quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Falando de gatunagem,

e as privatizações?

Welinton Naveira e Silva na Tribuna da Imprensa Online
Do exercício cotidiano sobre a abordagem da velha, conhecida, crescente e impune corrupção, seria muito oportuno tentar situar e arranjar melhor este assunto. Toda hora que vejo as notícias sobre a corrupção no Brasil, fico a indagar porque deixamos de falar das privatizações FHC/PSDB. Esta, por si só, comparativamente às outras, situa as demais corrupções a zero, tendo em conta as siderais perdas do Estado decorrentes das privatizações.
Para se ter uma idéia dessa gigantesca drenagem de riquezas dos cofres públicos (em curtíssimo espaço de tempo), se contabilizadas todas as perdas, a valores de hoje, já ultrapassariam a R$ 10 trilhões. Isso, sim, que é perda. Ir a fundo no assunto das privatizações FHC/PSDB é indispensável e não pode ser mais postergado. Só não consigo entender, porque ainda não aconteceu. A sangria desta sideral monta de dinheiro da Nação, em quantidade jamais imaginada e vista, acabou ficando por isso mesmo. Esquecido pela grande imprensa ”livre,” pelas autoridades e pelo povo, sob o manto do silêncio. Muito estranho.
Por outro lado, a grande dificuldade em exercer o efetivo combate aos inúmeros atos e formas de roubalheiras, das pequeninas às gigantes, reside na essência do sistema capitalista, que possibilita acumular riquezas sem o equivalente trabalho. Essa mecânica, tão pertinente ao sistema, desperta nas pessoas a fantasia de ganhar muito dinheiro, sem trabalho e em pouco tempo. Muitas manobras são permitidas e aceitas no sistema capitalista como “honestas”, oportunas e espertas, mas na verdade são jogadas para se apossar da riqueza alheia. Não fosse assim, toda a classe de trabalhadores, no mundo inteiro, estaria bem de vida, vivendo com conforto e dignidade, pois que a riqueza é um produto do trabalho, e trabalho é com os trabalhadores.
Mas no sistema capitalista, os trabalhadores ficam com muito pouco da riqueza que produzem. Em sua grande maioria, continuam pobres e marginalizados, vivendo muito mal, com bilhões morando em favelas e guetos, mundão a fora. A grande parcela da riqueza produzida termina concentrada em mãos dos donos dos meios de produção e do capital. Essa concentração de riquezas é mais escandalosa e imoral em países pobres e emergentes. Nos países ricos, essa concentração é menor, por algumas razões, dentre elas, a existência de grandes transferências de riquezas dos países pobres, via indústria automobilística, medicamentos, informática, telecomunicações e muitos outros produtos tecnológicosou não, vendidos aos pobres e emergentes a preços de ouro.
Por tudo isso, fica evidente o desinteresse do sistema capitalista em dar efetivo combate aos diversos atos de desonestidades. Só não vê, quem não quer. Dentre as muitas provas, vejam as brandas e difíceis punições para os poderosos ladrões, quase sempre impunes, livres e ricos, acima das leis e de tudo. Há evidente resistência das elites em proporcionar a devida transparência econômica, financeira e bancária, para a Receita, de todas as pessoas situadas em posições que possam decidir, influenciar ou participar da gestão e dos destinos do dinheiro público, a começar pelos funcionários de estatais, funcionários públicos, políticos, magistrados, ministros, síndicos, comerciantes, empreiteiros, empresários, banqueiros e outros mais.
Outra prova da má vontade do sistema capitalista para com o exercício da honestidade é que em nenhuma escola, universidade e meios de comunicações, existe qualquer programa para sistematicamente demonstrar os desastres da desonestidade e da roubalheira. Assim sendo, combater a trapaça e a gatunagem, em todo o mundo capitalista, tornou-se jogo de faz de conta.

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