Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O futuro
presidente do STF, juiz Joaquim Barbosa, vai assumir o cargo em novembro quando
o mandatário atual, juiz Carlos Ayres Britto, vai se aposentar. Acontece que o
condestável juiz, que recentemente afirmou que não dá satisfações a ninguém, é
o relator do processo do mensalão do PSDB e já avisou que não vai levar o caso
a ser resolvido para o gabinete da presidência da instituição. Todavia, o juiz
que assume a Corte pode levar os processos que estão sob sua responsabilidade para
relatar, conquanto que estejam prontos e dessa forma dar início ao julgamento e às
votações dos 11 juízes do Supremo. Quem será, então, o responsável pela
relatoria do mensalão dos tucanos cuja figura central é o ex-governador de
Minas Gerais e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo? De acordo com um
magistrado do STF, o juiz (ou juíza) que assumir a relatoria será o nomeado
pela presidenta Dilma Rousseff, logo após a aposentadoria de Ayres Britto.
Entretanto,
o magistrado disse o seguinte: “o mensalão tucano está longe disso”, ou seja,
ainda não se sabe quando tal escândalo do PSDB será julgado, apesar de esse
caso escabroso ter sido o primeiro dos mensalões ocorrido na década de 1990, e
que está, neste momento, engavetado em alguma repartição do STF, da PGR do
procurador Roberto Gurgel e escondido e proibido de ser manchete na imprensa
comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?), porque a PGR e a imprensa
formam, juntamente com alguns juízes do STF uma frente de oposição aos
governos trabalhistas de Lula e Dilma. Realmente, a eleição de São Paulo mexe
muito com a cabeça e arma os espíritos dos conservadores.
Falo isto
sempre, o que já considero um mantra. Mas fazer o quê? Paciência. E por quê?
Porque tem de ficar claro às pessoas que existe no Brasil um movimento
orquestrado pela direita midiática aliada à direita partidária (PSDB e o
pequeno DEMo) e às instituições do Judiciário, como o STF e a PGR, que
historicamente no Brasil grande parte de seus membros tem sua origem na
burguesia, nas oligarquias, e, quando não a tem, seus valores ideológicos são
conservadores, e, consequentemente, contrários às mudanças e às reformas
estabelecidas e efetivadas pelos governantes trabalhistas
Esses
fatos não são novos e não são novidades. Aconteceram as mesmas coisas, as mesmas
tentativas e concretizações de golpes de estado contra os presidentes Getúlio
Vargas e João Goulart. Não esqueçamos que temos uma elite das mais cruéis do
mundo. Eu a considero a pior de todas as elites econômicas do planeta. Elas são
simplesmente selvagens. Golpeiam e rasgam as constituições e apoiam golpes,
como os que ocorreram recentemente no Paraguai e em Honduras.
Ressalto
ainda que tais “elites” tem ainda o apoio de parte significativa da classe
média, que é rancorosa, ressentida e alienada, pois não percebe que igualar as
pessoas dentro de um contexto sensato, realista e possível gera estabilidade
social, pois dessa forma se diminui a violência, o desemprego e se aumenta as
oportunidades de emprego e de acesso ao ensino, inclusive o superior. Parte da
classe média reacionária é simplesmente burra, pois não percebe que quando
todos ganham e tem oportunidades se constrói com mais facilidade uma sociedade
humana, livre, democrática e principalmente justa.
Por sua
vez, volto à tona, e afirmo: o “mensalão” do PT não é um julgamento apenas jurídico.
Ele é político e de tendência golpista, pois usado pela imprensa de negócios
privados como uma ferramenta, uma arma de combate ao PT, que é a trilha para
desestabilizar o Governo Dilma e, consequentemente, desconstruir a figura de
Lula, político de grandeza internacional, socialista e trabalhista, que não
foi, de forma alguma, cooptado pela direita nacional e internacional, não traiu
seus princípios políticos e ideológicos, não abraçou os dogmas do Consenso de
Washington de 1989, que implementou, durante duas décadas, o sistema de
exploração global mais cruel de todos as eras conhecido como neoliberalismo,
que foi, de forma definitiva e retumbante, derrotado pelo seu próprio fracasso.
Lula não
foi cooptado como o foi o fracassado FHC, aquele do apagão energético, do
afundamento da maior plataforma de exploração de petróleo do mundo — a P-36, da
compra de votos da sua reeleição, dos correligionários que criaram os mensalões
do DEM e do PSDB, da doação do patrimônio público brasileiro, conhecida também
como Privataria Tucana e da ida ao FMI por três vezes, de joelhos e com o pires
nas mãos, porque o Brasil administrado pelo FHC, o Neoliberal, quebrou três
vezes. O sociólogo que não conhece o povo brasileiro e sua equipe governamental
são geniais, não são?
Contudo,
os tucanos tem dois fatores importantes ao seu lado: a imprensa e os homens de
toga filhos das oligarquias. E se não fossem eles, tal gente não teria
condições de concorrer a quaisquer eleições majoritárias. Lula sai do poder com
94% de aprovação popular, e quem quer governar são togados nomeados e barões de
imprensa golpistas que pensam que falam pela totalidade do povo brasileiro.
Durma-se com um barulho desse. Todos os mensalões tem de ser julgados tão
rápidos como o do PT e de preferência, como ocorre no momento, em ano
eleitoral. A Justiça é para todos. E o Judiciário é de todos. Quem vai chamar o
procurador Roberto Gurgel às falas? Boa sorte em novembro, senhor J. Barbosa,
apesar de suas prioridades e preferências. É isso aí.
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