Não, Dilma, não evolua!
Em entrevista à revista Veja, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), faz a mais escancarada defesa do fisiologismo já vista na história republicana; sob o título "Dilma precisa evoluir", ele defende a abertura dos cofres federais e a distribuição de emendas aos parlamentares do PMDB e da base aliada, em troca do apoio à reeleição; será que Dilma precisa mesmo pagar um preço tão alto aos profissionais da política?
No dicionário de Alves, no entanto, o verbo evoluir tem um significado muito peculiar. Significa abrir os cofres federais e distribuir bilhões em emendas aos parlamentares do PMDB e da base aliada, em troca do apoio à reeleição.
Eis a lógica de Alves:
"A eleição presidencial já é
discutida diariamente, o que provocou também a antecipação das campanhas
de governadores, senadores e deputados. Todos da base querem a
reeleição da presidente, mas querem também a própria reeleição. A
ansiedade é geral, e há insegurança diante do fato de os pedidos feitos
ao governo não serem atendidos no prazo necessário".
(Sobre os pedidos, não é difícil imaginar sua natureza)Mais adiante, Alves prossegue em sua lógica fisiológica:
"A função do parlamentar não é só
legislar. Ele tem de prestar contas do que realiza em Brasília. Falo do
atendimento das demandas de estados e municípios, da liberação dos
recursos para resolver as carências da população. Esses detalhes
precisam ser ajustados na relação da presidente com o Parlamento."
(Será que ele pede um mensalão?)
E quem, então, deve abrir os cofres aos deputados?
"A responsabilidade é da presidente, e
a missão é intransferível. Faço essa advertência de quem já tem
candidato a presidente em 2014, que é a própria Dilma. Ela é exemplar
naquilo que o povo quer de um presidente – no rigor, na ética, na
fiscalização. Mas falta lidar melhor com o Parlamento."
(Não há uma contradição entre rigor, ética, fiscalização e "lidar melhor com o Parlamento"?)
Na prática, a entrevista de Alves a Veja é um pedido escancarado para
que Dilma ceda ao fisiologismo. De certa forma, funciona até como um
elogio à presidente, ao demonstrar que ela conseguiu aprovar os projetos
que considerava estratégicos, como a MP dos Portos, sem recorrer à
compra de apoios parlamentares.Neste fim de semana, o Datafolha apontou leve queda na popularidade da presidente, mas ela ainda segue favorita à reeleição. Evoluir na direção proposta por Henrique Eduardo Alves, ao que tudo indica, não trará nenhum ganho à sua imagem e poderá até corroê-la.
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