sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Se todos fossem contra ser colônia, haveria colônias?

Autor: Fernando Brito
dopovo
Por generosidade, tendemos a achar que é geral o desejo de que o Brasil seja um país desenvolvido, soberano e que o seu povo ascenda à uma condição social não apenas digna mas à altura do potencial deste país.
Infelizmente, não é assim.
O modelo brasileiro, dependente, financista, excludente não é ruim para todos.
Basta lembrar quantas e quão perdulárias fortunas se fizeram – e se herdaram – aqui.
Na hora da abundância, quando a maré enche, todo mundo vira pato e nada.
Mas, quando o rio anda baixo, a gente vê como se quer distribuir a água.
Tudo como sempre para o Jardins, torneira seca para Guarulhos ou para a Zona Norte.
A história que se tira das exposições dos candidatos na Confederação Nacional da Indústria é exatamente essa.
Aécio Neves e Eduardo Campos prometeram “segurança” para os investidores (e leia-se entre eles, em destaque, o capital financeiro.
Parece que se propõem a criar o famoso “almoço grátis” que o Milton Friedman (sando de seu próprio altar) disse que não existe.
Cambio mais livre (adivinhem em que direção), impostos menores (adivinhem para quem), maior superavit fiscal (para pagar os juros de quem?)  e, vejam que proeza, maiores investimentos.
E o Estadão diz que “Aécio evita oferecer ‘milagres’ e fala em ampliar investimento”.
A conta, como gostam de dizer, evidentemente não fecha.
Ou só fecha na hora da maré cheia, que empurra tudo para a frente.
Alguns dos prezados leitores e leitoras consegue se recordar de quando, nas últimas duas décadas, este país teve uma política industrial, com erros e acertos que seja? Ou uma política de infraestrutura energética, logística, urbana. Ou social, na assistência médica e na habitação?
Uma análise minimamente honesta verá os problemas da economia dentro de um contexto de mudança, não apenas levando em conta os altos e baixos cotidianos.
Numa colônia, a casa é alugada e tudo o que importa é pagar em dia o aluguel.
Mas quando se ergue a própria casa, há precariedades, erros, cabelos a arrancar, stress.
Só não dá pra prometer o que a “turma da bufunfa” quer e dizer a quem não tem ou pouco tem que “não hesitará em tomar medidas impopulares”.
Um governo eleito pelo povo tem, se quiser ser fiel ao mandato que recebe da população, enfrentar este desafio.
Nem que, para isso, fique impopular entre os analistas do Santander, que não pensam diferente da nata empresarial e da mídia que a reverencia.
Mas se não disser ao povo o que, porque e para que faz, vai se isolar e perder a força que pode ter.
Que precisa ter.
Porque só a força do povo, que mais sente que entende disso, pode permitir que as mudanças aconteçam e , progressiva e instintivamente, fazer que as mudanças aconteçam.

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