sábado, 13 de março de 2010

A difícil visita de Lula ao Oriente Médio.


A foto aí em cima é dos protestos de mulheres palestinas, hoje, em Qalandiya, região que separa as capital palestina de Ramallah da cidade de Jerusalém, também de maioria árabe, controlada por Israel. Impressionou-me o contraste entre o rosto das mulheres e o frio sorriso de desdém do soldado. A cerca de 10 km da cidade fica uma barreira, por onde os palestinos passam por rigorosa revista na ida e na volta do trabalho. Ou passavam, porque Israel decretou o bloqueio da passagem, por temor de manifestações contra a decisão de instalar novos assentamentos judeus em terras reconhecidamente palestinas. A decisão israelense foi tão mal recebida pelo mundo que até os Estados Unidos, que costumam ser incondicionais em seu apoio, a criticaram. A secretári Hillay Clinton classificou como “insultante” o anúncio das novas construções em solo palestino ter sido anunciada no momento da visita do vice-presidente americano Joe Biden.

É lá que Lula chega esta semana, Passa um dia e meio na Palestina, em Israel e na Jordânia. Até o tempo será medido para mostrar uma posição de equilíbrio. Essa é a tradição brasileira desde que Oswaldo Aranha presidiu a Assembléia Geral da ONU que definiu partilha da Palestina em uma parte para um Estado judeu e outro árabe. O Estado Palestino árabe ainda não existe. O Brasil, dos primeiros países a reconhecer o Estado de Israel, manteve seu apoio à idéia de um Estado Palestino.

Não há otimismo possível, infelizmente. O radicalismo israelense sente-se protegido pelo apoio americano e os palestinos, com justas razões, são um povo marcado pelo ressentimento das violências atuais e das passadas. O gesto de Lula será o de dizer: o Brasil é amigo dos dois povos, não tem um passado marcado por preferir um deles, como os EUA e está pronto a ser mediador dos conflitos. Mas vai deixar claro que não haverá paz possível – como não houve para o povo judeu – enquanto os palestinos forem um povo sem pátria e sem direitos.
Brizola Neto

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