terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Não há mais garantias constitucionais no Brasil

Por Weden

A prisão do empresário João Santana é só mais um capítulo da interrupção das garantias constitucionais no Brasil para quem não participa da frente de retomada do poder montada pelo PSDB (representante de certos setores empresariais e financistas), magistrados, agentes da Polícia Federal e Ministério Público, com o apoio estratégico e definitivo de bilionárias corporações de mídia. Não é novidade. Os poderes discricionários só atacam seus inimigos e os infiéis.

Mais esta vítima do estado de exceção estará preso sem julgamento por quanto tempo o poder abusivo quiser, sem qualquer resguardo da lei. Desde o fim da ditadura em 1985, não imaginávamos que poderíamos voltar a este estágio.

Longas prisões sem julgamento; tortura psicológica em cadeias; prisões sem mandado; perseguição política a um ex-presidente (como o fora em outra época a Jango e Juscelino); tentativa de intimidação a advogados, vitimados por calúnias e difamações; relações promíscuas entre Ministério Público e bilionárias corporações empresariais (as mídias); juízes em conluio com fins partidários e golpistas; ameaças, chantagens, extorsões, vazamentos de informação criminosos e escutas clandestinas.

Não há mais nada que falte acontecer para que seja caracterizado o estado de exceção no Brasil, já plenamente em vigor. E é assustador que o Procurador Geral da República o alimente; que o Supremo Tribunal Federal o acoberte; que o Ministro da Justiça o apoie; e que uma presidente da República, em estado de lassidão, não reaja. De qualquer forma, a história os cobrará.

O Brasil vive o pior momento desde o AI-5. Voltamos à barbárie jurídica.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O silêncio dos desonestos

 
Folha e Veja descobriram que Lula levou 37 caixas de bebidas para o tal sítio de Atibaia que é do amigo do filho dele. Mas não descobrem de quem eram os 450 quilos de pasta base de coca transportados no helicóptero do senador e do deputado amigos do Aécio, ainda que a operação tenha sido filmada e autuada pela PF.

 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

A ideologia paulista

Gustavo Castañon
PSDB: Fechando escolas, espancando alunos, congelando salários de professores e roubando a merenda.
O paulista gosta.
Isso é um fato científico constatável por qualquer um que passe um bom tempo em São Paulo: paulistas têm profunda admiração por quem enriquece roubando. Quanto mais ladrão mais "inteligente", "esperto", "competente". Já as pessoas com reputação de honestas e sérias são vistas como "trouxas", "imbecis', "incompetentes".

só o ódio explica o que fazem a Lula

É porque ele se manteve de esquerda, porque se manteve fiel à sua classe


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De Bresser Pereira, em seu facebook:

O cerco a Lula

Há meses que eu ouço frases como: "Quando vão chegar no Lula?", ou então, "Quando vão pegá-lo?". Porque, afinal, este é o objetivo maior do establishment brasileiro: atingir o maior líder popular do Brasil desde Getúlio Vargas. Não porque ele seja desonesto, mas porque ele se manteve de esquerda, porque se manteve fiel à sua classe de origem não obstante o clássico processo de cooptação de que foi objeto. Pois bem, o establishment chegou ao Lula. Não para incriminá-lo, mas para tentar desmoralizá-lo.


As duas manchetes de primeira página dos dois principais jornais de São Paulo de hoje são significativas. Na Folha leio que "Lula é investigado por suposta venda de MPs". Não há nada contra o ex-presidente na Operação Zelotes, a não ser a desconfiança de um delegado irresponsável. O que há nessa operação é o envolvimento de grandes empresas e de seus dirigentes em um escândalo de grandes proporções de pagamento de propinas para obterem MPs favoráveis. No Estado, por sua vez, a manchete é "Compra de sítio foi lavrada no escritório de compadre de Lula". Neste caso – o do uso por Lula e sua família de um sítio no qual construtoras se juntaram para realizar obras sem que houvesse pagamento – o caso é mais objetivo. Lula aceitou um presente que não deveria ter aceito.


As contribuições de empresas a campanhas eleitorais (que até a decisão do Supremo eram legais) são afinal presentes. Mas é impressionante como empresas dão ou tentam dar presentes mesmo a políticos – presentes dos quais elas não esperam nada determinado em troca; fazem parte de suas relações públicas. Eu sempre me lembro de como tentaram reformar a piscina da casa do Ministro da Fazenda em Brasília quando ocupei esse cargo em 1987. Minha mulher os pôs para correr. Era o que devia ter feito Lula, que havia acabado de sair do governo. Não o fez, e isto foi um erro político. A reforma não aumentava seu patrimônio, apenas lhe proporcionava mais conforto. Ele não trocou o reforma do sítio por favores às duas construtoras. Não há nada sobre isto na investigação sobre o sítio.


O Estado brasileiro está revelando capacidade de se defender – de defender o patrimônio público – ao levar adiante as operações Lava Jato e Zelotes. Dirigentes de empresas, lobistas e políticos envolvidos estão sendo devidamente incriminados e processados. A instituição da delação premiada revelou-se um bom instrumento de moralização. Mas está havendo abusos. Houve e estão havendo abusos na divulgação de delações sem provas, houve abuso em prisões cautelares ou provisórias quando não havia razão para elas. E não é razoável o que se está fazendo com Lula. Só um clima de intolerância e de ódio pode explicar o cerco de que está sendo vítima.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Indignado com perseguição a Lula,senador Requião manda Folha Tucana a PQP

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O senador Roberto Requião (PMDB-PR) expressou sua indignação com a manchete da Folha deste sábado, ao se posicionar nas redes sociais; "O crime de Marisa? Não os mandarei se lixar nas ostras! Mas vão à PQP", escreveu; na edição da Folha, a ex-primeira-dama Marisa Letícia ganhou a manchete principal por ter comprado uma canoa de lata, por R$ 4,1 mil, para ser usada num sítio que ela e ex-presidente Lula frequentam; recado de Requião se estende a todos que tentam, a todo custo, inviabilizar politicamente aquele que foi o presidente mais popular da história do País
Paraná 247 –Sem rodeios e sem meais palavras, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) expressou sua indignação com a Folha de S. Paulo e com aqueles que empreendem a caçada ao ex-presidente Lula, com denúncias nem sempre consistentes.

"O crime de Marisa? Não os mandarei se lixar nas ostras! Mas vão à PQP", escreveu Requião, postando ainda a imagem da canoa de lata, comprada pela ex-primeira-dama por R$ 4,1 mil.

Neste sábado, a Folha noticiou, em sua manchete principal, que uma aquisição de Marisa Letícia – a canoa de lata – a aproximaria do sítio em Atibaia (SP), usado pelo ex-presidente e seus familiares (leia mais aqui). Ocorre que Lula jamais escondeu que frequenta a propriedade, registrada por Jonas Suassuna, sócio de seu filho.

Graças a esses escândalos, o governador paulista Geraldo Alckmin, que tem exonerado vários auxiliares graduados por suposto envolvimento na máfia que desviava dinheiro da merenda escolar, se julgou numa posição confortável para qualificar Lula como uma pessoa "sem limites" éticos (confira aqui), provocando reação imediata do ex-presidente (leia aqui).

A reportagem da Folha ao menos teve o mérito de revelar que Lula, que já alvo de várias montagens na internet como se estivesse passeando em iates de luxo, pesca numa canoa de lata (leia aqui).

Com denúncias como a de hoje, o objetivo óbvio é tentar inviabilizar a volta de Lula, que deixou a presidência como o líder político mais popular da história do País.

Um país que protege Cunha e persegue Lula é um país doente

A Lava Jato perdeu o pudor.

O nome Triplo X, referência sibilina ao mítico ‘Triplex do Lula’ é um acinte. Está claro que se trata de erradicar não a corrupção – mas de caçar Lula.

Fosse outro o propósito você não teria um ataque tão sistemático a Lula enquanto um homem como Eduardo Cunha borboleteia, livre para armar as delinquências em que é mestre.

Era mais honesto batizar a operação como Caça Lula.

Os suíços entregaram de bandeja documentos que comprovam corrupção em níveis pavorosos de Cunha. Ele mentiu, sonegou, inventou desculpas aberradoras e usou até a palavra ‘usufrutuário’ para tentar encobrir sua condição de dono de milhões na Suíça.

Não foi apenas isso.

Depoimentos de fontes variadas coincidiram em relatar ameaças de paus mandados de Cunha contra pessoas que pudessem dizer coisas comprometedoras contra ele.

Vídeos mostraram expressões aterrorizadas de delatores ameaçados por homens de Cunha. Parecia coisa de Máfia. Falaram até na família. Em filhos. Disseram que tinham o endereço para a retaliação.

Não foi um depoimento nesse gênero. Foram pelo menos três, dois de delatores e um de um deputado que era um problema para Cunha na Comissão de Ética que o julga.

Que mais queriam? Que um cadáver amanhecesse boiando num rio?

E as trocas de emails com empresas beneficiárias de medidas provisórias?

Com esse conjunto avassalador de evidências, Eduardo Cunha aí está, na presidência da Câmara, ainda no comando de um processo viciadíssimo que pode cassar 54 milhões de votos.

Cadê a Polícia Federal? Cadê Moro? Cadê uma operação realmente para valer para investigar as delinquências conhecidíssimas de Cunha.

Nada. Nada. Nada.

É uma bofetada moral inominável nos brasileiros. É a completa desmoralização da política.

Enquanto a vida é mansa para Cunha, para Lula é uma sucessão infindável de agressões.

Virou piada que até ser amigo de Lula se caracterize como algo capaz de incriminá-lo. Mas coloquemos o adjetivo certo: é uma piada repulsiva.

Um apartamento banal numa praia banal – a cidade plebeia do Guarujá – adquire ares de uma propriedade suntuosa que Lula jamais poderia comprar. É um tríplex, uma palavra feita para impressionar e ludibriar a distinta audiência.

Não interessa se quatro ou cinco palestras de Lula seriam suficientes para comprar o apartamento. Não interessa se ele tem documentos que comprovam que ele não comprou, afinal, o imóvel.

O que importa é enodoar a imagem de Lula. Caracterizá-lo como um corrupto, um ladrão, um monstro de nove dedos. O maior vilão da história do Brasil.

Alguém – PF, Moro, imprensa – deu um passo para saber se a residência de Eduardo Cunha é compatível com seus rendimentos de deputado? Alguém apurou se ele tem condições de bancar uma vida de fausto para a mulher, à base joias e extravagâncias como aulas de tênis no exterior?

Ninguém.

É um país doente aquele que protege Eduardo Cunha e investe selvagemente contra um homem que cometeu o pecado de colocar os excluídos na agenda nacional como nenhum outro desde Getúlio Vargas.

Estamos enfermos – e Moro e sua Lava Jato são sintomas eloquentes dessa nossa deformação moral.
(Paulo Nogueira/DCM)