É quase um strike. Um relatório entregue no dia 17 de abril deste ano ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica cita praticamente toda a cúpula do governo de Geraldo Alckmin no chamado "propinoduto tucano".
A
denúncia, formal, foi feita por Everton Rheinheimer, ex-diretor da
Siemens, que afirmou dispor de "documentos que provam a existência de um
forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos
(Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como
objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".
O furo de reportagem, dos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo (leia aqui),
aponta que o lobista Arthur Teixeira, denunciado por lavagem de
dinheiro na Suíça, teria pago propinas ao deputado licenciado Edson
Aparecido, atual secretário da Casa Civil e braço direito de Geraldo
Alckmin.
O
documento também cita outros nomes graúdos do tucanato paulista, como
os secretários José Aníbal, de Energia, Jurandir Fernandes, dos
Transportes, e Rodrigo Garcia, de Desenvolvimento Econômico. Outros
nomes mencionados pelo ex-diretor da Siemens são o do senador Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP) e do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) - este,
também como beneficiário das propinas.
A
denúncia do ex-diretor da Siemens tem peso importante porque é o
primeiro documento oficial que vem a público com referência a propinas
pagas a políticos ligados a governos tucanos. Até então, apenas
ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) vinham sendo citados. Rheinheimer foi diretor da
divisão de transportes da Siemens, onde atuou durante 22 anos.
Ele
disse ainda que o cartel "é um esquema de corrupção de grandes
proporções, porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo
ferroviário como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos
do Estado de São Paulo e do Distrito Federal".
No
Distrito Federal, os desvios teriam ocorrido nos governos de Joaquim
Roriz e José Roberto Arruda. Em São Paulo, ele cita os governos de
Geraldo Alckmin, José Serra e Mario Covas. O fluxo das propinas ocorria
por meio da empresa Procint, do lobista Arthur Teixeira, finalmente
denunciado na Suíça, após dois anos de engavetamento do caso pela
procuradoria-geral da República em São Paulo, por decisão do procurador
Rodrigo de Grandis (leia mais aqui).
Rheinheimer
está colaborando com a Justiça, no regime de delação premiada. Sobre
Edson Aparecido e Reynaldo Jardim, ele sustenta que "seus nomes foram
mencionados pelo diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, como
sendo os destinatários de parte da comissão paga pelas empresas de
sistemas (Alstom, Bombardier, Siemens, CAF, MGE, T'Trans, Temoinsa e
Tejofran) à Procint".
Sobre
o senador Aloysio Nunes e os secretários Jurandir Fernandes e Rodrigo
Garcia, o ex-diretor da Siemens diz ter tido "a oportunidade de
presenciar o estreito relacionamento do diretor-presidente da Procint,
Arthur Teixeira, com estes políticos". Sobre José Aníbal, mencionou um
assessor: "Tratava diretamente com seu assessor, vice-prefeito de
Mairiporã, Silvio Ranciaro".
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