Governantes trabalhistas não podem ficar à mercê de uma imprensa golpista. Ministro
Paulo Bernardo, cadê a Confecom 2? E a estatal da banda larga? Cadê o
projeto do jornalista Franklin Martins, que regulamenta e regulariza o
setor midiático de negócios privados?
DE CRISTINA PARA DILMA: ROSTO DE LULA PARA NÃO ESQUECER AS MÍDIAS. |
Eu
vou repetir o que o jornalista Paulo Henrique Amorim disse uma vez no
seu sítio “Conversa Afiada”: “Tenho inveja da Cristina Kirchner, da
Argentina”. Eu também sinto inveja. E explico por quê. A presidenta
trabalhista, herdeira política do ex-presidente trabalhista Néstor
Kirchner, além de ter enfrentado com coragem a imprensa hegemônica,
comercial e privada, apresentou projeto que trata da criação da Ley dos
Medios, que é o marco regulatório para as diversas mídias, para os meios
de comunicação, que, sem ser regulamentado (não confunda com censura),
conforme acontece com os principais segmentos de atividade econômica,
teima em desestabilizar governos trabalhistas legitimamente eleitos
pelos povos da América do Sul ao tempo que, no decorrer de sua história,
derrubados por golpes de estado promovidos pelos empresários, com o
apoio bélico dos militares.
Por
isso que eu também sinto inveja, porque há muito tempo os governos
trabalhistas de Lula e agora o de Dilma Rousseff deveriam ter
implementado o marco regulatório para os meios de comunicação, como
acontece nos países desenvolvidos, que mesmo assim enfrentam problemas
com esse setor empresarial, que faz do seu negócio uma arma para
desestabilizar governos e moer reputações, sem, no entanto, quando erra
ou comete crimes, não responde a ninguém, porque geralmente têm a
cumplicidade de setores politicamente conservadores, como o Poder
Judiciário, notadamente o Supremo Tribunal Federal (STF).
O
poder midiático privado tem lado, ideologia, escolhe os partidos para
apoiar, e candidatos, geralmente do campo conservador e não mede
consequências para conseguir seus intentos, que são controlar a
publicidade oficial e manter o sistema político e econômico, que
transforma as concessões públicas dos meios de comunicação em concessões
meramente privadas, cujos principais proprietários são os barões da
imprensa. Esses grupos midiáticos combatem, historicamente, os governos
trabalhistas e boicotam suas realizações ao ponto de a população
brasileira não ter acesso às informações concernentes às obras de
infraestrutura em andamento no País, além das conquistas sociais, como o
Bolsa Família, o ProUni, o Enem, o Luz para Todos, as UPAs, as clínicas
da Família, os PACs 1 e 2 — que fez com que o Brasil praticamente não
sentisse a crise econômica de 2008 —, as carteiras de crédito para as
micro, pequenas e médias empresas, além da criação de empregos, que
superou a marca de dez milhões de vagas em apenas oito anos, bem como
retirou da pobreza 31 milhões de brasileiros.
A AMÉRICA DO SUL ESCOLHEU ESTE CAMINHO, QUE NÃO É O MESMO DOS BARÕES DA IMPRENSA. |
Além
disso, o governo trabalhista incluiu 32 milhões de brasileiros na
classe média(C), responsável maior pelo crescimento exponencial do
mercado interno deste País, que movimentou a economia brasileira e assim
garantiu milhões de empregos. Setores econômicos de siderurgia,
automobilístico, indústria naval, petrolífero e de eletroeletrônicos
foram recuperados ou incrementados e com isso tiveram um crescimento a
taxas elevadíssimas, o que fez com que a economia nacional fosse
descentralizada, ao ponto de permitir a redução das desigualdades
regionais, o que acarretou a diminuição da migração de nordestinos e
sulistas, que passaram a ficar em suas terras e nelas a trabalhar.
Todos
esses fatos e realidades nunca ganharam destaque não imprensa
corporativa e privada, que, golpista, passou a atacar o Governo Federal
incessantemente, diariamente, com o propósito de paralisar o governo com
o mesmo discurso da corrupção, exaustivamente usado contra os
governantes mais importantes que o Brasil tivera em sua história, que
são os casos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Luiz
Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, e, em âmbito estadual, o
governador Leonel Brizola, que governou o Rio de Janeiro e o Rio Grande
do Sul como um estadista.
A
imprensa — repito pela milionésima vez — é importante, é fundamental
para a democracia, tem de ser livre, tem de publicar, tem de denunciar e
investigar, mas, contudo, tem de ser democrática e republicana e também
voltada para os interesses da coletividade e não apenas dedicada aos
seus interesses empresariais. A imprensa tem de fazer jornalismo dessa
forma. Voltar a fazer jornalismo. Ouvir os atores sociais envolvidos em
determinado caso ou acontecimento, e não apenas o indivíduo ou grupo ou a
instituição privada ou não a qual a imprensa apoia ou é cúmplice de
seus interesses. Este foi o
caso recente, por exemplo, do ministro do Esporte, Orlando Silva, que
caiu sem, no entanto, ter a oportunidade de ser ouvido, acusado que foi
por um homem considerado criminoso, que foi preso e responde a processos
e é acusado até de assassinato.
O CONTROLE DA MÍDIA SE DÁ POR PORTA-VOZES QUE COMBATEM OS INTERESSES DO BRASIL. |
Além
do mais, nada foi provado contra o ministro até o momento. Nada foi
gravado com a voz do mandatário, bem como ele se dispôs a enfrentar esse
processo draconiano promovido pela imprensa corporativa controlada por
apenas quatro famílias, de tradição golpista, que se beneficiaram da
ditadura militar. Orlando Silva solicitou à Corregedoria do Ministério e
à Policia Federal que investigassem as denúncias contra ele. Não
satisfeito, foi à televisão se explicar para a Nação, além de ter ido ao
Congresso, onde foi atacado por um deputado medíocre, como o é Antônio
Magalhães Neto, o ACM Neto, coronel político, oligarca da Bahia e
herdeiro do ex-senador e governador Antônio Carlos Magalhães, um dos
principais protagonistas da ditadura militar.
O
ministro colocou seu sigilo bancário, fiscal e telefônico à disposição
da Justiça e da autoridade policial federal, o que não foi suficiente
para o governo Dilma Rousseff, porque o ministro caiu. Existem muitos
outros exemplos, como comprovam a queda de outros cinco ministros, a
CPMI do Cachoeira-Globo-Veja e o caso do “mensalão”. E agora, como fica o
ministro, que foi apontado por maus jornalistas como um homem que
pratica ilícitos, ilegalidades e, portanto, crimes. A mídia vai
responder no Judiciário? Vai dar espaço para o Orlando Silva responder e
se defender?
Passaram-se
meses e nada foi feito. É como se a imprensa estivesse em outro mundo
no qual tudo pode ser permitido, até moer reputações e ficar por isso
mesmo. Até quando os governantes e os legisladores vão permitir esse
estado de coisas? O segmento midiático não vive em um mundo paralelo. A
Constituição existe e tem de ser respeitada, a começar pela
regulamentação da própria Carta Magna, no que tange aos meios de
comunicação. Quando o Governo Dilma vai romper com o monopólio dos
empresários de comunicação? Quando vai ser efetivada a regulamentação
das mídias, que propiciará à Nação ter, enfim, uma Lei dos Medios, a
exemplo da Argentina e dos países considerados desenvolvidos? Basta ter
coragem e respeitar a Constituição.
AS REDAÇÕES DA GRANDE IMPRENSA TRATAM DOS INTERESSES DOS NEOCOLONIALISTAS. |
Sinto
tibieza e medo desse governo perante a imprensa, ao poder midiático
privado e cartelizado. Dilma Rousseff e seu grupo político governam o
Brasil e por isso tem de enfrentar os barões da imprensa. Esses
megaempresários estão insatisfeitos com o governo porque, antes de tudo,
eles são de direita, e, consequentemente, detestam o trabalhismo. Além
da questão ideológica, o maior motivo para tantos ataques e afrontas ao
governo é porque os barões tiveram suas verbas publicitárias diminuídas,
e muito, pelo Governo Lula, que pulverizou tais recursos entre as
empresas de pequenos e médios portes em todo o Brasil. Realmente, esse
importante fato deixou os barões da imprensa nativa furiosos. A
presidenta Dilma tem de seguir os passos da presidenta Cristina
Kirchner, que aprovou a Ley dos Medios, que é nada mais do que a
regulamentação do setor midiático. A regulamentação não é censura como
querem fazer crer os jornalistas contratados pelos barões para defender
seus interesses e com isso confundir a população, a opinião pública.
Não
se pode tergiversar com a imprensa privada e corporativa. Ela não gosta
dos trabalhistas e não têm compromisso com o Brasil e o seu povo. A
presidenta Dilma deveria determinar ao ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo, que rapidamente efetive o Plano Nacional de Banda Larga
(PNBL), que vai disseminar a internet e através dela democratizar a
informação. O resultado é que, a partir desse processo em
desenvolvimento, vai acontecer a diminuição do poder exagerado do cartel
midiático, da imprensa de negócios privados, que, sistematicamente,
boicota os programas de governos, ainda mais quando são colocados em
prática por mandatários nacionalistas e trabalhistas, além de
determinados a atender os interesses do povo brasileiro.
Entretanto,
a questão fundamental eu deixo para o fim deste artigo. A presidenta
Dilma Rousseff não pode temer a imprensa. A mandatária foi eleita para
defender seu programa de governo, que não é somente dela, mas,
sobretudo, de seus eleitores, e, evidentemente, do conjunto da
sociedade. A imprensa burguesa é golpista e não respeita o voto da
maioria quando das eleições. Nunca respeitou. Dilma e seus ministros tem
de responder às acusações, às “denúncias” à moda Veja, Época, Folha etc., quando infundadas ou sem provas, também na televisão aberta (Jornal Nacional)
e em horário nobre. O propósito dessa estratégia é rebater acusações
injustas e até mesmo justas, no sentido de dar satisfação ao povo
brasileiro, bem como tirar suas dúvidas, no que é relativo ao que a
imprensa informa sem, contudo, ser questionada e principalmente
desmentida. Quem cala, consente; ou se torna cúmplice.
A TV BRASIL TEM DE RECEBER RECURSOS, AMPLIAR SUAS TRANSMISSÕES E SER COMPETITIVA. A BBC É ASSIM E TODO MUNDO A ADMIRA. POR QUE O BRASIL NÃO PODE TER UMA TV ASSIM? |
Além
disso, a televisão pública tem de receber mais recursos, tornar-se mais
presente na sociedade, não com o intuito de defender governos, mas para
mostrar o trabalho, por exemplo, de infraestrutura que está a ser feito
há dez anos no País e não é mostrado pelas televisões comerciais,
porque a imprensa privada e imperialista não mostra nada, já que ela se
transformou em uma máquina de escândalos para sangrar a quem ela combate
e faz oposição. A ser assim, o contribuinte fica sem saber para onde
foram os impostos arrecadados pelo Estado brasileiro.
O
que não pode continuar é o Governo trabalhista governar em uma condição
de caça, à mercê dos ditames da imprensa golpista, que se comporta como
caçadora. Cristina Kirchner agiu exatamente dessa maneira. Dilma também
deveria agir assim. Quem brinca com fogo se queima. Quem alimenta leão
com vara curta fica sem o braço. Eu estou com inveja da Argentina e da
Cristina Kirchner. Ministro Paulo Bernardo, cadê a Confecom 2? E a banda
larga? Cadê o projeto do jornalista Franklin Martins, que regulamenta e
regulariza o setor midiático? É isso aí.
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