quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dilma tira de banqueiro e dá ao consumidor


A presidenta Dilma Rousseff, com apoio total do ex-presidente Lula, partiu para jogar mais ao lado do consumidor, contrariando o especulador. Lula disse que o crédito no Brasil ainda é muito baixo. Não atinge sequer 40% do PIB. Nos países capitalistas desenvolvidos, esse percentual alcança os 100% do PIB ou mais. No capitalismo, os trabalhadores não podem comprar à vista, precisam do crédito.
Se as incertezas econômicas, que não são produzidas por eles, mas pela ganância dos especuladores, colocam-nos em dificuldade, a lógica diz que, para o sistema capitalista manter-se de pé, faz-se necessária renegociação das dívidas, para que novas dívidas seja realizadas. O capitalismo é uma bicicleta que não pode parar de pedalar. O oxigênio é o crédito. Dilma tirou dos banqueiros e deu para os consumidores mais R$ 45 bilhões. Lançou mão dos depósitos a prazo recolhidos compulsoriamente pelo Banco Central dos bancos privados.

Estes estavam ganhando sem trabalhar em cima dessa riqueza, sem produzir riqueza, mas concentração de renda e, claro, pobreza. No bolso do consumidor, o dinheiro, circulando, movimenta as forças produtivas, garantindo emprego, renda, consumo, arrecadação e investimento. A grande mídia torceu o nariz, porque defende o ponto de vista do especulador, não do trabalhador.

O que dirão os candidatos da oposição, cujos principais assessores se voltam contra as decisões adotadas pela presidenta, jogando com os especuladores, que querem arrocho nos salários, para sobrar mais para eles, levantando argumento falso de que agindo nesse sentido estabilizam a economia, reduzindo gastos, para acumular poupança, a fim de dinamizar investimentos? Quem acredita numa conversa fiada dessa, minha gente? Só trouxas, ou comentarista econômico da grande mídia.

Para a economia nacional, o que é melhor: abastecer o consumidor ou encher as burras do especulador?

A presidenta Dilma Rousseff, no final da semana passada, pegou R$ 45 bilhões dos depósitos a prazo recolhidos compulsoriamente aos bancos pelo BC e destinou-os aos consumidores.

Canalizado para o consumidor, o dinheiro volta, é claro, para o governo em forma de impostos.

Para os especuladores, a grana some no ralo, não volta, e mais: gera despesa alta para os cofres do tesouro, que tem que pagar juro extorsivo pelo dinheiro parado.

A dívida cresce, produzindo instabilidades, expectativas negativas, predisposição para não produzir, sinalização de que o PIB vai cair etc.
Ou seja, tudo de ruim para o povo; tudo de bom para o agiota.

O que faz o PIB crescer?

Empréstimos ao consumidor ou boa vida para o especulador?
Com os empréstimos fluindo, o comércio, a indústria, a agricultura e os serviços giram, o governo arrecada e eleva os investimentos públicos e privados.

A circulação de dinheiro produz riqueza.

Empoçado no bolso do especulador, que ganha sem fazer força, concentra renda, intensifica pobreza.

Essa lógica, que movimenta as forças produtivas, por meio dos empréstimos ao consumidor, requer poder de compra no bolso dos assalariados, corrigido pela inflação, para diminuir defasagem salarial.
A inflação, por sua vez, impactada pelo poder de compra dos assalariados, necessário para consumir a oferta disponível, dita expectativa dos empresários quanto à saúde da economia.

A propensão ao consumo produz propensão ao investimento, dando razão a Marx de que produção é consumo e consumo é produção.

A inflação, sob impacto de maior oferta de dinheiro, proporciona, ao empresário, custo mais barato para produzir, no ambiente da economia de mercado, ditada pelo ritmo da produção e do consumo, da oferta e da demanda.

Ou seja, a bolada de R$ 45 bilhões jogada na circulação capitalista nacional pela presidenta tende a reduzir os juros, os custos das empresas, portanto, vai na direção da diminuição da inflação e da melhor valorização dos salários, ou não?

A titular do Planalto adotou uma decisão não de política econômica, mas de economia política: fez opção política, no ambiente capitalista em que domina a luta de classes.

Optou pelo consumidor, direcionando mais grana para ele e menos para aquele que o tem escravizado, o especulador.

Se atendesse o mercado financeiro, que quer sempre juro mais alto, para combater a inflação, tirando dinheiro da economia, via recolhimento dos depósitos a prazo ou à vista, o governo teria optado por mais concentração da renda, porque os benefícios seriam canalizados para os especuladores.
Agindo no sentido em vinha fazendo o BC, jogando a favor do mercado financeiro, que fica especulando, semanalmente, criando expectativas, por meio da pesquisa Focus, formada por opiniões de 100 analistas especuladores do próprio mercado – cachorro amarrado com linguiça – , certamente, seriam criadas expectativas de que o PIB continuaria caindo, sinalizando recessão.

Dilma, portanto, jogou contra a recessão.

Não é, exatamente, isso que tem feito, no ambiente da crise global, os governos dos países capitalistas ricos, elevando a oferta monetária, para diminuir os juros e, consequentemente, a dívida pública interna, reduzindo expectativas pessimistas, feitas pelo mercado financeiro?

Não é por intermédio de tais providências que os presidentes dos bancos centrais americano, europeu e japonês informam que as economias dos ricos poderão dar sinais de recuperação mais firmes?

No Brasil, o presidente do BC, Alexandre Tombini, estava indo na direção oposta seguida pelos BCs da Europa, dos Estados Unidos, do Japão e, também, da China, elevando os juros para combater alta dos preços.

O que estava colhendo por conta do seu plantio desastroso?

Previsões e mais previsões dos analistas especuladores de que o PIB continuaria caindo, levando a economia para a recessão.

O que os comentaristas da grande mídia acharam das decisões tomadas por Dilma?

Torceram o nariz.

Argumentaram que o governo continua levando o consumidor ao endividamento, no ambiente em que já se encontram endividados, ou seja, um tremendo exagero, sabendo que o crédito, na economia brasileira, não alcança 40% do PIB, enquanto nos países capitalistas ricos superam os 100%.

E o que acontece quando as dívidas dos consumidores se elevam demasiadamente por conta de instabilidades econômicas típicas do sistema capitalistas?

Renegociam-se as dívidas, é claro.

Éassim que o capitalismo anda, visto que o consumidor não dispõe de capital para comprar à vista, em nenhum lugar do mundo.

A argumentação dos comentaristas é totalmente furada, porque revela ponto de vista em favor do capital especulativo, tentando vender o discurso dos especuladores, que sabem que se aumentar a oferta de empréstimos terão que trabalhar para ganhar, na produção, e não na especulação pura e simples.

Os salários, no ambiente do crédito direto ao consumidor, têm que ser corrigidos pela inflação, o que não acontece, no ambiente, em que predomina juros altos, cujas consequências são redução do poder de compra, essa, sim, geradora de tensões inflacionárias, na medida em que o empresário, em face do consumidor, endividado, reduz a produção e eleva os preços para manter constante sua taxa de lucro.

A presidenta Dilma Rousseff jogou certo, enquadrando a tendência especulativa do Copom, que tem feito graça para especulador, sendo enrolado pelo mercado, em nome de um neoliberalismo fracassado.

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