terça-feira, 2 de abril de 2013

Justiça teme as empresas de mídia, diz Fábio Konder Comparato


fkcO jurista Fábio Konder Comparato, professor doutor titular aposentado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), discorreu sobre mídia e judiciário numa entrevista ao jornal Unidade.
Comparato, que é doutor em Direito pela Universidade de Paris e doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra, avalia que alguns países latino-americanos têm legislações no setor de comunicação mais avançadas do que o Brasil devido ao caráter de seu povo.
“Isso corresponde à diferença de caráter entre os brasileiros e os demais povos hispano-americanos. O brasileiro tem caráter dúplice. Ele é fundamentalmente ambíguo. (…) No caso dos povos hispano-americanos, eles são muito mais claros e definidos nas suas opções.”
Para Komparato, “todos os poderes públicos estão hoje submetidos à influência dominante dos grandes meios de comunicação de massa. O Poder Judiciário, em especial, teme muito os grandes jornais, as grandes televisões.”
Ele lembrou uma passagem pessoal. Em fevereiro de 2009, o jornal Folha de S. Paulo publicou um editorial no qual, comparando o regime militar brasileiro com outros regimes militares da América Latina, afirmava que no Brasil havíamos tido uma “ditabranda”.
Ele enviou uma carta ao jornal na qual dizia que o diretor de redação e o jornalista que redigiu o editorial deveriam ambos pedir desculpas ao povo brasileiro de joelhos em praça pública.
O jornal publicou a carta. Mas publicou embaixo da carta uma nota da redação dizendo que “o professor Fábio Konder Comparato é cínico e mentiroso, porque nunca criticou outros regimes ditatoriais como o cubano”.
“O jornal de maior circulação na época dizer que eu era cínico e mentiroso me abalou muito. Então, eu movi uma ação por danos morais. Perdi em primeira instância e perdi no Tribunal por unanimidade.”
Comparato disse ao Unidade que pôs em curso uma Ação de Inconstitucionalidade por omissão no Supremo Tribunal Federal. “A razão é simples: a nossa Constituição Federal foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988 e até hoje, passados mais de 24 anos, o Congresso Nacional não regulamentou dispositivos fundamentais da Constituição como, por exemplo, a proibição do monopólio e do oligopólio. Para dar um exemplo, a Rede Globo é a quarta maior rede de televisão mundial.”

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