Do Valor, hoje:
“As
despesas do Poder Judiciário no Brasil equivalem a 1,3% do Produto
Interno Bruto (PIB). Somados a esse percentual o orçamento do Ministério
Público, de 0,32% do PIB, e mais 0,2% do custo das defensorias públicas
e advocacia pública, o gasto total com o sistema de justiça no país
chega a 1,8% do PIB, ou R$ 121 bilhões. Esse sistema consome 0,2% do PIB
na França, 0,3% do PIB na Itália, 0,35% do PIB na Alemanha e 0,37% do
PIB em Portugal”.
Números espantosos, que este Tijolaço, há quase dois meses, destacou, a partir do estudo do professor Luciano Da Ros, publicado na última edição da revista do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil, e que vão subir fortemente se os deputados derrubarem o veto presidencial ao reajuste do Judiciário.
Embora o nível de remuneração médio dos servidores do Judiciário (R$ 15.723, segundo Boletim de Pessoal do Ministério do Planejamento)
possa não revelar injustiças com servidores mais humildes da carreira,
não é com reajustes lineares que isso vai ser corrigido dentro de um
quadro de justiça social.
A quantidade de servidores nesta área não pode crescer como vem
crescendo – e aumentar o quantitativo de servidores é iniciativa deles
próprios. Enquanto o número de servidores ativos do Executivo cresceu
24% de 2002 para cá (cerca de 1,6% ao ano), enquanto o do Judiciário (o
federal) cresceu 69% e o MPF aumentou 131%!
Será que é mais importante elevar assim o número de serventuários e em escala muito menor o de professores e de médicos?
O estudo do professor Da Ros mostra que temos cinco vezes mais
servidores por habitante, em todos os níveis do Judiciário, do que
Chile, Colômbia, Inglaterra, Itália, por exemplo.
Com a expansão desta forma – sem que isso signifique uma mudança de
qualidade na prestação de serviços – dos seus quadros de pessoal, sem
que haja alteração em ritos demorados, excludentes e repetitivos
(embora isso só preocupe em casos criminais) não há possibilidade de
sustentar a viabilidade de melhores padrões de vencimentos generalizada.
Enquanto – a começar pelos juízes – o Judiciário não achar que não tem
deveres de austeridade e continuar auto-distribuindo benefícios e
penduricalhos aos seus mais elevados integrantes, como o imoral
auxílio-moradia indiscriminado.
(Tijolaço)
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