quinta-feira, 29 de maio de 2014

A lição que o Brasil está prestes a dar ao mundo

não vai ter copa
Publicado originalmente no site Manual de Ingenuidades.

Há um pensamento em voga entre nós: devíamos sabotar a Copa, torcer contra, colaborar para que “não haja” Copa. Isto seria a coisa cívica e correta a fazer – usar a Copa do Mundo no Brasil não para vender ao mundo uma imagem boa do país, mas, ao contrário, para revelar nossas mazelas, para admitir nossas iniquidades diante do planeta.
Isto seria um levante contra “tudo isso que está aí” – o maldito padrão Fifa que não conseguimos alcançar e que nos humilha; nossa incapacidade histórica de fazer qualquer coisa honestamente, sem cobrar ou pagar propina; a economia que não anda; nossa ineficiência estrutural e nossa leniência crônica que nunca cumprem o que promete, que perdem prazos e desrespeitam contratos; nossa falência como nação que não consegue andar para frente em tantos aspectos essenciais; nossa incompetência em superar essa fenda social profunda que nos divide há séculos em duas castas que se odeiam, às vezes em silêncio, às vezes nem tanto.
Mas sabotar a Copa funcionaria também como uma espécie de autoexpiação pública e mundial, transformando nossas questões nacionais, internas, num inesquecível fiasco global. Como se a Copa do Mundo deixasse de ser uma festa para virar uma chibata. Como se o maior evento do planeta, que nos foi confiado e que nós brigamos para receber, não representasse um momento de alegria mas sim uma oportunidade de gerar constrangimento, vergonha, decepção e má publicidade.
Sorrir virou uma assunção de cretinice. Torcer pelas cores nacionais na Copa virou um crime. Exercer o gosto pelo futebol, um traço nacional, virou coisa de gente pusilânime.
Ao mesmo tempo, ver o Brasil mal retratado na imprensa de outros países virou uma alegria. Passamos a gostar da ideia de esfregar nossos aleijões na cara da audiência internacional – tendo especial regozijo ao ver a classe média do resto do mundo virar de lado e tampar o nariz. Adoramos jogar lama no próprio rosto. E convidamos os outros a nos enlamear também. Estamos torcendo para que as coisas funcionem mal, e para que tudo dê errado, e para que não consigamos fazer nada direito, para que tragédias aconteçam, para que tudo mais vá para o inferno.
Estamos vibrando com a derrocada daquilo que mais odiamos. E o que mais odiamos parece ser o Brasil. Como se o Brasil não fôssemos, tão e simplesmente, nós mesmos.
Tenho muita dificuldade de entrar nessa onda de autoimolação. E na inconsequência juvenil dessa postura “quanto pior, melhor”. Há um niilismo contido nesse pensamento, e um masoquismo meio piegas e vazio nessa proposta, um espírito de porco oco e doentio, que me desagradam profundamente. Talvez porque haja muita destruição aí – e eu seja um construtor. Talvez porque haja muita coisa prestes a ser posta abaixo, indiscriminadamente, e eu seja um criador que gosta de erguer obras. Não sou um demolidor de paredes. Então não consigo achar que botar fogo no circo com todo mundo debaixo da lona possa ser uma boa ideia. Talvez por já ter vivido fora do país, e visto o Brasil lá de fora. E por ter dois filhos brasileiros, que terão seu futuro próximo acontecendo por aqui. E por já estar vivendo meu 43. ano de vida. Já estou muito velho para achar que arrasar a terra possa facilitar o nascimento de alguma outra coisa sobre ela.
Fico imaginando esse mesmo pensamento noutros países. Cito apenas alguns. Você completa o quadro.
Na Copa de 2002, o Japão deveria, logo na abertura, fazer menção a seus crimes de guerra, que não foram poucos, pelos quais jamais se desculpou. Ou então alertar para o tratamento discriminatório até hoje imposto aos burakumin – pessoas  que exercem profissões “impuras”, como coveiros e açougueiros. Ou protestar contra a xenofobia, e o sentimento de isolamento (quando não de superioridade) racial que ainda hoje permeia a sociedade japonesa.
A Coréia, no mesmo ano, deveria denunciar seu patriarcalismo opressor e a violência doméstica contra mulheres que é uma espécie de direito adquirido dos homens por lá até hoje – quase 60% das esposas afirmam sofrer algum tipo de abuso dentro de casa.
Os Estados Unidos deveriam ter encerrado a Copa de 1994 com uma apoteose em forma de perdão pela barbaridade das duas bombas atômicas que atiraram covardemente sobre a população civil de duas cidades, em nome de um teste científico (afinal, gente amarela não é gente, né?) e de um aviso nuclear aos novos inimigos. Foram 250 000 mortos, entre crianças, mulheres, bebês, velhos, gestantes, recém nascidos. Ou então a apoteose deveria representar uma elegia às populações indígenas americanas massacradas. Ou aos mortos de todas as ditaduras que os Estados Unidos apoiaram ao longo de décadas, inclusive ensinando as melhores técnicas para “prender e arrebentar”, para vigiar e punir e esganar. Os Estados Unidos também poderiam se retirar da Copa, e também das Olimpíadas, bem como de todas as competições internacionais em que costumam brilhar, em protesto contra o fato de serem a maior economia do mundo e até hoje não terem tido a capacidade de oferecer um sistema público de saúde universal aos trabalhadores que produzem essa riqueza toda – quase 50 milhões de americanos simplesmente não tem a quem recorrer se ficarem doentes.
A África do Sul, em 2010, deveria ter alardeado sua liderança mundial em estupros – 128 estupros por 100 000 habitantes. (Ah, sim. Na Nigéria, que receberemos esse ano, o estupro marital não é considerado crime. A delegação nigeriana, composta de maridos, deveria entrar no Itaquerão empunhando essa bandeira?)
A Itália e a Espanha, as duas últimas campeãs mundiais, nem deveriam vir à Copa. Na Itália, o desemprego entre os jovens é de 38,5% – no Sul, a região mais pobre do país, a taxa é de 50%. Ano passado, 134 lojas fechavam diariamente na bota – mais de 224 000 pontos já fecharam no varejo italiano desde 2008. Na Espanha, o desemprego está batendo em 30% na população em geral. Entre os jovens, já encostou também nos 50%.
Ou seja, se fossem países sérios, Espanha e Itália não perderiam tempo e recursos participando de um evento da Fifa, essa corja internacional, e se dedicariam com mais a afinco a resolver seu problemas, que são muito graves. Trata-se de países à beira da bancarrota. (Só para comparar, a taxa de desemprego no Brasil, esse fim de mundo em que vivemos, é de 4,9%). Os americanos, se merecessem os hambúrgueres que comem, deveriam usar a visibilidade da Copa, já que nem gostam de futebol mesmo, para chamarem a atenção para a tremenda injustiça e para o absurdo descaso que enfrentam em seu sistema público de saúde. E, se tivessem um pingo de vergonha na cara, espanhois e italianos se recusariam a vir para a Copa, a torcer por suas seleções na Copa, e se postariam de costas para os televisores e sairiam quebrando vitrines (das lojas que ainda lhes restam) a cada gol de Iniesta ou de Balotelli. Mais ou menos como estamos planejando fazer por aqui em represália aos êxitos de Neymar e cia.
Eis a lição que o Brasil está prestes a dar ao mundo.

O TABU DA REMESSA DE LUCROS PARA O EXTERIOR, LIVRE E NÃO-TRIBUTADA





Um tabu que sangra o Brasil


A isenção sobre as remessas, aprovada no governo FHC/PSDB-DEM [que se caracterizou pela grande generosidade com os megagrupos financeiros e econômicos estrangeiros], tornou-se um desestímulo à reaplicação dos lucros em uma economia carente de investimentos.

Por Saul Leblon 

O Brasil perde cada vez mais dólares com as remessas de lucros e dividendos das empresas estrangeiras instaladas no país.

Em abril, foram remetidos US$ 3,2 bilhões; US$ 9 bilhões no primeiro quadrimestre de 2014.

No ano passado, lucros, dividendos e royalties remetidos às matrizes totalizaram quase US$ 40 bilhões.

Equivale à soma dos gastos na construção das usinas de Jirau, Belo Monte, Santo Antônio e a refinaria Abreu e Lima.

Representa quase 50% do rombo externo do período, de US$ 81 bilhões (3,6% do PIB).

Não há problema, diz a ortodoxia. Com a liberdade de capitais, o fluxo de investimentos diretos, e os especulativos, cobrem o rombo, ou quase todo ele.

De fato, o ingresso anual de capitais na economia brasileira oscila em torno de US$ 60 bilhões (a diferença em relação ao déficit cambial total é zerada com captações em títulos).

Parece um lago suíço. Mas não é.

As correntezas submersas das contas externas, embora muito distantes da convulsão vivida no ciclo de governo do PSDB –quando as reservas cobriam poucos meses de importações e eram tuteladas pelo FMI- mostram uma dinâmica estrutural conflitante.

As exportações não conseguem gerar um superávit suficiente para cobrir a fatia expressiva das remessas e gastos no exterior.

O declínio nos preços das commodities e a baixa competitividade das exportações industriais (associada à expansão das importações) completam a espiral descendente dos saldos comerciais.

Em 2013, a diferença entre embarques e desembarques deixou apenas US$ 2,561 bilhões no caixa do país, pior resultado da balança comercia desde o ano 2000.

Em 2014, apesar da melhora refletida em um superávit mensal de US$ 506 milhões em abril, o acumulado no quadrimestre ainda é negativo: menos US$ 5,5 bilhões de dólares.

Em tese, haveria aí um paradoxo: como uma economia onde o capital estrangeiro acumula lucros tão robustos e remessas tão generosas (US$ 9 bilhões entre janeiro e abril), exporta tão pouco?

Duas lógicas se superpõem na explicação do conflito aparente.

A primeira decorre da inexistência de sanções que desencorajem as remessas.

Essa atrofia reflete a evolução política do país.

Em 1952, Vargas instituiu um limite de repatriação de 10% sobre os lucros do capital estrangeiro.

Em 20 de janeiro de 1964, Jango, certo de que estava assinando sua deposição, sancionou e especificou barreiras às remessas, no decreto nº 53.451.

Estava correta a intuição do presidente.

O golpe de 1964 eliminou a restrição quantitativa em 1965 - os 20% anuais de retorno do capital e os 10% sobre os lucros foram substituídos por um imposto progressivo.

O mecanismo penalizava adicionalmente remessas acima de 12% do capital médio registrado no triênio anterior. Buscava-se, teoricamente, induzir a permanência do recurso no país na forma reinvestimento, sujeito apenas ao imposto na fonte.

A ‘boa’ intenção da ditadura foi derrubada com a emergência do ciclo neoliberal, que eliminou o imposto suplementar em 31 de dezembro de 1991, no governo Collor.

A escalada do desmonte incluiu ainda um corte na alíquota do Imposto de Renda sobre remessas , que caiu de 25% para 15%.

Finalmente, em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso/PSDB-DEM, a Lei nº 9.249 reduziu a zero a alíquota, instituindo a isenção total de imposto sobre as remessas de lucros e dividendos.

É sugestivo que os mesmos veículos que rasgam manchetes para a erosão de divisas na conta de turismo, silenciem diante dessa sangria gerada pelo capital estrangeiro, cujo controle é uma espécie de tabu da agenda nacional.

Embora descabido para um país que enfrenta dificuldades em gerar saldos com exportações, a verdade é que o débito acumulado pelos viajantes brasileiros nas contas externas (US$ 2,3 bilhões em abril e US$ 8,2 
bilhões no ano) é inferior ao fluxo das remessas do capital estrangeiro.

Mas isso não repercute. Talvez porque envolva não apenas uma diferença contábil.

A intocabilidade dos privilégios concedidos ao capital estrangeiro sonega um pedaço esclarecedor do debate que precisa ser feito sobre o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.

O tabu funciona como uma espécie de cinturão protetor em torno de escolhas políticas feitas nos anos 90, cujos desdobramentos explicam parcela importante das dificuldades estruturais para se inaugurar um novo ciclo de crescimento na economia.

O regime facultado ao capital externo, associado à sofreguidão das privatizações para fechar rombos nas contas externas nos anos 90, instalou no mercado brasileiro uma azeitada plataforma de remessas de divisas, dissociada de contrapartidas equivalentes do lado exportador.

As privatizações dos anos 90, mas também os investimentos estrangeiros e aquisições predominantes nas últimas décadas, concentraram-se em áreas de serviços –chamadas "non-tradables".

Ou seja, sem expandir proporcionalmente o fôlego comercial, criaram-se direitos de remessas assimétricos.

A desestruturação da taxa de câmbio brasileira, traço que se arrasta desde o desastre do Real ‘forte’, completa a base de um sistema econômico manco para dentro e para fora.

Três muletas se atropelam nesse tripé: exportações industriais declinantes, importações ascendentes e sangria desmedida nas diversas modalidades de remessas do capital estrangeiro.

O Brasil não vive uma asfixia decorrente de endividamento externo desmedido, como nos anos 70 e 80 --em parte, conceda-se, decorrente de empréstimos que, de fato, ampliariam a capacidade e a infraestrutura do sistema produtivo.

Mas está constrangido no flanco externo pelo descompasso estrutural intrínseco ao regime do capital estrangeiro na economia.

Esse pano de fundo incômodo, subtraído ao discernimento social, tem pelo menos um aspecto positivo.

Desautoriza o argumento conservador, segundo o qual, seria desastrosa a adoção de um controle de capitais para respaldar uma política cambial e industrial capaz de destravar o crescimento brasileiro.

A ideia de que as condições de investimento e financiamento do país devem estar atreladas –inexoravelmente— ao padrão de liberação financeira dos anos 90 não se sustenta mais.

As facilidades desmedidas oferecidas ao capital estrangeiro não redundaram em um salto no patamar de investimento da economia (declinante ou estagnado desde os anos 90), tampouco agregaram um novo divisor de competitividade, ademais de nada acrescentarem à inserção da indústria local nas cadeias de suprimento e tecnologia que dominam o capitalismo globalizado.

O insulamento regressivo não é uma alternativa à expansão de um sistema econômico complexo e maduro, como é o caso do brasileiro.

Mas as evidências demonstram que os protocolos destinados ao capital estrangeiro estão longe de gerar os efeitos multiplicadores requeridos para o "aggiornamento" do parque industrial e da inserção internacional da economia.

Na verdade, a renúncia à taxação das remessas incentiva o não-reinvestimento de lucros, promove o endividamento intercompanhias (entre filial e matriz), exacerba a espiral das remessas de juros e desloca a ênfase do resultado operacional para a esfera financeira.

Uma conta grosseira indica que o capital estrangeiro remeteu nos últimos 11 anos cerca de US$ 240 bilhões, para um estoque de investimento da ordem de US$ 720 
bilhões.

A relação soa favorável, não fosse a qualidade desse fluxo, boa parte, repita-se, destinado à aquisições de plantas já existentes, crescentemente expresso em endividamento entre filial e matriz e prioritariamente focado em atividades não geradoras de divisas, como varejo, energia, telecomunicações, bebidas, construção etc.

Não apenas isso.

O líder em remessas de lucros e dividendos nos últimos dez anos, o setor automobilístico, responsável por quase 14% da sangria desde 2003, não exibe qualquer compromisso com o país em um quadro de crise internacional.

À renúncia fiscal sobre as remessas vem se superpor, então, novas demandas por isenções de impostos, a título de se evitar demissões, sem que de fato redunde em garantia de emprego aos trabalhadores brasileiros.

O conjunto resgata o tema do controle de capitais como uma ferramenta oportuna, legítima e indispensável à reordenação do desenvolvimento brasileiro.

É hora de desmascarar o tabu que sangra o Brasil."

FONTE: escrito por Saul Leblon

"Regulação da mídia já assusta grupos familiares"

 

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Proposta de regulação econômica dos meios de comunicação, evitando a formação de monopólios ou oligopólios no setor, será o novo cavalo de batalha da sucessão presidencial; tema, inicialmente proposto por Franklin Martins no governo Lula, deve ser retomado pela presidente Dilma num eventual segundo mandato e já assusta grupos tradicionais, como a Folha, de Otávio Frias; manchete do Uol, do grupo Folha, nesta quarta, sinaliza que a resistência será forte

 

247 - A regulação dos meios de comunicação será o novo cavalo de batalha da sucessão presidencial. O tema foi incluído pelo PT em seu programa de governo para um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff e já assusta grupos tradicionais da mídia familiar, como a Folha, de Otávio Frias Filho.

Um sinal de que a resistência será forte é a manchete desta quarta-feira do portal de notícias Uol, ligado ao grupo Folha, dedicada ao tema. A reportagem de Valdo Cruz e Andréia Sadi, no entanto, enfatiza que a proposta de Dilma não controla o conteúdo dos meios de comunicação e trata apenas da regulação econômica do setor, de modo a evitar monopólios ou oligopólios no setor.

A proposta foi inicialmente lançada pelo ministro Franklin Martins, ainda no governo Lula, mas não andou na gestão do ministro Paulo Bernardo, que poderia levar a discussão adiante. Agora, está no programa do PT nos seguintes termos: "A democratização da sociedade brasileira exige que todas e todos possam exercer plenamente a mais ampla e irrestrita liberdade de expressão, o que passa pela regulação dos meios de comunicação –impedindo práticas monopolistas– sem que isso implique qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdos".

De acordo com a reportagem da Folha, o alvo principal é a Globo, que recebe mais de 50% do bolo publicitário do País, a despeito de uma audiência declinante em suas principais atrações – isso se deve, em muitos casos, a práticas anticompetitivas, como o bônus de veiculação pago a agências de publicidade. Com isso, publicitários recebem prêmios financeiros se direcionarem mais verbas para a emissora.
De acordo com a reportagem da Folha, a regulação da mídia hoje tem o apoio de Dilma, do ex-presidente Lula, do ministro Aloizio Mercadante, de Rui Falcão, presidente do PT, e, claro, de Franklin Martins, que atuará na campanha à reeleição.

"Franklin Martins diz que 'não houve' mensalão e que a Globo quer 'comandar o país' "

Miguel do Rosário




A entrevista foi publicada, em outubro do ano passado, numa revista de Porto Alegre, chamada Bastião, cujos editores eu tive o privilégio de conhecer em Brasília na semana passada. Mas eu só li há alguns dias e logo constatei duas coisas: 1) ela ainda é super atual; 2) não circulou quase nada pela blogosfera. Então ela é quase inédita!

Franklin Martins faz observações atiladas sobre a democratização da mídia. Ele observa que o Brasil promove mudanças lentas, porque a construção de maiorias costuma se formar mais vagarosamente no Brasil. Somos grandes demais, diversos demais. O processo de formar maiorias é mais difícil aqui.

Mas quando estas se formam, duram muito. Permanecem consolidadas com mais firmeza do que em outros países, que conseguem construir maiorias com mais agilidade, como a Argentina, onde tudo é mais rápido por ser o debate político muito concentrado apenas em Buenos Aires.
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Franklin observa que uma das funções da internet é criticar a grande mídia, e que esta, se quiser sobreviver, terá que se adaptar a estas críticas, que são saudáveis e democráticas.

Entretanto, o trecho que me chamou a atenção foi sua observação sobre a ruptura editorial da Globo, a partir da cobertura do mensalão. Franklin, que era comentarista político no Jornal da Globo, faz uma acusação grave ao jornalismo da emissora: ela se recusava a investigar a coisa mais importante, a origem do dinheiro do valerioduto, porque aquilo poderia atrapalhar a sua “teoria”.

Mais tarde, a Procuradoria, e Joaquim Barbosa – juiz responsável, desde o início, por acompanhar as investigações do Ministério Público – ajudariam a Globo a explicar a origem do dinheiro do valerioduto, ao encampar a tese do desvio do Fundo de Incentivo Visanet, em detrimento de um relatório da Polícia Federal, que dizia o contrário.

A PF, através do relatório do Inquérito 2474, assinado pelo delegado Luiz Flavio Zampronha, mostrava que a maior parte dos recursos de Marcos Valério tinha vindo de empresas controladas por Daniel Dantas, e que as negociatas de Valério tinham começado bem antes da era Lula.

Quanto ao Visanet, o Laudo 2828, também da PF, provaria que os recursos não estavam sob responsabilidade de Henrique Pizzolato, o único petista na cúpula do Banco do Brasil, derrubando a teoria de que havia um “núcleo petista” instalado dentro do BB, sob ordens secretas de Dirceu, para desviar os recursos necessários ao esquema de compra de voto.

“A Globo resolveu acabar com o pluralismo”, observa Martins, porque decidiu voltar a algo que estava em seu DNA: “comandar o país”.

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Franklin Martins torce para que a Globo não consiga realizar o seu intento (de comandar o país) em 2014. Nós também torcemos, caro Franklin. Nós também.
 
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A fantástica fábrica de tucanagem


FARINHA DO MESMO SACO


Por que regular a mídia é um passo essencial para o avanço do Brasil

Poder e dinheiro muito além do razoável
Poder e dinheiro muito além do razoável
O argumento mais imbecil contra a regulamentação da mídia é a que a associa com “censura”.
Na grande definição de Eça, há aí uma mistura de má fé cínica com obtusidade córnea.
Todas as sociedades desenvolvidas regulam sua mídia. Estabelecem regras para diversas questões que são simplesmente ignoradas no vale tudo nacional.
Por exemplo: direito de resposta. Na Dinamarca, se você comete uma injustiça cabal, é obrigado a se retratar rapidamente e em espaço nobre.
Por exemplo: a Veja atribuiu a Gushiken um gasto exorbitante com dinheiro público numa refeição. Isto se provou calúnia, mentira, e não fato.
Gushiken, atacado na honra, jamais teve uma reparação na revista.
É certo isso? É bom isso? É certo e é bom apenas para as empresas de mídia, que recebem licença para matar moralmente seus inimigos.
Fiscal tem que ser fiscalizado. A mídia se coloca como fiscal, sem ter aliás recebido delegação popular para isso, mas se recusa a ser fiscalizada. É um paradoxo, e é um horror para a sociedade.
Nos Estados Unidos, para evitar o monopólio de opinião (e de negócio) e estimular a pluralidade, nenhum grupo pode ser dono de múltiplas mídias, como a Globo.
A Globo usa seus diversos braços, ou garras, de forma selvagem, para asfixiar a concorrência.
Um executivo da Unilever me contou que, nas negociações sobre publicidade, a Globo enfia o G1 goela abaixo do anunciante.
Para a livre concorrência, é um pesadelo. Para o monopólio da Globo – que hoje detém 60% da publicidade do Brasil com apenas 20% da audiência – é um sonho. Para a sociedade, uma tragédia.
Veja na prática: uma única voz que represente o conservadorismo e os interesses da Globo se multiplica por todas as mídias, e isso manieta a opinião pública.
Merval Pereira, digamos. Ele está no Globo, na Globonews, na CBN, no G1 etc etc. Ou Míriam Leitão. Ou Jabor.
Mais uma vez, é bom para a Globo, e para os colunistas que são sua voz. Estes, graças à superexposição, acabam tendo enormes facilidades para ganhar dinheiro em palestras nas quais vão repetir o que a Globo quer que eles digam.
Você vai encontrar feroz resistência à ideia da regulação nas grandes empresas de mídia – e em seus colunistas. Estes extraem vantagens consideráveis do status quo. Seus mensalões são duradouros e protegidos com imenso cuidado por quem abastece seus bolsos.
Há um conflito de interesses entre os colunistas da grande mídia e a regulação. Isso não pode ser esquecido pelo leitor.
Para os políticos conservadores, vale o mesmo. No ambiente de grande concentração que há, está garantida a eles uma formidável cobertura pelas empresas de mídia.
Com uma desconcentração, essa mamata tende a desaparecer. Não serão protegidos escândalos de partidos amigos.
Há anos, para ficar num caso, Robson Marinho, do PSDB, exerce o inacreditável cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sendo, comprovadamente, corrupto.
Isso só tem sido possível graças à leniência da grande mídia sobre corrupção em outros partidos que não sejam o PT.
O quadro atual favorece coisas como o acobertamento da sonegação bilionária da Globo, também.
A Folha, amiga e sócia da Globo, jamais cobriu um caso em que existem documentos apavorantes. Apenas para comparação: se a sonegação fosse da Carta Capital, Mino Carta já estaria na cadeia há muito tempo, sob pressão da Globo, Folha, Veja e Estadão.
Finalmente: é o estado atual de coisas que leva a uma família de mídia ter a maior fortuna do Brasil.
Você pode dizer o seguinte: por que o PT demorou tanto a colocar isso na pauta? Medo? Cálculo? Esperou a internet se consolidar como uma força alternativa para mitigar a previsível campanha anti-Brasil que virá?
Para mim, é uma mistura das duas coisas. Mas o que importa é que, ainda que com grande atraso, a regulação seja debatida.
Importante: as ruas terão que se manifestar, para que este avanço se realize.
Que manifestações como as de junho tornem impossível negar aos brasileiros um passo tão importante.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tem saudade do fantasma FHC ? Lembra do que ele fez ?

Medidas impopulares ? É o princípio ativo dos tucanos.
Fernando ​Henrique Cardoso governou o Brasil por 8 anos. Entre 1995 e 2002, colecionou fracassos e terminou o seu segundo mandato com 26% de aprovação.

​(​Lula, apenas como comparação, saiu do Governo aprovado por ​87% dos brasileiros.)

O Príncipe da Privataria​ não empolgou nem seus correligionários. Tanto que Padim Pade ​​Cerra e Geraldo Alckmin não defenderam o legado de FHC em suas disputas eleitorais. Ambos o esconderam e não dividiram o palanque com o grão-tucano.

Afinal, como se sabe, o FHC vendeu as joias da família e aumentou a dívida da família. Um jênio !

Mas o tempo passa e, 12 anos depois de seu mandato, inúmeros feitos de FHC foram esquecidos. O Conversa Afiada, sempre preocupado em ajudar, relembra momentos marcantes do tucano. As manchetes da época são suficientes para matar a saudade de FHC.



DESEMPREGO








PRIVATARIA















(Clique aqui para ler que Bornhausen, agora, está com Dudu).




Clique aqui para ver que o Cerra foi decisivo na privatização da Vale (e da Light).



QUALIDADE DE VIDA















ESCÂNDALOS








FMI










ECONOMIA















João de Andrade Neto, editor do Conversa Afiada

As vitórias pouco divulgadas do Brasil



O pessimismo geral do país é um caso clássico de esquizofrenia, alimentado por uma mídia do eixo Rio-São Paulo que perdeu a noção da notícia.
Durante dois anos, martelaram diariamente atrasos em obras da Copa, realçaram detalhes de obras inacabadas, uma campanha diuturna sobre a suposta incapacidade do país em se preparar para a Copa – como se depreciando a engenharia brasileira, os grupos privados envolvidos com as obras, os governos estaduais corresponsáveis pelo processo, a criação do clima de derrotismo se abatesse exclusivamente sobre o governo Dilma Rousseff.
À medida que a Copa se aproxima, que os tapumes das obras são retirados, os usuários descobrem aeroportos de primeiro mundo, arenas esportivas de qualidade invejável, novas estatísticas mostrando o potencial financeiro do jogos.
E os jornais passam a se dar conta que a Copa será a maior vitrine do país em toda sua história, com os 14 mil correspondentes, os recordes de visitantes e da audiência esperada para o televisionamento dos jogos.
Por esse sentimento permanente de baixa autoestima, provavelmente não se dará o devido valor a um feito extraordinariamente superior ao de abrigar a maior Copa do mundo da história (na opinião da Fifa): o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, comprovando que o Brasil entrou em um novo estágio civilizatório.
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O conceito de Metas do Milênio nasceu em 2000, quando líderes mundiais acertaram uma agenda mínima global de compromissos  pela promoção da dignidade humana e de combate à pobreza, à fome, às desigualdades de gênero, às doenças transmissíveis e evitáveis, à destruição do meio ambiente e às condições precárias de vida.
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Conforme os dados do 5º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com quatro anos de antecedência, o país conseguiu alcançar a meta de redução de dois terços a mortalidade infantil, que caiu de 53,7 mortes por mil nascidos vivos em 1990, para 17,7 em 2011.
No saneamento, em 1990 70% da população tinham acesso à agua e 53% à rede de esgotos ou fossa séptica. Em 2012, os indicadores saltaram para 85,5% e 77% respectivamente.
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Outro indicador, o da redução da pobreza extrema, caiu para 3,5% da população, próxima à meta de 3%.
Segundo o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos Marcelo Nery, um dos principais fatores foi a formalização do mercado de trabalho. No período 2002-2005, a formalização girou em torno de 46% da população ocupada. Em 2012 alcançou 58%.
Entre os ocupados a pobreza extrema é de 1,3%; entre os ocupados com carteira de trabalho, de 0,1%.
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Em que pese os avanços que ainda faltam na qualidade do ensino, a taxa de escolarização no ensino fundamental, para crianças de 7 a 14 anos, está próxima de 100%; assim como a taxa de alfabetização de jovens de 15 a 24 anos.
Apesar do analfabetismo funcional, os estudantes de 9 a 17 cursando a série adequada à sua idade saltaram de 50,3% para 79,6%. Parte do avanço foi devido a distorções, como a aprovação automática.

Uma estratégia de isolamento do Brasil?


Júlio Miragaya: Brasil x México
Por Júlio Miragaya, no Correio Braziliense, sugerido por Samuel Pinheiro Guimarães
22/05/2014 – 13h03
Brasil e México, embora separados por milhares de quilômetros, são países com muitas afinidades.
Brasileiros e Mexicanos são povos irmãos e não nos sai da lembrança a festa que os mexicanos fizeram em 1970 quando o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol.
Brasil e México são também os dois mais populosos países da América Latina, com 200 e 120 milhões de habitantes, respectivamente, e as duas maiores economias da região, com PIB respectivamente de 2,25 e 1,4 trilhões de dólares, representando, conjuntamente, quase 60% do PIB total latino-americano.
O México, como o Brasil, tem sua história marcada por momentos trágicos. Se aqui tivemos os portugueses massacrando milhões de indígenas e trazendo mais de 5 milhões de africanos na condição de escravos, o México vivenciou a tragédia do massacre perpetrado pelos colonizadores espanhóis, liderados por Hernán Cortés, que aniquilou o Império Asteca e dizimou mais de 8 milhões de nativos.
Mas o que nos distingue mais fortemente da realidade mexicana talvez seja a distância física da maior potência mundial, os Estados Unidos.
A proximidade com os EUA marcou profunda e tragicamente a história mexicana. Já país independente, livre do domínio colonial espanhol, o México teve surrupiado pelos norte-americanos, entre 1837 e 1853, nada menos que 55% de seu território, ou 2,41 milhões de km², o equivalente a mais da metade da área ocupada pelos 28 países que formam a União Europeia.
De uma nação com 4,38 milhões de km², passou a pouco mais de 1,97 milhão de km².
Sucederam-se outros momentos trágicos no México: a intervenção francesa e a humilhação da imposição do Imperador Maximiliano de Habsburgo entre 1864 e 1867; a ditadura sanguinária de Porfírio Diaz entre 1876 e 1911 e a Revolução Mexicana de 1910, liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa, vitoriosa em 1917, que promoveu uma ampla reforma agrária no país, mas deixou um saldo de 1 milhão de mortos.
A partir de janeiro de 1994, iniciou-se uma nova fase, com o México passando a integrar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), juntamente com os EUA e o Canadá.
Nesse período, o México tem sido utilizado pelo imperialismo norte-americano como uma espécie de aríete contra os demais países latino-americanos que buscam um caminho próprio, sem a tutela dos EUA, tendo sido um dos maiores incentivadores da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), e que foi refutada na 4ª Cúpula das Américas, realizada em 2005 em Mar del Plata.
Recentemente, formou com países sul-americanos, que seguem a cartilha econômica liberal (Colômbia, Chile e Peru), a Aliança do Pacífico, para se contrapor à proposta brasileira de formação da União das Nações Sul-americanas (UNASUL).
O distanciamento político de Brasil e México só tem se acentuado. Nesses 20 anos, a submissão da economia mexicana aos EUA aprofundou-se intensamente. Mais de 80% de seu comércio exterior é realizado com os EUA.
Em 2009, quando a economia dos EUA caiu 2,4%, reflexo da crise iniciada em 2008, a economia mexicana despencou 6,2%.
Se compararmos o desempenho das economias brasileira e mexicana a partir de 2003, quando Lula assumiu o governo e o México aprofundou seu receituário liberal com Vicente Fox, a disparidade é gritante.
A economia brasileira cresceu 45,44% nesses 11 anos enquanto a do México cresceu 30,71%.
Em 2013 o Brasil cresceu 2,3%, o dobro do México (1,1%).
A participação dos salários na renda é de 45% no Brasil e de 29% no México.
Nesse período, o Brasil criou 16 milhões de novos empregos formais e o México apenas 3,5 milhões.
Em 2013, o Brasil criou 1,4 milhões de novos empregos e o México meros 200 mil.
O Brasil reduziu a pobreza absoluta a 15,9% de sua população e no México ela aumentou para 51,3%.
Não obstante o desempenho sofrível, o México é tido como o “queridinho do mercado” e o Brasil, o “patinho feio”.
O curioso é que se os elogios ao modelo neoliberal mexicano são fartos, na hora dos capitalistas investirem seus dólares, parecem preferir o Brasil, onde os investimentos estrangeiros diretos saltaram de 16,6 bilhões de dólares em 2002 para cerca de 70 bilhões em 2012, enquanto no México refluiu de 24 bilhões para 15,5 bilhões no mesmo período.
Se o modelo liberal mexicano teve um desempenho tão inferior ao modelo “intervencionista e estatizante” brasileiro, a que se devem os elogios do mercado ao modelo mexicano?
Seria um ato de má fé, de fundamentalismo ideológico ou uma estratégia de isolamento do Brasil no cenário internacional?
Júlio Miragaya é presidente da Codeplan-DF e Conselheiro do Conselho Federal de Economia

Ronaldo agora tabela com Aécio para detonar o Brasil




Foto acima reproduzida do Terra
Da Redação
Hipocrisia avassaladora. O cara fatura horrores com o futebol, integra o comitê organizador da Copa e agora passa a atacar o Brasil em defesa da FIFA. Não fala nada da corrupção de Ricardo Teixeira, que o colocou no cargo. Teixeira, aliás, homenageado com a medalha da Inconfidência pelo ex-governador Aécio Neves, que Ronaldo quer ver presidente. Entenderam?

 ps.neovisão: "saudades de quando ele andava com prostitutas e travecos e não com essa escória"

PS do Viomundo: A cronologia abaixo foi postada no Diário de Bordo e reproduzida aqui por sugestão da Maria Frô:



sexta-feira, 23 de maio de 2014

Vazam os nomes do ministério do governo Aécio


Sai o "Não vai ter Copa", entra o "Não vai ter Brasil"

A ordem é instaurar o caos
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A cada pesquisa eleitoral que mostra a resiliência da candidatura da presidente Dilma à reeleição, a oposição responde com mais ódio e violência, como se já não tivesse mais esperanças de derrotar nas urnas o que chama, pejorativamente, de "lulodilmismopetismo".
Manifestações sem pé nem cabeça param São Paulo, castigando a já sofrida população.
Outras capitais e grandes cidades brasileiras sofrem com o mesmo tipo de guerrilha.
O "não vamos ter Copa", que não colou, foi trocado pelo "não vamos ter Brasil".

O interessante é que tais demonstrações explícitas de desprezo pela democracia são seletivas.
Nunca têm como alvo governantes tucanos e assemelhados.
É como se todos os males do país fossem responsabilidade dos petistas, como se a incúria, a inércia, a incompetência administrativas seculares pudessem ser apagadas em quatro anos de governo.
A imprensa amplifica como pode essa insanidade, dando voz a qualquer um que tenha um discurso contra o PT.
Artistas se "engajam" na campanha hidrófoba.
A resposta dos governantes do partido tem sido a mais republicana possível, procurando soluções estritamente dentro da lei para ações escancaradamente subversivas.
A tática da oposição, de espalhar, por todos os meios possíveis, o caos no país, já foi aplicada com êxito em outros países.
Parece integrar uma cartilha, patrocinada sabe-se lá por quem, que ensina como derrubar governos democráticos, mas que incomodam a oligarquia.
Caso do Brasil, onde a tal "elite" não suporta Lula, nem Dilma, nem o PT, a quem se refere como "essa raça".
Os colunistas dos jornalões, também engajados na luta para que o país volte aos tempos da Casa Grande e Senzala, destacam o mau clima entre a população.
Só que se esquecem de dizer aos seus prezados leitores/ouvintes/telespectadores, que eles são pagos - e muito bem pagos - para insuflar esse ânimo, para jogar gasolina na fogueira, para ajudar a fazer o circo pegar fogo.
A história se repete, não é isso que dizem?

Pesadelo da Globo vira realidade: AT&T compra DirecTV





A maior operadora de telefonia móvel dos Estados Unidos, AT&T, acaba de comprar a DirecTV, que possui mais de 90% da Sky Brasil. O objetivo é chegar à América Latina e participar do mercado crescente de TV paga e telefonia móvel da região. O Brasil, com a ascensão das classes populares ao consumo, é o alvo principal.

Analistas acreditam que o próximo passo da AT&T pode ser a compra da operadora móvel TIM Participações, em meio a expectativas de venda neste ano pela controladora Telecom Italia. Isso pode dar à operadora americana uma oportunidade para acelerar o desenvolvimento da DirecTV no segmento de banda larga móvel de alta velocidade no Brasil, ganhando acesso aos 73 milhões de clientes da TIM no país. A penetração de banda larga no Brasil é de apenas 33%, de acordo com a BTIG Research. [Fonte: Veja]
Apanhando do Google de um lado e das operadoras de telefonia celular (agora com a maior dos EUA no meio) do outro, a Globo é o marisco nessa luta do rochedo com o mar.

Mais banda larga, internet em alta velocidade e mais opções e barateamento da TV paga estreitam a janela da TV aberta, que perde audiência a cada dia. É o pesadelo da Rede Globo, a força que sustenta as Organizações Globo.

O pesadelo transforma-se em realidade. E está apenas no começo.

A RAPOSA E O GALINHEIRO ( só pode ser piada de mal gosto )

Mauro Santayana

(Hoje em Dia) - O escritor Hans Christian Andersen, que entendia do assunto, dizia que “os contos de fadas são escritos para que as crianças durmam, e os adultos despertem.”
Em uma das fábulas que envolvem canídeos e galináceos, ambas da tradição lusitana, aprende-se porque não se deve deixar a segurança do galinheiro a cargo desses predadores.
A lembrança vem à tona com a notícia, publicada pelo Valor Econômico, de que a Boeing, norte-americana, está trazendo, para o Brasil, sua divisão de Defesa, Espaço e Segurança, para tentar prestar serviços de segurança cibernética a órgãos como o Ministério da Defesa, o da Ciência e Tecnologia, grandes estatais, bancos e companhias do setor privado.
Justamente algumas das áreas que foram mais visadas, e que, com certeza, continuam a ser  espionadas, por agências norte-americanas de informação, como a NSA, no âmbito do vasto “galinheiro cibernético” da rede mundial de computadores.
Embora no site oficial da BDSS – o braço de defesa da Boeing – o link relativo à “defesa nacional” não leve mais a parte alguma, na seção Government Operationsfica clara, como não poderia deixar de ser, a estreita ligação da empresa com o seu país de origem, onde tem fábricas e instalações em mais de 50 estados, e conta com 58 mil funcionários, e um faturamento de 33 bilhões de dólares.
No Brasil – mesmo que contem com fortes concorrentes de outras regiões do mundo -  basta que empresas sejam norte-americanas, e tenham certa reputação estabelecida, ao longo dos anos, por meio de ações de marketing, para que as portas se abram como em um passe de mágica, muitas vezes, sem que sequer seja obedecida a legislação, do ponto de vista de licitação e contratação de serviços.
Esse está sendo agora o caso da joint- venture assinada pela CEF com a IBM, em 2012, para prestar serviços no montante de mais de 1 bilhão de reais, que está sendo contestada e avaliada pelo TCU – o Tribunal de Contas da União.
Na administração pública, é preciso tomar cuidado com quem se coloca dentro de casa, e  se assinam certos convênios, como foi o caso da contratação da Academi, ex-Blackwater -uma empresa privada de mercenários, acusada de crimes em várias regiões do globo -  para o treinamento de policiais brasileiros responsáveis pela segurança da Copa do Mundo.    
No lugar de contratar empresas estrangeiras, o Governo Federal – e os estaduais – por meio do SERPRO, da TELEBRÁS, de nossas universidades e institutos de pesquisa, precisa investir em software nacional e livre, servidores próprios, e criptografia. E  estabelecer parâmetros que proíbam ou desestimulem a compra de soluções externas – principalmente de países que já nos espionaram –  nas quais, eventualmente, como a raposa dentro do galinheiro, possam vir “portas” ocultas  para dar acesso a empresas e governos de outros países a nossas informações nacionais estratégicas.