quinta-feira, 22 de maio de 2014

está a fim de um carro zero?

O Leitor tenciona mudar de carro?
Sorte sua espreitar Informação Incorrecta, o blog que tudo sabe e todos ajuda. Melhor do que Wikipedia.

Que tal um concessionário no Reino Unido? Este, por exemplo, fica em Sherness, à beira do rio Medway, não longe de Londres. É só escolher:

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Pouca escolha? Não me parece: o de cima é só um pormenor, a visão total é esta:


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Há escolha, fique descansado o Leitor. São todos carros novinhos em folha, nem uma mácula. Só que ninguém os compra, por isso ficam aí, semanas, meses. Aproveitam o ar do sul da Inglaterra.

Será que o Leitor prefere um carro americano? Gosta do American Dream? E seja.
Porto de Baltimore, no Maryland:

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Já viu aquele SUV branquinho? Nada mal, não é? O dourado? Não, é foleiro, fique com o branquinho, confie em mim. No caso, há outras cores também: só no porto de Baltimore são 57.000 automóveis à espera. E o número não para de crescer.

"Mas eu sempre tive Nissan..."
Ah, marca japonesa, muito bem, qualidade e durabilidade. Mas por isso temos que voltar para o Reino Unido, em Sunderland, onde há a fábrica europeia da Nissan:

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Esta era uma pista para os testes, mas agora é um enorme parque, cheio de carros que ninguém compra. E, dado que a pista não era suficiente, a Nissan comprou também alguns terrenos ao lado:

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"E em Espanha não há nada?"
Espanha? Claro que há. Que tal Valencia? Sol, praias, paella...e carros não vendidos:

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Mas se gosta do clima mediterrâneo, pode pensar na Italia também. Eis o porto de Civitavecchia, perto de Roma: cada um daqueles pontinhos é um Peugeot. Novo. E regularmente não vendido. Pena só a foto não ser das melhores, mas sabe como é: italianos, não prestam...

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"Uhhh, quanto carros não vendidos...a Europa está mesmo mal, não é?"
Na verdade não, não é só um problema ocidental. Eis um aeroporto perto de de S. Petersburgo, na Rússia:

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Há centenas de lugares assim no mundo. Sempre houve, só que agora os carros não transitam, mas ficam. A razão? Simples: os carros são produzidos por empresas cujas fábricas não podem parar. Se a fábrica parar, param os trabalhadores também. Mas também os fornecedores e os trabalhadores deles. O que seria da indústria metalúrgica? Das minas? Dos transportadores? Dos publicitários?

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É um círculo no qual cada um tem que desenvolver o seu próprio papel: projectista, fornecedor, escravo do fornecedor, construtor, escravo do construtor, vendedor, consumidor.
Só que nos últimos tempos o consumidor recusou a compra de novos carros. Preguiça? Não, não é bem assim. É mais "falta de dinheiro", uma doença que ciclicamente atinge as camadas médias e baixas da sociedade. Uma espécie de vírus.

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Desta vez o vírus teima em não desaparecer e o consumidor não compra: fica com o carro velho. Pior: quando finalmente decide comprar, quer a última versão do seu automóvel favorecido. E as versões anteriores, aquelas que até poucos meses atrás eram apresentadas como o topo da tecnologia, da segurança e do estilo? Ficam aí, nos parques.

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"Bom, os construtores poderiam aplicar uns fortes descontos e começar a livrar-se destes carros todos que estão parados há meses...."
Desconto? Li bem? O Leitor disse desconto? Ó Leitor, mas onde acha que estamos aqui, no País de Borla? Não há descontos para ninguém, os construtores nunca iriam abdicar duma margem de lucro e, verdade seja dita, merecem todos os cêntimos que conseguem juntar com o trabalho dos outros.

Não, nada de desconto, se o Leitor quer um carro toca pagar, e tudo.
E mais: fique a saber que os construtores já encontraram a solução.

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"E qual?"
Simples: muitas casas automobilísticas já deslocaram a produção para a China, como a General Motors por exemplo. Os carros aí produzidos são depois carregados em navios que entregam os produtos no mundo todo.

"Mas o problema é o mesmo: depois nos portos ficam os carros não vendidos!"
Erro, meu caro Leitor, erro: os Estados Unidos, por exemplo, já decidiram limitar a importação. E, dado que a maior dos chineses não pode permitir-se um carro ocidental, estes ficam em enormes parques na China.

E como se costuma dizer: longe dos olhos, longe do coração e do cérebro também.

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