terça-feira, 12 de março de 2013

A história se repete?


A capa da revista Veja com Collor protagonizando o "Caçador de Marajás" pertence à história. Resumiu o que foi a eleição presidencial de 1989, que levou ao segundo turno o alagoano e o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva - o anjo contra o demônio, o moderno contra o atrasado, o incorruptível versus o corrupto, o poliglota se encontrando com o analfabeto.
O jogo pesadíssimo das elites dominantes do país se escancarou naquela eleição. Tudo, absolutamente tudo, foi feito, por todos os meios de comunicação, para favorecer a candidatura Collor.
O modus operandi tornou-se paradigmático. Em todas as outras eleições de que participou para a presidência, Lula teve de enfrentar não só os óbvios adversários, mas toda a máquina de propaganda homiziada naquilo que se costuma chamar de "grande imprensa".
A situação, hoje, pode parecer diferente das anteriores. Quem, porém, perder só uns minutinhos para dar uma espiada no noticiário político e econômico solto por aí vai ver que nada mudou.
O país que se apresenta ao distinto público não é o Brasil real, é outro distante anos-luz do nosso, pairando numa esfera inatingível para os cidadãos comuns.
Acuado, o governo trabalhista tenta fazer o que dele se espera, ou seja, governar.
E até se sai bem na maioria das ações que empreende.
Mas falha miseravelmente quando depõe as armas para o império midiático oligopolizado que tem assumido, nesses anos todos, a face mais visível e feroz da oposição.
Rende-se, covardemente, às chantagens e às mentiras que diariamente essa imprensa divulga.
Torna-se, assim, cúmplice inocente dessas forças que pretendem levar o país novamente aos tempos de total submissão ao Consenso de Washington, à mais tosca cartilha neoliberal, que deixou na miséria bilhões de pessoas em todo o mundo e afundou o planeta na mais grave crise econômica-social desde o Crash de 29.
Agora, há a tentativa de antecipar a eleição de 2014. Três nomes estão na mesa da oposição: Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos.
Os dois primeiros parecem tão anêmicos, tão sem substância, que já estão sendo deixados de lado.
As fichas vão para o governador pernambucano, que tanta ajuda recebeu de Lula e, até outro dia, era defensor radical do governo trabalhista, honrando a herança de seu avô, Miguel Arraes.
De todas as formas, as forças conservadoras tentam tirar Campos de seu confortável ninho para levá-lo a outras moradas distantes e desconhecidas.
Nem imagino o que devem estar oferecendo a ele neste instante.
Todos os movimentos, porém, me lembram do infatigável "caçador de marajás" que se revelou um blefe notável.
Foi Marx quem disse que a história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa.
A decisão sobre como ela será escrita para Eduardo Campos só depende dele.

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