O preço do tomate, de repente, tornou-se o "grande tema" debatido e comentado no país. Nas redes sociais e repercutido na mídia. o tomate passou, rapidamente a ser utilizado com símbolo do retorno do "fantasma da inflação" que estaria assolando o Brasil. A mídia, em um coro uníssono tenta tornar o tomate o grande símbolo do suposto "fracasso" da política econômica do governo Dilma. As capas da Veja e Época desta semana não poderiam ser mais explicitas.
Mas como de fato está a inflação no país? O que está por traz desta campanha midiática?
Primeiramente, com relação a inflação brasileira, se observarmos no gráfico abaixo os dados do levantamento histórico, desde o ano de 1999, veremos que estamos bem longe de um "descontrole inflacionário".
Com relação a inflação dos últimos 12 meses, o gráfico abaixo fala por si, e comprova: a curva de inflação subiu de setembro de 2012 a janeiro de 2013, depois disso, entrou em queda.
Só haveria motivo para grandes preocupações se a curva continuasse subindo. Como já está em queda, significa que as medidas tomadas pelo governo estão funcionando e já produzem efeitos. Não é a toa que o próprio mercado financeiro é categórico ao prever que o índice de inflação IPCA chegará em dezembro fechando o ano em 5,7%, dentro da meta.
O que então, de fato, está por trás deste alarmismo? É nada menos que o velho clamor especulativo pela alta nos juros. Clamor que exagera o problema representado pela alta nos preços, que é real e concreto, e tenta colocar uma faca na garganta das autoridades monetárias exigindo uma política econômica restritiva e conservadora, bem ao gosto dos dogmas neoliberais ainda presentes.
A ligação da grande mídia com o capital financeira é orgânica. Não restringindo-se apenas ao tema dos contratos de publicidade, mas expandindo-se para uma ligação politica, ideológica e, em muitos aspectos, vitais. Afinal, não são poucos os banqueiros direta ou indiretamente associados as redações e conselhos administrativos dos grandes conglomerados midiáticos.
Nos últimos anos, com os avanços obtidos nos governos Lula e Dilma, os argumentos conservadores são usados agora para combater, e tentar reverter, as políticas de valorização do trabalho e do salário e distribuição de renda.
O diagnóstico feito por uma analista da consultoria Tendências - que tem entre seus sócios dois pesos pesados do conservadorismo e do neoliberalismo: Mailson da Nóbrega e Gustavo Loyola - é claro nesse sentido. Ela coloca entre as causas da inflação a melhoria no mercado de trabalho e no emprego, a recuperação dos salários e o aumento da renda dos trabalhadores, que fortalecem o consumo popular. Sua conclusão é óbvia: já passou da hora do Banco Central subir a taxa de juros, diz aquela analista.
Este é um exemplo didático daquilo que foi indicado pelo professor de economia Luiz Gonzaga Belluzzo em entrevista ao jornal Correio Braziliense: a “obsessão de analistas e da imprensa em cobrar uma alta de juros virou uma doença, um samba de nota só, uma visão de prazo curtíssimo”.
A apresentadora global Ana Maria Braga desfilando seu colar de tomate a serviço dos banqueiros |
Um aumento de 0,5% (meio por cento) na taxa de juros pode gerar uma transferência de 14 bilhões de reais aos especuladores (cada 0,1% de variação na taxa de juros significa 2,8 bilhões de reais e 441,8 milhões de dólares em benefício da ganância financeira). Esta é a questão real e concreta que o debate sobre o preço do tomate esconde.
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