quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Dívidas dos EUA, endividamento da União Européia


POST DO VERMELHO/Por Petros Panayotídis, no Monitor Mercantil
Imprensa européia silencia e só se ocupa dos 50 bilhões da Grécia. Nesta época, o cidadão não informado ouve, incessantemente, sobre as dívidas e os empréstimos da Grécia e fica impressionado e até assustado. Assustado, por exemplo, quando ouve que a dívida pública e privada da Grécia contraída em bancos estrangeiros atinge o total de US$ 300 bilhões.


Seu coração palpita mais forte ainda, quando fica sabendo que a Grécia contrairá neste ano cerca de 50 bilhões de euros, cuja parcela maior contrairá com capitalistas estrangeiros. Não tendo fator de comparação com as dívidas e/ou os empréstimos que contrairão neste ano outros países, o mundo inteiro entra em pânico e pensa que a Grécia já faliu.

Contudo, alguém com o sangue-frio fica em pânico quando toma conhecimento quanto, por exemplo, devem os EUA a emprestadores estrangeiros ou quanto pretendem se endividar com a União Européia vários outros países-membros de nomes sonoros, cujos "empoados" líderes e outros burocratas de somenos importância que apontam e balançam o dedo indicador ameaçando e humilhando a Grécia.

Quem é quem

Começando pelos EUA, a superpotência do capitalismo mundial, anotem, registra uma dívida pública (atenção, sem a dívida privada, que também é gigantesca) da inacreditável altura de mais de US$ 3 trilhões.

Em dezembro do ano passado, o erário norte-americano devia somente ao Japão US$ 768,8 bilhões, e outros US$ 755,4 bilhões à China (a apuração dos totais baseou-se em dados da Secretaria de Tesouro dos EUA).

Se, aliás, alguém somar os US$ 152,9 bilhões que o Governo de Washington deve à província de administração especial de Hong Kong, os EUA devem à China quase US$ 1 trilhão! Assim, se o Governo de Beijing ou o de Tóquio resolvessem liquidar os bônus estatais norte-americanos que possuem em custódia em seus respectivos bancos centrais, os EUA e o dólar iriam à falência em uma noite.

Mais de US$ 300 bilhões devem os EUA à Grã-Bretanha, quase US$ 200 bilhões devem aos Emirados do Golfo Pérsico e outros US$ 160 bilhões ao emergente Brasil. Ao contrário, a Alemanha emprestou ao erário norte-americano apenas US$ 53 bilhões, ou apenas 1/4 do total que emprestou à pequena Irlanda.

Os EUA acusam os gregos de que vivem acima de suas possibilidades, com empréstimos da União Européia. Mas por que não dizem que seus cidadãos vivem com empréstimos tomados de, pelo menos, 1 bilhão de miseráveis cidadãos chineses, cuja renda é menos de 1 dólar por dia? E por que não dizem que vivem com os empréstimos tomados dos japoneses, porque os venceram na guerra há 65 anos?

Mas, deixando de lado os EUA e os norte-americanos, voltemos à Europa. Contrairá, então, a Grécia neste anos empréstimo superior a 50 bilhões de euros. É mau, péssimo. Mas por que ninguém comenta nada sobre, por exemplo, a Bélgica, país cuja população é ligeiramente menor do que a da Grécia e que contrairá este ano um empréstimo de 100 bilhões de euros?

Também, ninguém comenta nada acerca do empréstimo que contrairá neste ano a pequena Holanda, também superior a 100 bilhões de euros. Anotem que o endividamento não é, de forma alguma, fenômeno que será observado neste ano somente em pequenos países. Senão, vejam:

Alemanha na lista

A Alemanha é obviamente uma economia cujo Produto Interno Bruto (PIB) é nove vezes superior do grego. Sim, contudo, os cerca de 370 bilhões de euros que tomarão emprestados os sisudos e severos alemães não é nada um volume insignificante. A poderosa Alemanha contrairá empréstimo sete vezes superior ao da em "estado de falência" pequena Grécia.

A lista dos "poderosos" e outros nem tanto prossegue. A França contrairá empréstimo superior a 450 bilhões de euros. Também a Itália tomará emprestados outros 400 bilhões de euros.

Mas, o que está acontecendo? Será que a França e a Itália estão em "estado de falência", considerando que contraem empréstimos analogicamente iguais aos da Grécia para corresponder às suas obrigações? Estão falindo e escondem isso de nós? Ou talvez seja um "conto do vigário" que atende a objetivos políticos e especulativos a suposta "derrocada" da Grécia? Ao que tudo indica, está ocorrendo o segundo.

Os quatro, supostamente, "grandes" da União Européia contrairão neste ano empréstimos totalizando 1,5 trilhão de euros. E ninguém comenta nada! Novos empréstimos de 450 bilhões de euros contrairá a França, outros 400 bilhões de euros tomará a Itália, mas ninguém comenta nada.

Em torno de 280 bilhões tomará a Grã-Bretanha, enquanto a sisuda e severa Alemanha necessitará de cerca de 370 bilhões de euros. Além dos 240 bilhões de euros de que precisa a Espanha e 100 bilhões de que precisam, cada, a Bélgica e a Holanda. E ninguém comenta nada!

Todos estes números são dados oficiais da União Européia. Mas, curiosamente, a imprensa européia e internacional os ignora sistematicamente e, só se ocupa dos 50 bilhões que precisará tomar emprestados a Grécia.

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