

Ele levou para casa, de indenização, US$ 90 milhões de dólares.

No auge da crise americana de 2008, Agnelli também decidiu mandar pedir demissão e fazer trabalhar mais de mil funcionários da Vale.

Para maximizar lucros do Bradesco e da Mitsui, ele comprou navios na Ásia.

E cometeu o pecado que a revista Economist identificou: tornou a Vale uma empresa de um produto só (ferro) e de um cliente só (a China).

O Farol de Alexandria quase consegue tornar a Petrobrás numa Petrobrax para vender o pré-sal à Chevron do Cerra.

Clique aqui para ver que FHC não desiste: ele ainda quer vender o pré-sal.

E aqui para ver o que WikiLeaks mostrou: como o Cerra ia rasgar o regime de partilha do pré-sal para entregar à Chevron, por um preço ainda mais apetitoso que o da Vale.

Por causa desta polarização – Vargas x Fernando Henrique -, o PiG opôs a Vale à Petrobrás, sistematicamente.

A Vale é a GE do Jack Welch – um “ícone” da boa gestão capitalista, inspirada nos princípios do “mercado”.

E a Petrobrás, a única empresa de petróleo ineficiente do mundo.

Se Agnelli é o quindim de Iaiá, o Gabrielli é o Satanás da Bahia.

A propósito, leia aqui quanto a Petrobrás vai investir este ano e quanto comprará de empresas brasileiras.

Ou seja, a política da Petrobrás é outra: estimular a indústria da construção naval do Brasil, como faz no Rio Grande do Sul, em Pelotas, no Rio e em Suape.

E não comprar navios na Ásia.

É uma diferença substancial.

O Agnelli estimulou a criação de empregos na Ásia e reforçou o seu, na Vale.

Agnelli vai embora.

Como diz aquele amigo meu, português:

“Oh, pá. Então tens uma empresa que faz até hoje o que nós faziamos quando aqui chegamos: tira minério do sub-solo e vende lá fora ?
E ainda dizem que o gajo é um portento ?”

Mas, não tem problema.

Welch saiu às pressas da GE, como rei da boquinha e abriu uma consultoria.

E vive numa boa, com uma pensão anual de US$ 9 milhões – paga pelos acionistas da GE.

Esses executivos não perdem tempo.

Agnelli, peça demissão e vá trabalhar, diria o Agnelli americano.

Em tempo: este ansioso blogueiro é acionista da Vale e torce há muito tempo para que o Agnelli vá embora.

Em tempo2: não foi o Johnbim que disse, ao tomar posse, “lidere ou saia da frente” ? Esse é outro que podia pedir demissão e ir trabalhar.


Paulo Henrique Amorim

O Imperador da Vale esperneia

do Tijolaço

Sua Majestade, D. Roger Agnelli I, o Eterno, perdeu a compostura.
Ontem, além do DEM, também o PSDB foi a luta para manter o “menino de ouro” do minério de ferro.
Sua Alteza, pessoalmente, disparou e-mails e mandou distrubuir entre os politicos material que tece loas à sua administração, cujo mandato já se encerrou e foi prorrogada, por acordo, no período eleitoral.
Mobilizou inclusive a alma penada de plantão, José “Bolinha” Serra. para dardeclarações a seu favor e chamar de “aparelhamento” a ação do governo federal em tentar influir na escolha do novo presidente da empresa, da qual é acionista controlador, através do BNDES e dos fundos estatais de pensão.
Curiosa é a declaração de outro peso-pesado, o senador Francisco Dornelles dizendo que espera que o Governo não vá “utilizar os mecanismos que tem para intervir no seu processo decisório e na formação de sua diretoria”.
Ora, o que deveria o Governo, se tem mecanismos (legais e legítimos, estabelecidos na Lei Complementar 109) para influir no processo decisório?
Omitir-se? Deixar que D. Agnelli diga que “a Vale sou eu”?
O fato concreto, que já foi lido pelo mercado, é que D. Agnelli perdeu a cobertura do Bradesco, do qual era, como ex-funcionário, o homem de confiança na mineradora.
Tornou-se um problema para o banco, que só não o defenestrou, ainda, porque quer negociar sua saída.
D. Agnelli, porém, está possuido pela soberba e não consegue ver que foi para este cargo como um empregado do Bradesco, onde fez sua carreira.
Sua Alteza esqueceu que foi ao trono por conveniência e por conveniência será destronado por quem o coroou.
Quem está aparelhando politicamente a Vale não é o Governo, mas ele. Para se manter no “sacrificante” cargo, não hesita em partidarizar explicitamente sua permanência.
Ou seja, se tinha alguma boa chance de ficar, neste momento só conta com a possibilidade de que a “cara feia” dos políticos de oposição – ou apenas aderidos ao Governo – e as matracas dos colunistas de economia da grande imprensa fazerem medo ao Governo e impedirem o inevitável.
Improvável, mesmo com o apoio da “Globby”.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Brasil que “bomba” vira país de classe média



Por Brizola Neto

Os economistas do “Brasil da Roda Presa” – nome genial dado por Dilma Rousseff aos que vivem nos “advertindo” contra o risco do crescimento econômico – vão ter de inventar uma nova rodada de explicações sobre o que, para eles, é inexplicável.

Os defensores da tese do “esperem o bolo crescer para depois repartir” e do “arrocho contra a crise” não têm o que dizer diante de cada dado que surge sobre a distribuição e crescimento da renda no Brasil.

Desta vez, foi uma insuspeita pesquisa encomendada pelo BGN Cetelem – sucursal do francês BNP Paribas – um dos maiores conglomerados financeiros do mundo – que mostra não apenas que é enorme a ascensão social no Brasil no segundo governo Lula como esta se tornou gigantesca com a opção pelo aumento da renda, do consumo e da produção que fizemos a partir de meados de 2009 e durante o ano de 2010.

Entre 2005 e 2009, no Brasil, 26 milhões de brasileiros deixaram as classes DE e alcançaram a classe C. Dos que estavam na classe C, quatro milhões saíram dela para se integrarem às classes AB.

Pois bem: só em 2010, esse movimento quase igualou os números daqueles cinco anos em matéria de saída de brasileiros da pobreza: quase 19 milhões de pessoas deixaram as classes DE. E mais expressivo ainda foi o trânsito de pessoas em direção às classes média/alta e alta: apenas em 2010 ,12 milhões de brasileiros alcançaram as classes AB.

É por isso que a distribuição da população do Brasil por renda deixou de ser uma pirâmide, onde uma enorme base suportava um pequeno contingente e passou a ter o formato de balão, onde o crescimento econômico em geral impulsiona para cima todo o conjunto da sociedade. Repare o gráfico: em 2005, as classes AB e C juntas correspondiam a 49% da população; em 2010, elas somavam 74%. Já a pobreza, nas classes DE, mesmo com o acréscimo populacional, diminuiu à metade no mesmo período.

Publicado originalmente no Tijolaço

Bomba ! Bomba ! Cerra tenta recuperar Kassab

Olha aí o Zé DeMor tentando, com todas as forças, segurar o Cassaba na enchente paulista de 2011.


Só resta ao Padim rezar para não desaparecer nas enchentes de 2014.


Estaria o Molusco certo quando vaticinou que os Demos seriam extintos em breve?


Have fun!


Julho Silva





O mesmo Julho Silva tem outro notável trabalho em que descreve o Padim Pade Cerra em plena atividade litúrgica.

Veja o que diz o artista:


Aqui está um momento raro em que o Padim tentar impressionar o império, ao exorcisar os pecados do “Sinless Cliton”, que não se sente pecador nem um pouco, ao mesmo tempo em que o Ihbama detecta ondas da presença do Tea Party no Brasil.


Divirta-se!


Julho Silva

post do conversa afiada

BRASIL CAMINHA PARA A AUTOSSUFICIÊNCIA EM ADUBOS E FERTILIZANTES

Marcelo Murta, gerente geral de Implantação de Empreendimentos de Transformação Química do Gás da Petrobras, Richard Olm, gerente executivo de Logística e Participações em Gás Natural da Petrobras e João Luiz Vilhena, diretor de Finanças da GASMIG, durante entrevista coletiva. Foto: Rafael Alencar/PR

PAC 2: TRIÂNGULO MINEIRO GANHARÁ FÁBRICA DE AMÔNIA E GASODUTO

“A cidade de Uberaba (MG), no Triângulo Mineiro, ganhará, até 2014, Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN V) e gasoduto previstos no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento 2). Quinta-feira (17/3), a presidenta Dilma Rousseff participou da cerimônia de assinatura do Protocolo de Intenções entre a Petrobras, a CEMIG e o governo de Minas Gerais para a implantação dos empreendimentos.

Segundo o gerente geral de Implantação de Empreendimentos de Transformação Química do Gás da Petrobras, Marcelo Murta, as obras irão gerar 5 mil postos de trabalho, com índice de nacionalização de 65%, e demandará a qualificação profissional na região, “para maximização da mão de obra local”. Ele explica que o Brasil é deficitário na produção de amônia, o que explica a importância do projeto.

Cerca de 60% da demanda é atendida pelo produto importado. Isso gera oportunidade para a Petrobras no mercado interno. Quando o empreendimento entrar em produção, o Brasil será autossuficiente na produção de amônia”, frisou.

A Unidade de Fertilizantes terá capacidade de produção de 519 mil toneladas por ano de amônia e irá consumir 1.257 mil m3/dia de gás natural. A obra começará em fevereiro de 2012 e será concluída em dezembro de 2014 e contará com investimentos de US$ 1,3 bilhão na fábrica. Além do Triângulo Mineiro –principal polo de fertilizantes fosfatados do país– a UFN V atenderá os estados de Goiás, Mato Grosso e parte de São Paulo. O trabalho de sondagem para avaliação do solo e posterior terraplenagem começou em fevereiro.

“O gás natural é essencial para muitos segmentos industriais. Esse é projeto estratégico para Minas Gerais e para a região do Triângulo Mineiro”, explica João Luiz Vilhena, diretor de Finanças da Gasmig/Cemig.

AMÔNIA

Matéria-prima para a produção de monoamôniofosfato (MAP), é fertilizante utilizado, principalmente, nas culturas de milho, cana de açúcar, café, algodão, laranja, entre outros. Hoje, a amônia é importada, via Porto de Santos, de Trinidad e Tobago e Venezuela, o que faz do Brasil o quarto maior importador de fertilizantes do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.

Segundo a Petrobras, com a implantação da UFN V o país não necessitará mais de importar amônia, o que contribuirá para o saldo da balança comercial. No ano passado, a produção comercializável de amônia da Petrobras foi de 202 mil toneladas. Para complemento da demanda nacional foram importadas 278 mil toneladas, totalizando demanda de 480 mil toneladas.

Além de agregar valor e dar mais flexibilidade à cadeia de comercialização de produtos do gás natural, a produção de amônia em Uberaba vai aliviar o Porto de Santos para movimentações de outros importantes produtos para o país e irá retirar das principais estradas cerca de 100 caminhões de amônia diariamente no trajeto do porto ao Triângulo Mineiro, reduzindo possibilidades de acidentes.

A construção do gasoduto, que será interligado ao Gasoduto Bolívia-Brasil (GASBOL), para o abastecimento da UFN V, propiciará também possibilidade de investimentos ao longo do traçado deste novo duto.”

FONTE: Blog do Planalto

AVIÕES À CANA-DE-AÇÚCAR


MERCADO DE BIOQUEROSENE É DE US$ 300 BILHÕES

UM VOO MOVIDO A COMBUSTÍVEL DE CANA-DE-AÇÚCAR


“A Embraer e a companhia aérea Azul preparam o primeiro voo experimental de um avião de passageiros movido com combustível de cana-de açúcar, num projeto que ganhou novo impulso com a assinatura, durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, de parceria entre os dois países para a o desenvolvimento de bioquerosene de aviação.

Em jogo, está a disputa por mercado estimado em cerca de US$ 300 bilhões no mundo todo, e o interesse estratégico do Pentágono, o maior consumidor de querosene de aviação do mundo, em diversificar as fontes de combustível e de se tornar menos dependente de petróleo.

De acordo com o diretor de Estratégias e Tecnologias para o Meio-Ambiente da Embraer, Guilherme de Almeida Freire, o primeiro teste em voo do bioquerosene, obtido da cana-de-açúcar, será feito em um avião da companhia aérea Azul, na pista que a Embraer construiu, em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, para testar seus aviões em desenvolvimento. A previsão é de que o teste seja realizado no primeiro semestre do ano que vem.

"A Azul será a primeira companhia aérea a utilizar esse combustível no mundo, a partir da rota tecnológica baseada na sacarose. Temos grandes expectativas de que o acordo com o governo americano possa dinamizar o processo de difusão do novo combustível, com a entrada de novos capitais", diz o presidente da Azul, Pedro Janot.

O biocombustível que a Embraer utilizará em seus aviões comerciais, da família E-Jets, já está em fase adiantada de desenvolvimento nas instalações da empresa americana Amyris, parceira da fabricante brasileira num projeto ambicioso, que também envolve a companhia aérea Azul e a General Electric, produtora dos motores que equipam os jatos brasileiros.

O processo de certificação do bioquerosene da Amyris terá que passar pelo crivo das agências reguladoras da aviação nos Estados Unidos e, no Brasil, pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). À Agência Nacional de Petróleo (ANP), caberá a autorização para a venda e o consumo do novo combustível, segundo Freire.

A proposta das empresas é oferecer produto seguro, renovável, estável em termos de custos e que represente significativa redução das emissões de gases do efeito estufa em comparação ao querosene de aviação, segundo Freire. Para as companhias aéreas, o novo combustível pode representar mais segurança diante da variação do preço do petróleo, pois o querosene de aviação responde por 30% a 40% dos custos.

O vice-presidente da Amyris, Joel Velasco, afirmou que a companhia investiu cerca de US$ 50 milhões no desenvolvimento do bioquerosene que será utilizado nos jatos da Embraer, mas que tem a pretensão de ser produzido em escala global.

A Embraer iniciou as suas pesquisas sobre o uso de biocombustíveis em 2007. Dois anos depois, assinou memorando de entendimento com as empresas Amyris, GE e Azul para avaliar os aspectos técnicos e de sustentabilidade do novo combustível. Desde 2005, entretanto, a Embraer produz o avião agrícola Ipanema, movido a etanol, o primeiro no mundo a ser produzido em série.

Pressionadas por regulações mais restritivas sobre a emissão de carbono, as companhias aéreas correm contra o tempo. As alternativas envolvem melhorar turbinas e design dos aviões para aumentar a economia, melhorar a administração dos voos e controle de tráfego aéreo e desenvolver novos tipos de combustíveis. A IATA, associação mundial de transporte aéreo, estima que os biocombustíveis possam tomar 6% do mercado, hoje de aproximadamente US$ 300 bilhões/ano, até 2020.

No solo, o querosene de cana-de-açúcar já foi aprovado em bateria de testes em laboratório. O plano da Amyris, que tem a empresa francesa de petróleo Total entre seus acionistas, é produzir o combustível em escala comercial até 2015.

A cana não é a única candidata a substituir o petróleo. Em 2008, a Airbus voou com um avião A380 que usa tecnologia que transforma gás em combustível liquido. Empresas aéreas, como a Qatar e a United, fizeram experiências semelhantes Também estão sendo desenvolvidos combustíveis de camelina, pinhão manso e soja.

O presidente da Amyris, John Melo, acredita que haverá mais de uma tecnologia vencedora para reduzir a dependência do petróleo, mas reconhece que existe uma espécie de corrida do ouro no segmento. "É como a internet, como o petróleo há 100 anos e todas as novas tecnologias", afirma o executivo.

"Haverá alguns vencedores e muitos perdedores", continua ele. "A cana-de-açúcar tem boas chances? Esperamos ser um dos vencedores", afirma Melo, que chama a atenção para o fato de que o Brasil tem boa escala e experiência na produção de biomassa. "O Estado de São Paulo é uma espécie de Arabia Saudita da biomassa, com escala, eficiência e baixo custo."

FONTE: reportagem de Alex Ribeiro e Virgínia Silveira publicada no jornal “Valor Econômico”

Altamiro Borges: a força e os limites da blogosfera


Em sua visita ao Brasil, o presidente do EUA, Barack Obama, havia programado um megaevento na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, palco de históricos protestos em defesa da democracia e a soberania nacional. Na última hora, o show de pirotecnia foi cancelado. Segundo a própria mídia hegemônica, a razão foi que o serviço de inteligência do império, a famigerada CIA, alertou a diplomacia ianque sobre os "protestos convocados pelas redes sociais". Obama ficou com medo!

Por Altamiro Borges

Este episódio, uma vitória dos internautas progressistas do Brasil, comprova a força da internet. Num meio ainda não totalmente controlado pelas corporações capitalistas é possível desencadear ações contra-hegemônicas e quebrar o “pensamento único” emburrecedor da velha mídia. Desde Seattle, quando manifestações contra a rapina imperial foram convocadas basicamente pela internet, este fenômeno chama a atenção dos atores sociais. De lá para cá, o acesso à rede só se ampliou – no mundo e no Brasil.

Uma arma poderosa

Nas recentes convulsões populares no mundo árabe, que derrubaram os ditadores da Tunísia e do Egito – sempre tratados como “amigos do Ocidente” pela mídia tradicional – a internet foi uma arma poderosa. Ela não produziu as “revoluções”, mas ajudou a detoná-las. Agora mesmo, na Líbia, há uma guerra de informações da globosfera, acompanhada da real e sangrenta guerra dos mísseis. A internet faz parte hoje da guerra, virtual e real, que se trava nas sociedades. Não dá para desconhecer esta nova realidade.

Os meios tradicionais de comunicação, hegemonizados por poucas corporações – no máximo 40, segundo recentes estudos sobre a crescente monopolização da mídia mundial –, não detêm mais o monopólio da informação. Os avanços tecnológicos abriram brechas, mesmo que temporárias, nesta frente estratégia da luta de idéias. Jornais e revistas da oligarquia estão falindo devido ao maior acesso à internet. Mesmo as redes televisão sofrem com a migração para este novo meio, principalmente da juventude.

A força da blogosfera

No Brasil, esta realidade é bem palpável. Nas eleições presidenciais de outubro passado, a chamada blogosfera progressista jogou papel de relevo na encarniçada disputa. As manipulações dos impérios midiáticos, que se transformaram em cabos eleitorais do candidato da direita, foram desmascaradas online pela internet. No auge da campanha fascistóide, de baixarias e de falsos moralismos, os blogs independentes atingiram mais de 40 milhões em audiência, segundo pesquisa recente.

O impacto foi devastador. José Serra, o candidato do Opus Dei e o preferido do império, conforme telegrama vazado pelo WikiLeaks, usou vários palanques para atacar o que ele chamou, pejorativamente, de “blogs sujos”. Já o presidente Lula, sofrendo violento cerco da ditadura midiática, produziu vídeo para estimular a produção independente dos blogueiros. Na guerra de informações, a internet foi decisiva para desmascarar a direita e para mostrar o real significado da candidatura lulista de Dilma Rousseff.

Passos na organização dos blogueiros

Neste intenso processo da luta de classes, com a centralidade a batalha eleitoral, a blogosfera progressista deu os primeiros passos para a sua organização no Brasil – de forma autônoma. Em agosto passado, mais de 330 blogueiros e twitteiros realizaram o seu primeiro encontro nacional, em São Paulo. Neste evento histórico, eles decidiram lutar pela democratização da comunicação, contra qualquer tipo de censura à internet, e por políticas públicas de incentivo à pluralidade e à diversidade informativas.

Fruto deste encontro histórico, os blogueiros progressistas quebraram a monopólio da mídia tradicional e realizaram a primeira entrevista coletiva com um presidente da República, Lula, em novembro passado. A velha mídia até tentou desqualificar o evento inédito, numa crise de “ciúme” ridícula. Na prática, ela sentiu o baque de uma mudança de paradigma que está em curso. Parafraseando o revolucionário italiano Antonio Gramsci, a coletiva com Lula evidenciou que “o velho está morrendo e o novo ainda não acabou de nascer”.

Os desafios do futuro

O segundo encontro nacional de blogueiros progressistas está agendado para junho próximo, em Brasília. Nele não haverá mais o fator galvanizador que estimulou o primeiro – a luta contra a mídia golpista, que se transformou no “partido do capital” durante o pleito presidencial. O desafio será encontrar novos pontos de unidade na enorme diversidade existente na rede. Sem verticalismo e estruturas hierarquizadas, este movimento amplo e plural tem muito a contribuir na luta pelo avanço da democracia no Brasil.

Os blogueiros progressistas, que hoje já constituem uma vasta e influente rede no país, podem amplificar a luta pela democratização dos meios de comunicação. Está na ordem do dia o debate sobre o novo marco regulatório da mídia, que garanta a verdadeira liberdade de expressão para os brasileiros – e que não se confunde com a “liberdade de empresa” dos monopólios midiáticos. Também está em curso a discussão sobre a liberdade na internet, com investidas da direita contra este direito libertário.

Além de interferir nestas batalhas estratégicas, os blogueiros precisam ampliar sua capacidade de interferir na luta de idéias contra-hegemônicas na sociedade. É preciso que “floresçam mil flores”, que surjam mais e melhores blogs independentes, garantindo maior diversidade e pluralidade informativas. É urgente também qualificar os nossos instrumentos, produzindo conteúdos jornalísticos de qualidade. Para isso, é preciso encontrar caminhos de sustentação financeira da blogosfera, que potencializem essa nova militância virtual.

Riscos de retrocesso

A internet abriu brechas para novas vozes se expressarem na sociedade. Mas ela não deve ser idealizada. Quem detém maior audiência são os portais de notícia e entretenimento dos mesmos grupos midiáticos. A publicidade, que cresce na rede (nos EUA, ela superou pela primeira vez na história os anúncios nos jornais impressos), é totalmente sugada pelos barões da mídia. Ou seja: a internet é um campo de disputa. Sem ampliar e qualificar sua produção, a blogosfera progressista será derrotada, falará para seus nichos.

Além disso, a tecnologia não é neutra. Os monopólios da comunicação, que tornam reféns vários governos, já estudam mecanismos para cercear a liberdade na rede. Barack Obama, que a cada dia se revela um falso democrata, já enviou ao Congresso dos EUA um projeto para “vigiar” a internet. No Brasil, um parlamentar do bloco neoliberal-conservador, Eduardo Azeredo (PSDB), também se apressou em copiar o império e já apresentou projeto para abortar a neutralidade na rede. Os embates neste campo tendem a crescer.

domingo, 20 de março de 2011

Arruda revela que distribuiu dinheiro para o DEM e o PSDB nacional

Comandante da quadrilha de administradores públicos e políticos do Distrito Federal beneficiários do mensalão do DEM, sustentado com dinheiro de propina arrecadada junto a empresários que seu governo favorecia, o ex-governador José Roberto Arruda revelou ontem que distribuiu dinheiro a altos dirigentes nacionais do DEM e do PSDB, a um senador do PDT e ao “PT de Goiás”.

Numa entrevista publicada em Veja on line, Arruda cita entre aqueles que receberam dinheiro, para eles mesmos ou para os partidos, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra; o vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e vários expoentes do DEM: o senador Demóstenes Torres (GO), o agora ex- senador Marco Maciel, o senador Agripino Maia (RN) – eleito anteontem presidente nacional do partido -, mais os deputados Ronaldo Caiado (GO), ACM Neto (BA) e Rodrigo Maia (RJ), presidente nacional do DEM até a última quarta-feira. Arruda diz também que ajudou o PT de Goiás e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Eleito governador do Distrito Federal em 2006, José Roberto Arruda foi apontado pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, em 2009, como chefe de um esquema de fraude, de corrupção e de outros crimes, que sangrou os cofres públicos em dezenas de milhões de reais. Filmado por seu auxiliar e delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, recebendo um maço de R$ 50 mil, foi expulso do partido, teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral e passou dois meses preso na sede da Polícia Federal.

Arruda alega, na entrevista a Veja, que jogou “o jogo da política brasileira” ou dançou “a música que tocava no baile”. E contra-ataca os companheiros de partido que o condenaram.
“Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo”.

A revista pergunta a Arruda quais líderes do partido foram hipócritas.

“A maioria. Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda! (…) O senador Demóstenes me procurou certa vez, pedindo que eu contratasse no governo uma empresa de cobrança de contas atrasadas. O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília”.

Ao afirmar que ajudou também outros políticos e partidos, Arruda destaca sua contribuição ao PSDB.

“Ajudei o PSDB sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu. E também por meio de Eduardo Jorge, com quem tenho boas relações”.

Eduardo Jorge Caldas Pereira, o vice-presidente nacional tucano, alegou que pediu ajuda de Arruda para saldar dívidas do partido. No DEM, o senador Agripino Maia e o deputado ACM Neto negaram que tenham pedido ajuda de Arruda.

Leia mais em: EskerdoNews
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Obama assassina 48 líbios em um dia


Míssil americano Tomahawk é lançado do Mediterrâneo
TRÍPOLI - Pelo menos 48 pessoas morreram e 150 ficaram feridas nos ataques realizados pela coalizão internacional de poodles americanos, afirmou a televisão estatal líbia, enquanto foram escutados disparos e baterias antiaéreas na madrugada de domingo (noite de sábado no Brasil) em Trípoli, segundo a transmissão ao vivo da rede Al Jazeera.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Presidenta: não se mexe em direito do trabalhador

PIB vai crescer entre 4,5% e 5%

A Presidenta deu excelente entrevista a Claudia Safatle, no Valor, nas págs. A6 e A7:

Naquele estilo dela: claro, pão-pão-queijo-queijo.

E define um programa de Governo que entusiasma.

A herdeira do Nunca Dantes vai imprimir a sua marca.

Eis um resumo.

- O que separa o Brasil do resto do mundo é que o Brasil tem água.

(O FHC diz que “aqui venta muito”)

- O Brasil tem na energia uma diferença estratégica e competitiva.

- Pré-sal é para exportar – agregar.

- Ela quer matriz energética limpa.

- Ela não brinca com inflação: o objetivo é a meta de 4,5%.

- O Brasil vai crescer este ano entre 4,5% e 5%.

- Esse negócio de “PIB potencial” é bobagem.

- A inflação não é de demanda.

- Ela não vai derrubar a economia.

- Vai fazer concessões em aeroportos.

- Cortar o custeio é como cortar as unhas – tem que cortar, sempre !

- O mercado implica com o Banco Central porque não tem ninguém do mercado na diretoria.

- Não queremos ser só commoditizados. Queremos agregar valor.

- Temos petróleo, biocombustivel, hidrelétrica, minério e somos uma potencia alimentar.

- Quer que brasileiros estudem Exatas nos Estados Unidos.

- Vai fazer uma parceria com Obama em satélites para o clima.

- Não concorda com o apedrejamento de mulher no Irã nem com prisão sem julgamento, como em Guantánamo.

- Não vem que não tem: não vai tirar direito de trabalhador.

- O Brasil assumiu seu papel internacional.

- Não cabe mais numa “Aliança para o Progresso”.

- A desigualdade de renda é ruim politicamente, socialmente e não é boa para a economia.

- “Que outro país do mundo tem a reserva de petróleo que nós temos, que não tem guerra, não tem conflito étnico, respeita contratos e tem princípios democráticos perfeitamente claros e uma visão de mundo tão generosa e pró-paz ?”