quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Quem nos protege?


Está na Folha: o governador Geraldo Alckmin ofereceu ao jornalista André Caramante, da própria Folha, ingresso ao programa de proteção às testemunhas. Caramante foi ameaçado de morte depois da reportagem "Ex-chefe da Rota vira político e prega violência no Facebook", sobre o coronel Paulo Telhada, do PSDB, partido de Geraldo, que se elegeu vereador na chapa de José Serra com cerca de 90 mil votos.
A Folha, para preservar a vida de Caramante, mandou-o a lugar ignorado.
Telhada está por aí, muito ativo, principalmente agora que ganhou, dos fanáticos da extrema direita, um mandato parlamentar, por meio do qual pode vomitar, no plenário da Câmara Municipal, seu bordão predileto, o famigerado "bandido bom é bandido morto".
O que espanta nesse caso todo não é o fato de Telhada ter sido eleito, mas sim o partido pelo qual foi eleito, o PSDB de Geraldo e José.
Ou seja, o governador oferece proteção a um jornalista ameaçado de morte por seguidores de um policial que foi eleito vereador pelo partido do próprio governador!
Quem conhece um mínimo da história político-partidária do Brasil vai se lembrar que o PSDB nasceu de uma dissidência do PMDB, então nas mãos de Orestes Quércia, que o empurrava para a direita.
Nasceu, portanto, como o seu nome indica, com o DNA da social-democracia, sob o signo da civilização, da proteção ao ser humano e em defesa dos seus direitos, assegurados na Declaração da ONU.
E, com o tempo, virou isso que se vê hoje, uma agremiação que abriga em seu teto figuras como esse coronel Telhada, com mais de 30 mortes nas costas, capaz de pedir a seus seguidores que persigam meros suspeitos, cujas fotos ele coloca em sua página.
É triste ver um partido que teve em seus quadros importantes intelectuais e militantes da sociedade civil dar legenda para um tipo como esse, simplesmente para conseguir votos da parcela nazifascista da população.
E não foi só isso. O coronel fez campanha ao lado de José Serra, que foi autor de uma das frases mais chocantes dessa campanha: “Ele [Telhada] desempenhou muito bem sua função. Foi um homem muito competente, seguindo as orientações do governo: uma política firme que respeita os direitos humanos.”
Enquanto isso, André Caramante permanece em lugar ignorado, já que, pelo que se deduz, não aceitou a generosa oferta do governador Geraldo.
Só ele poderá dizer o motivo da recusa. Mas dá para imaginar o que deve ter se passado em sua cabeça quando refletiu sobre o oferecimento.
Afinal, o que esperar de um governo que, como se vê diariamente pelo noticiário dos jornalões, além de não dar à população o mínimo de segurança, também é incapaz de controlar a sua própria polícia?

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