quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Brasil de Lula e Dilma é alternativa de esquerda à globalização" O Brasil, disse Ségolène Royal, ex-candidata à presidência da França.


Eu sou partidária de uma proposição feita no Forum Social: a possibilidade, para os clientes como para os assalariados dos estabelecimentos bancários, de exercerem eles também um direito de controle sobre o modo como os bancos assumem sua função de intermediação. Isso teria como resultado uma dinamização considerável do crédito às pequenas e médias empresas e uma moralização saudável da tarifação bancária! De uma maneira geral, os erros que estão na origem da crise reforçam a exigência de uma associação mais direta dos cidadãos às decisões e ao controle de seus investimentos. Essa é a condição de uma liderança legítima e de uma ação pública eficiente.

Nós estamos numa encruzilhada de caminhos, eu dizia no início a vocês, juventude deste país, e de todos os países. Nós temos as chaves, temos a capacidade de fazer operar uma verdadeira metamorfose, como diz Edgar Morin, se avançarmos com coragem, se nós, incansavelmente, derrubarmos a barreira das idéias estabelecidas, coisa bem mais difícil de derrubar do que as barreiras de pedras.

Por isso, nós nos apoiamos sobre a mais bela das forças: a força cidadã, que emerge em toda parte do planeta. Que interpela, questiona, reivindica, propõe. E à qual, aqui no Brasil, vocês ofereceram uma democracia participativa autêntica, que eu instaurei igualmente na minha Região, em cada escalão de decisão política; quer se trate do orçamento participativo, das conferências cidadãs [jurys citoyens], dos fóruns. Eu também fiz do mesmo modo toda minha campanha presidencial e regional na base dessa democracia participativa. Esse modelo que o Brasil ofereceu ao mundo, porque acreditamos na política. Porque acreditamos no poder da política, porque fazemos política. Porque estamos engajados nas associações, nos sindicatos, nos partidos, nos círculos de reflexões, porque criamos os valores da liberdade, da igualdade, da fraternidade, lá onde estamos.

Eis a realidade, escondida sob essas imagens que às vezes nos desencorajam. A realidade é que o Século XXI é o século dos cidadãos, da palavra cidadã, da força cidadã. Eu acredito na escuta dos cidadãos, na inteligência dos cidadãos, na lucidez e no desejo de amanhã dos cidadãos. Acredito nessa força propulsora, que perturba os governos e impõe o valor humano no coração de todas as decisões a serem tomadas.

É claro que tateamos, buscamos, na confusão da época; mas eu acredito na metamorfose, na mutação positiva. Se formos cada vez mais numerosos para agir. O acesso ao bem estar, aos direitos humanos fundamentais de se alimentar, de se vestir, educar, educar as crianças, supõem a segurança doméstica e internacional. O Brasil, que inscreveu na sua constituição o interdito de utilizar a energia nuclear para fins militares é exemplar.

Eu me inscrevo totalmente nesse movimento da desnuclearização do planeta, ao qual o Presidente Barack Obama deu um elã suplementar, quando de seu discurso em Praga, há um ano, em abril de 2009, falando por um mundo sem armas nucleares.

Essa é uma declaração maior, que já ecoa no mundo e nos convida a repensar o papel de cada Estado na sua diplomacia, para passar do século das destruições e dos piores horrores, coisa que o século XX, que ceifou a vida de aproximadamente 100 milhões de seres humanos, no século da vida, cujo amanhã queremos promover. Nada é mais precioso que a paz civil, a paz econômica e a paz social. E, como se sabe, não há paz sem justiça. Eis a utopia realizável a que a esquerda deve nos conduzir, mundo afora.

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