quarta-feira, 12 de junho de 2013

A Igreja do Universo Paralelo

 
René Amaral

Igrejas são um ótimo negócio, haja visto a católica, a empresa mais antiga do mundo, com enorme poder, e que não conhece crises, além das internas. Não pagam impostos, mas mesmo assim concentram mais poder político que muitos partidos e que o próprio eleitor. Influenciam pessoas com seus dogmas inexplicáveis e manipulam opiniões da manada a quem oferecem a ilusão de propósito na vida. Em suma são poderosíssimas.

Pensando nisso resolvi criar minha própria Igreja, só que baseada em princípios científicos. Atenção entretanto, o espiritismo surgiu  assim, e hoje parece uma caricatura da mais retrógrada denominação neo-evangélica; a cientologia seguiu o mesmo caminho.

Minha igreja é fundamentada em teorias científicas sólidas, e nas minhas pesquisas e incursões no campo da mente, e na expansão do campo da percepção. Esta, que no nosso caso, é limitadamente perceptual e sensorial.
Após longos anos de pesquisa da mente, em que fiz incursões de todo tipo, desde o uso de alucinógenos, até a imersão no inconsciente como revelado por Jung;  percebi os equívocos de todas as denominações religiosas. A realidade que vemos, pregada por essas igrejas do erro e da ilusão, é só o produto de um imaginário artificial e fabricado.

Nas minhas pesquisas descobri que existe um universo paralelo, é para onde vamos ao morrer, e de onde voltamos quando nascemos.

Nesse universo tudo é o oposto do que conhecemos aqui.

Lá as coisas caem para cima e os pássaros rastejam pelo chão. O sol não brilha e a noite é clara.

Tudo que conhecemos aqui, é o inverso lá, até os conceitos tão claros para nós.

Conceitos como bem e mal, certo e errado são totalmente invertidos. Lá o bem é algo que  envergonha, enquanto o mal é pregado como o único caminho da libertação. Os seres humanos de lá, como os daqui, entretanto, não seguem esse preceito básico da moral e da ética do universo paralelo. Enquanto se apresentam maus, como manda a lógica invertida, praticam o bem à socapa, envergonhados. 

É  comum, lá, ver políticos aceitando propinas abertamente, mas quando ninguém está  olhando, dividem o dinheiro com os  necessitados, anonimamente.

As  igrejas pregam a promiscuidade, o preconceito, a violência, mas escondidos os fiéis são  monogâmicos, éticos e tolerantes.

Pedofilia lá é pratica sexual normal e incentivada pela sociedade, mas dentro dos quartos, para  onde são levadas as crianças com quem se praticaria os mais infames (para nós) atos, rola é muito amor e carinho, impregnados de respeito e dedicação humanitária.

Lá, dar gorjeta quando se é  bem servido, é ato seriamente reprimido e reprovável, mas escondidinho todo mundo molha a mão do garçom com polpudas gorjetas, quando não tem ninguém olhando.

Espancar nos filhos é a pratica normalmente aceita, mas todos tem em casa CDs de gritos e choros, que  botam para tocar enquanto educam as crianças com respeito e tolerância.

Padres lá evitam se  envolver em assuntos mundanos, mas quando o fazem, escondidos, é sempre com o intuito de buscar o bem comum, e a verdadeira caridade, que lá envergonha quem a pratica às abertas, pode até render cadeia.

Honestidade é abertamente reprimida, ser pego devolvendo valores achados na rua, rende pena de vários anos de reclusão, mas as condições na cadeia são tão boas, que há filas para entrar.

Lá o judiciário é formado pela  escória da sociedade, mas escondidos em seus gabinetes, eles emitem julgamentos e veredictos justos e equilibrados, distribuindo justiça verdadeira,desde que  não estejam sendo observados.

A polícia lá é gentil, eficiente na repressão dos bons atos, só que costumam fazer vista grossa, sem molha-mão, a todas as infrações.


Estou preparando o Evangelho de minha Igreja, mas ainda tenho muito que aprender antes de começar a enganar o populacho.

Um comentário:

  1. esse mundo paralelo não seria por acaso o " FANTÁSTICO MUNDO DE BOB"?

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