segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ganhar R$ 1,8 tri em reservas é um azar sem tamanho.

post do sakamoto.

Se já estava difícil para as forças armadas dos Estados Unidos e sua coalisão de países amigos deixarem o Afeganistão, agora é que elas não saem mesmo.

Foram “descobertas” reservas de lítio, ferro, cobre, nióbio, cobalto, ouro, entre outros minerais, no país asiático estimadas em R$ 1,8 trilhão (isso mesmo, trilhão). Segundo autoridades dos Estados Unidos, isso pode transformar o país em uma Arábia Saudita do lítio, material usado na fabricação das baterias recarregáveis que estão nos nossos celulares e notebooks. O “achado” foi resultado do trabalho de uma equipe de oficiais do Pentágono e geólogos americanos, que usaram como referência mapas da década de 80 elaborados por soviéticos e escondidos durante a guerra civil e o regime talibã.

(Essas “descobertas” são ótimas! São do gênero: “quando estiver por lá, prenda Bin Laden, acabe com o Talibã e verifique as reservas minerais do país”. Ou pelo menos: “já que estou aqui mesmo, deixar eu dar uma chafurdada em baixo da terra”.)

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo de hoje, “empresas internacionais de contabilidade com experiência em contratos de mineração foram contratadas para prestar consultoria junto ao Ministério de Minas do Afeganistão. Informações técnicas estão sendo preparadas para serem entregues a multinacionais de mineração e a outros investidores”.

Fui procurar a matéria original no New York Times, que noticiou a história. Diante da alegria do Pentágono diante do fato noticiado, a leitura foi ficando pesada. O dinheiro oriundo da exploração dessas jazidas poderia significar tirar da miséria um país de 34 milhões de pessoas e expectativa de vida abaixo dos 45 anos e garantir um futuro melhor. O impacto desse montante por lá seria bem maior que o pré-sal por aqui. Mas isso é ficção, não vai acontecer.

A maior parte do dinheiro ficará na mão de uma elite local e de estrangeiros, mais especificamente de multinacionais dos setores de mineração e financeiro, além de empresas de segurança privada – para garantir que tudo funcione dentro dos conformes. Está sendo assim com países como o Iraque ou mesmo Angola, por que lá seria diferente?

Afinal de contas, o Ocidente não pode deixar os bárbaros com o controle de uma riqueza dessas. Esses homens das cavernas vão querer construir armas de destruição em massa com os royalties ou gastar tudo com seu fanatismo religioso. Por isso, o melhor é que os estrangeiros administrem tudo, atendendo às necessidades da população até que ela possa andar com suas próprias pernas em uma democracia que seja nossa aliada e amiga. Que pode nunca chegar, mas quem se importa?

Tem vezes que ser abençoado com riqueza é uma desgraça sem tamanho.

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