domingo, 30 de setembro de 2012

Cynara, as cotas e os muquiranas do pensamento

Compartilhar cultura com menos favorecidos é sinônimo de compartilhar o poder com eles. É contra isso que os muquiranas do conhecimento resmungam.
(Tio Patinhas e Mac Mônei no traço de Don Rosa)


Em homenagem ao Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da História da Globo, o Conversa Afiada reproduz texto do blog da Cynara Menezes:

Os muquiranas do pensamento



A primeira vez que eu, menina do interior baiano, ouvi falar de Macchu Pichu e da civilização inca foi num gibi de Tio Patinhas. O velho sovina de Walt Disney era incapaz de presentear Huguinho, Zezinho e Luizinho com um tablete de chocolate, mas não era avarento na hora de compartilhar informações ou de convidar os sobrinhos para suas viagens ao redor do mundo em busca de aventuras –e também de tesouros, claro.

Sempre que vejo a reação de alguns no Brasil à política de cotas lembro do Tio Patinhas. Para mim, ser contra as cotas raciais ou para estudantes das escolas públicas é ser um muquirana do conhecimento, um pão-duro do saber, um mão-de-vaca da cultura. Ao longo da vida, conheci muitas pessoas que se gabavam de ter lido os clássicos, de conhecer várias línguas ou de possuir diversos diplomas com a boca cheia, como se tratasse de um privilégio a que só os bem-aventurados, ungidos por Deus, teriam direito. Pessoas incapazes de repartir sabedoria até mesmo emprestando um livro.

Como se a cultura fosse um baú cheio de moedas de ouro ao qual os velhacos do conhecimento dormem abraçados para que não lhes escape pelos dedos um só níquel que seja, tal qual o Tio Patinhas com a sua “número um”. O muquirana da cultura também  costuma exibir sua moedinha: adora citar frases que pinçou das leituras que fez apenas para demonstrar a incrível erudição que “possui”. Morre de ciúmes de “seus” autores prediletos. Para que ter a generosidade de apresentá-los para que mais gente os conheça, se pode guardá-los inteirinhos para si?

Eu tive a sorte de conviver com mestres que fizeram questão de dividir comigo todo o (pouco) conhecimento que haviam acumulado em suas vidas de professores de província, primeiro, e depois grandes figuras que conheci como jornalista. “Leia isto” –é uma frase singela, mas de uma generosidade sem tamanho, sobretudo se vem acompanhada da própria obra, num país onde os livros custam caro. Nunca pudemos comprar muitos livros em casa, não cresci com uma vasta biblioteca ao redor. Fui correndo atrás de minha formação ao longo da vida e por isso os mestres foram tão importantes, indicando caminhos.

O discurso que os avarentos da cultura no Brasil utilizam contra as cotas é tortuoso. Defendem, principalmente, que o ingresso dos oriundos da escola pública e dos afro-descendentes irá reduzir a “excelência”, baixar o nível das universidades também públicas, que são as melhores –aquelas que eles próprios fazem questão de criticar, quando convém. Um argumento absolutamente falacioso, como se não fosse possível a qualquer estudante inteligente e aplicado, vindo de qualquer colégio, crescer junto com o ambiente em seu entorno. Ou “o homem é produto do meio” não serve para os mais carentes?

No fundo, os argumentos anti-cotas, além de evidenciarem um mal disfarçado preconceito de classe, não passam de desculpas de quem não quer admitir que não gostaria que o conhecimento fosse também democratizado, que fosse acessível a todos. A verdade é que os mesmos que torcem o nariz para a classe C que viaja de avião tampouco quer conviver com eles a seu lado na poltrona do teatro, do cinema –ou na universidade. Cultura é riqueza. Compartilhar cultura, saber, com os menos favorecidos é sinônimo de compartilhar o poder com eles. É contra isso que os muquiranas do conhecimento não param de resmungar.

Gilmar processa José de Abreu !!!

Amigo do ator informa ao ansioso blogueiro que processo é por José de Abreu, no tuiter, chamar Gilmar Dantas de Gilmar Dantas (*).
Cadê o Gilmar, Bessinha ? Ele foi o Advogado Geral do Governo da Privataria !

A perseguição ao ator José de Abreu


Nassif,  Zé de Abreu, o ator, foi notificado judicialmente pelo “ministro supremo” Gilmar Mendes, por causa de um tuite seu de junho p.p.  relacionado com uma matéria da Carta Capital. É um absurdo esta perseguição à opinião, exatamente por aqueles que se arvoram como guardiões da liberdade de expressão e da Constituição.

O paradoxo é que isto acontece na mesma semana que o MPF arquiva denúncia sobre a acusação do “supremo ministro” e empresário do ensino, feita ao ex-presidente Lula. Ele, Gilmar Mendes, pode acusar sem provas quem quiser, sem ser importunado, enquanto críticas a ele não são permitidas. O judiciário brasileiro, com seus “ilustres” ministros, dá ao país um espetáculo bisonho jamais visto antes.

Eu não encontrei o tuíte de Zé de Abreu, mas talvez algum comentarista aqui tenha tempo de procurar e postá-lo.
Navalha
Amigo dileto de José de Abreu informa ao ansioso blogueiro que Gilmar Dantas (*) processa José de Abreu porque, no tuiter, chamou Gilmar Dantas de Gilmar Dantas (*).
Viva o Brasil !

Paulo Henrique Amorim

sábado, 29 de setembro de 2012

Povo tenta comer lixo, mas governo põe cadeado nas latas

Na Espanha, cadeados nas latas de lixo 
Com cada vez mais pessoas vivendo de restos, prefeitura tranca as latas como medida de saúde pública

SUZANNE DALEY, THE NEW YORK TIMES - O Estado de S.Paulo


Numa noite recente, uma jovem vasculhava uma pilha de caixas do lado de fora de um mercado de frutas e legumes no bairro operário de Vallecas.
À primeira vista, parecia uma empregada do mercado. Mas não. Ela procurava restos de frutas e legumes jogados no lixo para sua refeição.
Separou algumas batatas que achou boas para comer e colocou-as no carrinho parado ao lado.
"Quando você não tem dinheiro, é isso que há", disse ela.
A jovem de 33 anos disse que trabalhava numa agência dos Correios, mas que o prazo de recebimento do salário-desemprego esgotou e ela agora vivia com 400 por mês. Estava morando num imóvel ocupado com alguns amigos, onde ainda havia água e eletricidade, enquanto recolhia "um pouco de tudo" do lixo depois de as lojas fecharem e as ruas ficarem desertas.
Essa tática de sobrevivência é cada vez mais comum em Madri, que tem uma taxa de desemprego de mais de 50% entre os jovens e cada vez mais famílias com adultos desempregados. Esse ato de vasculhar as latas de lixo se tornou tão difundido que uma cidade espanhola decidiu instalar cadeados nas latas de lixo dos supermercados, como medida de saúde pública.
Relatório da entidade católica Cáritas informou que quase 1 milhão de espanhóis em 2010 recebeu ajuda, duas vezes mais do que em 2007. Em 2011, mais 65 mil pessoas foram incluídas na lista.
O governo, recentemente, aumentou o imposto sobre valor agregado em 3% sobre muitos produtos e em 2% no caso de muitos alimentos, tornando a vida ainda mais difícil para as pessoas já em dificuldade. E não há nada em vista que possa aliviar a situação, uma vez que os governos regionais do país, enfrentando crises no seu próprio orçamento, vêm reduzindo gradativamente uma série de serviços anteriormente oferecidos gratuitamente, incluindo almoços nas escolas para alunos de famílias de baixa renda.
Sobrevivência. Para um número cada vez maior de espanhóis, o alimento encontrado nas latas de lixo é a sua sobrevivência.
Num enorme mercado de frutas e legumes nos arredores da cidade, operários carregavam o lixo para caminhões. Mas basicamente em cada plataforma de carga homens e mulheres apanhavam o que caía nas canaletas.
"É contra a dignidade dessas pessoas sair em busca de comida dessa maneira", disse Eduardo Berloso, da prefeitura de Girona, cidade que colocou cadeados nas latas de lixo dos supermercados.
Berloso propôs a medida no mês passado, depois de ser informado por assistentes sociais e ver diretamente "o gesto de uma mãe com os filhos olhando em volta antes de vasculhar as latas de lixo".
O relatório da Cáritas também informou que 22% das famílias espanholas vivem na pobreza e que 600.000 não possuem nenhuma renda. E esses números devem aumentar nos próximos meses.
Cerca de um terço daqueles que procuram ajuda, segundo o relatório, nunca frequentaram locais que servem comida de graça antes da crise. Para muitos, pedir ajuda é profundamente vergonhoso. Em alguns casos, as famílias vão a esses locais em cidades vizinhas para que amigos e parentes não os vejam.
Em Madri, recentemente, quando um supermercado se preparava para fechar, no distrito de Vallecas, uma pequena multidão reunida, pronta para saltar sobre as latas de lixo, logo depois ficou um tanto descontrolada. Muitos reagiram furiosamente à presença de jornalistas.
No final, alguns conseguiram tirar alguma coisa antes de os caminhões partirem com o lixo.
Mas pela manhã, no ponto de ônibus na frente do mercado, homens e mulheres de todas as idades aguardavam, carregando o que conseguiram recolher. Alguns insistiram que haviam comprado comida, embora aquele fosse um mercado atacadista que não vende para pessoas físicas. Outros admitiram ter vasculhado o lixo. Victor Victorio, 67 anos, imigrante do Peru, afirmou que vinha regularmente ali para procurar frutas e legumes no lixo. Victor, que perdeu seu emprego no setor da construção em 2008, morava com sua filha e disse que levava o que encontrasse, - e nesse dia conseguira pimentões, tomates e cenouras - para a casa.
"É a minha pensão", afirmou.
Para os atacadistas, ver as pessoas vasculhando o lixo é duro.
"Não é bom ver o que ocorre com estas pessoas", disse Manu Gallego, gerente da Canniad Fruit. "Não devia ser assim."
Saúde. Em Girona, Berloso disse que, ao colocar cadeados nas latas de lixo, seu objetivo foi preservar a saúde das pessoas e forçá-las a procurar locais que servem comida gratuitamente. Com os cadeados colocados nas latas de lixo, a cidade agora está enviando agentes civis com cupons instruindo as pessoas a se registrarem para obter ajuda alimentar e serviços sociais.
Ele disse que entre 80 e 100 pessoas regularmente vasculhavam o lixo até a adoção das medidas, mas é muito provável que muitos mais estão vivendo da comida jogada fora. 

/ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Donos da mídia choram... na Argentina


Por Altamiro Borges


O principal partido da direita na Argentina, o Grupo Clarín, está apavorado. O conglomerado midiático tem até 7 de dezembro para se ajustar à lei antimonopólio aprovada pelo parlamento em 2009. Neste final de semana, um clipe de TV exibido durante as partidas de futebol comunicou o prazo para o desmembramento: “Agendem em seu calendário o dia 7 D, D de diversidade, de democracia. Nesse dia, entra em vigor um dos artigos mais importantes da Lei de Meios Audiovisuais, que garante mais pluralidade de vozes”.

O comunicado oficial foi rotulado de “ultimato” – inclusive pela mídia brasileira, que adora falar sobre o “livre mercado”, mas defende os monopólios privados. Numa nítida provocação, o Clarín usou a concessão pública de TV para atacar o governo e desafiou: “Não vai acontecer nada”. A empresa alega que a Justiça ainda analisa a constitucionalidade da nova legislação. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que reúne os barões da mídia e fará o seu convescote em São Paulo em outubro, também estrebuchou!

O fim do monopólio do Grupo Clarín

Pela Ley de Medios, os grupos de mídia poderão ter, no máximo, 24 licenças de TV a cabo e dez concessões abertas, de TV ou rádio AM e FM. Caso não cumpram o prazo fixado, suas licenças serão oferecidas em licitação pública. Com isso, a nova lei visa acabar com os monopólios no setor, estimulando maior concorrência e diversidade. O Grupo Clarín detém 240 canais de TV a cabo, quatro emissoras de TV aberta e dez frequências de rádio, além do maior jornal do país. Uma verdadeira aberração – similar a da Rede Globo no Brasil.

Como aponta o jornalista Eric Nepomuceno, que reside em Buenos Aires, o Clarín terá muita dificuldade para escapar da lei que democratiza a comunicação. “Ele terá de começar a se desfazer de um patrimônio que é ilegal... Ele tentou, de todo jeito, denunciar a nova lei – aprovada, aliás, por esmagadora maioria no Congresso –, questionando a sua constitucionalidade e alegando que atingia o direito à liberdade de expressão. Mas a Suprema Corte disse que na nova lei não há nenhum cerceamento à liberdade de expressão”.

A falsa liberdade de expressão

Eric Nepomuceno lembra como atua o Grupo Clarín, que se diz defensor da liberdade de expressão. “Sua prática, na defesa desse credo, é no mínimo esdrúxula: controla 56% do mercado de canais de televisão aberta e a cabo, e uma parcela ainda maior das emissoras de rádio; manipula contratos de publicidade impedindo que os anunciantes comprem espaço na concorrência; e, como se fosse pouco, ainda briga na Justiça para continuar exercendo o monopólio da produção e distribuição do papel de imprensa no país”.

“A fúria do Clarín é compreensível. Fez todas as apostas erradas, e está perdendo uma por uma. A mais delicada dessas apostas foi a que fez no segundo semestre de 1976, quando ganhou – na base de uma cumplicidade sórdida com a ditadura militar que sufocava o país – o controle da produção e da distribuição de papel de jornais e revistas na Argentina. Foi o auge de seu poder, que agora começa a ser rapidamente minado. Já não há torturadores e militares corruptos e sanguinários a quem recorrer”.

Já no Brasil...

A entrada em vigor da lei antimonopólio na nação vizinha terá fortes reflexos na América Latina. Na maioria dos países, meia-dúzia de famílias concentra os meios de comunicação e goza de concessões públicas e de publicidade oficial. No geral, estes barões da mídia transformaram os seus veículos em verdadeiros partidos da direita, que desestabilizam governos e atentam contra a democracia. Eles não fazem jornalismo, mas propaganda partidária em concessões públicas. São golpistas e elitistas!


Enquanto a Ley de Medios entra em vigor na Argentina, no Brasil nada muda neste estratégico setor. Os barões da mídia inventam entrevistas, divulgam áudios inexistentes e pautam o próprio Poder Judiciário, pregando fuzilamentos. Já o governo sequer apresenta uma consulta à sociedade sobre o tema – prometida desde abril de 2011 pelo ministro Paulo Bernardo. Além disso, o governo investe milhões de reais em publicidade nestes monopólios. Na Argentina, os barões da mídia choram. No Brasil, eles conspiram!

Um espectro ronda o jornalismo: Chatô

Em texto exclusivo para o 247, o escritor Fernando Morais narra como, em meados do século passado, Assis Chateaubriand encomendou ao diretor do Estado de Minas uma reportagem sobre o estupro supostamente cometido pelo arcebispo de Belo Horizonte contra a própria irmã. Detalhe: Dom Cabral não tinha irmã. Passadas oito décadas, Chatô exumou-se do cemitério e encarnou nos blogueiros limpos e editores dos principais jornais brasileiros
As agressões e infâmias dirigidas por alguns jornais, revistas, blogs e telejornais ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro José Dirceu me fazem lembrar um episódio ocorrido em Belo Horizonte em meados do século passado.
Todas as sextas-feiras o grande cronista Rubem Braga assinava uma coluna no jornal “Estado de Minas”, o principal órgão dos Diários Associados em Minas Gerais. Irreverente e anticlerical, certa vez Braga escreveu uma crônica considerada desrespeitosa à figura de Nossa Senhora de Lourdes, padroeira de Belo Horizonte. Herege, em si, aos olhos da conservadora sociedade mineira o artigo adquiriu tons ainda mais explosivos pela casualidade de ter sido publicado numa Sexta-Feira da Paixão.
Indignado, o arcebispo metropolitano Dom Antonio dos Santos Cabral redigiu uma dura homilia recomendando aos mineiros que deixassem de assinar, comprar e sobretudo de ler o “Estado de Minas”. Dois dias depois o documento foi lido na missa de domingo de todas as quinhentas e tantas paróquias de Minas Gerais.
O míssil disparado pelo religioso jogou no chão a vendagem daquele que era, até então, o mais prestigioso jornal do Estado. E logo repercutiu no Rio de Janeiro. Mais precisamente na mesa do pequenino paraibano Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, um império com rádios e jornais espalhados por todos os cantos do Brasil.
Célebre pela fama de jamais engolir desaforos, o colérico Chateaubriand telefonou para Geraldo Teixeira da Costa, diretor do “Estado de Minas”, com uma ordem expressa, repleta de exclamações:
- Seu Gegê! Quero uma reportagem de página inteira contando que quando jovem Dom Cabral estuprou a própria irmã! O senhor tem uma semana para publicar isso!
Tamanha barbaridade não passaria pela cabeça de quem quer que conhecesse o austero Dom Cabral, cujas virtudes haviam levado o Papa Pio XI a agraciá-lo com o título de Conde. Mas ordens eram ordens.
Os dias se passavam e a reportagem não aparecia no jornal. Duas semanas depois do ultimato, um Chateaubriand possuído pelo demônio ligou de novo para Belo Horizonte:
- Seu Gegê! Seu Gegê! O senhor esqueceu quem é que manda nesta merda de jornal? O senhor esqueceu quem é que paga seu salario, seu Gegê? Cadê a reportagem sobre o estupro incestuoso cometido por Dom Cabral?
Do outro lado da linha, um pálido e tremebundo Gegê gaguejou:
- Doutor Assis, temos um problema. Descobrimos que Dom Cabral é filho único, não tem e nunca teve irmãs...
Sapateando sobre o tapete, Chateaubriand parecia tomado por um surto nervoso:
- TEMOS um problema? Seu Gegê, nós não temos problema algum! Isso é um problema de Dom Cabral! Publique a reportagem! Cabe A ELE provar que não tem irmãs, entendeu, seu Gegê? Vou repetir, seu Gegê: cabe A ELE provar que não tem irmãs!!
Passadas oito décadas, suspeito que Chatô exumou-se do Cemitério do Araçá e, de peixeira na cinta, encarnou nos blogueiros limpos e nos editores dos principais jornais e revistas brasileiros. 
Como no caso de Dom Cabral, cabe a Lula provar que não marchou com a família e com Deus, em 1964, quando tinha 18 anos, pedindo aos militares que derrubassem o governo do presidente João Goulart. Cabe a Dirceu provar que não foi o chefe do chamado mensalão.
Fernando Morais é jornalista e escritor. É autor, entre outros livros, de “Chatô, o rei do Brasil”, biografia de Assis Chateaubriand.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Para julgar tucano, Barbosa não serve

A frequência com que Marco Aurélio (Collor de) Mello vota no PiG, faz a cabeça do PiG e constrói maiorias na opinião pública e publicada – isso, por acaso, é virtuoso ?
Saiu no Valor: 

Ministro levanta hipótese de Barbosa não assumir presidência do STF


BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello levantou na tarde desta quinta-feira, durante intervalo do julgamento do mensalão, a possibilidade de que o ministro revisor do processo, Joaquim Barbosa, não seja conduzido à presidência do tribunal após a aposentadoria compulsória do ministro Carlos Ayres Britto, em novembro.

“Fico preocupado diante do que percebo no plenário. O presidente deve ser algodão entre metais e não um metal entre os metais”, disse, em referência aos embates que Barbosa tem tido com o ministro revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski.

Pelas regras da Corte, assume o posto o vice-presidente do tribunal, que é também o membro mais antigo que ainda não foi presidente. No caso, Joaquim Barbosa. Mas Marco Aurélio disse que esse modelo não é automático. “Não é por aclamação. As cédulas são distribuídas e há votação”, afirmou.

Em um dos mais duros embates, ocorrido ontem, Marco Aurélio chegou a interferir na discussão para pedir a Barbosa compostura em suas intervenções.

(Caio Junqueira, Maíra Magro e Juliano Basile | Valor)
Navalha
Impedir a ascensão de Joaquim Barbosa à Presidência é um Golpe de Estado.
Quem disse que o Supremo não seria capaz de um Golpe brasiguaio ?
Agora que está na hora de devolver legitimidade às Operações Satiagraha e Castelo de Areia; de julgar o mensalão tucano…
Na hora em que o Supremo se aproxima do arraial da inimputabilidade tucana, agora a severidade do Joaquim Barbosa não presta ?
Barbosa só é bom para botar petista na cadeia ?
Joaquim Barbosa deixou de ser o queridinho do PiG (*) ?
Por acaso, o comportamento de Gilmar Dantas (**) na presidência do Supremo foi exemplar ?
Quem foi acusado de “desmoralizar a Justiça”, pelo próprio Barbosa ?
E a forma de o Presidente Cezar Peluso tratar o próprio Barbosa foi, por acaso, exemplar, um “algodão entre metais” ?
Por acaso, a frequência com que Marco Aurélio (Collor de) Mello vota no PiG (*), faz a cabeça do PiG (*) e constrói maiorias na opinião pública e publicada – isso, por acaso, é virtuoso ?
Barbosa é o substituto de Ayres Britto – doa a que tucano doer.
Qualquer alternativa é Golpe !




Paulo Henrique Amorim

Lula diz que petistas devem ter orgulho do julgamento do mensalão pelo STF

Durante evento de campanha de Fernando Haddad, ex-presidente afirma que erros cometidos por membros de seu governo estão sendo apurados: antes, processos eram 'engavetados'
Publicado em 28/09/2012, 02:59

Lula diz que petistas devem ter orgulho do julgamento do mensalão pelo STF
"Quando na nossa casa nosso filho é suspeito por ter cometido algum erro, nós investigamos e não culpamos o vizinho" (Foto: Paulo Pinto)
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou ontem (27) sobre o uso político que partidos e candidatos da oposição vêm fazendo do julgamento do 'mensalão' durante as eleições municipais. “Vocês devem ter orgulho – e não vergonha – do processo que está em curso na Suprema Corte, porque no nosso governo as pessoas são julgadas e apuradas.” As declarações foram colhidas durante evento de campanha do PT no campus da Universidade Nove de Julho (Uninove), zona oeste de São Paulo.
Lula resolveu entrar no assunto depois que o candidato do PSDB à Prefeitura da capital, José Serra, ter tentado vincular seu concorrente petista, Fernando Haddad, ao escândalo de corrupção denunciado pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson em 2005. “Aquele mesmo senhor que ofendeu a Dilma até onde ninguém jamais tentou ofender uma candidata agora está ofendendo o companheiro Fernando Haddad, tentando baixar o nível”, alfinetou, fazendo referência à campanha presidencial de 2010, em que o tucano concorreu com a presidenta Dilma Rousseff (PT) e saiu derrotado.
O ex-presidente também tentou minimizar as provocações recebidas nas ruas pelos militantes do PT ao lembrar que, durante o governo do PSDB, o procurador-geral da República – figura que hoje em dia conduz as acusações contra os chamados 'mensaleiros' – era chamado de 'engavetador'. “Não podemos esquecer da compra de votos em 1996 para aprovar a reeleição neste país.”
“Se juntarem todos os presidentes da história do Brasil, verão que não se criaram tantos instrumentos para combater a corrupção como fizemos em oito anos”, comparou. “É só ver o que era a Controladoria-Geral da República e a Polícia Federal antes de nós, e o grau de liberdade do Ministério Público. Quando na nossa casa nosso filho é suspeito por ter cometido algum erro, nós investigamos e não culpamos o vizinho.”

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Requião defende Lula e denuncia preconceito de classe



“Quando digo oposição, o que menos conta são os partidos da minoria. O que mais conta é a mídia”, disse o senador.


Não costumo assinar manifestos, abaixo-assinados ou participar de correntes. Mas quero registrar aqui minha solidariedade a Luís Inácio Lula da Silva, por duas vezes presidente do Brasil.

Diante de tanto oportunismo, irresponsabilidade, ciumeira e ressentimento não é possível que se cale, que se furte a um gesto de companheirismo em direção ao presidente Lula. Sim, de companheirismo, que pouco e me dá o deboche do sociólogo.

A oposição não perdoa, e jamais desculpará a ascensão do retirante nordestino à Presidência da República.

A ascensão do metalúrgico talvez ela aceitasse, mas não a do pau-de-arara. Este, não!

Uma ressalva. Quando digo oposição, o que menos conta são os partidos da minoria. O que mais conta, o que pesa mesmo, o que é significante, é a mídia, aquele seleto grupo de dez  jornais, televisões, revistas e rádios que consome mais de 80 por cento das verbas estatais de propaganda. Aquele finíssimo, distintíssimo grupo de meios de comunicação “que está fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”, como resumiu com a sinceridade e a desenvoltura de quem sabe e manda, a senhora Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais.

Este conjunto de articulistas e blogueiros desfrutáveis que faz a “posição oposicionista” nos meios de comunicação usa uma entrevista que não houve para, mais uma vez, tentar indigitar o ex-presidente. Primeiro, tivemos o famosíssimo grampo sem áudio. Mais hilário ainda: a transcrição do áudio inexistente mostrava-se extremamente favorável aos grampeados. Um grampo a favor. E sem áudio.

Lembram?

Houve até quem quisesse o impeachment de Lula pelo grampo sem áudio e a favor dos grampeados, houve até quem ameaçasse bater no presidente.

Agora, este mesmo conjunto de jornais, rádios, televisões e revistas, esses mesmos patéticos articulistas e blogueiros querem que se processe o ex-presidente. Não me expresso bem: não querem processá-lo.  Querem condená-lo, pois como a Rainha de Copas, de Lewis Carol, primeiro a forca, depois o julgamento.

Recomendaria a vossas excelências que tapassem o nariz, não fizessem conta dos solecismos, da pobreza vocabular, das ofensas à regência verbal e lessem o que escreve esse exclusivíssimo clube de eternos vigilantes.

Os mais velhos de nós, os que acompanharam o dia-a-dia do país antes do golpe de 64, vão encontrar assustadores pontos de contato entre o jornalismo e o colunismo político daquela época com o jornalismo e o colunismo político dos dias de hoje. Embora, diga-se, os corvos de outrora crocitassem com mais elegância que os grasnadores de agora.

Fui governador do Paraná nos oito anos em que Lula presidiu o Brasil. Por diversas vezes, inúmeras vezes, manifestei discordância com a forma de sua excelência governar, com suas decisões ou indecisões. Especialmente em relação à política econômica, à submissão do país ao capitalismo financeiro, aos rentistas.

Mas havia um Meireles no meio do caminho. No meio do caminho, para gáudio da oposição e para a desgraça do país, havia um Meireles.

É verdade que Lula acendeu uma vela também para os pobres. E não foi pouco o que ele fez. É preciso ter entranhados na alma o preconceito, a insensibilidade e a impiedade de nossas elites para não se louvar o que ele fez pela nossa gente humilde. Na verdade, no fundo da alma escravocrata de nossas elites mora o despeito com a atenção dada aos mais pobres por Lula.

Apenas corações empedrados por privilégios de classe, apenas almas endurecidas  pelos séculos e séculos de mandonismo, de autoritarismo, de prepotência e de desprezo pelos trabalhadores podem explicar esse combate contínuo aos programas de inclusão das camadas mais pobres dos brasileiros ao maravilhoso mundo do consumo de três refeições por dia.

A oposição –somem-se sempre a mídia com a minoria, mas o comando é da mídia-  também não perdoa Lula porque ele sempre a surpreendeu, frustrou suas apostas, fez com que ela quebrasse a cara seguidamente.

Foi assim em 2002, quando ele se elegeu; foi assim em 2006, quando se reelegeu; foi assim na crise de 2008, quando ele não seguiu as receitas daqueles gênios que quebraram o Brasil três vezes, entre 1995 e 2002,  e impediu que a crise financeira mundial levasse também o nosso país de roldão. E, finalmente, foi assim em 2010, quando elegeu Dilma como sucessora.

O desempenho da oposição –isto é, mídia e minoria, sob o comando da mídia- na crise de 2008 foi impagável. Caso alguém queira se divertir é só acessar um vídeo que corre aí pela internet com uma seleção de opiniões dos  economistas preferidos dos telejornais, todos recomendando a Lula rigor fiscal extremo, austeridade  e ascetismo dos padres do deserto; corte nos gastos sociais, cortes nos investimentos, elevação dos juros, elevação do depósito compulsório, congelamento do salário mínimo, contenção dos reajustes salarial, flexibilização dos leis trabalhistas, diminuindo direitos dos assalariados.

Enfim, recomendavam, como sempre aconselham, atar os trabalhadores ao pelourinho, tirar-lhes o couro, para  que os bancos, os rentistas, o capital vadio restassem incólumes e seus privilégios protegidos. Receitavam para o Brasil o que a troika da União Européia enfia goela abaixo da Grécia, da Espanha, da Itália, de Portugal.

Lula não fez nada do que aqueles doutores prescreviam. Em um dos vídeos, um desses sapientíssimos senhores ridicularizava os conhecimentos macroeconômicos do presidente, prevendo que o “populismo” e o “espontaneísmo” de Lula levariam o Brasil ao desastre. Pois é.

A acusação mais frequente que se fazia, e se faz, a  Lula é a de ser “populista”. A mesmíssima acusação feita a Getúlio quando criou a CLT, o salário mínimo, as férias e descanso remunerados, a previdência social;  a mesmíssima acusação feita a João Goulart quando deu aumento de cem por cento ao salário mínimo ou quando sancionou a lei instituindo o 13° salário ou quando criou a Sunab; ou quando desencadeou a campanha das reformas; a mesmíssima acusação feita a Juscelino quando ele decidiu enfrentar o FMI e suas infamantes condições para liberação de financiamento.

Qualquer coisa que beneficie os trabalhadores, que dê um sopro de vida e de esperança aos mais pobres, que compense minimamente os deserdados e humilhados, qualquer coisa, por modesta que seja que cutuque os privilégios da casa grande, qualquer coisa, é imediatamente classificada como “populismo”.

Outra coisa que a oposição não perdoa em Lula é sua projeção internacional. Quanto ciúme, meu Deus! Quanto despeito! Quanta dor de cotovelo!  A nossa bem postada, e sempre constispadinha elite, jamais aceitou ver o país representado por um pau-de-arara. Ainda mais que não fala inglês. Oh, horror!

Divergi de Lula inúmeras vezes. Quase sempre em relação à econômica. Com a popularidade que tinha, com o respeito que conquistara, com a força de seu carisma poderia ter feito movimentos consistentes que nos levassem a romper com os fundamentos liberais que orientavam -e orientam-  a política econômica brasileira.

E que mantinham – e mantém- o país dependente, atrasado, em processo veloz de desindustrialização.

Pior, as circunstâncias favoráveis do comércio mundial valorizaram ainda mais o nosso papel de produtores e exportadores de commodities, criando uma “zona de conforto” que desarmou os ânimos e enfraqueceu os discursos de quem lutava por mudanças.

Outra divergência que me agastou com Lula foi em relação à mídia. Era mais do que claro que a lua-de-mel inicial com a chamada “grande imprensa” seria sucedida pela mais impiedosa e, em se tratando de um pau-de-arara, pela mais desrespeitosa oposição.

Em breve tempo, as sete irmãs que dominam a opinião pública nacional cobrariam caro, caríssimo o período em que fora obrigada a engolir o sapo barbudo. O troco viria na primeira crise.

Conversei sobre isso com o presidente, que procurou me aquietar e recomendou-me que falasse com um de seus ministros que, segundo ele, cuidava desse assunto. E o ministro me disse: “Por que criar um sistema público de comunicação, por que apoiar as rádios e a imprensa regional se temos a nossa televisão? A Globo é a nossa televisão”, disse-me o então poderoso e esfuziante ministro.

Pois é.

Quando busco paralelo entre esta campanha de tentativa de destruição de Lula e as campanhas de destruição de Getúlio e Jango, não posso deixar de notar que eles, pelo menos, tinham um jornal de circulação nacional e uma rádio pública também de alcance nacional para defendê-los. Hoje, que temos?

E o que entristece é que essa campanha atinge Lula quando ele se encontra duplamente fragilizado. Fragilizado pela doença, que lhe rouba um de seus dons mais notáveis: a sua voz, a sua palavra, seu poder de comunicação. Fragilizado pelo espetáculo mediático em que se transformou o julgamento do tal mensalão.

Se algum respeito, se alguma condescendência ainda havia para com esse  pau-de-arara,  foi tudo pelo ralo, pelo esgoto em que costumam chafurdar historicamente os nossos meios de comunicação.

Não sejamos ingênuos de pedir ou exigir compostura da mídia. Não faz parte de seus usos e costumes. Sua impiedade, sua crueldade programada pelos interesses de classe não estabelece limites.

Não é apenas o ex-presidente que é desrespeitado de forma baixa, grosseira. A presidente Dilma também. Por vários dias, a nossa gloriosa grande mídia deu enorme destaque às peripécias de uma pobre mulher, certamente drogada, certamente alcoolizada, certamente deficiente mental que teria tentado invadir o Palácio do Planalto, dizendo-se “marido” da presidente.

Sem qualquer pudor, sem o menor traço de respeito humano, a Folha de São Paulo, especialmente, transformou a infeliz em personagem, em celebridade. Chegou até mesmo a destacar um repórter para “entrevistar” a mãe da tal mulher. Meu Deus!

Às vésperas do golpe de 1964, o desrespeito da grande mídia para com o presidente João Goulart e sua mulher Maria Teresa chegou ao ponto de o mais famoso colunista social do país à época publicar uma nota dizendo que na Granja do Torto florescia uma trepadeira. Torto, como referência ao defeito físico do presidente; trepadeira, como referência caluniosa à primeira-dama do país.

Alguma diferença entre um desrespeito e outro?

Esse tipo de baixeza não se vê quando os presidentes são do agrado da grande mídia, quando os presidentes frequentam os mesmos clubes que os nossos guardiões dos bons costumes.

Nem que tenham, supostamente, filhos fora do casamento, que disso a mídia acha uma baixeza tratar.

Pois é.  

Direita acelera marcha golpista

A repetição da história 
Luis Nassif

São significativas as semelhanças entre os tempos atuais e o período pré-64, que levou à queda de Jango e ao início do regime militar e mesmo o período 1954, que levou ao suicídio de Getúlio Vargas.
Os tempos são outros, é verdade, e há pelo menos duas diferenças fundamentais descartando a possibilidade de um mesmo desfecho: uma economia sob controle e uma presidência exercida na sua plenitude, sem vácuo de poder.
***
Tirando essas diferenças, a dança é a mesma.
A falta de perspectivas da oposição em assumir o poder, ou em desenvolver um discurso propositivo, leva-a a explorar caminhos não-eleitorais.
Parte-se, então, para duas estratégias de desestabilização – ambas em pacto com a chamada grande mídia.
Uma, a demonização dos personagens políticos. Antes do seu suicídio, Vargas foi submetido a uma campanha implacável, inclusive com ataques à sua honra pessoal – que, depois, revelaram-se falsos.
No quadro atual, sem espaço para criticar a presidente Dilma Rousseff, a mídia – especialmente a revista Veja – move uma campanha implacável contra Lula. Chegou ao cúmulo de ameaçar com uma entrevista supostamente gravada (e não divulgada) de Marcos Valério, como se Valério tivesse qualquer credibilidade.
Surpreendente foi a participação de FHC, em artigo no Estadão, sustentando que o julgamento do “mensalão” marca uma nova era na política. Até agora, o único caso documentado de compra de votos foi no episódio da votação da emenda da reeleição – que beneficiou o próprio FHC.
***
A segunda estratégia tem sido a de levantar o fantasma da guerra fria. Mesmo sabendo que Jango jamais foi comunista (aliás, o personagem que mais admirava era o presidente norte-americano John Kennedy) durante meses e meses levantou-se o “perigo vermelho” como ameaça.
Grande intelectual, oposicionista, membro da banda de música da UDN, em 1963 Afonso Arino escreveu um artigo descrevendo o momento. Nele, mencionava o anacronismo de (em 1963!) se falar de guerra fria, logo depois de Kennedy e Kruschev terem apertado as mãos. E dizia que, mesmo sendo anacronismo, esse tipo de campanha acabaria levando à queda do governo pelo meio militar, devido à falta de pulso de Jango, na condução do governo.
***
O modelo de atuação da velha mídia é o mesmo de 1964, com a diferença de que hoje em dia não há vácuo de poder, como com Jango.
Primeiro, buscam-se personalidades, pessoas que detenham algum ativo público (como jornalistas, intelectuais, artistas etc.). Depois, abre-se a demanda por comentaristas ferozes. Para se habilitar à visibilidade ofertada, os candidatos precisam se superar na ferocidade dos ataques.
Poetas esquecidos, críticos de música, acadêmicos atrás de visibilidade, jornalistas, empenham-se em uma batalha similar às arenas romanas, onde a vitória não será do mais analítico, ponderado, sábio, mas do que souber melhor agredir o inimigo. É a grande noite do cachorro louco, uma selvageria sem paralelo nas últimas duas décadas.
Com sua postura de não se restringir ao julgamento do “mensalão” em si, mas permitir provocações à presidente da República e a partidos, o STF não cumpre seu papel.
Aliás, o STF do pós-golpe foi muito mais democrático do que o atual Supremo.

sábado, 22 de setembro de 2012

O 'mensalão' é a 'Miriam Cordeiro' do Serra

A história não permite incluir no âmbito da mera coincidência a decisão do relator Joaquim Barbosa de calibrar o julgamento do chamado do mensalão, de modo a levar a discussão sobre o ex-ministro José Dirceu à boca da urna, nas eleições de 7 e 28 de outubro próximo.

Ao fazê-lo, o relator abastece a cartucheira conservadora com mais uma daquelas balas de prata de que se vale frequentemente a direita brasileira quando parte para o tudo ou nada, sem deixar tempo ao adversário ou ao eleitor para reagir.

O conservadorismo sempre teve um aliado canino nesses botes. Agora pelo jeito tem dois.

O parceiro tradicional é a cobertura esperta da mídia 'isenta', que nunca sonegou a essa tocaia o amparo 'factual' que a legitima, e mais que isso, inocenta o capanga e criminaliza o alvo.

O rito sumário na boca da urna é uma das especialidades eleitorais desse jornalismo. À s vezes só há tempo para um jogo de fotos. Nisso também eles são bons .

Quem não se lembra de um clássico do gênero, a edição da Folha de 30 de setembro de 2006, véspera do 1º turno da eleição presidencial daquele ano?

Um jato da Gol havia se chocado com outro avião no ar. Morreriam 155 pessoas. A tragédia, de longe, era o destaque do dia. Mas a Folha, a mesma que agora coloca na boca de Haddad a frase que ele nunca disse ('é degradante me associar a Dirceu..'), montou também uma 'pegadinha' nesse dia sombrio.

Virou um 'case' do jornalismo meliante.

No alto da página, em destaque, uma manchete em seis colunas encimava a foto de uma montanha de dinheiro, supostamente para a compra de um dossiê contra Serra, que havia abandonado a prefeitura para disputar o governo do Estado.

Logo abaixo da pilha de dinheiro, a imagem de Lula, encapuzado com um impermeável de chuva que cobria o seu rosto. Dois homens ladeavam o presidente e candidato à reeleição contra o tucano Geraldo Alckmin. Seguravam o seu ombro.

Coisa de profissional. O conjunto compunha a cena típica do bandido capturado por policiais: Lula reduzido à imagem de um marginal, emoldurado por montanhas de dinheiro suspeito e manchetes criminalizando o PT.

Foi assim a bala de prata daquele sábado, véspera da votação do 1º turno das eleições presidenciais de 2006. Funcionou. Lula, favorito, não conseguiu resolveu a parada e precisou do 2º turno para derrotar Alckmin.

Como será a primeira página da Folha e assemelhados no dia 6 de outubro, 1º turno do pleito municipal deste ano; ou no dia 28, na segunda rodada, tendo o julgamento de José Dirceu como pauta convergente?

O julgamento em curso no STF cercou-se de singularidades jurídicas suficientes para não merecer o bônus da ingenuidade nesse encavalamento político.

A maior delas foi abortar dos autos a identidade univitelina que liga as motivações e práticas que resultaram na ação contra o PT, e aquelas pioneiramente testadas e praticadas pelo PSDB , em Minas Gerais.

Outras 'balas de prata' disparadas pela mídia no passado endossam a suspeição em torno dessas 'convergências' eleitorais sempre desfrutáveis pelo conservadorismo nativo.

A mais famosa delas eclodiu no último dia da propaganda eleitoral de 1989.

O então candidato à presidência, Fernando Collor de Mello, apresentou em seu programa de despedida o depoimento de Miriam Cordeiro, mãe de Lurian, filha de Lula. A história é conhecida: Miriam acusou o petista de forçá-la a abortar; não havia mais como obter direito de resposta e a mídia 'isenta' cuidou de martelar a denúncia odiosa.

Uma bala de prata porém não seria suficiente para afastar o risco - elevado então - de Lula vencer a primeira eleição direta para presidente depois da ditadura militar. Era necessário um tiroteio.

Ele veio com o sequestro do empresário Abílio Diniz por ex-militantes políticos chilenos. Abílio foi libertado do cativeiro no dia 17 de dezembro. Presos, os sequestradores foram fotografados e filmados usando camisetas do PT. Isso aconteceu exatamente no dia da votação do segundo turno da disputa presidencial, vencida por Collor.

Na eleição presidencial de 2010, a Folha, novamente ela, tentou até a véspera do pleito obter junto ao Supremo Tribunal Militar a ficha e os processos da 'guerrilheira' Dilma Rousseff, candidata do PT contra o tucano José Serra.

A esperança da coalizão demotucana era obter através de documentos sigilosos a bala de prata capaz de reverter uma derrota anunciada, quem sabe com a revelação de algum 'crime de sangue' que tivesse contado com a participação da candidata petista. Para a Folha, ademais, tratava-se de comprovar aquilo que o jornal falseara em 2009 por conta própria, quando publicou uma ficha inexistente do Deops, que sugeria a participação de Dilma em sequestros e expropriações.

O caso virou uma das maiores barrigadas da história do jornalismo brasileiro e Dilma impôs uma derrota esmagadora ao candidato do peito dos Frias: 56% a 44%.

Neste pleito de 2012, o paiol de balas de prata conta com novos fornecedores. Mas a mídia é a mesma e o governo Dilma concentra nela quantidades industriais de anúncios, ao mesmo tempo em que hesita em apoiar de forma transparente e legítima o novo canal de comunicação representado por sites e blogs alternativos. Além de fortalecer a democracia e a liberdade de imprensa, eles tem se mostrado contrapesos importantes às balas de prata que cortam e cortarão os ares do país, com intensidade crescente, até 2014.
Postado por Saul Leblon às 06:08

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mensalões, Joaquim Barbosa, Lula, FHC, prioridades e preferências

Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
          O futuro presidente do STF, juiz Joaquim Barbosa, vai assumir o cargo em novembro quando o mandatário atual, juiz Carlos Ayres Britto, vai se aposentar. Acontece que o condestável juiz, que recentemente afirmou que não dá satisfações a ninguém, é o relator do processo do mensalão do PSDB e já avisou que não vai levar o caso a ser resolvido para o gabinete da presidência da instituição. Todavia, o juiz que assume a Corte pode levar os processos que estão sob sua responsabilidade para relatar, conquanto que estejam prontos e dessa forma dar início ao julgamento e às votações dos 11 juízes do Supremo. Quem será, então, o responsável pela relatoria do mensalão dos tucanos cuja figura central é o ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo? De acordo com um magistrado do STF, o juiz (ou juíza) que assumir a relatoria será o nomeado pela presidenta Dilma Rousseff, logo após a aposentadoria de Ayres Britto.
       Entretanto, o magistrado disse o seguinte: “o mensalão tucano está longe disso”, ou seja, ainda não se sabe quando tal escândalo do PSDB será julgado, apesar de esse caso escabroso ter sido o primeiro dos mensalões ocorrido na década de 1990, e que está, neste momento, engavetado em alguma repartição do STF, da PGR do procurador Roberto Gurgel e escondido e proibido de ser manchete na imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?), porque a PGR e a imprensa formam, juntamente com alguns juízes do STF uma frente de oposição aos governos trabalhistas de Lula e Dilma. Realmente, a eleição de São Paulo mexe muito com a cabeça e arma os espíritos dos conservadores.
      Falo isto sempre, o que já considero um mantra. Mas fazer o quê? Paciência. E por quê? Porque tem de ficar claro às pessoas que existe no Brasil um movimento orquestrado pela direita midiática aliada à direita partidária (PSDB e o pequeno DEMo) e às instituições do Judiciário, como o STF e a PGR, que historicamente no Brasil grande parte de seus membros tem sua origem na burguesia, nas oligarquias, e, quando não a tem, seus valores ideológicos são conservadores, e, consequentemente, contrários às mudanças e às reformas estabelecidas e efetivadas pelos governantes trabalhistas
 
      Esses fatos não são novos e não são novidades. Aconteceram as mesmas coisas, as mesmas tentativas e concretizações de golpes de estado contra os presidentes Getúlio Vargas e João Goulart. Não esqueçamos que temos uma elite das mais cruéis do mundo. Eu a considero a pior de todas as elites econômicas do planeta. Elas são simplesmente selvagens. Golpeiam e rasgam as constituições e apoiam golpes, como os que ocorreram recentemente no Paraguai e em Honduras.
        Ressalto ainda que tais “elites” tem ainda o apoio de parte significativa da classe média, que é rancorosa, ressentida e alienada, pois não percebe que igualar as pessoas dentro de um contexto sensato, realista e possível gera estabilidade social, pois dessa forma se diminui a violência, o desemprego e se aumenta as oportunidades de emprego e de acesso ao ensino, inclusive o superior. Parte da classe média reacionária é simplesmente burra, pois não percebe que quando todos ganham e tem oportunidades se constrói com mais facilidade uma sociedade humana, livre, democrática e principalmente justa.
     Por sua vez, volto à tona, e afirmo: o “mensalão” do PT não é um julgamento apenas jurídico. Ele é político e de tendência golpista, pois usado pela imprensa de negócios privados como uma ferramenta, uma arma de combate ao PT, que é a trilha para desestabilizar o Governo Dilma e, consequentemente, desconstruir a figura de Lula, político de grandeza internacional, socialista e trabalhista, que não foi, de forma alguma, cooptado pela direita nacional e internacional, não traiu seus princípios políticos e ideológicos, não abraçou os dogmas do Consenso de Washington de 1989, que implementou, durante duas décadas, o sistema de exploração global mais cruel de todos as eras conhecido como neoliberalismo, que foi, de forma definitiva e retumbante, derrotado pelo seu próprio fracasso.
ESTE É O VERDADEIRO MOTIVO PARA A DIREITA DESCONSTRUIR LULA.
         Lula não foi cooptado como o foi o fracassado FHC, aquele do apagão energético, do afundamento da maior plataforma de exploração de petróleo do mundo — a P-36, da compra de votos da sua reeleição, dos correligionários que criaram os mensalões do DEM e do PSDB, da doação do patrimônio público brasileiro, conhecida também como Privataria Tucana e da ida ao FMI por três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque o Brasil administrado pelo FHC, o Neoliberal, quebrou três vezes. O sociólogo que não conhece o povo brasileiro e sua equipe governamental são geniais, não são?
Contudo, os tucanos tem dois fatores importantes ao seu lado: a imprensa e os homens de toga filhos das oligarquias. E se não fossem eles, tal gente não teria condições de concorrer a quaisquer eleições majoritárias. Lula sai do poder com 94% de aprovação popular, e quem quer governar são togados nomeados e barões de imprensa golpistas que pensam que falam pela totalidade do povo brasileiro. Durma-se com um barulho desse. Todos os mensalões tem de ser julgados tão rápidos como o do PT e de preferência, como ocorre no momento, em ano eleitoral. A Justiça é para todos. E o Judiciário é de todos. Quem vai chamar o procurador Roberto Gurgel às falas? Boa sorte em novembro, senhor J. Barbosa, apesar de suas prioridades e preferências. É isso aí.

O apocalipse da imprensa, Dilma Rousseff, Lula e a reação da base do Governo

 Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Toda essa realidade é o apocalipse da imprensa, fruto do compadrio entre a direita midiática e a direita partidária, em prol de afastar Lula do processo eleitoral atual e de futuras eleições. Presidenta Dilma, e o marco regulatório das mídias? Com a palavra, o ministro das Comunicações Paulo Bernardo...
Alguém já se perguntou: "De onde veio o Roberto Civita? E para onde ele vai?"
 
O pasquim de péssima qualidade travestido de revista conhecido como Veja — a revista porcaria e sem escrúpulos — todo fim de semana, há dez anos, publica arremedos de matérias e patifarias, que, invariavelmente, são repercutidas no domingo pelo programa Fantástico, da TV Globo, e a partir de segunda-feira pelo Jornal Nacional, principal instrumento de oposição aos governos trabalhistas.
Na terça-feira, os cavaleiros do apocalipse, porta-vozes da direita partidária brasileira, que atendem pelos nomes de Álvaro Dias, Agripino Maia e Roberto Freire, dão continuidade à maratona de calúnias, injúrias e difamações, e, de forma recorrente, todos os envolvidos nesse processo perverso e dantesco, que tem por princípio básico sangrar o Governo Federal, compartilham, de maneira prévia e combinada, a pauta estabelecida pelas redações pertencentes a um sistema midiático fundamentalista e de direita.
Os controladores do sistema de capitais e de exploração do trabalho e das riquezas alheias em âmbito individual e também no que é relativo às nações, não aceitam, em hipótese alguma, as decisões de milhões de cidadãos brasileiros, que decidiram eleger, no decorrer de dez anos (ainda faltam dois), políticos trabalhistas de origem socialista, que mostraram à direita selvagem e capitalista como se desenvolve a economia para que todos possam consumir, comprar e até mesmo, se o for o caso, enriquecer, sem, no entanto, esquecer das questões sociais.
               
Federico Franco é golpista e, arrogante, pensa que a Dilma é o seu aliado Roberto Civita.
  E por quê? Porque não há como no Brasil a direita chegar ao poder por intermédio da obediência às regras de uma democracia representativa, que se baseia em um estado democrático de direito e na vontade soberana de o povo escolher seus eleitos, por intermédio do voto secreto. Os números e índices econômicos e sociais dos presidentes Lula e Dilma são tão maiores que os dos governos do ex-presidente FHC — o Neoliberal — que se tornou impraticável, para a direita partidária e midiática, compará-los. Por isto e por causa disto, os arautos do conservadorismo optaram pura e simplesmente pelo golpe, aos moldes do que ocorreu no Paraguai com o presidente Fernando Lugo, deposto pelas oligarquias do Judiciário e do Congresso, com a cumplicidade e a garantia das armas, se fosse necessário, por parte dos generais paraguaios, que sempre usurparam os direitos do povo guarani.
Evidentemente, a revista patifaria também conhecida por Veja deu espaço ao ditadorzinho, que se veste e se comporta como um “mauricinho”, ao tempo que sua arrogância e prepotência são de um latifundiário que cuida de suas terras como um especulador imobiliário. É o verniz, a dissimulação dos que estão sempre a representar para esconder ou disfarçar seus propósitos egoístas cujo combustível é a opressão da classe dominante e preconceituosa sobre a grande maioria da população. Veja, a revista pautada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, publicou nas suas páginas amarelas entrevista com tal sujeito golpista. A matéria, na verdade, teve o propósito de dar conotação de legalidade ao golpe ocorrido no Paraguai, ou seja, justificar o injustificável e defender o indefensável — o golpe de estado via Judiciário, o que sobremaneira, vai ser combatido no Brasil, apesar de alguns integrantes do STF.
Pois não é que o ousado e audacioso golpista avisou que vai questionar a presidenta Dilma Rousseff na próxima segunda-feira, em Nova Iorque, quando a mandatária vai abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas. Dilma vai falar sobre a crise internacional que enterrou de vez o neoliberalismo e calou seus defensores, bem como vai dissertar sobre as medidas efetivadas pelo Brasil para que a crise não prejudique o crescimento do País e muito menos elimine os empregos e os benefícios sociais conquistados, por intermédio dos programas e projetos dos governos trabalhistas.
 
O golpista do Paraguai também vai falar logo a seguir. Ele vai ter a petulância e o despropósito de questionar os países membros do Mercosul que consideram seu governo ilegítimo. Federico Franco tem a pretensão de defender o indefensável: o status democrático do seu país e o regime imposto por ele e sua trupe oligarca à margem do processo democrático estabelecido pelas regras e pelo regimento do Mercosul. Franco é tão arrogante que, mal deu o golpe de estado, resolveu falar de forma ríspida e de alto tom ao ser contra o ingresso da Venezuela no Mercosul. Durma-se com um barulho desse... A Venezuela é sócia do bloco e o Federico não vai poder fazer nada para impedir essa realidade.
Tal figura patética de direita se alia à Secretaria de Estado dos EUA, aos grandes proprietários de terras vinculados ao Exército e ao Judiciário paraguaios, rasga as normas do Mercosul quanto à defesa da democracia e ainda se vale da desfaçatez e da insensatez para reivindicar e quiçá falar de modo autoritário na assembleia da ONU para justificar e defender a legitimidade do processo que culminou com o impeachment do presidente Fernando Lugo, eleito constitucionalmente pelo povo paraguaio.
Contudo, o Itamaraty devolveu na mesma moeda as intenções do golpista Federico Franco. O Brasil não vai recuar ainda mais que o PT e os partidos da base aliada formada no Congresso consideraram, com a aquiescência de Dilma, por intermédio de nota pública, que o Brasil, no momento, está a enfrentar uma tentativa de golpe cujo pavio a pegar fogo é a “matéria” totalmente em off da revista Veja, que acusa Lula de ser o chefe do “mensalão”, além da entrevista com o golpista do Paraguai nas páginas amarelas. (O publicitário Marcos Valério, segundo seu advogado, não concede entrevista há sete anos, e negou que Lula fosse chefe de mensalão).
 
O Governo Federal deveria, urgentemente, cortar as verbas publicitárias das mídias privadas de caráter golpista. Os barões da imprensa sempre defendem a iniciativa privada e por isto considero que eles deveriam, terminantemente, recusar tais verbas, afinal essas pessoas tem de efetivar a desestatização de suas empresas e, consequentemente, ser coerentes com seus próprios pensamentos e propósitos de vida. Afirmo e repito novamente, o que já se tornou um mantra: governantes trabalhistas não podem tergiversar e facilitar com a direita oligarca, porque, mais cedo ou mais tarde, vai ser vítimas de golpes.
Por isto e por causa disto, a presidenta Dilma Rousseff, juntamente com a maioria conquistada no Congresso, tem de efetivar o marco regulatório das mídias, setor econômico monopolizado e controlado por seis famílias, que pensam que o Brasil de uma população de 200 milhões de habitantes e um PIB de R$ 3,6 trilhões é o quintal das casas delas. Seria cômico, mas é trágico; e perigoso. Golpe é retrocesso, e a direita é o atraso, que tem sob seu poder os meios de produção urbanos e rurais. Portanto, todo cuidado ainda é pouco.
Lula é Dilma e Dilma é Lula. Enfim, a imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) reconheceu o cerne desta questão. O aval da presidenta cobre com cal a manipulação de dois anos da imprensa na qual tenta dissociar Dilma de Lula, como se os dois fossem antagônicos, diferentes, no que é referente às suas ideologias, aos seus passados, à luta pela independência e autodeterminação do Brasil, além da busca pelo desenvolvimento social de nosso povo.
                               imagem 247
A capa vermelha é o golpe contra Lula e Dilma. A amarela é a "legalização" do golpe.
Para o capo Roberto Civita, dono da Veja, a revista emporcalhada, o Brasil é o Paraguai. A família Marinho também pensa assim, pois repercute tudo o que sai na Veja, autora do verdadeiro jornalismo de esgoto. Entretanto, tão prestigiosa família não manda seus asseclas repercutir as reportagens que são publicadas, por exemplo, na Carta Capital, entre outras publicações. O livro A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro, foi “esquecido” pela imprensa burguesa. E sabe por quê? Porque o jornalismo realizado pela imprensa alienígena e de negócios privados é seletivo. Selecionam as matérias, os fatos e as realidades conforme seus interesses e fazem do jornalismo uma ferramenta para combater e destruir aqueles que são considerados seus adversários e inimigos mesmo que de forma ilegal e criminosa.
Toda essa realidade é o apocalipse da imprensa, fruto do compadrio entre a direita midiática e a direita partidária, em prol de afastar Lula do processo eleitoral atual e de futuras eleições. Presidenta Dilma Rousseff, cadê o projeto do jornalista Franklin Martins que regulamenta o segmento econômico de mídias, por intermédio da efetivação do marco regulatório? Com a resposta, o ministro das Comunicações Paulo Bernardo. É isso aí.
Leia o repúdio da base do Governo
O PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB, representados pelos seus presidentes nacionais, repudiam de forma veemente a ação de dirigentes do PSDB, DEM e PPS que, em nota, tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Valendo-se de fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja, pretendem transformar em verdade o amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes sem identificação.
As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem prova.
O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados.
Assim foi em 1954, quando inventaram um “mar de lama” para afastar Getúlio Vargas. Assim foi em 1964, quando derrubaram Jango para levar o País a 21 anos de ditadura. O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses externos.
Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam a mais alta Corte do País, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula.
A mesquinharia será, mais uma vez, rejeitada pelo povo.
Rui Falcão, PT
Eduardo Campos, PSB
Valdir Raupp, PMDB
Renato Rabelo, PCdoB
Carlos Lupi, PDT
Marcos Pereira, PRB
Brasília, 20 de setembro de 2012.