Ontem, o magistrado municipal Sérgio Moro, com a sua senhora
(para parecer confiável é necessário se mostrar familial), compareceu a uma
festa da revista Time, em Nova York.
A fotografia distribuída (via Twitter, portanto deve ser
iniciativa unipessoal do juiz) mostra-o "avec" e banhado por luzes
rosas.
Um amor!
Vê-se que se trata de um jeca subalterno e periférico em
busca de reconhecimento na corte imperial.
Uma autorreferência (autopoiese) demagógica e kitsch,
própria dos impostores sociais.
O que era para ser auspicioso e meritório, no contexto maior
do cenário conjuntural brasileiro, se transforma em algo impregnado de
significados que precisam ser revelados e discutidos
Isso tudo reforça um fato inegável nesta sucessão de
pequenos golpes até o iminente Temer-Putsch final (ver o Kapp-Putsch alemão, de
1920): o fato de os Estados Unidos estarem emergindo como os grandes vencedores
deste conflito brasileiro - que não é só brasileiro.
O Brasil dos reformistas-suaves (Lula e Dilma) estava
incomodando muita gente, seja no plano político-social interno, quanto no plano
econômico externo, sobretudo na geopolítica, que insiste em revisitar a velha
Guerra Fria.
O Brasil dos reformistas-suaves estava fazendo tecnologia
nuclear por via da Nuclebras/Nuclep (submarino atômico, etc).
Estava fazendo tecnologia aviônica, por via de transferência
de conhecimento com a Suécia (com vetor positivo para os nossos centros de
pesquisa e ensino).
Estava tirando 20% da população (quase 100% dos miseráveis)
para a condição de pobreza decente/consumidora.
Estava enfatizando o ensino público superior e incorporando
pobres nesta faixa do conhecimento horizontal.
Estava se organizando em um novo circuito financeiro, fora
do mainstream oficial, através dos BRICS, e novas alianças não-retóricas e
meramente diplomáticas.
Estava organizando, com os vizinhos latinos, uma nova
relação autônoma com as economias centrais.
Estava ditando uma nova semântica nas relações Norte-Sul.
Estava se apropriando do próprio subsolo, em autonomia
tecnológica e distância econômico-financeira das eternas exploradoras mundiais
do óleo e do gás mundial.
Estava excluindo da mesa de poder aqueles políticos
profissionais que representam os 1% dos ricos do País e seus interesses
internacionais associados, subalternos e dependentes.
Estava dando um novo sentido à noção de nacionalidade e
brasilidade, embora faltasse muito para o pleno cumprimento desta primeira fase
reformista.
Ora, os Estados Unidos já estavam preocupados com essa
mobilidade política silenciosa e subversiva do Brasil.
Algo precisava ser feito.
E foi.
O Temer-Putsch é apenas um biombo de marionetes-lúmpens que
esconde o verdadeiro vitorioso deste soturno episódio histórico, onde
provisoriamente fomos derrotados.
A homenagem ao provinciano Moro é uma prova subliminar, mas
incontestável, de que ele fez a coisa certa para os patrões (dele) certos.
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