terça-feira, 21 de agosto de 2012

Agências de notícias atendem a interesses dos EUA e do mercado, acusa jornalista



O vice-presidente da Federação Internacional de Jornalistas, Gustavo Granero, defendeu nesta segunda-feira (20), durante Seminário de Comunicação da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA), em Montevidéu, o fortalecimento de redes entre as centrais para combater a “uniformização da desinformação realizada pelas agências de notícias em função dos interesses dos Estados Unidos”.
De acordo com Granero, o investimento do movimento sindical nos seus próprios instrumentos e na conformação de redes é essencial para a democratização da comunicação, um debate público que envolve o conjunto dos países da América Latina neste momento, essencial para o aprofundamento da democracia em nossas sociedades e, consequentemente, para a garantia de direitos e avanço das conquistas da classe trabalhadora.
“Há uma reprodução sistemática de notícias dos grupos hegemônicos estadunidenses, das multinacionais e do sistema financeiro, uma coordenação estratégica para reproduzir o mais amplamente possível uma ideologia desinformativa. O objetivo dessa uniformização do discurso é nos manter desunidos, atentando contra a soberania política e econômica dos nossos países, alinhados pela retirada de direitos dos trabalhadores”, acrescentou.
Esta ação manipuladora e desagregadora dos grandes conglomerados privados de comunicação em função dos interesses dos Estados Unidos é histórica, esclareceu, tendo ganho maior envergadura com a fundação da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) em 1942. “Um agente da CIA foi o primeiro presidente da SIP. Foi através dela que cometeram os maiores crimes, como a Operação Condor, que prendeu, torturou, assassinou milhares de lutadores sociais. Foi através da SIP que os governos pró-EUA censuraram o continente”, lembrou.
Granero citou o exemplo de seu país, a Argentina, onde os grupos Clarin e La Nación, que controlam os dois principais jornais, fizeram uma aliança e formaram uma agência de notícias onde cada artigo e reportagem tem uma “classificação, com prioridades”. E de que forma conseguiam que os demais veículos – jornais, emissoras de rádio e televisão – reproduzissem este conteúdo, apontado como estratégico para martelar dia e noite determinadas “verdades”? “Ao reproduzir as notícias prioritárias, os meios de comunicação ganhavam um abono, um desconto no valor que tinham de pagar. Se era um jornal, como tinham o monopólio do papel, garantiam um preço mais barato. São instrumentos que utilizaram para padronizar a informação”, disse.
Em contraposição à lógica da alienação para o cifrão, vários governos nacionalistas, democráticos e populares, estão promovendo debates e estimulando processos para que o conjunto da sociedade se aproprie do tema. “Naturalmente, os donos da mídia apontam estes processos de democratização, como na Argentina e no Equador, como ataques à liberdade de expressão, pois atinge em cheio aos seus interesses. Daí a relevância e a necessidade de maior envolvimento do conjunto dos movimentos sindical e social para estimular o avanço e impedir o retrocesso”, ressaltou.

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