Por Altamiro Borges
A mídia hegemônica não descansa e vive em permanente estado
de guerra. Passadas as eleições municipais, em que ela apostou tudo no “show do
mensalão” para evitar o desastre completo da oposição demotucana nas urnas, ela
agora afia as suas armas para duas novas batalhas. Uma no front interno, com a
tentativa de criminalizar o ex-presidente Lula. E outra no front externo, com a
aproximação da data do fim do monopólio do Clarín na Argentina. A máfia
midiática do planeta se une para derrotar a presidenta Cristina Kirchner.
No país vizinho, a situação já é de guerra aberta, frontal.
Manifestações favoráveis e contrárias à “Ley de Medios”, que democratiza os
meios de comunicação, são diárias e agitam até os estádios de futebol. A guerra
também já está sendo travada nas emissoras de tevê. Os dois canais do Grupo
Clarín – TN (Todo Notícia), no cabo, e El Trece, na TV aberta – promovem ataques
raivosos ao governo. Jorge Lanata, âncora de um programa no El Trece, faz
imitações grosseiras contra a presidenta Cristina Kirchner.
Já o governo responde através da TV Pública. Ele procura
esclarecer que a Ley de Medios, que entrará em vigor no dia 7 de
dezembro, visa
garantir maior pluralidade e diversidade na radiodifusão. Aprovada em
2009, ela limita as licenças dos grupos midiáticos. Para o Clarín, que
controla vários
veículos desde a época da ditadura militar, ela será fatal. O império
terá que
se desfazer de várias emissoras de rádio e tevê. O seu espaço será
ocupado por
canais comunitários. O governo abrirá concurso para definir os futuros
donos.
Com a proximidade do 7 de dezembro – o 7D da Democracia –, a
guerra entre os dois campos se acirra. O Grupo Clarín já foi derrotado no Congresso,
no Judiciário e nas ruas, com massivos atos de apoio à lei. Mas ele resiste.
Para o sociólogo Martín Becerra, “o cenário mais provável é que o Clarín tente
ganhar tempo, apresentando um plano de adequação indicando empresários aliados
como testas de ferro, algo que o governo não aceitará. Haverá outra batalha
judicial que daria ao grupo tempo para desenhar outras estratégias”.
A falta de coragem política no Brasil
É neste cenário de confronto que os barões da mídia da
América Latina – reunidos no antro da Sociedade Interamericana de
Imprensa
(SIP) – e do mundo inteiro se unem para salvar o império do Clarín. Na
semana
passada, o Jornal Nacional da TV Globo divulgou longa matéria contra o
“atentado
à liberdade de expressão” na Argentina. Os jornalões também já
publicaram vários editorais e artigos sobre o tema. Esta será a
principal batalha, no
front externo, dos donos da mídia nativa. Eles temem uma “epidemia” na
região.
Nesta guerra aberta não há espaço para vacilações. Diante da
fúria monopolista dos barões da mídia, eu sou argentino! Na verdade, só lamento
que o governo Dilma não tenha a mesma coragem da presidenta Cristina Kirchner para
estimular um debate democrático sobre este tema tão estratégico na atualidade.
Talvez a entrada em vigor da Ley de Medios ajude a espalhar esta “epidemia”
democratizante em nosso país. A conferir!
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