Isabel Harari e Mailliw Serafim
São Paulo - “É o melhor exercicio da
democracia representativa, tantas pessoas e entidades reunidas para um
mesmo fim. Precisamos acabar com essa roleta russa que pode estourar na
cabeça de qualquer pessoa”, disse Daniela Skromov, do Núcleo de
Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública, no inicio da
Audiencia Pública que ocorreu no último dia 26, acerca do extermínio de
jovens que vem ocorrendo no estado de São Paulo desde maio. Estima-se
que 200 mortes já ocorreram neste período. Mais de 300 pessoas se
aglomeraram no Ministério Público Federal exigindo mudanças efetivas na
atual conduta da segurança pública na capital, bem como a construção de
uma campanha que pressione o poder público e conscientize a sociedade
sobre a problemática da violência estatal.
Matheus Beraldi, procurador da República, criticou a atual conjuntura da polícia e apontou para a necessidade de uma ação concreta contra os crimes cometidos pela PM. “É preciso afastar imediatamente o comando da Polícia Militar. A estrutura ideológica da policia é de reforçamento da violência, criam-se assassinos incontroláveis, o ‘praça’ se tornou uma maquina de matar descontrolada”, afirmou.
“Nós temos em São Paulo 31 Pinheirinhos, porque temos 31 subprefeituras e 62 coronéis militares na ativa. É preciso eliminar a militarização da administração pública. É preciso extinguir a policia militar, é preciso extinguir todas as polícias”, afirmou Maurício Ribeiro Lopez, promotor de Justiça do Estado de São Paulo. Em média 600 homicídios são cometidos pela polícia por ano no estado, sem contar as cifras ocultas - casos não contabilizados. As execuções cometidas pela polícia não são computadas como homicídios, e sim como "mortes em confronto", registrada como “resistência seguida de morte”.
Os casos envolvendo a polícia, em sua maioria, não são apurados de maneira efetiva. As cenas do crime são frequentemente alteradas pelos próprios PMs, através do “kit vela”, que consiste em uma série de objetos como armas frias e drogas para justificar as mortes ocorridas, por meio da criminalização da vítima. As investigações são arquivadas rapidamente e sem a possibilidade da familia ou outras instâncias recorrerem. Na própria estrutura policial existem mecanismos autoritários que levam ao arquivamento do processo sem a devida perícia.
“A segurança pública é um direito humano. Foi uma recomendação da ONU acabar com a Polícia Militar”, afirmou Rose Nogueira à Carta Maior. “A polícia sai do quartel com uma doutrina de guerra na cabeça, o outro é sempre o inimigo, que tem que ser eliminado, e a estrutura recompensa o abuso de violencia. É a impunidade que permite isso. O Brasil não teve justiça de transição efetiva após o periodo ditatorial, precisamos desvendar o que aconteceu na ditadura. Hoje temos o mesmo modelo, com nomes diferentes”, continuou Rose, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP.
O coronal Paes de Lira da PM indagou a legitimidade da audiência. Segundo ele, ao ser chamada no calor dos acontecimentos é “tendenciosa e está contaminada ideologicamente”. No final do evento, ao ser questionado por um integrante do Movimento Mães de Maio acerca das mortes de seus familiares pela polícia, questionou o motivo da pergunta dizendo que “todos vamos morrer um dia”.
Durante a audiência, o coronel da PM jogou luz às conquistas obtidas pela polícia ao longo de sua história centenária. “O hall de serviços prestado pela polícia militar, em nada justifica as atrocidades cometidas recentemente”, rebateu Beraldi, procurador do Estado.
“A segurança pública não deve ser reformulada, ela deve ser extinta, é um modelo opressor e exterminador”, afirmou Débora Silva Maria, do Movimento Mães de Maio, que também apontou para a perseguição aos jornalistas que vem denunciando os crimes cometidos pela PM. “Não podemos aceitar que a liberdade de imprensa seja atacada dessa maneira, que a policia continue como na ditadura a dizer o que o jornalista pode dizer ou não”, completou Rose Nogueira.
Ao fim da audiência propostas e encaminhamentos foram levantados, como a unificação e desmilitarização das polícias, independência na perícia técnica (hoje vinculada à policia civil), transparência nos dados, proteção efetiva aos denunciantes policiais, entre outros. A federalização dos crimes foi apresentado como uma das principais medidas em conjunto com o fim da resistência seguida de morte.
Matheus Beraldi, procurador da República, criticou a atual conjuntura da polícia e apontou para a necessidade de uma ação concreta contra os crimes cometidos pela PM. “É preciso afastar imediatamente o comando da Polícia Militar. A estrutura ideológica da policia é de reforçamento da violência, criam-se assassinos incontroláveis, o ‘praça’ se tornou uma maquina de matar descontrolada”, afirmou.
“Nós temos em São Paulo 31 Pinheirinhos, porque temos 31 subprefeituras e 62 coronéis militares na ativa. É preciso eliminar a militarização da administração pública. É preciso extinguir a policia militar, é preciso extinguir todas as polícias”, afirmou Maurício Ribeiro Lopez, promotor de Justiça do Estado de São Paulo. Em média 600 homicídios são cometidos pela polícia por ano no estado, sem contar as cifras ocultas - casos não contabilizados. As execuções cometidas pela polícia não são computadas como homicídios, e sim como "mortes em confronto", registrada como “resistência seguida de morte”.
Os casos envolvendo a polícia, em sua maioria, não são apurados de maneira efetiva. As cenas do crime são frequentemente alteradas pelos próprios PMs, através do “kit vela”, que consiste em uma série de objetos como armas frias e drogas para justificar as mortes ocorridas, por meio da criminalização da vítima. As investigações são arquivadas rapidamente e sem a possibilidade da familia ou outras instâncias recorrerem. Na própria estrutura policial existem mecanismos autoritários que levam ao arquivamento do processo sem a devida perícia.
“A segurança pública é um direito humano. Foi uma recomendação da ONU acabar com a Polícia Militar”, afirmou Rose Nogueira à Carta Maior. “A polícia sai do quartel com uma doutrina de guerra na cabeça, o outro é sempre o inimigo, que tem que ser eliminado, e a estrutura recompensa o abuso de violencia. É a impunidade que permite isso. O Brasil não teve justiça de transição efetiva após o periodo ditatorial, precisamos desvendar o que aconteceu na ditadura. Hoje temos o mesmo modelo, com nomes diferentes”, continuou Rose, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP.
O coronal Paes de Lira da PM indagou a legitimidade da audiência. Segundo ele, ao ser chamada no calor dos acontecimentos é “tendenciosa e está contaminada ideologicamente”. No final do evento, ao ser questionado por um integrante do Movimento Mães de Maio acerca das mortes de seus familiares pela polícia, questionou o motivo da pergunta dizendo que “todos vamos morrer um dia”.
Durante a audiência, o coronel da PM jogou luz às conquistas obtidas pela polícia ao longo de sua história centenária. “O hall de serviços prestado pela polícia militar, em nada justifica as atrocidades cometidas recentemente”, rebateu Beraldi, procurador do Estado.
“A segurança pública não deve ser reformulada, ela deve ser extinta, é um modelo opressor e exterminador”, afirmou Débora Silva Maria, do Movimento Mães de Maio, que também apontou para a perseguição aos jornalistas que vem denunciando os crimes cometidos pela PM. “Não podemos aceitar que a liberdade de imprensa seja atacada dessa maneira, que a policia continue como na ditadura a dizer o que o jornalista pode dizer ou não”, completou Rose Nogueira.
Ao fim da audiência propostas e encaminhamentos foram levantados, como a unificação e desmilitarização das polícias, independência na perícia técnica (hoje vinculada à policia civil), transparência nos dados, proteção efetiva aos denunciantes policiais, entre outros. A federalização dos crimes foi apresentado como uma das principais medidas em conjunto com o fim da resistência seguida de morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
se não tem nada a contribuir não escreva!