Brasil 247 –
A presidente Dilma Rousseff ainda está no início de seu terceiro ano de
mandato, mas o ex-presidente já pensa até nas eleições de 2018. Em
entrevista ao Valor, ele se mostra cheio de energia para ajudar Dilma a
se reeleger em 2014 e, quem sabe, voltar a política na gestão seguinte,
"se precisarem de mim", disse.
Leia trechos da entrevista de Lula às repórteres Vera Brandimarte, Cristiane Agostine e Maria Cristina Fernandes do Valor:
Dilma: O Brasil nunca esteve em tão boas mãos como agora. Nunca
esse país teve uma pessoa que chegou na Presidência tão preparada como a
Dilma. Tudo estava na cabeça dela, diferentemente de quando eu cheguei,
de quando chegou Fernando Henrique Cardoso. Você conhece as coisas
muito mais teóricas do que práticas. E ela conhecia por dentro. Por isso
que estou muito otimista com o sucesso da Dilma e ela está sendo aquilo
que eu esperava dela.
Eduardo Campos: Acho muito cedo pra falar da candidatura Eduardo.
Ele é um jovem de 40 e poucos anos. Termina seu mandato no governo de
Pernambuco muito bem avaliado. Não faz parte da minha índole pedir para
as pessoas não se candidatarem porque pediram muito para eu não ser. Se
eu não fosse candidato eu não teria ganho. Precisei perder três eleições
para virar presidente. Eu não pedirei para não ser candidato nem para
ele nem para ninguém. A Marina conviveu comigo 30 anos no PT, foi minha
ministra o tempo que ela quis, saiu porque quis e várias pessoas pediram
para eu falar com ela para não ser candidata e eu disse: ‘Não falo’.
Acho bom para a democracia. E precisamos de mais lideranças.
José Serra e Aécio Neves: O que acho grave é que os tucanos estão
sem liderança. Acho que Serra se desgastou. Poderia não ter sido
candidato em 2012. Eu avisei: não seja candidato a prefeito que não vai
dar certo. Poderia estar preservado para mais uma. Mas Serra quer ser
candidato a tudo, até síndico do prédio acho que ele está concorrendo
agora. E o Aécio não tem a performance que as pessoas esperavam dele.
Volta em 2018: Não. Estarei com 72 anos. Está na hora de ficar
quieto, contando experiência. Mas meu medo é falar isso e ler na
manchete. Não sei das circunstâncias políticas. Vai saber o que vai
acontecer nesse país, vai que de repente eles precisam de um velhinho
para fazer as coisas. Não é da minha vontade. Acho que já dei minha
contribuição. Mas em política a gente não descarta nada.
Rio: Não podemos permitir que a eleição da Dilma corra qualquer
risco. Não podemos truncar nossa aliança com o PMDB. Acho que o PT
trabalha muito com isso e que Lindbergh pode ser candidato sem causar
problema. Acho que o Rio vai ter três ou quatro candidaturas e ele,
certamente, vai ser uma candidatura forte. Obviamente Pezão será um
candidato forte, apoiado pelo governador e pela prefeitura.
São Paulo: Olha, acho que a gente não tem definição de candidato
ainda. Você tem Aloizio Mercadante, que na última eleição teve 35% dos
votos, portanto ele tem performance razoável. Tem o [Alexandre] Padilha,
que é uma liderança emergente no PT, que está em um ministério
importante. Tem a Marta [Suplicy] que eu penso que não vai querer ser
candidata desta vez. Tem outras figuras novas como o Luiz Marinho, que
diz que não quer ser candidato. Tem o José Eduardo Cardozo, que vira e
mexe alguém diz que vai ser candidato e você pode construir aliança com
outros partidos políticos. Para nós a manutenção da aliança com o PMDB
aqui em São Paulo é importante.
Denúncias: Quando as coisas são feitas de muito baixo nível,
quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao luxo de ler
nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele plante
uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco
um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o
apelido. Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade.
Já fiz tudo o que um ser humano poderia fazer nesse país.
As viagens aos exterior custeadas por empreiteiras: O que faz um
presidente da República? Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem?
Pago por quem? Fernando Henrique Cardoso? Ou você acha que alguém viaja
de graça para fazer palestra para empresários lá fora? Viajo para
vender confiança. Adoro fazer debate para mostrar que o Brasil vai dar
certo. Compre no Brasil porque o país pode fazer as coisas. Esse é o meu
lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender,
me dê que eu vendo.
Fernando Henrique: Você sabe que eu fico com pena de ver uma
figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o
Brasil não vai dar certo. Fico com pena.
Mensalão: Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder
Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os
embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha
opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é
correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo ‘Ah, gostei
de tal votação’, ‘tal juiz é bom’. Não vou fazer juízo de valor das
pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou
dizer para você o que é que eu penso do mensalão.
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