Respeitar como?
Quem desmoraliza a justiça
brasileira é a própria justiça brasileira.
Ou, para sair do plano impessoal:
são os juízes brasileiros.
Não adianta fingir indignação com
Lula por recorrer a um tribunal internacional. É mais decente olhar para o
espelho e dizer: “Onde foi que erramos? Que podemos fazer para recuperar a
dignidade perdida?”
São absurdos de todos os lados.
Materiais, por exemplo. Privilégios, mordomias em doses copiosas. Nenhum
respeito pelo dinheiro público. Quem não se lembra dos 90 mil reais que Joaquim
Barbosa queimou para reformar os quatro, repito, quatro banheiros do seu
apartamento funcional?
Isto, em si, conta uma história.
Passemos agora para o plano do
comportamento. Em que sociedade minimamente avançada você vai ver um juiz tão
descaradamente ativista de direita como Gilmar Mendes?
Gilmar Mendes chegou a ser flagrado
num telefonema com Bonner para combinar uma pauta do JN. É uma coisa de um
primitivismo brutal: não evidencia apenas a falta de ética da justiça mas,
também, da imprensa.
A desenfreada militância política
de Gilmar Mendes jamais foi objeto de um único editorial reprovador. Claro,
mídia e justiça são aliados. Mas a ausência de fiscalização da imprensa não
elimina o mal que Gilmar faz à imagem da justiça. Não põe sequer para baixo do
tapete.
E chegamos agora a Moro.
É um horror — não existe outra
palavra — que Moro se deixe fotografar ao lado de João Dória, dos irmãos
Marinhos, do autor de um livro de um jornalista da Globo que o glorifica e
arrasa Lula.
É o triunfo do despudor. Você está
dizendo qual é o seu lado, o que num juiz é intolerável.
De novo: as consequências para a
reputação da justiça são monstruosamente negativas. É um ato de
autodesmoralização fulminante. É algo que é aplaudido por fanáticos
antipetistas e incentivado pela mídia plutocrata.
Mas de novo: nada disso altera o
absurdo da situação.
E as parcerias de Moro e Lava Jato
com Globo, Folha etc nas operações circenses que miravam invariavelmente o PT?
Em suma.
Você tem que se dar ao respeito
antes que possa exigir que os outros o respeitem.
A justiça não se dá ao respeito.
É dentro desse quadro que Lula
recorreu à ONU — com inteiro, total, monumental acerto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
se não tem nada a contribuir não escreva!