sábado, 17 de julho de 2010

Mídia Oligopolizada versus Zé Povinho

Hudson Luiz Vilas Boas

Está declarada a guerra. O Partido do Capital (mídia oligopolizada) volta todo o seu aparato contra a candidatura Dilma Rousseff. Mas, O Partido do Capital já não havia declarado essa guerra há algum tempo atrás, desde que Dilma passou
a ser reconhecida como a candidata escolhida por Lula e pelo Partido dos
Trabalhadores? Sim. Entretanto acontece que agora a campanha, de ambas as
partes, é oficial.

Em editorial desse sábado o jornal “O Globo” – intitulado singelamente de “Sindicatos cooptados lutam por votos” – usa o termo neopelegos para tratar as centrais sindicais. Faz todo o sentido, afinal as principais centrais sindicais redigiram no final de semana passado documento cujo teor torna nítida as mentiras decantadas por José Serra, o candidato oficial do Partido do Capital,
quando o ex-governador de São Paulo tenta em vão assumir a paternidade do FAT
(Fundo de Amparo aos Trabalhadores) e do Seguro-Desemprego. Então para
desqualificar as centrais, nada melhor do que tratá-las como pelegas.

Mais. No pano de fundo está à visão turva de quem não sabe o que é democracia ao não aceitar o fato de essas centrais estarem em campanha aberta pela eleição de Dilma Rousseff. Isso é algo inadmissível para “O Globo”, para a

família Marinho, para seus asseclas e para a elite nacional, acostumados a uma
democracia meramente formal, de plástico, sem alma, enfim, uma democracia sem
povo. O que essa elite defende é o contrário da democracia substancial defendida
por C. B. Macpherson ou José Saramago. Na democracia formal o povo é convocado
para apenas referendar as decisões já tomadas pelas elites dominantes, à
participação é restrita a mera filiação em sindicatos, partidos políticos ou
outras associações e a democracia só existe do portão da fábrica para fora.
Associações políticas são aceitas desde que elas próprias reflitam o establishment.Para o Partido do Capital, personificação dos anseios e preconceitos da elite dominante e da pequena burguesia reacionária, o governo Lula – mesmo possuindo aliança estratégica com alguns dos setores mais atrasados da

sociedade brasileira, por exemplo, Sarney, Calheiros, Collor, UIRD, agronegócio
et caterva – tem o poder simbólico da chegada do povo ao poder e em grande
medida a democratização desse poder. Ou não foi no governo Lula que se realizaram
milhares de Conferências Nacionais sobre os mais diversos assuntos, algo
impensável há poucos anos? Não foi, também, no governo Lula que se verificou
maior acesso a terra e moradia digna através de financiamentos só possíveis graças
à ação do Estado? Ou não foi o governo Lula que adotou uma política de valorização
do salário mínimo? (E nos esqueçamos do discurso de direita que durante décadas
viu justamente no salário mínimo o vilão de inflação, mesmo depois de esta ter
sido debelada.) Não foi no governo Lula que o acesso à universidade e coisas
mais trivias como, por exemplo, luz elétrica e três refeições por dia se
tornaram possível para milhões de brasileiros?

Tudo isso é inadmissível para uma elite acostumada a monopolizar o poder e que na última década foi obrigada a engolir ascensão do “Zé Povinho” e a dividir esse poder com ele. É inadmissível a ascensão social de uma antiga classe de miseráveis e todas as consequências, no presente e no futuro, que
essa ascensão acarretará consigo.

Na guerra declarada pelo Partido do Capital, o Presidente Lula e as centrais sindicais põem em risco a democracia (formal) brasileira ao tomarem partido e escancarar sem pudor o nome de sua presidenciável. Não à toa que a Folhona Ditabranda destacou

afirmação de Alejandro Aguirre, presidente da obscura Sociedade Interamericana
de Imprensa, na qual o até então ilustre desconhecido afirma que governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não pode ser chamado de
democrático". Não por acaso também, o mesmo ilustre desconhecido, compara
Lula a Hugo Chávez, Evo Morales e Cristina Kirchner, governantes que de forma
similar, embora em maior ou menor intensidade, e pragmática lançaram seus
respectivos países num processo de democratização do Estado.

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