quinta-feira, 24 de junho de 2010

Concentração da riqueza aumentou durante a crise mundial


A crise mundial do capitalismo provocou muito sofrimento para a classe trabalhadora, com o crescimento do desemprego, arrocho dos salários e redução de direitos. Mas, nem todos perderam. Os ricos ficaram mais ricos no ano passado, ao mesmo tempo em que o mundo passou pela pior recessão desde a Grande Depressão de 1929. É a lógica perversa do capitalismo.

Uma recuperação no mercado acionário ajudou as fileiras dos milionários do mundo a crescer 17%, para 10 milhões de pessoas, enquanto a riqueza coletiva deles aumentou 19%, para US$ 39 trilhões, quase recuperando as perdas decorrentes da crise financeira, revelou o relatório mais recente sobre riqueza mundial da Merrill Lynch-Capgemini.

Os valores das ações subiram 50%, e os hedge funds recuperaram a maioria das perdas sofridas em 2008, em um ano marcado por gastos de estímulo governamentais e flexibilização dos bancos centrais.

A chefe de administração de patrimônio do Bank of America, Sally Krawcheck, disse: "Já estamos vendo sinais distintos de recuperação e, em algumas áreas, de retorno completo aos níveis de riqueza e crescimento de 2007."

O aumento mais acelerado de riqueza aconteceu na Índia, China e Brasil, alguns dos mercados mais duramente atingidos em 2008. A riqueza na América Latina e Ásia-Pacífico chegou a níveis recordes.

As fileiras de milionários da Ásia subiram para 3 milhões de pessoas, equiparando-se pela primeira vez à Europa, ao lado de uma expansão econômica de 4,5%.

A riqueza combinada dos milionários asiáticos subiu 31%, para US$ 9,7 trilhões, superando os US$ 9,5 trilhões de seus colegas europeus.
Na América do Norte, a lista dos muito ricos cresceu 17% e a riqueza deles aumentou 18%, chegando a US$ 10,7 trilhões. Os Estados Unidos foi o país que teve mais milionários em 2009 - 2,87 milhões de pessoas -, seguido pelo Japão (1,65 milhão de milionários), Alemanha (861 mil) e China (477 mil).

Capitalismo


A Suíça é o país que teve a maior concentração de milionários: quase 35 para cada mil adultos.
Contudo, enquanto os portfólios se recuperavam, os investidores continuaram cautelosos, após um colapso que apagou uma década de ganhos com ações, motivou uma contração na economia global e fez o desemprego subir vertiginosamente.

Baseado em pesquisas com mais de 1.100 investidores ricos em 23 firmas, o relatório constatou que os ricos foram beneficiados por terem uma larga gama de investimentos, incluindo commodities e patrimônio imobiliário.

Os milionários aplicaram uma parte maior de seu dinheiro em investimentos de renda fixa, buscando retornos previsíveis e fluxo de caixa. O desafio que os corretores têm pela frente é convencer seus clientes a apostar em investimentos mais frutíferos e de risco mais alto. O aumento da concentração de renda e da centralização do capital em períodos de crise é uma característica do modo capitalista de produção, que faz com que os responsáveis pela crise sejam também seus principais beneficiários, enquanto a classe trabalhadora (que não promove crises) é quem paga o pato.

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