sexta-feira, 2 de abril de 2010

Udenismo: sempre hipócrita, agora high-tech.


Eu disse outro dia aqui que o discurso oposicionista – e inclua nisso a mídia – ia cada vez mais se assemelhando ao da UDN. E não deu outra ontem, na desincompatibilização de José Serra. Na falta de propostas, projetos e causas, o que sobrou para as manchetes dos jornais é o “não sou cúmplice de roubalheira”.

O ponto forte do discurso de Serra:

“”Aqui não se cultivam escândalos, malfeitos, roubalheira, mas também porque nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o malfeito”

Bom, seu acho que o governador deve saber do que fala.

Então é de supor que ele vá ajudar as investigações sobre o caso Alston, que já botou gente em cana na Europa por irregularidades praticadas aqui e que está ainda quente nos tribunais brasileiros.

E deve estar fazendo autocrítica pelo fato de ter bloqueado 13 CPIs em seu governo – um progresso em relação a Alckmim, que bloqueou 70 – sobre cartões, Detran, pedágios, corrupção policial…

E certamente deve estar querendo mudar a imagem que boa parte dos paulistanos tinha dele, como mostra o insuspeito Datafolha que, ao avaliar o início da gestão de Serra na prefeitura, em abri de 2005, publicou:

A maioria dos paulistanos acredita que o prefeito José Serra (PSDB) não tem combatido a corrupção na cidade de São Paulo, revela pesquisa do instituto Datafolha realizada com 1.634 pessoas entre os dias 6 e 7 deste mês.
São 54% dos entrevistados que avaliam como ineficientes as ações nessa área do governo tucano, que completou cem dias de gestão no último domingo.
Para um quarto dos paulistanos, o tucano tem combatido a corrupção. Uma parcela de 21% diz não saber avaliar suas ações nessa área. A administração Serra não quis comentar a pesquisa.

O udenismo, porém, é agora high-tech. Tudo o que Serra diz é planejado de acordo com pesquisas. Se ele adora este discurso é porque sabe que é o tom que dominará a mídia de agora a outubro.

É bom que o Governo atente para isso. Lula disse outro dia que, se as ondas não são enfrentadas, elas vencem. Não cou ninguém para dar conselhos aos caciques do PT e aos ministros de Governo, mas se quiserem ficar de “bonzinhos” com os editores de jornal, vão dar munição a essa campanha.

O presidente Lula precisa assumir pessoalmente o comando deste combate e dar a alguém a missão de travar o enfrentamento na mídia. Se ele não o fizer, pelo que conheço dela, a própria Dilma o fará. E, com isso, se afastará do seu eixo de campanha.

Brizola Neto

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