[Há cheiro de fumaça (pólvora?) no ar. O Brasil deve olhar com atenção essas manifestações européias, típicas também dos EUA. Eles já desencadearam, no passado e até hoje, muitas guerras e invasões por conta desses mesmos pretextos enigmáticos, preocupantes, eufêmicos: “monitorar as matérias-primas”; “ter acesso”; “obter garantia de suprimento”; “não correr riscos de bloqueio”...O Iraque conhece bem essa história. A Rússia também conheceu-a no início da 2ª GM.]
DEPENDÊNCIA LEVA UE A LANÇAR A DIPLOMACIA DAS MATÉRIAS-PRIMAS
Por Assis Moreira, do "Valor Econômico"
“A Europa depende inteiramente da importação de vários minerais que estão concentrados nas mãos de poucos países, como Brasil, China, Rússia e África do Sul, o que leva agora Bruxelas a deflagrar a "diplomacia de matérias-primas", para “garantir seu abastecimento”.
A União Europeia (UE) publicou um documento estratégico em fevereiro, no qual destaca a importância das matérias-primas e os "riscos inerentes à volatilidade excessiva dos preços". Para Bruxelas, essas flutuações são devidas, em parte, a medidas protecionistas, reforçando a inflação e falseando os mercados mundiais de ‘commodities’, avaliando que isso prejudica sua indústria e agricultura.
O plano é “monitorar” [?] as 14 matérias-primas mais críticas para a economia europeia. O Brasil é fornecedor especialmente de duas: nióbio e tântalo (tipos de metal) -84% do nióbio e 51% de minério de ferro importado pelos 27 países da UE vêm do Brasil. "Precisamos ‘ter acesso’ [?] às matérias-primas necessárias para milhares de produtos, de celular a baterias e carros", diz um assessor europeu.
A estratégia europeia é, internamente, utilizar melhor os recursos, aumentar a reciclagem ou formar estoques. E do lado externo, “obter garantia de suprimento” [?] e “não correr riscos de bloqueio” [?].
Para a “Businesseurope”, federação das indústrias europeias, Bruxelas "precisava reagir" porque, mesmo na fase inicial da recuperação econômica global, os preços de recursos naturais estavam mais elevados do que em 2010. Além disso, distorções nos mercados aumentam com as 1.250 restrições à exportação, entre elas as da China e Rússia, pelos dados de fevereiro.
A avaliação da UE é que o forte aumento da demanda por matérias-primas continuará, puxada pelo dinamismo econômico e pela aceleração da industrialização e urbanização em emergentes como China, Índia e Brasil. O Brasil nunca restringiu a exportação de matérias-primas, mas a dependência europeia será permanente, pois os países do euro não têm como produzir tudo o que precisam. A preocupação é maior com países com alta concentração de produção de ‘commodities’ para a UE.
O temor europeu é, sobretudo, com a China, maior consumidor de metais do mundo. Sua parte no consumo de cobre passou de 12% para 40% em dez anos, e o país detém a maior parte dos minerais estratégicos. Nesse caso, autoridades europeias acham que riscos de desabastecimento são reais. É o caso dos minerais "terras-raras", cuja produção mundial está 97% concentrada na China. Eles são essenciais para alta tecnologia, telecomunicações e produtos ambientais. Recentemente, Pequim interditou a exportação do produto.
Antes de Brasília, o vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Indústria e Empreendedorismo da UE, Antonio Tajani, passará na quinta-feira pela Argentina. Um assessor informou que Tajani vai deflagrar a iniciativa no Brasil, levando em conta o contexto da negociação do acordo de livre comércio UE-Mercosul que, quando concluída, definirá preferências para as empresas dos dois lados. Tajani quer obter em Brasília uma "declaração de intenção" que dê impulso a um consenso internacional, mas com calendário para decisões futuras. "Não queremos somente falar e depois as coisas não andarem", diz um seu assessor. Cinco declarações de intenções estão acertadas. O texto sobre matérias-primas ainda não.”
FONTE: escrito por Assis Moreira, publicado no jornal “Valor Econômico”
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