O economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea, usou um argumento tão óbvio quanto demolidor contra a tese de que o brasileiro é indolente e preguiçoso, durante um seminário sobre sociologia e política na Universidade Federal do Paraná (a cobertura, de Fernando César Oliveira, site da UFPR , li noViomundo).
“Os brasileiros pobres que estudam e trabalham são verdadeiros heróis. Submetem-se a uma jornada de até 16 horas diárias, oito de trabalho, quatro de estudo e outras quatro de deslocamento. Isso é mais do que os operários no século XIX.”
E por incrível que pareça, essa era a realidade de cada um entre seis jovens brasileiros de 20 a 24 anos, em 2008, segundo o IBGE. Dos 16,5 milhões de pessoas nessa faixa etária, só 9,2% apenas estudava, contra quase 56% que só trabalhavam.
Claro que, essa equação, é a escola quem tem a margem de tolerância que permite tornar viável o fisicamente inviável.
É obvio que haverá perda do interesse e da capacidade de aprendizado. Reduz-se a escola a um suplício necessário à obtenção do diploma, uma espécie de carta de (possível) alforria de trabalhos mal remunerados.
Vencer essa situação exige muito de que se dispõe ao sacrifício de uma jornada tão longa. Mas deve exigir também do Estado. E do empresariado, que precisa entender que a qualificação do trabalhador – seja com a educação
regular ou com a profissonal – agrega valor ao seu negócio e ao seu relacionamento com o corpo funcional.
Fala-se muito no padrão “japonês” de trabalhador qualificado. Isso não quer dizer só treinamento profissional, não, tanto que boa parte da educação compulsória japonesa não tem qualquer orientação técnico-vocacional. Mas eles têm 94% de sua população com o 2º grau e 40% com o ensino superior completo.
Aqui, segundo o IBGE, 21,5% dos entrevistados tinham têm o ensino médio completo e 9,5% o superior concluído.
Dá pra ver que o problema não é o olhinho puxado, não é?
post do tijolaço
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