quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A confissão de Boni sobre o debate entre Lula e Collor




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Me enviam um vídeo que resume o Brasil.
Nele, sorridente, aparentemente orgulhoso, o ex-chefão da Globo, Boni, confessa um crime de lesa sociedade.
Você pode vê-lo aqui.
Boni conta que, no célebre debate entre Lula e Collor que definiria as eleições presidenciais de 1989, a Globo preparou Collor.
Quer dizer: uma concessão pública achou que tinha o direito de se meter nas primeiras eleições diretas para presidente.
A Globo, conta Boni, tirou a gravata de Collor para dar a ele um ar mais popular. Se pudesse, disse Boni, a Globo borrifaria caspa em Collor, a exemplo da tática clássica de Jânio Quadros para se identificar com a voz rouca das ruas.
Mas havia coisa bem pior.
Há muitos anos conheço a história das pastas de Collor. Ele se apresentou no debate com elas.
O que nas redações se comentava é que fora um truque de Collor. Chegou a Lula a informação de que na pasta estavam denúncias contra ele.
Lula ficou apavorado. Durante todo o debate, Collor fingia de tempos em tempos que ia abrir as pastas para apanhar coisas que comprometeriam Lula.
As pastas tinham papel que não significavam nada, na realidade. Mas levaram Lula a ter um desempenho sofrível num debate vital.
A revelação – confissão – de Boni é que quem armou o golpe das pastas foi a Globo, e não Collor.
Mais uma vez: ele disse isso em tom triunfal. Não tinha noção, ou não parecia ter, da gravidade do que estava dizendo.
O que se fez diante das palavras de Boni?
Nada. A mídia não se mexeu. A justiça não se mexeu. O governo não se mexeu. Para que serve um Ministério da Comunicação?
Este é o Brasil.
A Globo goza de espantosa impunidade. Pode fazer tudo, que não acontece nada.
Boni conta que o homem chave da Globo no crime foi o executivo Miguel Pires Gonçalves, filho de um general da ditadura. A Globo agora contrata filho de ministro do Supremo. Antes, contratava filho de general. Mudaram as circunstâncias, mas a Globo ficou igual.
Joaquim Barbosa arrumou um emprego para o filho na Globo. Ayres Britto escreveu o prefácio de um livro de Merval sobre o Mensalão. Gilmar Mendes aparece em fotos ao lado de Merval.
Lula, a vítima do crime eleitoral da Globo, foi ao enterro de Roberto Marinho, e produziu uma eulogia em que disse que o falecido era um brasileiro que viera “a serviço”.
A serviço do quê?
Não satisfeito em aplaudir Roberto Marinho, Lula decretou três dias de luto oficial. Ao fazer isso, Lula enxovalhou a memória de homens como Getúlio Vargas e João Goulart, vítimas das conspirações golpistas de Roberto Marinho.
É possível que o episódio do debate tenha deixado Lula para sempre com um sentimento paralisante de medo em relação à Globo, para infortúnio da sociedade.
A Carta aos Brasileiros, com a qual logo no início do mandato ele se comprometeu essencialmente a não fazer nada de muito diferente do que vinha sendo feito antes dele, foi arrancada a ele por João Roberto Marinho, filho de Roberto Marinho.
Montaigne escreveu que seu maior medo era ter medo.
A Globo pôs medo em Lula e no PT. E põe medo no Brasil.
O medo foi o responsável pela chamada “mídia técnica”, pela qual a Globo recebeu de governos petistas 6 bilhões de reais em dez anos mesmo tendo sonegado escandalosamente impostos e mesmo produzindo um conteúdo destrutivo para todas as causas sociais. A manchete do Globo quando foi efetivado o 13.o, sob Jango, dizia que se tratava de uma “calamidade”.
O medo da Globo impediu que se discutissem regras para a mídia, para evitar monopólios como a Globo.
Se Kirchner tivesse medo do Clarín, não faria o que fez.
Enquanto perdurar o medo da Globo, o país vai patinar no desenvolvimento social, porque a Globo é um obstáculo intransponível para a construção de uma sociedade justa.
É irônico que um partido que dizia que a esperança tinha que vencer o medo tenha se tornado, ele mesmo, depois de chegar ao poder, tão medroso.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Rui Falcão: STF faz "terrorismo de Estado"

O presidente do PT, Rui Falcão, bateu duro em dois ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, que se comportam de maneira cada vez mais extravagante; "a corte não é partido político, a corte não é torcida organizada; se ela começa a se transformar nisso, pode vir até mesmo no Brasil um outro tipo de terrorismo, o terrorismo de Estado"; nesta semana, Joaquim Barbosa rasgou o regimento do STF e anulou, de forma ilegal, uma decisão de Ricardo Lewandowski, com objetivo de manter em regime fechado um réu, José Dirceu, condenado ao semiaberto; Gilmar Mendes, por sua vez, ironizou as vaquinhas do PT e, numa carta a Eduardo Suplicy, sugeriu que Delúbio Soares arrecadasse R$ 100 milhões desviados no "mensalão"; Gilmar deu ar de verdade a uma versão fantasiosa que não é assumida nem por Aécio Neves, nem por Eduardo Campos; a pergunta que não quer calar: Gilmar e Joaquim são juízes ou políticos?


247 - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, declarou guerra, nesta sexta-feira (14), em Belo Horizonte, a dois ministros do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, que têm agido de forma cada vez mais extravagante. Ele acusa o STF de agir como partido político. "A corte não é partido político, a corte não é torcida organizada. Se ela começa a se transformar nisso, pode vir até mesmo no Brasil um outro tipo de terrorismo, o terrorismo de Estado", disse ele.

A declaração foi motivada pelas declarações do ministro Gilmar Mendes, que colocou em xeque a origem das doações feita pelos petistas para a quitação das multas aplicadas aos condenados da Ação Penal 470. Hoje, em carta endereçada ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Gilmar foi irônico e sugeriu que Delúbio Soares arrecadasse os R$ 100 milhões desviados para o "mensalão". Essa versão fantasiosa, do desvio de R$ 100 milhões dos cofres públicos, não é encampada nem pelos presidenciáveis Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, mas Gilmar pretendeu convertê-la em verdade – auditorias do Banco do Brasil e da Polícia Federal comprovam que os recursos da Visanet, uma empresa privada, foram efetivamente gastos em publicidade (leia mais aqui).

Falcão defendeu que o Poder Judiciário deve ser o mais equilibrado e o mais justo, mas que isso não ocorre com os petistas condenados no mensalão. Ele considerou um "absurdo" o que chamou de "prejulgamento" e o "insulto" feitos pelo ministro do STF ao PT, quando recomendou investigação sobre a origem do dinheiro das doações, e ao senador Eduardo Suplicy (SP), ao qual sugeriu uma "vaquinha" para quitar R$ 100 milhões "subtraídos dos cofres públicos" no mensalão. "O PT não vai apanhar calado, vai reagir sempre aos ataques que sofrer. Não vamos virar saco de pancadas de uma legião de derrotados", disse.

A declaração de Falcão também atinge o presidente do STF, Joaquim Barbosa. Nesta semana, ele rasgou o regimento interno da corte, ao rever, de forma monocrática uma decisão de Ricardo Lewandowski sobre o pedido de trabalho de José Dirceu. Barbosa agiu desta maneira para suprimir um direito constitucional de um réu e garantir que ele seja mantido em regime fechado, embora condenado ao semiaberto (leia mais aqui).

Da maneira como agem, Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes deixam uma dúvida no ar: hoje são juízes ou são políticos? Barbosa tem sido citado em pesquisas para a disputa ao Planalto. Mendes também foi incluído em sondagens para o governo do Mato Grosso.

Requião detona STF, Barbosa, Plim-Plim e Dudu

Requião conhece o Dudu desde o tempo dos precatórios

Chantagem da Globo em cima de Requião não deu em nada. Viu, Dilma ?


O Conversa Afiada reproduz, do Blog Escrevinhador, de Rodrigo Vianna, trechos de entrevista do senador Roberto Requião (PMDB – PR) à Caros Amigos:

Roberto Requião: “sou candidato a Presidente”



Roberto Requião acaba de dar uma entrevista histórica ao jornalista Frédi Vanconcelos, na revista “Caros Amigos”. A entrevista mostra que há uma avenida aberta para politizar o debate no Brasil – pela esquerda, de cara limpa.

Requião não cede um milímetro. Defende os governos petistas (“vejo o PT como melhor que os outros; ao mesmo tempo em que eu acho que é muito pouco”), mas não abre mão da crítica dura à tibieza do partido para lidar com a Globo e outros interesses.

Lá pelas tantas, o senador e ex-governador do Paraná afirma: “sou candidato a presidente”! Fico a imaginar como o Brasil iria a ganhar com uma candidatura desse tipo – que travasse o debate.

Todos sabemos das dificuldades (impossibilidades?) para se obter a candidatura numa convenção do PMDB. Mas só a luta pra chegar até lá já seria didática.

O Brasil merece e precisa de um nome como o de  Requião, disposto ao bom combate. Acompanhe abaixo alguns trechos da entrevista. A revista chega às bancas na próxima semana. Vale a pena conferir na íntegra. (Rodrigo Vianna)

== JOAQUIM BARBOSA E O “MENSALÃO” ==

”O Joaquim Barbosa simulando uma diária pra fazer uma conferência de 30 minutos e um passeio numa biblioteca de uma hora, 2 horas, é uma coisa típica da classe média deslumbrada. Então o Joaquim Barbosa revela ali o verdadeiro Joaquim Barbosa, um classe média eventualmente deslumbrado, que foi instrumentalizado pela mídia na questão do mensalão.

Eu não defendo a utilização do dinheiro público, nem o que ocorreu no financiamento das campanhas, não acho nenhuma graça nisso, mas aquela história do domínio do fato e a influência da mídia em cima do mensalão feriu profundamente as normas do direito brasileiro. O mensalão foi uma aberração jurídica, porque, entre outras coisas, pelo domínio do fato, pela forma com que foi feito o processo, o esquecimento do fato precursor do mensalão, que é o fato mineiro, do Marcos Valério. Então, foi uma aberração jurídica, foi uma manipulação induzida pela mídia e pelo deslumbramento dos ministros. Aquilo foi um show, não foi um julgamento.’

== CHANTAGEM DA IMPRENSA ==

“Eu peguei um Estado [Paraná] quebrado. A primeira coisa que fiz foi racionalizar as despesas. Evidente que não as despesas com saúde e educação, mas as que eu julgava desnecessárias. Diminuí os valores dos investimentos na imprensa. E passei a ser procurado por esses “heróis” da mídia, os donos de jornais, que diziam o seguinte: “ou você libera o dinheiro ou vai apanhar como nunca um político apanhou no Paraná”. Daí, eles começaram a me bater desesperadamente, o que não me incomodou muito. Eu fui governador três vezes e senador duas vezes com toda essa mídia em cima de mim. – Mas a chantagem foi assim direta? Direta, ou você dá dinheiro ou você vai apanhar diariamente. Eu preferi apanhar diariamente. Isso começou comigo, na verdade, na prefeitura. Fui prefeito e pressionado pela Globo por verba. Não dei verba e eles começaram a bater em mim.

== DILMA, AÉCIO E EDUARDO ==

“Eu acho que ainda a Dilma é melhor que o Aécio e o Dudu Beleza. Eu fui relator da CPI dos títulos públicos, eu analisei como é que o Eduardo Campos conseguiu os financiamentos com os títulos públicos, com os precatórios. – Como que ele conseguiu e por que o senhor o chama de Dudu Beleza? Não sou eu que chamo, é Recife que chama. Eu fiz a campanha do Dudu Beleza para a prefeitura do Recife a pedido do Arraes (Miguel, ex-governador e avô de Eduardo Campos), fiz gravações, eu era o prefeito mais popular do Brasil.  O Arraes era muito meu amigo, vinha muito pra Curitiba pra conversar comigo, mas o Dudu é a contraposição do Arraes. – Por quê? Porque o Dudu é o quadro da direita brasileira. A Dilma está à esquerda do Dudu, com todos os seus erros de condução.”

== ELEIÇÃO NO PARANÁ E PAULO BERNARDO ==

“- No segundo turno se estiverem os dois (Gleisi/PT x Richa/PSDB), o senhor não vai votar na Gleisi?

E eu vou colocar o Bernardo [marido de Gleisi, Ministro das Comunicações] no poder? Veja bem, o Bernardo esteve no poder em Londrina, ele não consegue um voto lá, ele acabou com o Zeca do PT no Mato Grosso do Sul, não chega isso? Veja o que ele está fazendo no Ministério das Comunicações, de favorecimento da grande mídia…Eu não sou inimigo da Gleisi, eu sou amigo dela há muitos anos. Do Paulo Bernardo não sou, e você sabe por que. É possível ser amigo do Paulo Bernardo? Amigo dele é o Marinho (da Globo), não sou eu.”

== Projeto Nacional ==

“A reforma política é a reforma da economia. Tirar a influência do Banco Central e dos banqueiros no Banco Central. Foi o que a Dilma começou a fazer e recuou. Basicamente é isso, um projeto nacional. Nós temos que ter um projeto de industrialização, um projeto de comércio exterior, nos não podemos ficar ao sabor da globalização, que já fracassou.

“Vou me apresentar na convenção nacional do PMDB como candidato à Presidência da República. Aí você me pergunta, você vai ganhar? Ora, eu não sou idiota, eu sei no que se transformou o meu PMDB, mas eu vou cumprir a minha obrigação junto com um grupo de economistas que trabalham comigo e apresentar um projeto. Quero estabelecer um contraponto.”

Como o dinheiro público vem patrocinando a Globo há décadas

O donheiro público financiou a gráfica que é hoje um elefante branco
O donheiro público financiou a gráfica que é hoje um elefante branco
A Globo falando de forças antidemocráticas chega a ser engraçado.
Foi num editorial do Globo, e as tais forças eram os manifestantes.
Em 1954, Roberto Marinho trabalhou intensamente para derrubar Getúlio Vargas.
Vargas trouxe o voto secreto, deu às mulheres o direito de votar, criou leis trabalhistas que regularam o horário de trabalho e estipularam férias.
Em 1964, mais uma vez Roberto Marinho foi destaque para derrubar um governo popular, agora o de João Goulart.
Jango cometeu o crime, aspas, de tentar combater a desigualdade. Criou, por exemplo, o 13.o salário, “uma tragédia”, conforme noticiou o Globo na ocasião.
Mesmo com esta folha corrida, a Globo se julga no direito de falar em forças antidemocráticas.
Pausa para rir.
No mesmo editorial, a Globo se revelou magoada com a maneira como é tratada na internet por blogs “patrocinados pelo governo”.
Nova pausa.
Nenhuma empresa jornalística tem sido tão patrocinada pelo governo, ao longo de tantos anos, como a Globo.
Apenas nos 10 anos de PT no poder, a empresa levou 6 bilhões de reais do governo em publicidade oficial – isto com a audiência despencando.
Isto para não falar em coisas como o dinheiro do BNDES – nosso, portanto – que financiou a construção de uma supergráfica, nos anos 1990, que hoje é um elefante branco.
Não é só do governo federal que a Globo se abastece.
Nos meus tempos de Editora Globo, o governo do Amazonas comprava lotes milionários de livros da Globo.
A contrapartida era um tratamento generoso na revista Época para o então governador do Amazonas, Eduardo Braga.
Tive com Braga uma briga memorável na sede da Editora Globo depois que publicamos um artigo desfavorável a ele. Eu era diretor editorial  naquela ocasião, e ele saiu da reunião dizendo, ameaçador, que ia conversar com João Roberto Marinho.
Uma boa parte do patrimônio bilionário da família Marinho vem do dinheiro público da propaganda oficial.
Durante muitos anos, quando os anunciantes já conseguiam descontos expressivos das empresas de mídia, apenas o governo continuava a pagar a tabela cheia, bovinamente.
Veja a tabela de preços da TV Globo para ter uma ideia de quanto dinheiro foi para os Marinhos por esse atalho.
E mesmo assim a empresa faz pose.
No campo dos impostos a atitude é a mesma. Até os manifestantes do MST pediram outro dia que a empresa mostrasse o Darf – o recibo de uma multa milionária que a Receita lhe aplicou por trapaça na Copa de 2002.
Mesmo assim, a Globo começa a fazer pressão contra o Google na questão fiscal.
É verdade que o Google levou mundialmente ao estado da arte a sonegação legal, aspas, ao encaminhar seu faturamento para paraísos fiscais.
Como o DCM deu diversas vezes, governos no mundo inteiro – o americano, o inglês, o alemão, o francês etc – estão tratando de acabar com a farra fiscal do Google e de outras empresas.
A primeira providência dos governos tem sido publicar o faturamento local do Google e a quantia que paga de imposto – uma miséria.
No Brasil, só agora – segundo o Globo – a Receita decidiu agir. Dilma, noticiou o Globo, teria dado ordens expressas para cuidar do caso Google.
Quem é o principal interessado? O Globo, uma vez que o faturamento publicitário do Google no Brasil cresce vertiginosamente, e tende a bloquear as ambições da Globo na internet.
Não que o Google não tenha que pagar o imposto devido. Tem. Exclamação.
Mas um sonegador falando de outro?
Se a Receita cercar apenas o Google fará um trabalho pela metade.
Enquanto a Globo não mostrar o Darf, a sociedade tem toda a razão de entender que a Globo é mais igual que os outros perante a Receita, e não só a Receita, lamentávelmente.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Um recado aos jovens e aos mais antigos.

Gilson Caroni *

É preciso repetir, uma, duas, quantas vezes for necessário. Não condenemos, nós do campo democrático-popular, as manifestações de junho do ano passado. Não considero os que não concordam com o atual governo como atores necessariamente reacionários. Numa sociedade como a nossa, totalmente fracionada, a democracia continua sendo meramente formal.


Apesar dos avanços inegáveis, ainda há desigualdades abissais, injustiças profundas, direitos negados a índios e pequenos produtores, ambos perdendo suas terras para o latifúndio. Obras de impacto ambiental, executadas sem um amplo debate com a sociedade civil, não contribuem em nada para um desenvolvimento sustentável.Boa parte do que poderia ser investido em saúde e educação é usado no pagamento de juros estratosféricos de uma dívida nunca auditada. Empresas de comunicação, que funcionam sob regime de concessão pública, atuam como braços políticos dos partidos de direita.

Por tudo isso, a ida de manifestantes às ruas contribuiu para vocalizar pleitos legítimos que colaboram para o efetivo aprofundamento democrático. É saudável ver o surgimento de novos protagonistas. É o desdobramento natural da luta do PT, PCdoB e de outras forças progressistas nos últimos 20 anos. Forças que não deveriam ser hostilizadas, mas ouvidas quando buscaram um diálogo. E qual a causa do insucesso dessa tentativa? A intolerância, alimentada por um discurso raivoso que muitos aplaudiram. Lembram dos aplausos? Saíram das mesmas mãos que hoje aplaudem as tropas de choque da PM. E agora, José?

Mas vocês,ativistas recentes, confundem falta de liderança com ausência de direção. É tudo o que a direita precisa para deslegitimar uma juventude cidadã. A ambiguidade estudada do PSOL, a inconsequência política do PSTU, - além de outras legendas sem base política expressiva- colaboraram, e muito, para o esvaziamento do movimento de vocês. Delas ( da ausência de uma agenda clara e de direções definidas) derivaram a ação nefasta dos Black Blocs a quem muitos, por ingenuidade ou oportunismo, deixaram de condenar em definição clara: fascistas fazendo freelancer de " táticas de defesa libertária".

Qual o resultado até agora? Um cinegrafista morto e a mídia corporativa capitalizando o triste episódio para se apresentar como defensora do Estado Democrático de Direito. Logo ela, que durante o regime militar, defendeu os torturadores encapuzados. Vocês merecem isso, garotada? É claro que não. Nenhum de nós merece.
Os mais antigos, aqueles que forjaram seu perfil na luta contra a ditadura, precisam entender que não são donos de uma fórmula prescritível atemporal, que pode ser aplicada a sujeitos e momentos históricos distintos. Nada mais antidialético do que pensar e agir desta forma. Nada mais negador da ação política.

Lembremos que, nos anos 1970/1980, os setores mais avançados da classe operária se politizaram nas fábricas e não graças à ação iluminada de consciências exteriores a eles. E destaquemos a desconfiança que Lula e outra lideranças orgânicas do movimento sindical nutriam em relação aos partidos políticos. A isso nunca chamamos de fascismo. Por que fazê-lo agora?

Será necessário rememorar papel fundamental dos setores ligados à Teologia da Libertação na logística e organização dos movimentos populares, em especial do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra? Quando, nos anos 1990,o MST fez uma passeata na Avenida Rio Branco, centro financeiro e comercial do Rio de Janeiro, eu estava lá. E sabem por que foi maravilhoso? Porque as palavras de ordem não repetiam as nossas, os supostos iluminados. E embora alguns tentassem puxá-las, eles ignoraram solenemente. Hoje, formam o maior movimento social organizado da América Latina.

Acham, com razão, que o governo faz concessões excessivas ao agronegócio, mas sabem que é melhor um governo petista que,mal ou bem, dialoga com eles a um novo ciclo tucano que trata movimentos sociais com repressão e sem concessão alguma. O massacre de Eldorado de Carajás foi emblemático demais, para pensarmos que aquelas mortes foram um ponto fora da curva..
No mais, é isso: há que se aproximar dos jovens para aprofundar a democracia. Há que se lembrar, mais uma vez, que só se aprende na ação. E alertá-los quanto aos arrivistas que se apresentarão como novidadeiros. Queiramos ou não, quem muda a história é a juventude. Melhor dialogar com eles a nos tornarmos uma " gerontocracia burocraticamente progressista".

A história corre caudalosa no seu curso. Cabe definir qual margem do rio capturará sua força. Se a direita que a seca completamente antes de chegar a outro corpo d'água. Ou se à esquerda que a levará a outro rio, ao mar ou ao Oceano. Nunca o conceito habermasiano de razão dialógica se fez tão urgente.

* É professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

A influência da TV aberta na violência difusa

 
 
Criminalista dos mais conhecidos, Antonio Carlos Mariz de Oliveira espantou-se com o nível atual de violência. "Eu entendo a violência do assaltante: ele rouba. Mas e a violência de quem não está sequer praticando crime, mas se torna criminoso de momento, desrespeitando valores? É a banalização do mal. Esse é um problema penal? De repressão? É muito mais grave do que o sistema penal apresenta: é um problema patológico".
A violência difusa tornou-se habitual, nos jogos de futebol, nas manifestações de rua, trazendo mais combustível na fogueira da violência institucionalizada do crime organizado e da polícia.
O país está enfermo. E há muitas causas para essa enfermidade. "Está se assistindo a essa violência incompreensível e nós apenas bradando por cadeias. Que se prenda, mas que se discutam as razões disso".
***
Mariz salienta a responsabilidade da TV aberta na criação desse clima, especialmente os telejornais sensacionalistas. Mas não exime também a imprensa escrita dessa responsabilidade.
"A televisão, como mais eficiente sistema de aculturamento, chegando onde a escola não chega, está prestando um desserviço à sociedade brasileira, tornou-se um eficiente meio de desagregação moral. Não porque mostra beijos de dois homossexuais, mas porque mostra que os problemas da vida são resolvidos à bala  e o valor argentário é o mais relevante".
Continua ele: "A TV não veio só para o Ibope, mas para servir à sociedade como instrumento de formação. Mas a TV teatraliza, instiga e assinala para a sociedade que a única resposta possível ao crime é a prisão. Então o binômio crime-prisão é visto como sagrado. Ai do Judiciário se não prender naquele caso em que, sem processo, sem julgamento, ela julga culpado. E a TV faz questão de ir além da lei e ela mesmo aplica penas crueis, perpétuas, porque o mero suspeito é exposto à execração pública, antes mesmo de estar sendo investigado".
"A mídia pratica isso e nós, em nome da liberdade de imprensa, que é confundida com irresponsabilidade social. A imprensa tem que ter uma responsabilidade social", constata ele.
***
Há toda uma indústria cultural de exploração da violência, nos enlatados, nos games. Na ponta política, intelectuais radicais irresponsáveis, comodamente instalados em suas cátedras jogando a rapaziada no fogo, brincando de realidade ideológica virtual, sem pensar nas consequências para a vida de dezenas de rapazes inexperientes. E tudo isso em uma sociedade que, historicamente, destacou-se como das mais violentas do planeta.
***
Denuncia Mariz que o sistema prisional faliu. Há 200 mil pessoas nos presídios ou inocentes ou aguardando julgamento, tornando-se prato feito para o aliciamento pelo crime organizado. Na outra ponta, enormes dificuldades em enfrentar os verdadeiramente criminosos.
É tarefa quase impossível reverter essa maldição nacional. Até hoje, os melhores programas de combate à criminalidade juntaram a educação, o lazer, o apoio aos jovens infratores com a repressão necessária ao crime.
Mas são exemplos isolados.
Séculos de escravidão, de política resolvida a bala, de vendetas, de jagunços, legaram uma herança quase impossível de ser extirpada.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Dilma vai lançar o PAC 3, focado em mobilidade urbana e banda larga


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Segundo o Globo publica hoje, o governo federal lançará, em abril, o PAC 3.
O jornalão faz seu velho teatro oposicionista, focando mais nos atrasos pontuais de algumas obras do que revelando o desempenho geral e as perspectivas de futuro.
Mas será difícil convencer o leitor – e o eleitor – que ver o governo apostando num novo ciclo de investimentos em infra-estrutura não é uma coisa boa.
Os projetos estão sendo especialmente planejados para melhorar a mobilidade urbana nas grandes cidades. Também haverá fortes investimentos numa banda larga mais eficiente e mais rápida.
O governo ainda não desistiu do trem bala.  Ainda bem. Uma nova tentativa de leilão para escolher a empresa que tocará as obras deverá acontecer ao fim do ano.
Para 2014, as obras do PAC 2 tem um orçamento previsto de R$ 64 bilhões.
Dentro de alguns dias, o governo divulga o nono balanço do PAC 2. Em janeiro deste ano, ele já deu algumas dicas:
O último balanço divulgado em outubro de 2013, com dados até setembro, informou que 67% das obras estavam prontas. Também aí teremos novidades boas para o Brasil, embora talvez ruins para uma oposição sem projeto e que, quando no poder, não fez absolutamente nada.
Segundo o ministério do Planejamento, o número de casas contratadas para o programa Minha Casa Minha Vida alcançou a incrível marca de 3,4 milhões de moradias.
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Resposta à Veja: o Brasil está acorrentado ao poste !

Fernando Brito faz a autópsia do detrito de maré baixa

O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:

Resposta à Veja: Onde está o Brasil? Acorrentado ao poste, como aquele negro. A corrente é a mídia


A revista Veja, uma espécie de toque de Midas ao inverso, que transforma em imundície tudo em que toca,  coloca em sua capa a imagem do menino negro, acorrentado a um poste por um bando de tarados do Flamengo, pergunta “Onde está o Brasil  equilibrado, rico em petróleo, educado e viável que só o Governo enxerga?”.

A Veja merece resposta.

Não para ela, que é muito mais incorrigível que o pequeno delinquente que lhe serve de carniça.

Porque ela, ao contrário dele, tem meios e modos para entender o que é civilização, enquanto ele precisa ocupar o tempo arranjando algum resto de comida para engolir, uma cola de sapateiro para cheirar em lugar do respeitável pó branco das festas da elite, e uma banca de jornal que lhe sirva de colchão de lata ou teto de zinco, se chove ou se faz sol.

A resposta à Veja é necessária para que este império de maldade e seus garbosos centuriões saibam que existe quem não lhe abaixe a cabeça e anuncie que fará tudo, tudo o que puder, enquanto a vida durar, para arrancar o Brasil das correntes com que a fina elite e seus brucutus anabolizados da mídia o amarram no poste do atraso, da submissão, da pobreza e da vil condição de uma sociedade de castas,  onde eles são a nobreza opulenta.

O Brasil, senhores de Veja, é este negrinho.

Está cheio de deformações, de cicatrizes, de desvios de conduta, de desesperança e fatalismo.

Estas marcas, nele, foram você que as fizeram, abandonando-o à sua própria sorte, vendo crescer gerações nas ruas, ignorando-os, desprezando.


Tudo estaria bem se ele estivesse lá, no gueto das favelas, tendo uma existência miserável e conformada. Ou sendo um dos muitos que, por uma força até inexplicável, conseguem se sacrificar, como seus pais se sacrificam, para ter uma pobre escola pública, um trabalho mal-pago, uns bailezinhos funk por lá mesmo,  com as devidas arrochadas da PM, os capitães de mato, negros e pardos como eles, mas a serviço dos “buana”.

Não é isso o que diz um dos “civilizados” aos quais a Veja serve de megafone, como está lá em cima?

A pobreza em que os governos que vocês apoiam, as elites que vocês representam e os interesses a que vocês servem tem, entretanto,  destes efeitos colaterais.

Porque aquele menino, como o Brasil, vê o mundo como vocês mostram, canta as músicas que vocês tocam, pensa o que vocês martelam em sua cabeça, tem os desejos que vocês glamourizam.

É foda, foda é assistir a propaganda e ver/Não dá pra ter aquilo pra você

E o que tem pra eles, mesmo um pouquinho, vocês combatem furiosamente: uma bolsa-família, um salário mínimo menos pior, uma cota para a universidade…

Populismo, dizem vocês…

Aquele menino e as mazelas de sua vida nunca tiveram de vocês o tratamento do “Rei dos Camarotes”, aquele idiota.

Ou como o “Rei dos Tribunais”, que vocês bajulam porque, politicamente, lhes é interessante explorar seu comportamento para atacar o Governo, embora ele tenha ficado quieto diante desta monstruosidade, quando gosta tanto dos holofotes para outros temas.

Aliás, quanto ele terá contribuído para a visão do “mata e esfola”, do pré-julgamento, do “não tem lei” para que eu ache bandido?

Vocês não fazem uma matéria sobre os monstros que andam em bando, encapuzados, de porrete na mão, para distribuir bordoadas no “lixo social”, lixo que o seu sistema de poder produz há séculos.

Aqueles que  tentam amenizar um pouco que seja isso é tratado como um primitivo, um arcaico, que não entendeu que só “o mercado” nos salvará.

Ou um “escravo”, como os médicos que aceitaram ir tratar dos negrinhos da periferia ou do interior, onde os coxinhas da Veja não querem ir.

O mercado do qual o menino terá – se tiver – a xêpa.

E ele tem direito a mais, porque ele brotou – feio e torto – desta terra. Não veio de fora para fazer fortuna entre nós e não ser um de nós.

O negrinho está acorrentado, Veja, e acorrentado por quem o domina.

O Brasil também, e também seu Governo que, se não se “comportar” para com os que de fato o dominam, levará mais bordoadas do que já leva, por sua insubmissão.

Acorrentado por uma cadeia mental, a mídia, uma corrente da qual vocês são um dos maiores e mais odiosos elos.

Aquele negrinho não pode ter um destino próprio, apenas o papel que lhe derem, como o Brasil não pode ter seu próprio destino, aquele que convém a vocês e não nos tira do mesmo lugar.

Esta corrente, entretanto, é podre.

Podre, podre de não se poder disfarçar o fedor que exala.

E está se esgarçando, para desespero dos que contam com ela para nos manter atados.

O “Brasil  equilibrado, rico em petróleo, educado e viável”  que vocês dizem que só o Governo enxerga, de uns anos para cá, surgiu diante do povo brasileiro, depois de décadas de fatalismo de “este país é uma merda mesmo” que vocês nos inculcaram, a nós, os negrinhos.

E ele nos atrai com tanta força que não será esta corrente imunda, de elos podres, que o deterá.

Por mais que vocês se arreganhem, como fazem os impérios em decadência, por mais que se comportem, nas bancas, como aqueles facínoras de porrete,  será inútil.

Vocês já não são a única voz, embora muitos ainda os temam e procurem, inutilmente, cair nas suas boas graças com juras de vassalagem ao que vocês representam.

O mundo de vocês é o passado, é o da escravidão, é o da aristocracia que, tão boazinha, até deixa entrar alguns negrinhos na cozinha, desde que se comportem e não façam sujeira.

É o passado, porque o futuro tem uma força tão grande, tão imensa, tão inexorável que, logo, vocês penderão de um poste.

Não, fiquem calmos, não estou sugerindo enforcamentos, como foi o do Mussolini…

Apensas penderão como um elo roto de um poste velho e carcomido, que não tem mais luz e serventia.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O culpado é Sílvio Santos

“Jornalista tem de dar a notícia, só, e elogiar o ser humano”: Silvio Santos e a melhor resposta a Sheherazade
O texto abaixo, de Lino Bocchini, foi publicado originalmente na Carta Capital.
Sheherazade é um alvo menor. A moça é uma mera testa-de-ferro, uma boneca de ventríloquo. A verdadeira voz dos discursos diários pregando o ódio, a violência, o preconceito e a intolerância é a de Silvio Santos. Foi ele quem decidiu trazer a jornalista da TV Tambaú, afiliada de sua emissora na Paraíba, para o palanque nacional do Jornal do SBT. É o empresário quem a mantém intocada e lhe protege para que siga discursando no horário dito nobre. É Silvio quem a segura para que, ao noticiar a polêmica em torno de suas declarações, ela possa zombar de nossa cara e bravatear que não abrirá mão de seu “direito de liberdade de expressão”.
E tem mais. Sob o comando ou conivência de Silvio, outras vozes semelhantes ganham força nas afiliadas do SBT. É o caso, por exemplo, de Paulo Martins. Comentarista do Jornal da Massa, veiculado toda noite pela afiliada do SBT do Paraná, Martins passeia pelos mesmos temas de sua colega Sheherazade, como por exemplo o rolezinho:
“Aposentaram a cinta, essa é a geração mãozinha na cabeça. Ninguém tem direito de se organizar em bando e tumultuar uma propriedade privada, atrapalhar a vida de quem é responsável e honrado, tem compromissos e não tem tempo pra perder com rolezinho”.
O jornal da Massa faz parte da programação da Rede Massa, o maior grupo de comunicação do Paraná. O conglomerado é de propriedade de Carlos Massa, o Ratinho, que tem seu programa na grade nacional do SBT.
Em seus comentários diários Martins já afirmou, por exemplo, que os presidentes do Brasil, do Equador, da Argentina e da Venezuela formam “a gangue do Foro de São Paulo”. Ao ver que seu parceiro de bancada assustou-se com a palavra “gangue”, emendou: “Os caras são parceiros das Farc, você quer que eu chame eles do quê?”. Há coerência com a forma que ele refere-se à atual administração federal: “a ditadura Dilma Roussef”.
Em Santa Catarina, o SBT de Silvio Santos mantém um outro apresentador-comentarista que cerra fileiras com Sheherazade e Martins. É Luiz Carlos Prates, que todo dia fala o que bem entende na bancada do SBT Meio Dia, levado ao ar pela afiliada catarinense do SBT, propriedade do Sistema Catarinense de Comunicação.
Prates tem 50 anos de carreira e é figura conhecida no estado. Passou por diversas emissoras antes de instalar-se no SBT e tem uma longa lista de frases, digamos, de destaque. É o tipo de comentarista que, ao falar do trânsito em Florianópolis, lamenta que “hoje em dia qualquer miserável tem um carro”. Ou, ao analisar o drama das meninas que têm sua intimidade escancarada em fotos ou vídeos na internet, diz que “só uma débil mental se expõe promiscuamente desse jeito”.
E o governo com isso?
Por mais antipatia de uma parcela da população que uma revista Veja ou um jornal O Estado de S. Paulo possam despertar, faz parte do jogo democrático a sua existência. São negócios como outro qualquer e, por mais que incomodem, têm todo o direito de existir e publicar o que bem entenderem, dentro dos limites da Constituição.
No caso de uma rádio ou televisão, contudo, a história é outra. Eles operam por meio de outorgas concedidas pelo Ministério das Comunicações com o aval do Congresso. E aí há regras. Afinal, é uma autorização de uso de um bem público, não é uma mera iniciativa privada, como querem nos fazer crer.
Pela legislação em vigor, é o Ministério das Comunicações o órgão responsável por fiscalizar o conteúdo veiculado pelas emissoras e responsabilizá-las se houver violação da lei. No caso de Sheherazade, por exemplo, há uma lista de violações. Foram desrespeitados os direitos humanos assegurados pela Constituição Federal, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e há violação explícita do Código Brasileiro de Telecomunicações, que determina que o serviço de radiodifusão não pode ser usado para humilhar pessoas e expô-las a condições degradantes, “nem que seus fins sejam jornalísticos”.
Ou seja, está tudo muito explícito. É só o Ministério das Comunicações, comandado por Paulo Bernardo, começar a agir e multar as empresas. Só não o faz porque não quer.
É importante sublinhar também que Carlos Massa ou o proprietário de qualquer outra emissora brasileira tem o mesmo direito de usufruir daquele espaço do que qualquer universidade, ONG, empresa ou pessoa física. São eles os donos unicamente por acordos políticos.
E é no mínimo questionável o uso de tais concessões para enriquecer bispos de igrejas suspeitas, faturar bilhões a cada ano com a venda de publicidade ou colocar no ar comentaristas como Sheherazade, Martins e Prates, que diariamente desrespeitam as leis, deseducam e pregam a violência e o preconceito para milhões de brasileiros.
Só o governo, por meio do Ministério das Comunicações, pode mudar isso. E só a sociedade civil organizada pode pressionar o governo e o Congresso para que isso aconteça.
Continuemos criticando Sheherazade, ela merece. Até gosta. A apresentadora estava se deliciando ao noticiar a polêmica em torno do seu nome na noite de quinta-feira 6. O sorrisinho constante era o retrato da confiança de quem está sendo não apenas protegida pelo patrão, mas também sendo beneficiada pela omissão de quem poderia fazer algo em Brasília. Ela e Silvio estão rindo da sua cara.

As manifestações de apoio aos justiceiros do Rio poderiam ser escritas por um só cretino fundamental


 mussolini


Falar mal do beijo gay não pode. Falar mal dos preços não pode. Falar mal de políticos corruptos não pode.
Será que estamos em uma ditadura democrática?
Eu sou a favor de liberar geral o uso de armas e que cada brasileiro tenha um revólver na mão. Vamos ver quem vence a parada: os assassinos ou nós. O povo brasileiro tem de ser forte e firme na defesa de seus inerentes direitos, evitando assim entregar sua liberdade nas mãos de um estado totalitário.
Alguém aqui já viu algum representante dos direitos humanos apoiando famílias que tiveram entes queridos mortos pelas mãos de meliantes? Se ninguém percebeu ainda, estamos vivendo uma crise de segurança pública e não me admira que a população comece a fazer justiça com as próprias mãos.
O que me chocou foi a podre da Rede Globo fazendo entrevista com o safado malandro como se fosse a vitima. Tá de um jeito que daqui a pouco teremos de nos envergonhar por sermos honestos. Estamos em guerra declarada e os inocentes serão os primeiros a cair.
São centenas de mortos e assaltados a cada dia por criminosos que adoram quando indolentes e sonhadores os defendem. Se for para cairmos, que seja atirando. Não devemos morrer como gado aguardando o abate. É um absurdo um marginal ser tratado como se fosse um coitado. Aos 17, ele “só” tem 3 passagens pela polícia. Imagine aos 30. São os direitos dos manos.
Hoje em dia não existem vitimas da sociedade coisa nenhuma. Existem vitimas da preguiça, que querem explorar e ter dinheiro fácil, roubando ou matando. Trabalho, tenho empréstimo para pagar e já estive devendo uma vela pra cada santo.
Quando o povo cansa, começa a fazer justiça com as próprias mão. Aí não tem religião ou crença que resistam. É o momento do olho por olho, dente por dente. Guerra é guerra.
Precisamos do regime militar para colocar ordem e disciplina neste país governado por bandidos. Na época do militarismo, a maioria que morria eram marginais e muitos foram enterrados como indigentes por usarem documentos falsos adquiridos em Cuba. Hoje, são taxados de desaparecidos políticos.
O Brasil virou um país onde a meritocracia é atacada e o roubo elogiado. O legal é ser pobre e extorquir o outro.
Já passou da hora de ter aqui nesse país lixo a famosa e tão temida prisão perpetua.
Ficou com dó do bandidinho? Adote ele, então.

****

Este texto foi feito a partir de uma seleção de comentários nos portais alusivos ao discurso de Rachel Sheherazade a favor dos justiceiros do Rio. Uma tempestade de ódio e ignorância que poderia ser de autoria do mesmo cretino fundamental — e que é resumida numa velha defesa dos camisas negras, a milícia fascista de Mussolini:
“Nós não compartilhamos a opinião de quem deseja condenar qualquer ação fascista sob a acusação generalizada de que é violência. Há momentos em que a violência, mesmo que assuma a aparência de agressão, na verdade é uma violência defensiva, que é legítima.”
 justiceiros2

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A quem o povo assusta? (a quem a fôia ditabranda engana?)

GilsonSampaio
O jornal folha de são paulo  emprestava seus carros para torturadores da ditadura militar levarem suas vítimas pro DOI-CODI para serem torturadas, assassinadas ou desaparecidas. Recentemente propalou que a ditadura brasileira foi light e cunhou termo próprio pra qualificá-la: ditabranda. Notoriamente tucana e serrista a ponto de blindar ferrenhamente corruptos de alta plumagem do PSDB.
Feita essa breve apresentação, é surpreendente a publicação dessa matéria do jornalista Ricardo Mello. Pode ser apenas um estratagema para se apresentar pluralista? Pode ser, e é.
Em tempo: fosse em Minas, a irmãzinha do Aébrio Never já estaria exibindo a cabeça do jornalista numa bandeja.

Via fôia ditabranda
Ricardo Mello
Imagine o cenário. Vencido o prazo para os condenados da AP 470 pagarem as multas, nenhum apareceu. José Genoino, olhe só, alegou que o valor supera o preço de sua casa. Os outros tampouco respeitaram a sentença. O que aconteceria?
Pelo que se tem lido e ouvido, batata. "Mensaleiros do PT desprezam Justiça." Ou então: "Além de truculentos e corruptos, petistas dão calote no Tesouro". Ou parafraseando aquele ministro falastrão: "Eles merecem mais que o ostracismo: ademais de incomunicáveis, precisam apodrecer na cadeia e receber apenas uma refeição por dia. E mais: entrar para sempre na lista negra da Serasa!".
Outra hipótese. Com dois ou três telefonemas, ou num regabofe no coração de Higienópolis, condenados se acertam com a banca e o dinheiro surge em segundos – o tempo de uma TED. Formalmente, tudo dentro da lei: não é crime receber auxílio para pôr contas em dia. Para os banqueiros, seria apenas uma gorjeta diante de lucros nunca antes imaginados. O juízo midiático, contudo, também seria inapelável. "Cai a máscara: bancos ajudam 'companheiros' a pagar multas."
Surpresa (ou decepção) para muitos: nada disso ocorreu. Sem afrontar instituições, sem desrespeitar qualquer direito (diferentemente do que ocorre com os dos condenados), Genoino e cia. agiram como deveria ser habitual num partido de raízes populares: recorreram à militância. Quem se assustou? Todo mundo para quem não passa pela cabeça alguém doar dinheiro por acreditar em alguma coisa, alguma ideia, algum futuro.
A reação mostra o grau de envenenamento do clima político atual. Partiu-se para a troça. Alguns leitores pediram desde uma vaquinha para honrar carnês até auditoria implacável nas doações. Houve mais. Embaladas como coisa séria, reportagens acusaram os petistas de arrecadar mais dinheiro que a Pastoral da Criança! O que tem a ver uma coisa com a outra? Por acaso a Pastoral está em campanha? Pareceria mais razoável comparar o orçamento dessa ONG com fundos auferidos pelo Criança Esperança – mas aí a coisa complica diante do calibre dos interesses envolvidos.
O deputado tucano Jutahy Magalhães Júnior, por sua vez, exagerou no ridículo. "Isso é um acinte, um deboche." Por quê? Talvez porque os condenados, em vez de seguir o recém-divulgado manual de propinas de empresas como a Alstom, optaram pela arrecadação popular e voluntária.
Não há anjos em política, mas a democracia em vigor prevê o respeito a decisões judiciais, até num caso polêmico como a AP 470. A democracia não obriga, contudo, ao conformismo bovino – exceto no caso da vigência de ditaduras disfarçadas ou quando se está sob o tacão de juntas togadas travestidas de supremas.
Muito ainda vai se falar da campanha de doações petista. Pode ser que impropriedades tenham sido cometidas. Mas certamente nada tão grave, por exemplo, como a montanha de denúncias fartamente documentadas no livro primoroso do jornalista desta Folha Rubens Valente, "Operação Banqueiro". Como se sabe, a obra desvenda relações promíscuas entre Poderes da República e o personagem Daniel Dantas. Investigá-las ou não fica ao gosto do freguês.
Feitas as contas, o mais sincero entre os apavorados foi o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha. Como se discute o financiamento público nas eleições, o deputado sentiu a água subir: "Só o PT vai ter dinheiro. Se da cadeia ele arrumou isso, imagina da Esplanada".
Qual o "crime" do partido? Para o deputado, o PT é o único com militância suficiente para arrecadar grandes quantias em defesa de ideais. Em vez de fazer o mesmo e disputar apoiadores entre o povo, a turma suprapartidária de Cunha prefere levantar dinheiro na surdina para melhor abafar suas próprias causas.
Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de 'Opinião', editor da 'Primeira Página', editor-adjunto de 'Mundo', secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do 'TV Folha', entre outras funções. Atualmente é chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Também foi editor-chefe do 'Diário de S. Paulo', do 'Jornal da Band' e do 'Jornal da Globo'. Na juventude, foi um dos principais dirigentes do movimento estudantil 'Liberdade e Luta' ('Libelu'), de orientação trotskista.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Cresce movimento pelo impeachment de Barbosa

JUDICIÁRIO E JUSTIÇA




"Cabem providências jurídicas contra ele, entre elas o impeachment."
                                                                                   Celso Bandeira de Mello, jurista

"Nunca houve impeachment de um presidente do STF. Mas pode haver, está na Constituição. Bases legais, há. Foi constrangedor, um linchamento. O poder judiciário não pode ser instrumento de vendetta."

                                                             Cláudio Lembo, jurista, reitor do Mackenzie




Banco de Imagens/STF




247 - Uma petição online, que defende o impeachment de Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, foi publicada no site Avaaz. Leia abaixo sua justificativa e acesse aqui a petição:

Por que isto é importante

A OAB aprovou documento assinado por todos os seus conselheiros federais cobrando do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma investigação sobre a conduta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se de uma medida inédita da entidade.

Algo que demonstra o quanto o atual presidente do Supremo extrapolou todos os limites do jogo democrático. Um dos maiores e mais renomados juristas do Brasil, Celso Bandeira de Mello, professor de direito da PUC-SP, criticou as decisões tomadas por Joaquim Barbosa sobre a prisão dos condenados do chamado “mensalão”. “Cabem providências jurídicas contra ele, entre elas o impeachment".


Enquanto isso cresce o movimento pelo impeachment do presidente do STF. O ex-governador de São Paulo, e um dos juristas mais respeitados do país, o conservador Claudio Lembo, concedeu uma entrevista ao programa “É Notícia”, da RedeTV!, que promete incendiar o debate sobre os abusos cometidos por Barbosa.

“Nunca houve impeachment de um presidente do STF. Mas pode haver, está na Constituição. Bases legais, há. Foi constrangedor, um linchamento. O poder judiciário não pode ser instrumento de vendetta”, diz o ex-governador paulista.

Já foi lançado um manifesto de repúdio ao que chamam de prisões ilegais de parte dos condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão, assinado por juristas, intelectuais da sociedade civil. Joaquim Barbosa mentiu ao defender o sigilo do Inquérito 2474 pois está atuando claramente a favor dos interesses dos magnatas da mídia brasileira, onde inclusive seu filho trabalha.

Para quem não sabe, este inquérito tem as provas de que todo o mensalão foi uma imensa farsa sustentada pela mídia e pela oposição, para derrubar o PT e criar as bases de um golpe de estado através do impeachment de Lula. Não conseguiram derrubar Lula, mas conseguiram iludir, desinformar e colocar boa parte dos brasileiros contra o PT.


A Rede Globo, a Revista Veja e o Jornal Folha de SP ajudaram durante anos a sustentar a mentira, pois o PT planejava democratizar a mídia, que no Brasil é dominada por 7 famílias de bilionários.


Brasil 247

A missão de Thomas Traumann

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Thomas Traumann foi uma excelente aquisição para a Secom.
Trabalhamos juntos na Época em meados dos anos 2 000. Thomas é um jornalista competente e um homem de caráter.
Fazia, na revista, uma das seções mais lidas: Filtro. Como o nome diz, era uma filtragem das notícias mais importantes da política. (O espírito dela está presente em nosso Essencial.)
Eu era diretor editorial, e minha divisa era: “um olho na revista e outro no site”. Thomas, com seu Filtro, era a representação disso.
Na edição semanal, você tinha ali o principal do mundo político no papel. Diariamente, pela internet, você se informava por Thomas.
O mundo político acompanhava-o. Lembro que uma vez Serra, então forte candidato à presidência, nos contou que uma de suas leituras obrigatórias era o Filtro de Thomas.
Ele chega à Secom sob uma cínica desconfiança da mídia.
Absurdamente privilegiada há anos, décadas, por sucessivos governos com coisas como publicidade em doses abjetas e financiamentos a juros maternos em bancos públicos, a mídia teme que a Secom coloque algum dinheiro em blogs que representam, hoje, a garantia de que vozes e visões alternativas chegarão à sociedade.
As companhias de jornalismo defendem, essencialmente, seus próprios interesses – e os do grupo a que pertencem, o chamado 1%.
Antes da internet, elas comandavam – manipulavam – a opinião pública. Veja o que elas fizeram com Getúlio e, depois, Jango. Com Lula, no Mensalão, o mesmo comportamento padrão se repetiu – a tentativa de minar governantes populares. A diferença é que a estratégia não funcionou. A intenção era a mesma.
Foi nesse quadro que a internet surgiu e floresceu como uma vital contrapartida às empresas de mídia.
Colunistas que reproduzem o pensamento patronal estão criticando a nomeação de Thomas.
Reinaldo Azevedo – que tem uma velha obsessão por mim – é um deles.
É até engraçado. Quando dirigiu uma revista a favor do PSDB, Azevedo recebeu mensalões do governo paulista na forma de anúncios. Nem isso foi suficiente para salvar a publicação.
A revista para a qual ele trabalha – a Veja – é abençoada com a compra de lotes consideráveis pelo governo de Alckmin.
Os exemplares vão terminar em escolas estaduais cujos alunos estão na internet. São conhecidos os relatos de gente que vê as revistas indo para o lixo exatamente como chegam – na embalagem plástica.
Alguém pode imaginar jovens lendo revistas de papel, com a internet à sua disposição? Mas o governo Alckmin gasta milhões em Vejas que não serão lidas por estudantes que sequer a conhecem.
Thomas Traumann chega com uma missão relevante: dar mais nexo ao investimento publicitário oficial.
Faz sentido a Globo – com audiência em queda aguda por conta também da internet – continuar a receber tanto dinheiro em anúncios governamentais?
A Globo é uma bizarrice. Graças ao BV (Bonificação por Volume), uma espécie de propina para as agências, a Globo tem 60% da receita publicitária brasileira tendo 20% da audiência.
Todo este dinheiro – o governo colocou 6 bilhões de reais nos últimos dez anos – alimenta uma máquina que defende os interesses dos Marinhos, dos Marinhos e ainda dos Marinhos.
E defende bem: os herdeiros de Roberto Marinho têm, juntos, a maior fortuna do Brasil, como mostra a lista de bilionários da Forbes. São cerca de 55 bilhões de dólares, somados.
Durante muito tempo, só o governo pagava tabela cheia de publicidade quando os anunciantes privados tinham descontos que podiam passar de 50%. Era uma torração infernal de dinheiro público.
Dívidas com bancos oficiais eram pagos, frequentemente, com anúncios. Nos anos 1980, o Jornal do Brasil regurgitava de anúncios do governo.
Investir no jornalismo digital é fundamental – sobretudo para a sociedade. Jango não teria sido derrubado tão fácil se na época houvesse a internet para mostrar o que os jornais não mostravam.
Teríamos evitado, simplesmente, a ditadura militar – a qual, além de matar brasileiros, construiu um país campeão mundial de desigualdade.
Os militares – apoiados pela mídia – fizeram um governo de ricos, por ricos e para ricos.
Thomas, na Secom, é a esperança de que cheguem ao fim as mamatas das empresas de mídia no que diz respeito às verbas oficiais.
Se Thomas se sair bem, mais que o governo Dilma, quem ganhará mesmo é a sociedade brasileira.

Joaquim Barbosa deve satisfações pela foto com um foragido

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Circula hoje pela internet uma foto que é um embaraço – mais um numa longa série – para Joaquim Barbosa.
Nela, JB aparece confraternizando, nos Estados Unidos, com um homem que parece um a mais na multidão.
Mas não é.
Ao lado de JB está Antonio Mahfuz, que os amigos chamam de Toni ou Toninho. A foto foi postada por Mahfuz no seu Facebook, e nela ele sauda o “justiceiro” JB.
Não haveria problema nenhum não fosse Mahfuz a chamada chave de cadeia. Ele fugiu do Brasil, há quinze anos, e deixou atrás de si copiosos calotes. Uma contabilidade recente coloca Mahfuz como réu em 221 processos.
Foi exatamente para escapar da cadeia que ele se refugiou na Flórida, numa cidade chamada Hollywood, perto de Miami. Miami, sabemos, é onde JB comprou um apartamento em nome de uma empresa imaginária, para não pagar imposto.
Quando fugiu, a sentença de prisão de Mahfuz estava decretada, por conta do processo movido contra ele pelo seu principal credor, o banco Chase Manhattan.
Dono de uma rede de lojas nascida na região de Rio Preto, em São Paulo, e depois expandida para outras partes, Mahfuz deu em garantia para empréstimos bens.
Ele não honrou as dívidas, e o banco, quando o executou, simplesmente não encontrou os bens penhorados. Ele foi decretado pela justiça “depositário infiel”. Quando sua prisão foi pedida, ele foi para os Estados Unidos.
Deixou no Brasil as dívidas, e uma situação judicial extraordinariamente complicada.
Suas irmãs o estão processando sob a acusação de que ele falsificou a assinatura do pai numa procuração que lhe dava poderes para administrar os negócios do patriarca, Elias Mahfuz, um imigrante sírio que montou do nada um patrimônio respeitável no interior de São Paulo.
Um perito contratado por elas atestou que a assinatura no documento que investe Antonio Mahfuz não “partiu do punho” do pai. Um site da região conta com detalhes essa história.
Elas querem que todos os negócios realizados a partir da procuração sejam anulados. Seria a maneira de recuperaram a herança paterna que o irmão fez desaparecer.
É ao lado de Mahfuz, com esta folha corrida, que JB aparece na foto.
Tudo bem?
Não, evidentemente. Na hipótese mais benevolente, JB estava em algum lugar quando foi abordado por alguém que o reconheceu, e para quem ele é um herói.
Na pior, ele conhece Mahfuz, o que criaria um conflito ético profundo.
Num mundo menos imperfeito juízes não teriam amigos, porque isso pode afetar suas sentenças, mas vivemos num país em que Merval Pereira se abraça sem cerimônia com magistrados como Ayres Britto e Gilmar Mendes, com todas as partes aparentemente sem noção da gravidade dos abraços.
Seja qual for a origem da confraternização de Mahfuz e Joaquim Barbosa, está claro que JB deve uma satisfação aos brasileiros.