quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Folha uma vez pobre, pobre para sempre. Bolsa Familia é um desastre


post do conversa afiada.
Caro PHA, reproduzo abaixo artigo da FSP sobre a pobreza com alguns comentários particulares. Se a pesquisa estiver correta então alguns dados comumentemente ditos pela direita em geral não são condizentes com a realidade:

1 – De que o pobre é pobre porque assim o deseja e assim quer. É um discurso perpetuado nos meios de comunicação em massa de que se o pobre trabalhar duro então ele terá sucesso e será tão bem sucedido como qualquer outra pessoa. Esse discurso faz parte do ideário liberal e é um dos alicerces do atual sistema capitalista e seu modo de consumo como indicativo de ascensão social. A pesquisa mostra que crianças pobres têm muito mais probabilidade de continuarem pobres no futuro, terem menores salários, serem mais propensas a cometerem crimes, serem mais propensas a serem mães solteiras etc. E o mais interessante é que esta pesquisa foi feita quantitativamente, segundo a leitura do artigo, baseado na estatística, algo raro em se tratando de pesquisa com cunho social.
2 – De que o instrumentos como o Bolsa Família é eleitoreiro e inútil. O discurso permanente do PIG é que os instrumentos de distribuição de renda e melhoria da qualidade de vida do Governo Lula são apenas com fins eleitoreiro (Vírgula: Qual governo faz um projeto sem pensar nas possibilidades futuras de eleição?). Pela pesquisa, instrumentos públicos de auxílio às pessoas são muito eficientes para garantir um futuro mais digno às crianças assim atendidas.
3 – É mais importante ainda replicar, com os devidos ajustes, pesquisas como essas no Brasil, pois as realidades são muito diferentes. Se nos EUA, a pátria da democracia, da liberdade, do direito individual e da ascensão social os resultados são tão deprimentes, o que aconteceria então no Brasil?

Abraços!
Pobreza deixa marcas biológicas permanentes nas crianças, dizem cientistas

A pobreza pode deixar profundos e permanentes efeitos biológicos em crianças pequenas que, quando adultas, correm mais riscos de sofrer problemas de saúde e ter renda mais baixa, revelou uma pesquisa apresentada no último fim de semana em San Diego, Califórnia.
Cientistas americanos definiram “uma biologia da pobreza” entre adultos que passaram a infância em um ambiente de pobreza, principalmente entre aqueles que viveram na miséria antes dos cinco anos de idade, segundo o estudo publicado no domingo, na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).

“A pobreza tem o potencial de modificar profundamente a neurobiologia da criança pequena em desenvolvimento”, e pode afetar diretamente toda a sua vida, afirma Greg Duncan, da Universidade da Califórnia.

A primeira infância é um “momento crucial para estabelecer a arquitetura do cérebro que dá forma ao futuro cognitivo, social e de bem-estar emocional da criança”, explica o estudo. “As crianças que crescem em um ambiente desfavorável mostram níveis desproporcionais de reação ao estresse, e isso é notado a nível de exames hormonais, neurológicos e de perfis epigenéticos”, diz Thomas Boyce, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá.

Para medir os efeitos socioeconômicos destes marcadores neurobiológicos da pobreza, os pesquisadores analisaram dados demográficos de 1.589 adultos nascidos entre 1968 e 1975, incluindo o nível de renda de suas famílias e os anos de educação alcançados, além de dados sobre sua saúde e antecedentes penais. “Diferenças notáveis” foram percebidas entre as vidas adultas daquelas crianças, de acordo com o nível socioeconômico antes dos seis anos.

“Em comparação com crianças cujas famílias registravam renda pelo menos duas vezes mais alta que a linha de pobreza durante sua primeira infância, as crianças pobres tiveram dois anos a menos de escolaridade em média, trabalham 451 horas a menos por ano e ganham menos da metade”, indica o estudo.

Estas crianças também receberam de adultos mais de US$ 800 a mais por ano em cupons de alimentos, e foram duas vezes mais propensas a ter uma saúde em geral deficiente ou altos níveis de estresse psicológico. As crianças pobres também acabaram mais gordas que as ricas, assim como mais propensas a apresentar sobrepeso na vida adulta. Além disso, homens pobres desde a infância têm o dobro de chances de serem presos, e as mulheres, seis vezes mais chances de se tornarem mães solteiras.

A pesquisa, a primeira com estas características realizada nos Estados Unidos, também demonstrou que se uma família pobre recebe US$ 3.000 por ano a mais por meio da assistência social do governo por ter um filho de menos de cinco anos, quando adulto esta criança ganhará 17% a mais e trabalhará 135 horas a mais por ano.

“Este estudo prova que as políticas de bem-estar social dirigidas a famílias americanas pobres com crianças pequenas produzem resultados palpáveis.” Segundo os autores do estudo, quatro milhões de crianças nos Estados Unidos viviam na pobreza em 2007.

Para Jack Shonkoff, da Universidade de Harvard, a pesquisa oferece “uma oportunidade magnífica para aprender mais sobre a biologia da pobreza, que pode ajudar a desenvolver novas ideias e mitigar o impacto da precariedade no emprego e proteger melhor as crianças pequenas”.

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