Mídia ataca Cardozo para salvar tucanos
Por Altamiro Borges, em seu blogJosé
Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça da presidenta Dilma sempre tão
cordato e conciliador, passou a ser o principal alvo da mídia golpista
nos últimos dias. Isto porque ele enviou à Polícia Federal os documentos
sobre o envolvimento de alguns chefões do PSDB paulista no esquema
milionário do propinoduto tucano. Jornalões e “calunistas” da tevê
afirmam que ele partidarizou a denúncia e estrebucham histericamente.
Eles preferiam que o ministro ficasse, mais uma vez, acuado e passivo – o
que até poderia caracterizar prevaricação e omissão de provas.
A violenta cruzada contra o ministro confirma o enorme
poder de manipulação da mídia privada. Ela transforma vilões em mocinhos
e vice-versa. Isto já havia ocorrido no caso recente da máfia dos
fiscais de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad, que revelou a trama,
passou a ser tratado como cúmplice da corrupção. Já um dos principais
suspeitos de ligação com o esquema milionário, Mauro Ricardo – homem de
confiança do ex-prefeito José Serra, que o indicou para continuar na
prefeitura na gestão de Gilberto Kassab –, simplesmente sumiu das
páginas dos jornais e da telinha da TV.A mídia tucana faz de tudo, até o
impensável, para proteger os seus apaniguados no governo paulista. O
escândalo do propinoduto tucano, que envolve poderosas multinacionais do
setor de transporte e vários caciques do PSDB, ficou engavetado por
quinze anos nas gavetas do Ministério Público e da Justiça de São Paulo.
Até os pedidos de investigação de autoridades do paraíso fiscal suíço
foram desprezados. A própria iniciativa da empresa alemã Siemens, que
decidiu abrir o jogo da corrupção para salvar a pele, foi abafada. O tal
“jornalismo investigativo” mostrou-se novamente bem seletivo.
Mas não há mentira que dure para sempre. Aos poucos, a sujeira do
propinoduto foi sendo revelada e as investigações tiveram início. O
PSDB, que tenta se travestir de paladino da ética, ficou na berlinda com
a revelação do envolvimento de três governadores – Mario Covas, José
Serra e Geraldo Alckmin –, de vários secretários estaduais, de
parlamentares da sigla, do DEM e do PPS e de operadores financeiros do
tucanato. O ministro José Eduardo Cardozo não fez mais do que a sua
obrigação ao encaminhar os documentos com os indícios da ação criminosa.Mas a mídia não o perdoa. A Folha dá manchetes insinuando que o ministro agiu com o objetivo de prejudicar o PSDB. O Estadão, que revelou com exclusivamente os documentos de um ex-executivo da Siemens acusando quatro secretários do governo Alckmin de montarem o esquema de caixa-2 do PSDB com as propinas da multinacional, agora também condena a atitude de José Eduardo Cardozo.
Teleguiados pela mídia, líderes do PSDB, DEM e PPS estufam o peito e garantem que convocarão o ministro para dar “explicações” no Congresso Nacional. O senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano, esbraveja: “O ministro precisa esclarecer qual foi sua participação nesse processo. Isso é extremamente grave. Estamos assistindo no Brasil o uso das instituições do Estado para fins políticos”. Haja cinismo! A operação diversionista, comandada pela mídia golpista, pode até dar resultado, inibindo as investigações do propinoduto tucano. Seria um absurdo!
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