Estudo divulgado ontem pelo Ministério da Justiça comparando o salário
dos magistrados brasileiros com o de outros 29 países revela que o juiz
no Brasil está entre os que mais ganham. "O nosso propósito, nossa
vontade, é fazer um trabalho em comunhão, de preparação do futuro. Não
de fazer chover, mas de construir as nuvens", declarou o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Segundo dados do Banco Mundial, que constam no diagnóstico, o salário do
magistrados brasileiros só perde para o dos canadenses, na primeira
instância (varas federais). Na segunda instância (3º) e nos tribunais
superiores (7º), o vencimento dos juízes nacionais figura entre as dez
maiores do mundo. Um juiz de primeira instância, em início de carreira,
ganha cerca de R$ 10.000.
Ao comparar a destinação de recursos públicos para o Judiciário, o Ministério da Justiça verificou que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de repasses em um grupo formado por 35 países: é o que mais destina dinheiro para os tribunais, englobando as esferas da União, dos Estados e dos municípios. Nessa lista estão Itália, Espanha, África do Sul, Dinamarca e Noruega, por exemplo.
Intitulado "Diagnósticos do Poder Judiciário" e com cerca de 113
páginas, o estudo foi feito a um custo de R$ 100 mil. A equipe
contratada pelo ministério também analisou questionários enviados aos 96
tribunais do país. Entre as conclusões mais importantes estão a que
mostra que existe 1 processo judicial para cada 10 pessoas no Brasil; o
maior número de processos concentra-se em 1ª instância; a União responde
por cerca de 43% das despesas com a Justiça e não há padronização no
critério que fixa os custos dos processos para as pessoas nos Estados.
No Amapá, com 32,8 mil processos julgados em 2003, o governo estadual
gasta R$ 6.839 com cada processo, o maior valor do país. A ação mais
barata está na Paraíba, cujo governo gasta R$ 973 por processo. Em São
Paulo, que concentra a maior parte dos processos (4,5 milhões julgados
em 2003), cada um custa R$ 1.126, menos que a média: R$ 1.848.
O secretário de Reforma do Judiciário, Sérgio Renault, disse que "o
Poder Judiciário ficou parado no tempo, é preciso chegar ao século 21.
Há um acréscimo de investimento no Poder Judiciário que não é
correspondido por melhoria do serviço. Falta direcionamento, é preciso
racionalizar".
Presente à cerimônia, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal),
Nelson Jobim, saudou a iniciativa: "Esse trabalho é importante, a coleta
de dados feita pelo Ministério da Justiça nos dá condições de fazer uma
análise mais desenvolvida internamente".
Greve
Enquanto os juízes federais do Brasil estão entre os mais bem pagos do
mundo, os servidores do Judiciário paulista continuam a greve que já
dura 48 dias. Eles reivindicam reposição salarial de 26,39%. Segundo
informação da assessoria do Tribunal de Justiça, o último reajuste sobre
o salário total dos funcionários foi dado há 11 anos.
Entre os principais cargos dos servidores, o salário inicial varia de R$
990,77 (auxiliar) a até R$ 5.132 (diretor de divisão). Já os juízes
recebem em média "R$ 6.000 ou R$ 7.000", segundo o TJ.
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