sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os EUA falam grosso, o Brasil não se acovarda


Às vésperas das eleições presidenciais, o governo americano resolveu engrossar com o Brasil e pediu que o país volte atrás na sua decisão "protecionista" de elevar tarifas de importação de bens industrializados, o que poderia gerar perdas para os exportadores americanos. Em carta ao ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o representante de Comércio Exterior do Executivo americano, Ron Kirk, argumentou que as medidas "vão contra os esforços mútuos" de liberalizar o comércio no âmbito mundial, "erodem" as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam "significativamente" as exportações americanas em áreas "cruciais" da sua pauta de exportações.
E ameaça: "Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas. Historicamente, tais ações frequentemente levaram os parceiros comerciais a responder na mesma moeda, o que amplificaria o impacto negativo [das medidas]."
O governo brasileiro elevou, em média 12% para 25%, as tarifas pagas sobre cem produtos importados para que entrem no Brasil. Este aumento será aplicado no fim do mês e outra lista de produtos está sendo preparada para outubro. Os aumentos ficam abaixo do teto de 35 % estabelecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC). As elevações têm por objetivo proteger a indústria nacional de importados que continuam a entrar no mercado brasileiro, um dos mais atrativos em meio ao passo lento da economia global.
Entretanto, para Ron Kirk, o caráter temporário das medidas "não mitiga o seu efeito prejudicial". O representante americano lembrou que o comércio de produtos industrializados entre o Brasil e os EUA vem ganhando importância. "Para sublinhar este ponto, nossa análise comercial mostra que, no ano de 2011, as exportações de produtos industrializados para do Brasil para os EUA foram mais de cinco vezes maior que as suas exportações de bens agrícolas para os EUA."
A resposta do governo brasileiro foi dura. O chanceler Antonio Patriota reagiu com uma nota em que ironiza o americano, por ter "reconhecido a legalidade" das medidas brasileiras. Ele afirma que o Brasil não abrirá mão de adotar todas as medidas que a OMC permitir e acusa os EUA de ser o real causador de danos ao comércio internacional, com "subsídios ilegais" à agricultura, que causam impactos no Brasil e nos países mais pobres da África. O ministro acusa também os EUA de prejudicar as negociações comerciais na OMC com "medidas protecionistas".
Também o ministro da Fazenda, Guido Mantega, bateu fortemente nos EUA: "O Brasil é chamado de protecionista. Isso não é correto. Não somos”, disse. “Argentina, Reino Unido, Estados Unidos e China o são”, comparou em discurso que fez em Londres, num evento da revista "The Economist". Depois, em entrevista coletiva disse: “É um absurdo os Estados Unidos chamarem o Brasil de protecionista”. Segundo Mantega, os EUA são muito mais protecionistas que o Brasil, especialmente porque tomaram não apenas medidas claras nesse sentido, mas também porque suas rodadas de afrouxamento quantitativo desvalorizam o dólar e beneficiam as exportações americanas.
A troca de acusações entre Brasil e Estados Unidos mostra como a diplomacia evoluiu nesses últimos anos de governo petista e a autoestima do país se elevou. Fosse antes, nos tempos neoliberais de FHC e sua turma - os mesmos que agora tentam um golpe branco para voltar ao Palácio do Planalto -, a coisa toda já estaria resolvida - a favor dos americanos, é claro.
Pensando bem, não haveria a menor chance de haver um conflito, já que a turminha neoliberal já teria acabado com o Mercosul e revivido a Alca ou então assinado um tratado comercial com os Estados Unidos, no qual o Brasil se encarregaria de fornecer a mão de obra barata para os "empreendedores" de lá se fartarem de lucros.
Alguém tem saudades daquela época? 
post do cronicas do mota

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