segunda-feira, 7 de julho de 2014

MANUAL TUCANO: 1) SUCATEAMENTO; 2) ESTRANGEIRIZAÇÃO




O manual de sucateamento e o velho dicionário privatizatório dos tucanos

Por GABRIEL NASCIMENTO

"Trata-se de um projeto colonizado de Brasil, em que a cooperação internacional limita o país a ser quintal dos Estados Unidos e da Europa

Há mais de 10 anos atrás, o discurso era um só: "O Estado não presta, é incapaz de gerir, vamos reduzi-lo". O neoliberalismo aqui funcionou com uma agenda ainda mais conservadora do que as reformas neoliberais que aconteceram em várias regiões da Europa. A lógica era sucatear o que é público a qualquer custo para justificar a incompetência do Estado. O passo a seguir era privatizar, já que o Estado era visto como incompetente por ter sucateado a coisa pública. Foi assim que os tucanos privatizaram mais de 100 empresas estatais brasileiras. O que aconteceu no Brasil foi mais do que privatização, foi privataria. O que aconteceu foi mais do que política, foi crime.

Mais de 10 anos depois, nem o discurso e nem a prática mudaram. O príncipe da privataria está aí vivíssimo, sendo tratado como imortal da finada Academia Brasileira de Letras. As práticas tucanas são as mesmas. Está aí o sucateamento da USP que não nos deixa mentir. Reitores eleitos com o mesmo modelo herdeiro da ditadura militar, além da defesa de "O Globo" e da "Folha de São Paulo", portais da direita brasileira, para que a USP seja privatizada e, de repente, voltamos ao ponto inicial de onde partimos. Os tucanos e a mídia conservadora não desistiram de seu projeto. Uma possível eleição de Aécio Neves revelaria ao cidadão brasileiro o que sempre foi realidade nos dois governos de FHC: o sucateamento da universidade pública. Não faltam razões para ver em Aécio a continuidade da reforma inacabada da era FHC. Isso porque lá está, à sua destra, o consultor Armínio Fraga, aquele que defende juros altos e salário mínimo desvalorizado.

Não obstante o sucateamento da USP, os tucanos estão mostrando as unhas pouco a pouco. Tentaram disfarçar um apoio ao programa Bolsa Família, que chamaram desde sempre de "bolsa esmola", e até começaram a defender o fim do direito à reeleição que, curiosamente, foi implantado como emenda à constituição no governo FHC. Mas o disfarce de “partido de massa” (cheirosa) proposto por FHC não durou muito tempo. Após a "Folha de São Paulo" e "O Globo" defenderem a privatização da USP, Samuel Pessôa, que é membro da equipe do presidenciável Aécio Neves, defendeu há pouco tempo, em artigo publicado na "Folha de São Paulo", a privatização das universidades públicas brasileiras. Sendo contraditório o tempo todo no artigo, o autor revela o quão vivo se encontra o velho manual de sucateamento e o dicionário privatizatório dos tucanos. Primeiro, eles sucateiam a coisa pública, como fizeram com a USP, e depois militam pela privatização, como se as grandes empresas fossem um exemplo de competência. É só checar as empresas que dominam a telefonia e testar a qualidade, em qualquer uma das operadoras. É desastroso.

Trata-se de um projeto colonizado de Brasil, em que a cooperação internacional limita o país a ser quintal dos Estados Unidos e da Europa. Além disso, a defesa pela privatização das universidades públicas vai na mesma direção da estrangeirização das universidades, faculdades e instituições educacionais brasileiras, sendo a era FHC determinante para esse processo. Se as universidades públicas porventura forem privatizadas, podemos esperar o mesmo desnível de qualidade das empresas que atuam na telefonia ou da maioria das instituições privadas de ensino superior que atuam no país. Isso porque o capital financeiro internacional não está interessado em investir em educação, mas em usá-la como mercadoria.

Os tucanos não mudaram nem um pouco. Colonizados pelo discurso eurocêntrico como são, pensam como as potências europeias e os Estados Unidos pensarem. Como a receita para a crise global do Neoliberalismo está sendo mais neoliberalismo na veia, com austeridade, corte no salário social e nos direitos trabalhistas, esse projeto continua sendo toda a vanguarda de atraso no discurso tucano. O manual e dicionário tucanos são os mesmos: primeiro sucatear, depois defender a privatização. Nós já conhecemos bem essa história. A começar pela ausência da palavra “povo” no tal dicionário tucano."

FONTE: escrito por Gabriel Nascimento, mestrando em Linguística Aplicada pela UnB e membro da União da Juventude Socialista.

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