Oito em
cada dez neo-reaças classe mérdia, aquele pessoal que subitamente descobriu que
existe corrupção na esquerda depois de conseguirem um "bom" emprego
(glossário capetalista: "bom", aquilo que paga bem), costumam a se
apresentar como ex-petistas arrependidos. Eles pensam que isso dá um pedigree
de humanidade e credibilidade à manjada bostalhada que sai de suas bocas. Mas
eles nunca se decepcionaram com o PT. Se fosse isso, votariam agora em partidos
que defendem o que o PT defendia quando eram seus simpatizantes. Eles
simplesmente mudaram para eliminar a dissonância cognitiva entre o que fazem e
o que defendiam, e de quebra, agradar ao patrãozinho. Enfeitam isso com aquela
tradicional frase: "Quem não é de esquerda na juventude não tem coração, quem
continua a ser quando adulto, não tem cérebro". É uma forma elegante de
dizer que passar a cuidar só de seus interesses, se prostituir e se tornar um
parafuso do sistema é uma necessidade racional. Não, não é. É perder a alma. E
nem é para ganhar o mundo inteiro não. É pra pagar um aluguel, um carro usado e
ganhar um salário.
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