Estava demorando demais para o nome de Serra aparecer nas delações.
Não mais.
Neste domingo, o colunista Lauro Jardim, do Globo, afirmou que Serra
será citado em duas superdelações, ambas de empreiteiras com antigos
vínculos com o PSDB, OAS e Odebrecht.
Não que Serra esteja na iminência de colocar uma tornozeleira. Moro e
a Lava Jato são parciais demais para punir tucanos, e Serra é amiguinho
dos donos da mídia.
Mas as citações têm um valor simbólico que não se deve desprezar. Cai
a máscara de mais um tucano demagogo, cínico, hipócrita, um moralista
canastrão que acusa à luz do dia outros por coisas que faz no escuro.
Serra é da mesma turma, ou gangue, de FHC e Aécio. Ambos não
hesitaram nos últimos anos em chamar os adversários petistas de
corruptos mesmo tendo um passado tenebroso. Não só o passado, aliás.
São políticos que se locupletam e ao mesmo tempo manipulam os
brasileiros. Falam abusiva e malandramente de corrupção para desviar a
sociedade do debate sobre o verdadeiro câncer nacional: a desigualdade.
Prevaricaram sempre na certeza da eterna impunidade.
Eles nunca tiveram sequer o constrangimento moral de serem vinculados
a atos corruptos. A imprensa cuidou de zelar pela imagem de pureza —
fajuta — deles.
Só recentemente, com as delações de gente como Sérgio Machado, a
festa acabou. A frase que marca o choque de realidade é exatamente de
Machado. “Fui dez anos do PSDB. Não sobra ninguém.”
Todos têm seus esquemas. Apenas nada era noticiado. As denúncias de
corrupção nas manchetes de jornais e revistas — boa parte delas frágeis
ou até inventadas — sempre estiveram concentradas no PT.
É um avanço enorme para o país que políticos do naipe de Aécio e
Serra já não possam mais fazer campanhas à base do mentiroso combate à
corrupção.
É como aqueles pastores conservadores que condenam selvagemente a
homossexualidade e depois são pilhados numa boa gay. Pelo menos você
pode saber que o discurso de ódio deles morreu.
Serra não é só um demagogo. É um inepto. Em seus dias de prefeito de
São Paulo não conseguiu salvar sequer as árvores da cidade, que
desabavam a cada chuva mais morte. Levou também constantes bailes dos
pernilongos paulistanos.
No governo de São Paulo tagarelou sobre meritocracia ao mesmo tempo
que arrumava cargos para a família de Soninha. No Senado, deu um cabide
para a irmã da ex-amante de FHC.
Serra é um caso de ambição maior que a competência. Acha que nasceu
para ser presidente, embora os eleitores estejam cansados de dizer que
não concordam.
Demorou, mas, graças às delações da OAS e da Odebrecht, os brasileiros estão prestes a conhecer o Serra real.
É medonho.
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