quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Motivo real para EUA sancionarem Irã é dominação global



As pressões que os Estados Unidos estão tomando no sentido de impor novas sanções ao Irã não tem nada a ver com a nobre causa de limitar a proliferação de armas nucleares no planeta. Elas estão diretamente ligadas à doutrina militar estadunidense de estabelecer um "espectro de dominação total", isto é, domínio militar na terra, no mar, no ar e no espaço sobre todas as nações do planeta.
A extensão lógica dessa doutrina é que somente países que são firmes aliados do governo dos EUA podem obter a permissão de adquirir armas nucleares ou mesmo de desenvolver capacidade para fabricá-las.

Israel, por exemplo, é largamento tido como portador de armas nucleares secretas. Ainda assim, não há nenhum pedido de sanções ou investigações em relação a Israel. A razão é simples: eles são um aliado dos Estados Unidos. Índia e Paquistão se recusaram a assinar o tratado de não-proliferação nuclear e desenvolveram armas nucleares. Ainda assim, não há nenhuma solicitação de sanções ou investigações contra eles. A razão é simples: eles são aliados dos Estados Unidos.

Irã e Coreia do Norte estão se tornando sujeitos a sanções econômicas, pedidos de novas sanções e até mesmo a ameaças de ataques militares contra eles. As razões são simples, novamente: Eles não são aliados dos Estados Unidos.

O princípio de soberania nacional inclui a não ingerência nos assuntos internos de uma nação por potências estrangeiras. Isso é um baluarte importante da paz e da segurança internacionais, e entre outras coisas é ligado à aceitação e respeito da diversidade cultural, política e econômica existente no planeta.

Um elemento chave da soberania nacional é que guerras de agressão contra outras nações que não atacaram sua nação estão proibidas sob as leis internacionais. Guerras de agressão foram declaradas ilegais pelos tribunais de Nuremberg, após a Segunda Guerra Mundial, que estabeleceu a invasão de outras nações pela Alemanha Nazista como exemplo típico de guerra de agressão.

Subsequentemente, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou resoluções proibindo agressões militares, invasões e ocupações de um país pelo outro, exceto em auto-defesa, quando o país alvo atacou primeiro.

O Irã, neste caso, é conhecido apenas por desenvolver usinas e materiais nucleares. E nunca atacou os Estados Unidos. O Irã, ainda, é sujeito a sanções, a pedidos de novas sanções e a ameaças de uma possível agressão militar contra si.

A verdade sobre o Tratado de Não Proliferação Nuclear

Como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear das Nações Unidas, o Irão não pode desenvolver armas nucleares.

Entretanto - e isso é um ponto importante - o Tratado dá a cada signatário o direito soberano a retirar-se do mesmo, em seguida a um anúncio da retirada três meses antes da data planejada. Após o ato, o país tem o direito absoluto de desenvolver armas nucleares dentro de seu próprio território.

A Coreia do Norte, que originalmente assinou o tratado e mais tarde retirou sua assinatura, tem agora o direito legítimo de desenvolver armas nucleares. Índia, Paquistão e Israel jamais assinaram o tratado e também tem o direito legítimo de desenvolver armas nucleares.

Ao contrário de esclarecer essas realidades, a mídia e os políticos ocidentais sistematicamente omitem do público essa realidade. No lugar da verdade eles repetem vagos "mantras" como "desafio à comunidade internacional" (ou seja, não dobrar-se aos desejos dos EUA).

Um exemplo típico dessa retórica enganosa, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse há poucos dias: "Embora tenham afirmado que a energia nuclear é destinada ao uso civil... eles, na verdade, continuam a seguir um curso que vai levar ao armamentismo, e isso não é aceitável para a comunidade internacional".

A ausência de argumentos legais nessa declaração reflete o fato de que não há nenhum argumento legal contra o programa de energia nuclear iraniano, e que mesmo o desenvolvimento de armas nucleares será legal se o Irã se retirar do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Naturalmente, invocar a "não aceitação pela comunidade internacional" não significa as nações do mundo. Obama quer dizer com isso "os Estados Unidos e seus aliados".

Sanções americanas são parte do imperialismo

Para entender inteiramente as políticas dos EUA em relação a Coreia do Norte e Irã nós precisamos situá-las no largo conjunto de tentativas de aumentar o poderio militar dos EUA sobre o planeta, e remover todos e quaisquer obstáculos contra essa dominação.

Existem atualmente cerca de 700 bases militares fora dos Estados Unidos e isso está ligado a um vasto projeto de aumentar o alcance do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) incorporando o maior número possível de nações da Europa Oriental, ex-estados socialistas e antigas parcelas da extinta União Soviética.

Os Estados Unidos também procuram cercar militarmente tanto a Rússia quanto a China, com vasos militares portadores de mísseis atômicos nos oceanos próximos a essas nações, bases militares em estados vizinhos, armas de alta tecnologia em Taiwan e fornecendo armas a clientes visivelmente anti-russos, como a Geórgia. Bases americanas também estão sendo construídas na Colômbia, vizinha à Venezuela, um país que tem desenvolvido uma alternativa socialista à dominação americana da América do Sul.

A oposição americana ao programa nuclear do Irã destina-se a auxiliar que os Estados Unidos, e seus maiores aliados nucleares, como Reino Unido, França, Índia e Paquistão, possam continuar a dominar o mundo. Também destina-se a enfraquecer a habilidade de nações do Oriente Médio a resistir à dominação americana em sua região.

*Eric Sommer é colaborador do Global Research

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