segunda-feira, 8 de abril de 2013

Fracking e a defesa das fontes de energia da América do Sul



por Luiz Carlos Azenha
Em breve a repórter Heloisa Villela vai nos brindar com um texto sobre o avanço, rápido avanço, do fracking nos Estados Unidos. Fracking é uma nova técnica para extrair petróleo. Os ambientalistas dizem que contamina as fontes de água subterrânea. Que pode causar terremotos. Vamos dar um desconto.
O fato é que o fracking avança velozmente. E que o tal do “pico de produção” de petróleo, após o qual haveria apenas declínio no consumo, pode ser adiado. Há novas tecnologias para recuperar petróleo no fundo do mar. Muitas guerras virão por causa de disputas em torno de águas territoriais.
A Marinha vai se tornar ainda mais importante. Não por acaso os Estados Unidos reativaram a Quarta Frota. E investem no fracking. É objetivo estratégico dos Estados Unidos, tão explícito que sai na Foreign Affairs, se livrar da dependência do petróleo do Oriente Médio. Com isso, reduzem os custos de fazer guerrra no Iraque e no Afeganistão, podem cortar bases no Golfo Pérsico e deixar de proteger o estreito de Ormuz.
O estreito é uma espécie de gargalo do petróleo. Grande parte da produção passa por lá. O estreito é difícil de defender, tá cheio de aiatolá por perto e tudo isso explica a campanha internacional para “conquistar” o Irã.

A elite estadunidense, pense você o que pensar dela, tem uma virtude: pensa longe e pensa nos objetivos estratégicos de longo prazo. Faz política de Estado, não de governo.
Reduzir a dependência do Oriente Médio representa promover o fracking. Explorar o gás natural. Furar no Alasca. E ir buscar petróleo mais perto. Na África, por exemplo: Líbia, Guiné Equatorial, Angola. Tem um pré-sal do outro lado do Atlântico.
Os Estados Unidos criaram um comando militar exclusivo para a África — e não é para proteger os antílopes ameaçados.
Finalmente, muito mais perto ainda estão a faixa de Orinoco, na Venezuela, com as maiores reservas de petróleo pesado do mundo. As areias betuminosas do Canadá. O pré-sal brasileiro. As grandes reservas de gás da Bolívia.
As tecnologias são desenvolvidas velozmente. Sim, o petróleo iraquiano é de muito melhor qualidade, muito mais fácil e barato de refinar, mas fica mais longe, é mais difícil de defender — e, de qualquer forma, sem o nacionalismo árabe, mais fácil de acessar.
Até ontem o petróleo pesado do Orinoco era desprezado. Mas, assim como aconteceu com o fracking, a indústria não deixa de inventar novidades. Ou vocês acham que Washington tentou derrubar o Chávez por causa do mau hálito?
Os governos Lula/Dilma mudaram a forma de rachar o petróleo com as grandes empresas do ramo. O entreguismo já não é hard core, como o dos tucanos. Mas continua, como demonstram Paulo Metri e Emanuel Cancella (aqui, aqui e aqui). Em outras palavras, 30 bilhões de barris que já sabemos que existem nós vamos “partilhar”.
Os argumentos são sempre de que nem o Brasil, nem a Bolívia, nem a Venezuela dispõem do capital necessário à exploração. Pode ser, mesmo. Mas uma coisa é certa: precisam dispor dos meios necessários, em conjunto, para defender estas reservas da rapinagem direta, militar (o Reino Unido garantiu na marra as Malvinas e agora quer ‘partilhar’ o petróleo encontrado com a Argentina!).
Daí a importância de dar músculo às instituições regionais, como a Unasul.
Americano eu conheço bem: não desiste nunca! A Alca morreu para nós, não para eles.
E nem é preciso desembarcar os marines para fazer avançar este objetivo. Já contam com a artilharia pesada, com os canhões, destróiers e fuzileiros das Organizações Globo. Corações e mentes, lembram-se?
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