Dias: Dilma enfrenta os poderosos. E ganha
Após embate com o poderoso
capital financeiro, a presidenta Dilma forçou e conseguiu a redução dos
juros para um patamar histórico. A taxa de 8,5% ao ano, anunciada nos
últimos dias, não só marca o aniversário dos primeiros 18 meses de
administração dela como também consolida, para decepção dos céticos, a
identidade de Dilma.
Fonte: CNI/Ibope
Ela não é mais tão somente uma
invenção de Lula. E, com o perdão das feministas e para fazer escárnio
dos machistas, o feito não é alcançado pelo fato de uma mulher ser
responsável pelo sucesso nem por ela ser “durona como um homem”, como
insistiria o frustrado.
O gênero não define nada. O que vem ocorrendo é resultado de coragem e determinação política.
Após superar a difícil fase de
denúncias sobre assessores suspeitos de corrupção, ou malfeitos, como
diz ela, Dilma foi em frente. Afastou ministros indicados pela base
governista e deixou o Congresso baratinado, soltando grunhidos de
insatisfação.
Chegou-se a pensar que ela
faria uma faxina capaz de desestabilizar o governo, ou cederia. Não fez
a faxina e não cedeu. Assim começou a imprimir suas digitais na
administração. O Congresso cedeu.
Posteriormente, pressionada
pela crise internacional, partiu resoluta para a queda de braço com os
agentes do mundo financeiro. Eles esboçaram uma reação.
Esperavam o recuo e se surpreenderam com o avanço.
A presidenta exibiu a musculatura do braço estatal – Banco do Brasil e Caixa Econômica – e os agentes privados cederam.
Poucos, além de fanáticos
torcedores partidários, acreditavam que a presidenta pudesse, sem o
tutor político dela, ganhar identidade própria. Pensavam assim os
próprios militantes, os órfãos de Lula e, naturalmente, a oposição, por
elementar dever de ofício.
Dilma, neste curto período de
ano e meio, contrariou os mais importantes atores políticos do País ou,
quando menos, grupos influentes como os ambientalistas.
Ruralistas poderosos e
ambientalistas influentes foram desagradados por Dilma a partir das
decisões tomadas em relação aos vetos e propostas, nesse caso por via
de medidas provisórias, do polêmico Código Florestal.
Para desespero dos
profissionais de uma lógica superada, ela não desestabilizou a base
governista que, contabilizadas as alianças formais, é formada por cerca
de 350 parlamentares.
“Dilma fez tudo isso sem
bravata e com a sobriedade que a função presidencial exige”, constata
Carlos Augusto Montenegro, do Ibope.
Mas, sem dúvida, não teria
sucesso sem um apoio maciço da população. Os porcentuais do índice de
“Confiança no Presidente” (tabela) sustentam a estabilidade do governo
malgrado os conflitos frequentes com a base governista no Congresso.
Ela só tem porcentual menor de
confiança do que Lula tinha (80%) após três meses de governo no
primeiro mandato. Mas no primeiro trimestre do segundo ano de governo
comparado com Lula, seja no primeiro ou no segundo mandato, ela já
deixou Lula para trás: 72% dela contra 60% de Lula no primeiro mandato
e 68% no segundo.
Dilma contrariou também os
militares com a formalização da Comissão da Verdade e irritou a
burocracia ao promulgar a Lei de Acesso à Informação.
O Brasil está diante de uma
importante transformação. E ela projeta uma mudança fundamental: o
ambiente político-eleitoral que elegeu Dilma em 2010 já não será o
mesmo. Em 2014, talvez não seja inteiramente outro, mas certamente será
diferente.
Dilma deve, no entanto, a implantação de um novo código para o setor de comunicações. Para isso, no entanto, ainda virá a tempo.
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