sábado, 15 de maio de 2010

Brasil

15 de Maio de 2010 - 13h31

Recepção calorosa. Entrada do hotel em Teerã onde o presidente Lula vai ficar hospedado durante visita oficial ao Irã. Na foto, destaque para os outdoors com fotos de Ahmadinejad ao lado de Lula, segurando as bandeiras de seus países.

Lula critica EUA e diz que quer Irã igual ao Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas indiretas à forma como os Estados Unidos negociaram até aqui uma solução para o impasse em torno do programa nuclear do Irã.

Questionado sobre a declaração da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que afirmara não esperar uma resposta séria do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad após o diálogo com o Brasil, Lula reprovou o envio de "funcionários de terceiro escalão" para discussões diplomáticas tratadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

As críticas foram feitas em Doha, minutos após o encontro oficial com o emir do Catar, Hamad Bin Khalifa Al Thani. Em rápida entrevista a jornalistas brasileiros, Lula voltou a se manifestar sobre sua visita ao Irã, cuja agenda oficial começa hoje. Dizendo-se tranquilo sobre o papel do Brasil - que intermedeia um diálogo, ao lado da Turquia - o presidente disse que se criou "uma expectativa exagerada sobre o assunto". "O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir. Não é uma negociação entre o Brasil e o Irã", afirmou, definindo a missão brasileira como "tranquila e de responsabilidade".

"Vou conversar com muita franqueza com o presidente iraniano, com a franqueza que uma conversa dessas precisa ter, lamentando que os outros presidentes não tenham conversado com o presidente do Irã", argumentou, em uma primeira crítica aos chefes de Estado e de governo dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido, países-membros do Conselho de Segurança da ONU e que pregam sanções ao Irã em decorrência de seu programa nuclear.

Indagado sobre a expectativa negativa de Hillary Clinton sobre o encontro entre Lula e Ahmadinejad, o presidente retrucou: "Eu não sei com base no que as pessoas falam". "A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", afirmou. "Política não é uma coisa de que se pode fazer transferência, terceirizando. Eu mando um funcionário de terceiro escalão do governo para negociar uma coisa grave que o Conselho de Segurança está decidindo."

O presidente disse ainda que não sabe se o encontro com Ahmadinejad é de fato a última chance de o governo do Irã evitar sanções econômicas contra o país, como afirmaram nos últimos dias Hillary Clinton e o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev. "Não sei. Não queria ser tão fatalista."

Lula lembrou que a constituição brasileira impede o país de ter armas nucleares e, falando sobre seus propósitos em Teerã, foi claro, repetindo o que tem afirmado sobre o direito de o país ter acesso à energia nuclear para fins pacíficos. "O que eu quero é que o Irã faça o mesmo que o Brasil faz. É isso."

Em sua primeira visita oficial a Doha - uma primeira, em 2009, não tinha esse caráter -, o presidente participou pela manhã do Seminário Empresarial Brasil-Catar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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